Carl Sagan - O Inverno Nuclear PDF

Title Carl Sagan - O Inverno Nuclear
Author Cristiano Cristiano
Course Administration
Institution Universidade de Brasília
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Summary

Livro científico...


Description

Paul R. Ehrlich Donald Kennedy

Carl Sagan Walter Orr Roberts

O INVERNO NUCLEAR Tradução João Guilherme Linke Editora Francisco Alves 1985

Edição para livro eletrônico Diego Braga Stambuk Dias 2010

SUMÁRIO Colaboradores Prefácio Advertência LEWIS THOMAS Introdução DONALD KENNEDY A Atmosfera e as Conseqüências climáticas da Guerra Nuclear CARLSAGAN Conseqüências Biológicas de uma Guerra Nuclear PAUL R. EHRLICH Painel sobre Conseqüências Atmosféricas e Climáticas Painel sobre Conseqüências Biológicas A Conexão Moscou: Diálogo entre Cientistas Norte-Americanos e Soviéticos Conclusão WALTER ORR ROBERTS Apêndice Notas Agradecimentos

Este livro é dedicado à memória de Robert W. Scrivner (1935-1984) Com firmeza e brandura, a paixão de Robert pela paz idealizou a conferência e a tomou realidade. Este livro é dele. Comitê de Orientação, Conferência sobre o Mundo após a Guerra Nuclear

PREFÁCIO Em junho de 1982, dois executivos de fundações, Robert W. Scrivner do Rockefeller Family Fund e Robert L. AlIen da Henry P. Kendall Foundation, tiveram um encontro com Russell W. Peterson, presidente da Sociedade Nacional Audubon, para tratar de uma crescente preocupação comum: nos debates públicos sobre a guerra nuclear e os efeitos destrutivos imediatos de explosões e radiações sobre vidas humanas e cidades, estaria sendo dada atenção suficiente aos efeitos biológicos de mais longo prazo? O que faria uma guerra nuclear à atmosfera, à água, aos solos - aos sistemas naturais de que toda a vida depende? Allen, Peterson e Scrivner concordaram em que se deveriam buscar meios de levar o movimento de defesa ambiental a examinar o assunto, e se propuseram apurar que progressos estaria fazendo a comunidade científica. Eles conheciam o relatório de 1975 da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, "Efeitos Mundiais à Longo Prazo de Detonações Múltiplas de Armas Nucleares", e o relatório de 1979 da Comissão de Avaliação Tecnológica do Congresso dos Estados Unidos, "Os Efeitos de uma Guerra Nuclear". Haviam também estudado uma edição especial da revista Ambio (voI. XI, no. 23, 1982), órgão da Real Academia Sueca de Ciências, que acabava de ser publicada e continha dados científicos novos sobre os impactos climáticos e biológicos de uma guerra nuclear. Scrivner, Allen e Peterson reuniram alguns cientistas e ecologistas para tratar da organização de uma conferência pública sobre os efeitos a longo prazo de uma guerra nuclear. Entre eles estava Carl Sagan, professor de Astronomia e Ciências Espaciais e diretor do Laboratório de Estudos Planetários da Universidade Comell. Ele informou que um pequeno grupo de cientistas estava empenhado num estudo possivelmente importante ligado aos efeitos climáticos de uma guerra nuclear. Esse estudo, "Conseqüências Atmosféricas e Climáticas a Longo Prazo de um Conflito Nuclear", por Richard P. Turco, Owen B. Toon, Thomas P. Ackerman, James B. Pollack e Sagan, ficou depois conhecido como o relatório TTAPS, iniciais dos sobrenomes dos autores. O grupo TTAPS começara por examinar os efeitos atmosféricos de grandes quantidades de poeira, e ampliara o estudo para incluir a fumaça e a fuligem produzidas por incêndios extensos, depois de verem dados sobre o tema publicados na Ambio por Paul J. Crutzen, do Instituto de Química Max Planck de Mogúncia, República Federal da Alemanha, e John W. Birks, da Universidade do Colorado ("A Atmosfera depois de uma Guerra Nuclear: Crepúsculo ao Meio-Dia"). O novo e vital fator do estudo TTAPS foi o impacto da enorme quantidade de pó e fumaça gerada por explosões nucleares e pelos incêndios resultantes; esse manto de pó e fumaça, imaginaram eles, teria efeitos atmosféricos que alterariam o clima e se propagariam a grandes distâncias das áreas de explosão. O estudo quantificava, através de modelos matemáticos, os efeitos de uma guerra nuclear quanto ao grau em que partículas em suspensão impediriam a luz solar de alcançar a Terra. Foram utilizados vários cenários para indicar os níveis de megatonagem e locais de detonação, quer no ar quer no solo. As respostas que vinham surgindo apontavam para uma série

potencialmente catastrófica de conseqüências atmosféricas, climáticas e radiológicas. As temperaturas reduzir-se-iam dramaticamente, mesmo no verão, a níveis bem abaixo do ponto de congelamento da água; a luz do dia seria na maior parte reduzida; essas condições poderiam durar vários meses e possivelmente estender-se muito além das regiões atacadas, inclusive ao Hemisfério Sul. Allen, Scrivner, Peterson e o seu grupo animaram-se ao tomarem conhecimento de que havia outro trabalho científico em curso. Um novo estudo sobre o assunto estava sendo levado a efeito pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. E o Comitê Científico de Problemas do Meio Ambiente (SCOPE) do Conselho Internacional de Uniões Científicas planejava um estudo sobre "Conseqüências Ambientais de uma Guerra Nuclear". Aquele grupo informal evoluiu para um Comitê de Orientação com o fim de examinar a conveniência de promover uma grande conferência pública através da qual o estudo TTAPS e as conclusões sobre as conseqüências biológicas de uma guerra nuclear pudessem ser conhecidas por educadores, cientistas, administradores de empresas, autoridades civis e outros líderes comunitários e representantes de outras nações, bem como por ecologistas. Entre os quais acederam em formar o Comitê de Orientação estavam vários cientistas altamente reputados: Paul R. Ehrlich, professor de ciências biológicas e de estudos populacionais na Universidade Stanford; Peter H. Raven, diretor do Jardim Botânico do Missouri, em Saint Louis; Walter Orr Roberts, presidente emérito da Corporação Universitária para Pesquisas Atmosféricas; Carl Sagan, e George M. Woodwell, diretor do Centro de Ecossistemas do Laboratório Biológico Marinho de Woods Hole, Massachusetts. Woodwell foi nomeado presidente da Conferência. O Comitê designou Chaplin B. Barnes, ex-membro da Sociedade Nacional Audubon e do Conselho de Qualidade Ambiental, para diretor-executivo da Conferência e coordenador do empreendimento. Por sugestão do Dr. Sagan, resolveu-se submeter o relatório TTAPS a um exame crítico minucioso num simpósio de eminentes especialistas em ciências físicas. A seguir os dados seriam mostrados a um grande número de experientes biólogos e ecologistas para que estes se pronunciassem quanto à extensão dos impactos mundiais à longo prazo sobre a espécie humana e os sistemas de sustentação de vida do planeta. Ficou entendido que somente se os dados fossem sancionados nesse exame a conferência pública proposta seria programada. Uma Junta Científica Consultiva composta de sessenta e um cientistas dos Estados Unidos e de mais oito países foi constituída para auxiliar na preparação da Conferência e colaborar na disseminação de informações após a mesma. Preparando o programa dos trabalhos, o Comitê de Orientação decidiu que discussões políticas, referências a desarmamento, controle de armas e fatores sociais, que de ordinário seriam relevantes num debate a respeito dos impactos de uma guerra nuclear, não teriam lugar na conferência proposta. Na organização do programa científico da Conferência, ficou decidido que se trataria unicamente das conseqüências físicas, atmosféricas e biológicas de uma guerra nuclear. O Comitê achou que a inclusão de outras considerações como estratégia nuclear e implicações econômicas, políticas e sociais desviariam a

atenção da mensagem científica central. Em fins de abril de 1983, cerca de cem cientistas dos Estados Unidos e de outros países reuniram-se para o processo do exame prévio na Academia Americana de Artes e Ciências em Cambridge, Massachusetts. Os cientistas convidados representavam uma grande variedade de campos. Depois da primeira assembléia, organizada e presidida pelo Dr. Sagan (que ainda convalescia das complicações quase fatais de uma apendicectomia a que se submetera no mês anterior), cerca de quarenta físicos e dez biólogos analisaram e avaliaram a minuta preliminar do estudo TTAPS. Em termos gerais, o grupo concordou com as conclusões do relatório quanto ao potencial de reduções consideráveis na quantidade de luz solar que chega à superfície da Terra e de alterações climatológicas de vulto, embora sugerindo alguns pequenos ajustes. Em aditamento aos efeitos climatológicos de temperaturas glaciais e virtual escuridão, o grupo de ciências físicas discutiu agressões como a exposição à radiação e a precipitações, exposição à radiação ultravioleta da luz solar devida ao empobrecimento da camada de ozônio e ação deletéria de gases tóxicos desprendidos pela combustão de materiais sintéticos. Terminada a reunião dos especialistas em ciências físicas, o Dr. Raven convocou um grupo de biólogos, juntamente com dez dos cientistas presentes à reunião anterior, para examinarem os impactos potenciais das condições de pós-guerra nuclear nos sistemas de sustentação vital da Terra. Foram considerados a escuridão prolongada e alterações climáticas extremas, e os respectivos efeitos sobre o fitoplâncton e o zooplâncton, sobre outras formas vivas vegetais e animais e sobre a agricultura. Trocaram-se idéias sobre os efeitos sinérgicos das condições de pós-guerra nuclear sobre elementos de ecossistemas marinhos, de água doce e terrestres. Analisaram-se os efeitos sobre a vida,animal e vegetal da exposição prolongada a radiação ionizante e à luz ultravioleta. Outras discussões centraram-se na interrupção em grande escala dos serviços normais de ecossistemas naturais, imprescindíveis à sustentação da vida humana e da sociedade, inclusive a produção de alimentos para o homem bem como para os animais de criação e para os animais selvagens; clima e condições de tempo; eliminação de resíduos e reciclagem de fertilizantes; preservação do solo e controle de pragas das lavouras. Ao deixarem as reuniões de Cambridge, os biólogos estavam todos de acordo em que esses efeitos sobre a biosfera podiam ser devastadores num grau anteriormente não previsto, e haviam concluído que não se podia afastar a possibilidade de os efeitos biológicos a longo prazo de uma guerra nuclear virem a acarretar a exterminação da humanidade e da maior parte das espécies selvagens do planeta. Com a afirmação dos cientistas congregados de que a análise era válida, e de que as condições tinham de ser encaradas com muita seriedade, o Comitê de Orientação decidiu levar avante os planos para a Conferência, e trinta e uma instituições ou organizações científicas, ambientais e populacionais, nacionais e internacionais, dispuseram-se a contribuir para patrociná-Ia: Amigos da Terra Associação das Nações Unidas dos Estados Unidos da América Associação Nacional dos Professores de Ciências

Causa Comum Centro de Ligação do Ambiente Coalizão Global Amanhã Conselho de Defesa dos Recursos Naturais Consórcio de Terras Públicas Crescimento Demográfico Zero Federação Americana de Paternidade Planejada Federação Canadense da Natureza Federação dos Cientistas Americanos Federação Internacional de Institutos de Estudos Superiores Federação Nacional da Vida Selvagem Fundo de Defesa Ambiental Instituto Americano de Ciências Biológicas Instituto do Espaço Aberto Instituto de Política Ambiental Instituto de Recursos Mundiais O Instituto de Ecologia (TIE) Programa do Ambiente das Nações Unidas Sierra Club Smithsonian Institution Sociedade Americana de Microbiologia Sociedade Ecológica da América Sociedade do Mundo Silvestre Sociedade Nacional Audubon União dos Cientistas Engajados União Internacional de Ciências Biológicas União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais Universidade das Nações Unidas Durante o verão de 1983, um grupo de vinte biólogos sob a direção do Dr. "Ehrlich ampliou a definição dos efeitos das alterações do clima sobre a biosfera.Nesse mesmo intervalo, o grupo TTAPS aprimorou seus dados e entregou-os à publicação científica. E nesse ínterim, na União Soviética, o Dr. Vladimir V. Aleksandrov, do Centro de Computação de Modelagem de Climas da Academia de Ciências da URSS em Moscou (um dos cientistas que participaram das reuniões de Cambridge), comprovou as principais projeções do estudo TTAPS através de modelos de computador por ele próprio elaborados. Cerca de seis semanas antes da Conferência, Allen, do Comitê de Orientação, em conversa com Kim Spencer e Evelyn Messinger da Internews, desenvolveu a idéia de adicionar uma nova dimensão à Conferência aproveitando a tecnologia disponível de um link bidirecional de satélite com cientistas soviéticos em Moscou. Allen, Spencer e Messinger propuseram-se organizar e produzir um programa de noventa minutos que permitiria a cientistas de alto nível dos Estados Unidos e da União Soviética debater as teses da Conferência sobre as conseqüências climáticas e impactos biológicos de uma

guerra nuclear. Spencer entabulou entendimentos com a Gosteleradio, a única rede de televisão da União Soviética, e Allen promoveu diversas comunicações pessoais de alto nível entre cientistas americanos e soviéticos com o fim de obter a participação de especialistas da Academia Nacional de Ciências da URSS. Quando da abertura de O Mundo após a Guerra Nuclear, ou Conferência sobre as Conseqüências Biológicas Globais a Longo Prazo de uma Guerra Nuclear, em 31 de outubro, no Hotel Sheraton Washington em Washington, D.C., estavam presentes mais de quinhentos participantes e uma centena de representantes da mídia. Entre os participantes contavam-se cientistas e embaixadores ou outros representantes de mais de vinte países, bem como autoridades civis, educadores, conservacionistas e líderes religiosos, cívicos, empresariais, filantrópicos, diplomáticos, militares e de controle de armas vindos de todas as partes do território americano. A Conferência teve ampla cobertura dos meios de informação dos Estados Unidos, da União Soviética e de outros países. A Conferência foi oficialmente encerrada com a fala do Dr. Roberts (ver p. 183), mas quase ninguém deixou o recinto. Pois, naquele ponto, os participantes se reuniram para o histórico evento subsidiário que foi a Conexão Moscou. Era a primeira vez que as comunicações por satélite eram usadas para pôr em contato, ao vivo, um grupo de cientistas de Moscou com um grupo de cientistas nos Estados Unidos para um amplo intercâmbio de informações científicas. Às 4h da tarde, hora de Moscou (8 da manhã em Washington), de 1º. de novembro, as exposições de Sagan e Ehrlich no dia da abertura foram transmitidas para um grupo de cientistas soviéticos, que a seguir se reuniram para discutir seus comentários. Às 10 da noite, hora de Moscou, teve início a Conexão Moscou entre o grupo soviético, reunido num estúdio de TV em Moscou, e quatro cientistas norte-americanos num salão de conferências em Washington. Os participantes do grupo americano eram o Dr. Thomas Malone, diretor emérito do Instituto de Pesquisas Holcomb, da Universidade Butler, Paul Ehrlich, Walter Orr Roberts e Carl Sagan. Os principais debatedores em Moscou eram o acadêmico Yevgeniy Velikhov, vice-presidente da Academia de Ciências da URSS, Yuri Israel, membro da mesma Academia e chefe da Comissão de Hidrometeorologia e Controle do Meio Ambiente, Alexander Bayev, especialista em biologia e genética molecular, secretário do Departamento de Fisiologia Biofísica, Bioquímica e Química da Academia de Ciências da URSS, e Nikolai Bochkov, acadêmico da Academia de Ciências Médicas e diretor do Instituto de Genética da Academia de Ciências da URSS. Durante os noventa minutos do link de satélite, os cientistas soviéticos e americanos trocaram perguntas e comentaram trabalhos em curso. E alguns dados sobre efeitos de uma guerra nuclear obtidos pelos soviéticos complementaram e ampliaram as exposições feitas na Conferência. Georgiy Skryabin, primeiro-secretário científico da Academia de Ciências da URSS, expressou sentimentos "ambivalentes". "Por um lado", disse Skryabin, "há o sentimento de grande preocupação com respeito à possível tragédia que nos defronta, que paira sobre todos nós mulheres, crianças, velhos, e sobre toda a vida da Terra. Por outro, há nesta Conferência um grande motivo de

satisfação, que é o fato de que os grandes cientistas aqui presentes - nossos colegas americanos e cientistas russos - chegaram a um consenso. Estão todos unidos na opinIão de que não deve haver uma guerra nuclear, de que esta significaria desastre e morte para a humanidade. Eu, pessoalmente, sinto-me contente e confortado com isso, pois hoje em dia a autoridade dos cientistas é considerável, e todos nós devemos procurar fazer valer nossa influência para pôr um termo à corrida armamentista, para que não venha a ocorrer jamais uma guerra nuclear". Alexander Kuzin, membro correspondente da Academia de Ciências da URSS, declarou: "É assim responsabilidade direta dos cientistas da União Soviética e dos Estados Unidos levar ao conhecimento de todos os enormes perigos que acompanhariam a deflagração de qualquer espécie de conflito nuclear, de modo a prevenir a própria possibilidade de uma guerra nuclear, que sem dúvida nenhuma não só resultaria na ruína da atual civilização senão que ameaçaria a vida como tal neste planeta que amamos." Quando a Conexão Moscou se aproximava do final, Malone observou que a troca de opiniões proporcionada pela Conferência "poderá vir a ser vista em anos vindouros justificadamente - como a virada decisiva nos rumos da humanidade, e haverá de elevar o nível de consciência entre os condutores da política". Como seguimento à Conferência, foi fundado em Washington, D.C., o Centro de Conseqüências da Guerra Nuclear, com o fim de dar continuidade à disseminação das conclusões da ciência. Através do Centro, estão sendo postos à disposição dos interessados materiais impressos e audiovisuais sobre as conseqüências climáticas e biológicas de uma guerra nuclear. O endereço do Centro é: 3244 Prospect Street, NW, Washington, D.C., 20007. ADVERTÊNCIA LEWIS TROMAS, M.D. As descobertas científicas descritas neste livro poderão vir a revelar-se, num mundo que tenha a boa sorte de continuar a sua história, como tendo sido os mais importantes resultados de pesquisa em toda a longa história da ciência. A primeira descoberta já é largamente conhecida na comunidade científica de climatologistas, geofísicos e biólogos aqui e no estrangeiro, e foi confirmada em detalhe por cientistas soviéticos das mesmas áreas. Modelos de computador demonstram que uma guerra nuclear envolvendo o emprego de uma simples fração do total das bombas americanas e russas poderia transformar o clima de todo o Hemisfério Norte, mudando-o bruscamente do seu presente estado sazonal para uma longa noite escura e gélida. Esta será seguida, passados alguns meses, pelo assentamento da poeira e fuligem nucleares, e depois por uma espécie nova e maligna de luz solar com proporção aumentada da sua faixa ultravioleta, potencialmente capaz de cegar muitos dos animais terrestres. O ozônio da atmosfera, que normalmente protege a Terra da perigosa radiação ultravioleta, seria substancialmente reduzido por uma guerra nuclear. Nas mesmas pesquisas, novos cálculos da extensão e intensidade das precipitações radioativas indicam a exposição de grandes extensões de território a níveis de radiação muito mais altos do que se

julgava. O relatório é conhecido como TTAPS, sigla derivada dos nomes dos pesquisadores: Turco, Toon, Ackerman, Pollack e Sagan. O segundo trabalho, elaborado por Paul R. Ehrlich e outros dezenove biólogos respeitados, demonstra que as predições do TTAPS significam nada menos que a extinção de grande parte da biosfera terrestre, muito possivelmente envolvendo o Hemisfério Sul tal como o Norte. Em conjunto, essas duas descobertas mudam radicalmente as perspectivas de um conflito termonuclear. Elas foram submetidas a um exame crítico minucioso por cientistas representantes das disciplinas envolvidas, aqui e em outros países. Estudos paralelos e suplementares vêm sendo feitos, e já se evidencia um grau de concordância inusitado com respeito aos pormenores técnicos e às conclusões tiradas. Na opinião de alguns juízes, o relatório TTAPS teria até talvez minimizado os danos climatológicos implicados pelos dados. O relatório dos vinte biólogos, sumariado pelo Professor Ehrlich, representa o consen...


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