Title | Climatério |
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Course | Fisio Em Gineco E Obstetr I |
Institution | Universidade de Marília |
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Transcrição da aula de Climatério ...
Ginecologia e Obstetrícia I
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Clim Climatér atér atério io DEFINIÇÃO:
o Climatério: Período da vida da mulher compreendido entre o final da fase reprodutora e o inicio da senilidade (40 a 65 anos) no qual há um conjunto de sintomas, sinais e alterações psicossociais que acompanham esse período biológico. Nesse período ocorre a Menopausa, que se refere a última menstruação da mulher.
PORQUE OCORRE O CLIMATÉRIO? o O climatério ocorre porque na mulher o número de óvulos dentro dos folículos vão sendo “gastos” no decorrer da vida. o Após vários anos, estes folículos vão se esgotando e diminuem a produção de estrogênio (hipoestrogenismo responsável pelo quadro clinico). MENOPAUSA: o A menopausa divide o climatério em 2 períodos: Pré-menopausa Pós-menopausa o A idade média da menopausa é 50 anos. Ela também pode ser precoce ou tardia. Precoce quando ocorre < 40 anos Tardia quando ocorre > 55 anos
EPIDEMIOLOGIA: o Não existe relação entre a menarca e a menopausa, pois existem outros fatores étnicos e psicossociais que influenciam na menopausa o Pacientes histerectomizadas precocemente (antes dos 40 anos) pode antecipar os sintomas do climatério porque interfere na irrigação arterial dos ovários.
FISIOLOGIA: o Com a diminuição dos folículos ovarianos ocorrerá: ↓ inibina (que é produzida na granulosa) – feedback negativo ↑ FSH o Com o feedback negativo da inibina a concentração de FSH e LH aumentam, principalmente do FSH o Terá estimulação anormal dos folículos levando a uma irregularidade menstrual (1ª clinica)
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o Crescimento folicular anormal: a não coincidência dos picos de FSH e LH instala um período anovulatório (anovulía), que pode causar infertilidade na maioria das mulheres. 25% dos ciclos podem ser ovulatórios e a mulher no climatério pode engravidar
o O FSH e LH aumentados agem sobre o estroma ovariano aumentando a produção de androstenediona e testosterona que são convertidos nos tecidos periféricos pela enzima aromatase em estrona, que passa a ser o hormônio feminino encontrado na sua grande maioria nas mulheres nesse período, e não o estradiol.
ALTERAÇÕES MAIS FREQUENTES: o Neurogênicas Fogachos (ondas de calor) – sensação de calor intenso na face, parte superior do tronco e braços seguidos de enrubescimento da pele Calafrios – são intercalados com os fogachos Tontura Parestesias Insônia Cansaço Alterações de memoria o Psicogênicas Depressão Ansiedade Irritabilidade Redução da libido Risco maior para doença de Alzheimer o Metabólicas (Principalmente esqueleto ósseo e metabolismo lipídico) Metabolismo ósseo: · Pré-disposição a Osteoporose (redução da massa óssea) cujas manifestações clinicas são dores e fraturas ósseas espontâneas. Metabolismo lipídico: · Aumento do colesterol total, sendo que há um aumento do LDL e baixa do HDL, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares, colocando as
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mulheres menopausadas quase que em igualdade com o sexo masculino para desenvolvimento de doenças cardiovasculares. · Maior chance de desenvolver: HAS, DM2, dislipidemia · Risco aumentado para IAM e AVE o Mamárias Mastalgia Edema Alterações de densidade: lipo-substituição (parênquima mamário começa a diminuir e ser substituído por gordura, levando consequentemente a uma flacidez nas mamas) o Genito-urinárias são manifestações intensas Atrofia vaginal – ocorre diminuição do número de camadas da mucosa vaginal (camada basal, intermediaria e superficial, podendo as vezes permanecer apenas a camada basal) Dispareunia (dor na relação sexual, podendo levar até ao sangramento devido o atrito) Disúria Polaciúria (maior frequência das micções) Agravamento da incontinência urinaria o Tegumentares (pele e anexos) Perda de elasticidade (↓ de colágeno), enrugamento, ressecamento da pele, flacidez Afinamento e queda de cabelos Aspecto senil da pele QUAL A RELAÇÃO ENTRE HORMÔNIOS E OSTEOPOROSE?
o Na mulher, após a menopausa, pela falta de estrogênios, existe uma perda óssea aumentada (o dobro da dos homens), aumentando risco de osteopenia e osteoporose o Com a diminuição de estrogênio, diminui a atividade dos osteoblastos (eles possuem mais receptores para estrogênio e são responsáveis pela formação óssea) e consequentemente aumenta a atividade dos osteoclastos (que são responsáveis pela remodelação e reabsorção óssea). o A osteoporose também está associada com história familiar, tabagismo, baixa ingestão de cálcio, algumas doenças e medicamentos.
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DIAGNÓSTICO:
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o Quadro clinico apenas Basta saber a idade da paciente e seus sintomas e enquadra-la no aspecto biológico que ela se encontra na fase de sua vida Dosagem hormonal NÃO é necessária INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR PARA TERAPIA HORMONAL (TH):
História clínica (antecedentes pessoais e familiares) Peso e pressão arterial Exame ginecológico completo, incluindo mamas Exames laboratoriais para avaliação de Perfis lipídico e glicemia de jejum Mamografia Colpocitologia oncótica cérvico-vaginal (papanicolau) Ultrassonografia transvaginal Avaliação do tamanho dos ovários e útero Presença ou não de miomas Espessura endometrial – para avaliar se há suspeita de hiperplasia/câncer endometrial o Densitometria óssea Avaliação do grau de osteopenia se instalado nessa faixa etária
o o o o o o o
TRATAMENTO NÃO-HORMONAL: o Esse tratamento NÃO corrige o hipoestrogenismo o Também é importante: Exercícios físicos Controle do peso o Indicações: Mulheres que não querem terapia hormonal Mulheres que não podem receber terapia hormonal (contraindicações) CA de mama * Trombose atual IAM/AVE Doença hepática ativa (pois TH possuem metabolismo hepático) SUA inexplicado/desconhecido CA de endométrio Porfiria Lúpus eritematoso sistêmico Meningeoma o Medicações: 1. Antidepressivos – Paroxetina, Venlafaxina, Fluoxetina 2. Fitoterápicos - Isoflavona de soja 3. Drogas anti reabsortivas (Bifosfonatos) - Risedronato, Alendronato, Ibandronato, Raloxifeno
Fogachos: isoflavona de soja, fluoxetina, venlafaxina (Fitoterápicos e Fluoxetina)
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Osteoporose: Drogas Anti Reabsortivas (Bifosfonatos): risedronato, alendronato, ibandronato, raloxifeno)
TRATAMENTO HORMONAL: Não é sempre obrigatória o o o o o o o
Melhorar qualidade de vida Combate sintomas vasomotores e secura vaginal Preserva massa óssea Melhora o sono e a memória Estimula a libido Previne doença de Alzheimer Reduz risco de câncer cólon-retal
QUANDO PRESCREVER TERAPIA HORMONAL:
o Janela de oportunidade: Momento certo de iniciar TRH logo no início dos sintomas ou primeiros anos da pós menopausa (aumento dos benefícios). Refere-se até os 10 primeiros anos de menopausa. TRATAMENTO HORMONAL PODE SER: o ESTROGÊNIO ISOLADO
Usado apenas em pacientes histerectomizadas (sem útero) Estrogênio: todos os dias, em baixas doses, continuamente
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o ESTROGÊNIO E PROGESTOGÊNIO (contínuo ou cíclico) Estrogênio-progestagênio de forma cíclica é feito da seguinte forma:
Estrogênio nos dias: 1º a 25º (introduzir nos primeiros 25 dias do ciclo) Progestagênio nos últimos 10 a 15 dias do ciclo Nenhuma medicação nos dias: 25 a 30 (então nos últimos 5 dias do ciclo não se usa nenhuma medicação “pausa” – para haver descamação do endométrio e sangramento) Adesão baixa a esse tratamento cíclico – 30-40% (tratamento mais difícil, pois precisa fazer contas, de quando começar, quando introduzir o progestogênio, quando parar os dias de pausa e quando começar novamente...) Ideal para pacientes na perimenopausa – que ainda possuem algum sangramento, algumas menstruações, pois vai ocorrer o sangramento de privação regularização do ciclo e paciente se sente bem Com a suspensão da medicação Retorno dos sintomas vasomotores e volta da irregularidade menstrual
Estrogênio contínuo + Progestagênio cíclico é feito da seguinte forma:
Estrogênio: todos os dias do ciclo continuamente (sem pausa) Progestagênios: 10º a 12º dias do mês – para haver a proteção do endométrio Ideal para pacientes que ainda menstruam (que estão na perimenopausa) Bom controle dos sintomas (principalmente dos fogachos) e do ciclo Boa adesão das pacientes
Estrogênio + Progestagênio contínuo combinados é feito da seguinte forma:
Estrogênio e progestagênios: todos os dias continuamente em baixa dosagem Não há intervalo, provocando então uma amenorreia nas pacientes Ideal para pacientes menopausadas que desejam a amenorreia (se sentem bem sem menstruar)
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Ideal para pacientes com mioma e endometriose – evita piora do quadro devido amenorreia Induz à amenorreia → spottings e sangramento irregulares o ESTROGÊNIO + PROGESTOGÊNIO + ANDROGÊNIOS TIBOLONA CONTÍNUA E ISOLADA
Utilizada em pacientes que já possuem pelo menos 2 anos de menopausa (para que não haja volta dos sangramentos) É um esteroide sintético tem função tanto estrogênica quanto progestagênica e também androgênica Alivia os sintomas de disfunção sexual, humor, sintomas urogenitais e melhora da libido Boa alternativa para mulheres com disfunções sexuais Reduz risco de fraturas Reduz triglicérides Não altera o endométrio Não recomendada para câncer de mama (contraindicação) Vem em duas apresentações: 1,25 mg 2,5 mg – dose mais utilizada/preconizada para manutenção diária e continua
EFEITOS DO TRATAMENTO HORMONAL: o Estrogênios Estrogênio Isolado só em pacientes histerectomizadas Pacientes com útero: associar com progesterona (proteção endometrial) Evita hipertrofia e hiperplasia endometrial com sangramento e evolução para um quadro de patologia mais grave
Progesteronas Utilizadas: Progesterona micronizada: Evocanil ou Utrogestan: cíclica 200mg/dia 10 a 14 dias ou contínua 50 a 100mg/dia Diidroprogesterona: Duphaston: cíclica 10 mg/dia 10 a 14 dias ou contínua 5-10 mg/dia
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Qual terapia usar em pacientes com útero TH Contínua: 1 mg VE (valerato de estradiol) ou 17beta-estradiol ou EEC (estrógenos conjugados) 0,625 mg + 100 mg de progesterona ou 5 mg de diidroprogesterona TH Cíclica:1 mg de VE ou 17beta-estradiol ou EEC 0,625 mg + 200 mg progesterona micronizada ou 10 mg de diidroprogesterona Qual TH deve ser utilizada? 17 Beta E2, Valerato de E2 ou EEC (estrógenos conjugados) por via oral Valerato de estradiol (0,5 -1-2 mg): nomes comerciais Primogyna, Natifa, Estrofem EEC (0,625 mg): nome comercial Premarim Essa é a dosagem preconizada por ser a dosagem média diária necessária para a maioria das mulheres se manter bem Adesivo (17-Beta 2): Estradot (25-50-100 mg) – trocar 2x por semana (colar nas áreas do corpo não expostas ao sol) Gel (17-Beta 2): Sandrena (0,5-1mg) sachê, Estreva 1-3 puffs (gel) Opção no SUS o Temos que pensar que a paciente pode ter mais dificuldade de utilizar as formas cíclicas, então, talvez a forma continua seja mais fácil para haver mais adesão e resultados, facilitando a maneira de administrar TH Contínua: + adesão 1mg VE + 0,5mg de noretisterona (Suprelle) 1mg VE + 2,5 mg AMP (acetato de medroxiprogesterona) TH Cíclica: 1mg VE + 5mg AMP o Progestogênios: Desfaz muitas ações benéficas dos estrogênios Efeito antiproliferativo no endométrio Efeito proliferativo na mama Diminuem a libido
o Androgênios Aumentam o colágeno: melhoram a pele e os anexos Melhoram os sintomas vasomotores Diminuem a reabsorção óssea Aumentam a libido Pode ser usado em uso tópico: Propionato de testosterona 2% em gel – aplicar nas áreas não expostas ao sol QUAIS OS OBJETIVOS DA ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER NO CLIMATÉRIO? o Diagnóstico do climatério Através da faixa etária da paciente e do quadro clinico apresentado o Diagnóstico de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e doenças da tireoide
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Essas doenças possuem incidência aumentada nessa faixa etária Rastreamento do câncer ginecológico (câncer de colo de útero, ovários e de mama) Prevenção da osteoporose através de orientação alimentar e exercícios, uso de hormônios quando indicado e densitometria óssea Prevenção de doenças coronarianas através da identificação de fatores de risco (dosagem de colesterol no sangue) Avaliar a indicação e contraindicações para o uso de hormônios
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