Análise Newness PDF

Title Análise Newness
Author Fernanda Antônia dos Santos Bernardes
Course Filosofia, Comunicação e Contemporaneidade
Institution Universidade Presbiteriana Mackenzie
Pages 3
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Summary

Análise de filme feita como parte de trabalho de Filosofia e contemporaneidade, para o tema "Pós modernidade"....


Description

Análise do filme Newness

O filme Newness, dirigido por Drake Borenus e escrito por Bem York Jones, foi lançado em 2017. Fala sobre Gabi e Martin, dois jovens que se conheceram em um aplicativo de relacionamento. A trama é toda embasada no estilo de vida pós-moderno, em que as redes sociais estão fortemente presentes e os jovens compartilham de frustrações, de características e de objetivos comuns. As primeiras cenas do filme são as de Martin e Gabi utilizando o aplicativo de relacionamento enquanto estão no trânsito, no trabalho ou no intervalo do almoço. Eles “recusam” muitos perfis apenas analisando a página inicial, que mostra apenas o nome, a foto e a idade de cada pessoa. Baseiamse na aparência e no máximo na idade, apenas duas características superficiais, para escolher os parceiros. A cada pessoa que eles “curtem”, uma brevíssima cena de sexo, que dura milésimos de segundos e são do clímax da relação, aparece. Isso significa que aquele tempo que eles passam no aplicativo rende um encontro casual, rápido e apenas sexual, sem qualquer outro atributo que valha mais que os segundos do orgasmo. A busca pelo parceiro é um passatempo e tem o objetivo de prazer instantâneo, pulando toda aquela fase de flerte, de conhecimento um do outro. Direto ao ponto, que assim como a aproximação, não costuma durar muito. Antes de marcarem o encontro, ambos estavam com outro, parceiros, que não os satisfizeram como queriam. Isso é reflexo do quão superficial é o envolvimento. Por mais que estejam procurando por prazer, não negam a necessidade humana por afeto e isso é assumido quando Martin diz “A maior parte do tempo eu me sinto um dildo atrelado a um corpo”. Já Gabi, afirma que “gosta de novidades constantes (tradução de Newness)” e quando gosta de algo, se joga, mas se fica entediada, larga.

A descartabilidade é uma das características que Bauman atribui ao amor em tempos pós-modernos. Na obra Amor Líquido, o filósofo analisa as relações na modernidade líquida como conexões. Esse termo é utilizado em sites de relacionamentos, que permitem a possibilidade de “desconectar” com o outro quando o usuário não se sente mais satisfeito com a relação virtual. Desenvolveu-se principalmente através da mídia e do desenvolvimento tecnológico a imagem de que tudo precisa ser constantemente inovado e renovado. Isso reflete até nas relações. Conexões são relações descartáveis, sem laço afetivo. Martin e Gabi começam a relação a partir de uma conexão, depois de muitos outros de quem escolheram se desconectar. Gabi não quer casar porque acha ultrapassado e Martin casou-se e separou pouco tempo depois. São exemplos de falha nos referenciais tradicionais, da falta de credibilidade de alguns rituais e conceitos muito valorizados antigamente. Na cena em que os dois começam a se afastar, cada está de um lado da cama, deitados de costas um pro outro, mexendo em seus celulares. Distância metafórica e isolamento que o virtual, que os aproximou, também pode estimular. Eles se envolvem e rapidamente moram juntos. Essa rapidez também é reflexo da rotina pós-moderna, em que tudo acontece em um piscar de olhos. A partir disso, o filme aborda a maneira como o relacionamento dos dois se desenvolve. Exemplifica mais uma vez as frustrações. Eventualmente, Gabi se incomoda com o fato de Martin não se abrir sobre seu passado e suas dores com ela. Talvez porque Martin estivesse acostumado com a superficialidade e não relacionasse o namoro como seu ponto de apoio. Mais para frente, o sistema que eles tentam também cai. Eles tinham um relacionamento monogâmico, mas eles acabam quebrando com a traição. Em uma tentativa de entender ambos os lados e manter o relacionamento, decidem que podem ficar com outras pessoas. Mais para frente, no entanto, eles percebem que essa forma de relacionamento está afastando um do outro. Representa a instabilidade pós-moderna, a sensação de estar perdido e não saber o que fazer, já que tem tantas opções para se escolher.

Isso também demonstra a perda de referencial, diluição de definições fundamentais e a busca por novos valores: eles acreditam que o sistema monogâmico tradicional não serve para eles, e fogem das “regras” que ambos conheciam em busca de outro sistema que se adeque às suas necessidades de se relacionarem com outros para ter um namoro forte. A ambiguidade é recorrente no roteiro e no aspecto audiovisual. Durante todo o filme, cenas da vida de Gabi e da vida de Martin, com seus diferentes parceiros, mesclam-se a cenas da vida dos dois juntos e outras séries de eventos. Isso impressão de que tudo está acontecendo muito rápido e ao mesmo tempo; sensação percebida na realidade pós-moderna por causa do excesso de informações e facilidade de acesso a elas. No filme, há o espaço de Gabi e o de Martin, e há o dos dois juntos. Três diferentes espaços existindo ao mesmo tempo. Martin e Gabi passam o filme tentando driblar os defeitos da pósmodernidade e, ao mesmo tempo, usufruindo de suas vantagens. Ao ficarem juntos, representam a força e a sabedoria adquirida ao longo do processo. Entendem que alguns referenciais antigos com definições determinadas talvez ainda valham a pena....


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