OAMRR-CONTINUAÇÃO PDF

Title OAMRR-CONTINUAÇÃO
Author Matilde Branco
Course Português
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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Summary

Enquanto lava a loiça na cozinha de RR , Lídia chora e questiona-se sobre a sua situação de criada amante do médico Ricardo Reis.Reis envia para Marcenda a ode que lhe dedicou.CAPÍTULO XIXLídia chega a casa de Ricardo Reis, pesarosa, e revela-lhe que o seu irmão e outros marinheiros se vão revoltar,...


Description

Enquanto lava a loiça na cozinha de RR, Lídia chora e questiona-se sobre a sua situação de criada amante do médico Ricardo Reis. Reis envia para Marcenda a ode que lhe dedicou.

CAPÍTULO XIX Lídia chega a casa de Ricardo Reis, pesarosa, e revela-lhe que o seu irmão e outros marinheiros se vão revoltar, que a Marinha planeia uma conspiração, a partir de Angra do Heroísmo - Açores. Quando Reis sai para almoçar, observa os barcos no Tejo e avista o balão nazi que sobrevoa Lisboa, o Hindenburgo ostentando a cruz suástica. No dia seguinte, após a revolta dos marinheiros, Ricardo Reis assiste ao bombardeamento do Afonso de Albuquerque, barco onde seguia o irmão de Lídia, e do Dão. O episódio terminou com a morte de 23 marinheiros, sendo um deles o irmão de Lídia. Fernando Pessoa visita pela última vez Ricardo Reis na sua casa para dele se despedir e este decide acompanhá-lo até à morte. 11.º e último encontro com FP.

Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os acontecimentos políticos Os acontecimentos históricos, políticos e sociais, presentes no romance, são encarados como “ditaduras” ou “muros” internos:  o regime político do Estado Novo (1933-1974), liderado por Salazar até final dos anos 60:  a censura  a ordem e a repressão dos opositores  a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE, futura PIDE)  a imprensa comprometida com o discurso do poder e instrumento de propaganda do regime  a Mocidade Portuguesa  a oposição ao regime: o jornal clandestino de ideologia comunista O Marinheiro Vermelho  o país pobre, desigual, analfabeto, atrasado e alienado pelo regime e pela religião católica; Externos:  A Guerra Civil de Espanha;  a ascensão do nazismo e incubação da Segunda Guerra Mundial, que eclodirá três anos depois.

O espaço da cidade – Representações do século XX Cidade envolta pela chuva, triste, cinzenta, sem qualquer atrativo, deserta e imóvel. Metáfora do regime do Estado Novo, que cerca os seus cidadãos, maioritariamente «súbditos, escravos, submissos, reprimidos, oprimidos», sem vontade para lutar e para sair da situação em que se encontram. - Espaço dominante – cidade de Lisboa - muitas das descrições e das referências que lhe são feitas dependem da deambulação de Ricardo Reis pela cidade; A cidade de Lisboa (palco da ação) é descrita como um labirinto, monótona, pobre, sombria, silenciosa, chuvosa, de águas turvas. Os lugares por onde ele deambula (às vezes como se estivesse apenas a sentir a cidade), tem significados especiais para ele, que vão estabelecendo os grandes sentidos do romance. 

Cais do Sodré é o local da primeira instalação em Lisboa, logo que desembarca. O facto

de escolher um hotel junto ao Tejo e um quarto com vista para o rio mostra como o olhar condiciona o reencontro com Lisboa. 

Chiado aparece no primeiro passeio de Ricardo Reis por Lisboa (cap.2).



Praça Luís de Camões, observa a estátua do poeta é um espaço e uma estátua que levam a reflexões sobre o significado do poeta, da epopeia que ele representa, da história de Portugal e dos seus mitos.



Cemitério dos Prazeres é o local do reencontro com Pessoa já sepultado.



Alto de Santa Catarina é o espaço para onde Ricardo Reis se desloca, depois de viver

no Hotel Bragança. De novo a vista para o rio. Com alguma ironia, sugere-se que naquele espaço não podemos esquecer as descobertas portuguesas, é reforçado pela presença de Adamastor (estatua); As estátuas reforçam espaços aqui representados e aparecem com alguma frequência; o Adamastor lembra os descobrimentos, olhando o Tejo de onde partiram as naus que ele não conseguira deter. Metáforas que remetem para as circunstâncias políticas e históricas vividas em Portugal, em 1936:  Clima de ameaça e perseguição e restrição da liberdade de expressão exercidos pelo regime;  Estado de estagnação, miséria e conformismo em que o povo estava mergulhado;

Intertextualidade: leitor de Camões, Fernando Pessoa e Cesário Verde Leitor de Camões O autor de Os Lusíadas preenche uma parte da viagem literária que na obra de Saramago se leva a cabo: 

A presença de Camões é uma constante na cultura portuguesa e também nas

deambulações do protagonista; 

A poesia Camoniana ocupa um lugar importante na memória de Reis;



No presente de Reis, Camões parece causar indiferença, mais do que admiração,

como se a epopeia estivesse esquecida;

Leitor de Cesário Verde Associação a espaços percorridos pelo poeta – a cidade onde deambula; Ao deambular por Lisboa, Ricardo Reis contacta com espaços comuns aos de Cesário; A importância atribuída aos sentidos, no relacionamento da personagem com o mundo que a rodeia, sugere uma certa proximidade com a poesia de Cesário; Representação dos mesmos espaços por Cesário: largo de Camões;

Leitor de Fernando Pessoa Enquanto Ricardo Reis: Pela sua condição de poeta, Ricardo Reis cita poemas que escreveu; Ao deambular, vêm-lhe à cabeça poemas que escreveu; Em episódios da vida pessoal a poesia é uma resposta a acontecimentos concretos; Referências às suas dificuldades na criação poética; Associação de situações concretas com odes escritas no passado (revolta dos Marinheiros); Enquanto Pessoa, como autor de uma ampla família literária: Fernando Pessoa entra na vida de Reis como um fantasma, exercendo sobre ele uma certa autoridade;

O facto de ser autor/criador de Reis e de já ter morrido assegura-lhe distanciamento e independência de juízos.  A sua presença aparece de três formas: 

Nos encontros com Pessoa, dando lugar a conversas de conteúdo diverso;



Nas citações da poesia de Pessoa;



Na referência ocasional aos heterónimos (Campos e Caeiro);

Deambulação geográfica e viagem literária 

Ricardo Reis, ao contrário do que sucedia na obra de Pessoa, já não surge no espaço campestre, mas deambula no espaço citadino.



Tal como sucede na obra de Cesário Verde, não passeia por Lisboa com um objetivo definido, mas apenas com o propósito de observar a cidade.



Este processo de deambulação física é simultaneamente uma viagem literária, além do olhar da sociedade em relação à sociedade da época se aproximar, da visão adotada pelo eu em relação a Portugal na poesia de Cesário Verde, temos também algumas passagens do último passeio de Ega com Carlos na obra de Eça de Queiroz “Os Maias”.



A figura mais frequentemente convocada é Camões. A estátua do Poeta está presente em todas as deambulações do protagonista. José Saramago reaproxima Fernando Pessoa de Camões, convocando-o para o texto através de referências não só à sua estátua, como à do Adamastor, e de citações frequentes da sua obra.



Quanto a Fernando Pessoa, apesar de morto, dispõe de 9 meses antes de desaparecer completamente. Visita frequentemente Ricardo Reis. Mostra que a morte lhe conferiu uma grande sabedoria que, no entanto, é inútil, já que não lhe é possível alterar nada do que fizera em vida. Ao longo da obra, há inúmeras alusões não só à poesia lírica de Fernando Pessoa ortónimo, mas também a Mensagem e à obra de Alberto Cairo e de Álvaro de Campos (sendo este heterónimo que avisa Ricardo Reis da morte de Fernando Pessoa).

Caracterização de personagens

LÍDIA e MARCENDA

el



s a



ar s as s e



e s, s



u a

realidade

circundante,





das que tinha em vida,

lealdade

nomeadamente

ninguém;

da

avidamente

solidão, da dualidade

jornais;

vida/morte,

Solitário

e

errático,

acaba

por procurar em lídio

da

parentalidade

e

atitude

“poeta

de

fingidor”

algum

conforto carnal;

Língua, estrutura e estilo EXTERNA: 19 Capítulos;

da

de

INTERNA: - Uso paródico do verso de Camões “onde a terra acaba e o mar começa”; - Viagem de Reis para Lisboa e, depois em direção ao cemitério dos Prazeres; - Discurso Indireto Livre; - Estrutura aparentemente simples; - Saramago desafia as normas gramaticais e usa a pontuação de forma inovadora e irreverente; - Discurso direto das personagens, sem a tradicional mudança de linha, o travessão ou as aspas, uma simples vírgula suficiente para introduzir a fala da personagem, inicia a fala da personagem com maiúscula após a vírgula; - Dispensa deliberadamente os pontos de exclamação e de interrogação; - Cultiva intencionalmente a frase longa. - Faz uso da ironia e do sarcasmo, sobretudo no exercício da denúncia e da crítica, da personificação, da antítese, da comparação, da enumeração, da ironia, da metáfora e da hipérbole;...


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