Title | Líquido Pericárdico |
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Author | Ladson Lucio |
Course | Citologia Clinica E Fluidos Corporais |
Institution | Centro Universitário de Belo Horizonte |
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Tudo sobre a análise laboratorial do líquido pericárdico, bem como as formas de coleta e metodologias analiticas....
1.INTRODUÇÃO O pericárdio é um saco fibroelástico, constituído por duas membranas de 1 a 2 mm, denominadas pericárdio visceral e parietal. Sendo separado por um espaço virtual conhecido como cavidade pericárdica que é preenchida com 10 a 50 ml de um líquido seroso o líquido pericárdico. Podendo aumentar de volume em situações inflamatórias, infecciosas, neoplásicas, ou por traumas, e hipotireoidismo (BORGES; NUNES FILHO, 2010). Uma simples camada de células mesoteliais aderidas ao epicárdio, constitui o pericárdio visceral. O pericárdio parietal é uma estrutura fibrosa com espessura menor que 2 mm, sendo formada primariamente de colágeno e, em menor grau, de elastina (NUNES FILHO, 2010). As principais funções do pericárdio é a restrição do volume cardíaco durante a diástole, particularmente das câmaras direitas, além da estabilização do coração no mediastino e da proteção mecânica contra a disseminação de infecção de órgãos contíguos (NUNES FILHO, 2010). E a função primordial do líquido pericárdico como o de todo líquido seroso é lubrificar as membranas que o envolve. Sendo válido ressaltar que como todo líquido seroso ele também é formado por um ultrafiltrado do plasma (NUNES FILHO, 2010).
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C 3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/doen%C3%A7a-peric%C3%A1rdica-e -miocardite/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-doen%C3%A7a-peric %C3%A1rdica 2.INDICAÇÕES É indicado para pacientes com: Pericardite efusiva crônica Inflamação do pericárdio causada por vírus, bactérias, fungos, DAI, doença metabólicas (insuficiência renal - uremia, diabetes), doenças neoplásicas e traumas, Radiação no tórax. A pericardite efusiva constritiva é uma entidade clínica caracterizada pelo aparecimento de sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, secundários à perda da complacência pericárdica, podendo causar um tamponamento cardíaco. Tamponamento cardíaco O saco pericárdico contém uma pequena quantidade de líquido (10 a 50 ml) que envolve o coração. Quando uma quantidade significativa de líquido se acumula e ultrapassa a capacidade de distensão do tecido fibroelástico pericárdico, ocorre perda da complacência pericárdica e progressiva compressão de todas as câmaras
cardíacas decorrente do aumento da pressão intrapericárdica, redução do volume de enchimento cardíaco e maior interdependência ventricular. A causa principal é o derrame pericárdico. Hemopericárdio O hemopericárdio (acúmulo de sangue dentro do pericárdio) pode resultar em pericardite ou fibrose pericárdica. As causas comuns incluem lesão torácica, lesão resultante de procedimentos médicos, tais como cateterismo cardíaco e implante de marca-passo, e ruptura de um aneurisma da aorta torácica. 3.COLETA A coleta do líquido pericárdico é feita basicamente por duas maneiras, a pericardiocentese e a toracotomia seguida de pericardiotomia. As amostras do líquido podem ser obtidas por pericardiocentese, que trata-se de uma simples introdução de uma seringa de médio para grande calibre pouco abaixo do esterno e pouco a esquerda do paciente com uma pequena inclinação voltando a agulha para o braço esquerdo do paciente para drenar o líquido da cavidade pericárdica. O local mais usado é através do ângulo infra-esternal apontado para cima e para a esquerda. Outra opção é pelo espaço intercostal 5 ou 6 esquerdo. A pericardiocentese (pode ser classificada tanto como procedimento terapêutico de emergência, em casos de tamponamento cardíaco (acúmulo de sangue no pericárdio), quanto um procedimento de coleta para exames laboratoriais. Às vezes, a pericardiocentese deixa de retirar quantidade suficiente de líquido, nesse caso, os médicos precisam fazer uma incisão na parede torácica (toracotomia) e depois no pericárdio (pericardiectomia) para drenar o líquido. Eles também podem ter que retirar parte do pericárdio (pericardiectomia). Ou toracotomia seguida de pericardiotomia, a toracotomia é a abertura cirúrgica do tórax com o objetivo de proporcionar a via mais direta de acesso e melhor visualização do pericárdio), e a pericardiotomia é a abertura do pericárdio para a retirada do líquido acumulado.
https://multisaude.com.br/artigos/pericardiocentese/ ANÁLISE CLÍNICA 4.EXAMES LABORATORIAIS Testes realizados em fluido pericárdico são, principalmente, dirigidos para determinar se o fluido é transudato, exsudato ou hemorrágico e incluem as relações de proteínas e LDH entre fluido e soro. a 5.Classificação Do Líquido Efusivo Pericárdico As efusões pericárdicas podem ser causadas por exsudatos, transudatos ou hemorrágicos. Exsudatos
A permeabilidade das membranas em razão de infecção (pericardite), neoplasia e trauma, aumenta, fazendo com que extravase um exsudato inflamatório na cavidade pericárdica. (Liquido inflamatório extra vascular que tem alta concentração de proteínas e fragmentos celulares, causado normalmente por um processo infeccioso/inflamatório).a Transudatos
Distúrbios metabólicos, como uremia, hipotireoidismo e doenças autoimunes são as principais causas de transudatos (líquido com pouco teor proteico, é um ultrafiltrado
do plasma sanguíneo resultante de pressão hidrostática elevada ou força osmótica diminuída no plasma). Transudatos
Distúrbios metabólicos, como uremia, hipotireoidismo e doenças autoimunes são as principais causas de transudatos (líquido com pouco teor proteico, é um ultrafiltrado do plasma sanguíneo resultante de pressão hidrostática elevada ou força osmótica diminuída no plasma). Hemorrágico Hemopericardio As análises bioquímicas é que normalmente distingue se o líquido efusivo pericardico é do tipo, exsudato, transudatos. Os exames laboratoriais podem ser: exame macroscópico e exames hematológicos, exames bioquímicos, microbiológicos e imunológicos..
6.1 Exame macroscópico O líquido pericárdico normal tem cor amarelo-clara e é límpido. Efusões amplas (> 350 mL) são mais frequentemente causadas por malignidades ou uremia, ou são idiopáticas. Infecções ou malignidades tipicamente produzem efusões turvas. Já as efusões decorrentes de uremia costumam ser límpidas e exibir cor de palha. Estes, além de tantos outros distúrbios, podem acarretar efusões hemorrágicas. Um líquido similar ao sangue e que tenha sido obtido por pericardiocentese pode representar tanto uma efusão hemorrágica como a aspiração descuidada de sangue a partir do coração. Um aspecto leitoso sugere a presença de efusão quilosa (concentração de colesterol menor no líquido que no soro) ou pseudoquilosa (concentração de colesterol maior no líquido que no soro). 6.2.Análises hematológicas
A contagem de hemácias documentam a presença de uma efusão hemorrágica,
e a contagens de leucócitos totais acima de 10.000 células/μL sugerem pericardite bacteriana, tuberculosa ou maligna. A análise citológica é composta de duas etapas distintas: a citometria, em que é feita a análise quantitativa das células, e a citologia, em que é feita a contagem diferencial em lâmina corada.. Alta de neutrófilos: alguma infecção bacteriana Alta de linfócitos: alguma infecção viral 6.6 Análise citológica A presença de células de aspecto morfológico suspeito determina a indicação de citopatologia para células neoplásicas. As metástases dos carcinomas de pulmão e de mama são as mais frequentemente observados. Pesquisa de células que indicam malignidade, a identificação citológica de células malignas não costuma ser difícil. C élulas de carcinomas metastáticos de pulmão e mama são observados com maior frequência em efusões pericárdicas malignas. A citologia, nesse caso, apresenta sensibilidade de 95% e especificidade de 100%.
FONTE: Strasinger Derrame pericárdico neoplásico, que mostra célula gigante de mesotelioma, com moldagem citoplasmática e hipercromáticas dos nucléolos (X 1.000). 6.3 Análise bioquímica Proteína: Um valor maior que 3 g/dL apresenta sensibilidade de 97% para efusões exsudativas, porém sua especificidade de apenas 22% limita significativamente sua utilidade. Portanto, a quantificação de proteínas totais não possuem poder discriminante no diagnóstico pericárdico. Glicose: Valores inferiores a 40 mg/dL são comuns nas efusões bacterianas, tuberculosas, reumáticas ou malignas.
pH: O pH do líquido pericárdico pode estar acentuadamente reduzido (< 7,1) em casos de pericardite reumática ou purulenta. Malignidades, uremia, tuberculose e distúrbios idiopáticos podem apresentar baixas moderadas na faixa de faixa de 7,2 a 7,3. Lipídeos: Separar efusões quilosas verdadeiras de efusões pseudoquilosas pode se tornar mais fácil com a determinação dos conteúdos de triglicerídeos e colesterol no líquido pericárdico. Um aspecto leitoso sugere a presença de efusão quilosa (concentração de colesterol menor no líquido que no soro) ou pseudoquilosa (concentração de colesterol maior no líquido que no soro). Enzimas: Os níveis de CK-MB e mioglobulina no líquido pericárdico, bem como de troponina I no líquido pericárdico do paciente estão significativamente aumentados na lesão miocárdica (infarto). Níveis maiores que 200 u/l indicam presença de exsudato e também são utilizados parar avaliar lesão miocárdica. Marcadores químicos produzidos durante o processo inflamatório desencadeado pelo Mycobacterium tuberculosis, tais como o INF-y e a adenosina deaminase (ADA).
6.4 Exames Microbiológicos Culturas bacterianas e coloração de Gram são realizadas em fluidos concentrados quando se suspeita de endocardite. As infecções são, em geral, causadas por infecções respiratórias prévias, incluindo Haemophilus, Streptococcus, Staphylococcus e adenovírus. As efusões de origem tuberculosa estão aumentando. corno resultado da AIDS. Portanto, colorações para bacilos álcool ácido resistentes e teste de adenosina deaminase são, frequentemente, solicitados em efusões pericárdicas. É difícil diagnosticar um agente etiológico específico na pericardite viral, porque os vírus raramente são isolados a partir do líquido pericárdico. 6.5 Análises Imunológicas Um teste negativo para FAN (FATORES ANTINUCLEARES) torna altamente improvável um diagnóstico de serosite (inflamação de serosas do organismo, ex: pericárdio). Por outro lado, títulos de FAN elevados em efusões pericárdicas são pouco específicos. Se não houver explicação para a detecção de altos títulos de FAN, é preciso suspeitar que se trata de um caso de malignidade.
6.7 Moleculares .Dentre as novas técnicas, destacam-se as que identificam o DNA do Mycobacterium tuberculosis por técnicas de amplificação de segmentos conhecidos do seu genoma, tais como a reação em cadeia da polimerase,Reação em cadeia da polimerase (PCR). A PCR é urna técnica sensível que pode ser ainda mais específica do que a detecção de adenosina deaminase no diagnóstico da pericardite tuberculosa. No entanto, um resultado negativo não exclui a possibilidade de pericardite tuberculosa, uma vez que alguns líquidos pericárdicos obtidos de pacientes com amplas efusões tuberculosas podem não conter M. tuberculosis.
REFERÊNCIAS BORGES, E. S. Doenças do pericárdio. Disponível em: . Acesso em 02 de maio de 2020. HENRY, J. B. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 21.ed. Barueri, SP: Editora Manole, 2012. Montera M.W. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Brasileira de Miocardites e Pericardites. Arq. Bras. Cardiol. 2013; 100 (4 supl. 1): p.1-36 NUNES FILHO, A. C. B. Pericardiopatias. 2010. Disponível em: . Acesso em 02 de maio de 2020. STRASINGER, S K. Uroanálise e fluidos biológicos. 5. ed. São Paulo: Premier, 2009.
INDICAÇÕES, COLETA = DIRETRIZ ANALISE CITOLOGICA E MICROBIOLOGICA = STRASINGER RESTANTE = HENRY...