Por que a Beleza importa- (2012 ) PDF

Title Por que a Beleza importa- (2012 )
Author Alexandre Gomes
Course Ética Profissional (EAD)
Institution Universidade do Vale do Paraíba
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Comentários sobre o livro A Beleza, Por que a Beleza importa de Roger Scruton ...


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Ética- Por que a Beleza importa- (2012) Comentários sobre o livro A BELEZA, Por que a Beleza importa de Roger Scruton •Notas de 28-04;019 Por que a Beleza importa? No curso de técnicas de estudo eu sempre pergunto sobre o conhecimento intrínseco. Aqui ele fala sobre a beleza intrínseca: é a mesma idéia: O que é o conhecimento intrínseco? Somos seres humanos, estamos interessados no conhecimento em si? Ou em passar num concurso público, no vestibular, ou passar em seja lá o que for? Reconhecimento público, obter um título - mas o conhecimento é MEIO? Um meio, inclusive, meio pesado. difícil... (Se pudesse desviar dele seria bem melhor!) Vejam bem: um ser humano, que se diferencia exatamente pelo amor ao conhecimento, à sabedoria, pela capacidade de qualificar a vida através da sabedoria, considerar o conhecimento como um estorvo, e que a finalidade da vida não é o conhecimento, é no mínimo estranho. Ele vai falar o mesmo em relação à beleza: A beleza intrínseca vale por si? Ou tem uma finalidade por trás dela? Desejo sexual, a utilidade, seja lá o que for... E várias questões correlatas. Ele vai colocar, por exemplo: ela é relativa ou absoluta? Esta é uma das maiores questões colocadas desde o século 18. Desde grande o grande racionalismo clássico... As coisas são belas realmente? Ou a beleza "está no olho de quem vê"? E não existe nada belo em si. É uma mera colocação cultural destituída de valor verdadeiro? Enfim, uma série de elementos que vai levantar, e vai se posicionando, ponteando com colocações de pensadores clássicos, bem práticas, bem interessantes. Vamos nos passar por algumas delas. Beleza natural: mais uma frase do nosso querido Kant. A beleza natural é a conformidade a fins sem fim... Parece uma frase um pouco sem sentido, né? Ele diz que a beleza natural, ou seja, a natureza, as paisagens são uma intimação a conformidade. Não existe nada que estejam mais de acordo com as leis do Universo do que a natureza. Ela está em conformidade com fins que lhe são próprios, mas que serve um fim sem fim. Se adotarmos um pouco a terminologia da filosofia oriental - que faz um atalho muito grande, porque os conceitos ocidentais são muito bonitos mas às vezes são racionais demais e filosofia oriental vai direto ao assunto na filosofia indiana existe um conceito que é o Darma,

que seria esses fins, que levam todo o universo de volta pra casa. Levam todo o universo de volta para a unidade. Então, seriam os fins últimos para onde caminha todo o universo, todo o cosmos, para a unidade. E cada um dos seres que está no meio do caminho, dessa grande trajetória, tem os seus fins próprios. Então, a natureza teria uma conformidade a fins que, em última instância, não teria fim. São infinitos e vão até o horizonte de possibilidades do universo. E ela é tão conforme, tão coerente, tão obediente esses princípios, que o homem que se alinha, que se afiniza com ela, recebe quase quase que uma intimação para conformidade. Ele se sente obrigado a que a sua natureza também esteja afinizada. Aqui, Kant vai dizer uma coisa muito bonita: que aqueles que têm capacidade de admiração legítima, simples e verdadeira da beleza natural, têm o gérmen de um bom caráter. Se sentem intimados por ela isso é bom para eles. Porque se quando intimados, isso provoca uma rejeição, isso pode ser um elemento negativo. Ele vai falar sobre dois aspectos interessantes da natureza. O Belo. Uma paisagem, um campo - alterado ou não pelo homem não faz muita diferença poderia ter uma casinha, o homem também faz parte da natureza, não tem problema. Esse belo harmonioso. A Beleza tem muito isso: nos faz sentir com se estivéssemos no lar! Encontramos nosso lar! Provoca uma harmonia. Produto da combinação de coisas diferentes num encaixe perfeito. Há um sentido de unidade, quando aí tem muitas coisas: tem nuvens, tem céu, tem plantas, tem grama... Tudo isso se combina de maneira que não são muitas coisas - é Um só! Isso nos dá quase que uma via de encontrar uma maneira de encaixar todas essas muitas coisas que também existem dentro de nós - que também é uma natureza de acreditar que isso é possível, de encontrar um caminho para também fazê-lo. Então, uma paisagem como essa gera uma sensação de beleza. Uma beleza serena, uma beleza pacífica. Mas existe uma outra possibilidade da gente se colocar diante da natureza: Quando a natureza não nos apresenta apenas belo, mas nos apresenta o sublime! O sublime é uma outra história... Porque é tão grandioso que causa impacto na natureza humana! O que é isso?!? A princípio você se sente intimidado: - Olha como é grandioso!! - Olha como eu sou pequeno!! - Olha como eu sou insignificante! Mas esse primeiro impacto que surge, em seguida traz uma sensação - segundo Kant - que é muito interessante: ao mesmo tempo em que nos sentimos insignificante, pensamos: - Não! Eu sinto a minha dignidade diante da natureza! Por que?

Porque assim como ela está em conformidade, segundo as suas leis, eu posso estar em conformidade segundo as minhas leis morais, e nem mesmo uma natureza grandiosa como essa pode me corromper. Ela pode me matar, me corromper, não! Percebem isso? Ele diz: - Isso dá uma solidez, uma grandeza tão grande ao homem! Nem uma natureza grandiosa como essa pode nada contra mim no sentido de ser um ser moral! Ela faz o que lhe corresponde e eu faço o que me corresponde. Isso numa certa medida é também grandioso! É também sagrado - naquele sentido tradicional de função de dar sentido! Como diz o antropólogo Mircea Eliade. Sagrado é a função de dar sentido. Cada coisa encontra sentido quando encontra a sua identidade. Então, como eu sou um ser humano, e cumpro as leis da natureza humana - sou um ser moral, e sou fiel à minha dignidade, nem mesmo uma escarpa dos Alpes como essa me faz sentir insignificante! Nem ela pode tirar de mim isso! Ela pode me tirar a vida física, a minha dignidade, não! Então isso dá uma sensação de solidez e de poder ao homem também. Eles diz da necessidade de estarmos confrontando essas duas coisas. Da mesma maneira que temos a pequena beleza e a grande beleza, na natureza temos o belo e temos o sublime. A beleza do cotidiano. Mais uma vez, Ele falam muito respeito da tradição japonesa, no sentido de saber pegar coisas pequenas, um momento, e transformá-lo em eternidade, um ponto de encontro. A cerimônia da infusão do chá. Já viram alguma vez? Eu vi um vídeo, e não acreditava em tudo aquilo... Imaginem: convidar alguém para tomar um chá com você. Primeiro: na sua casa existe uma cabaninha ao ar livre só para isso - para tomar chá... Dias antes você começa a fazer im "Ikebana" para decorar o local especialmente para aquele convidado. As ervas escolhidas e tratadas, desde o início, para aquele encontro... Até a maneira como você se movimenta pelo jardim com seu convidado para chegar ao local do chá é cerimonial. Tudo é cerimonial! É a maneira deles de pegar algo que estaria dentro do tempo seria banal, um ponto, um encontro, e dar a ele um caráter sublime. Algo de eternidade, algo de perene a um ponto da vida. Que mostra essa necessidade da sacralização da vida. De trazemos os momentos da nossa vida para dentro desse campo do especial. Tendemos a achar que a vida tem um limite, que não cabe muito de sagrado aí. E todas essas tradições, os antigos filósofos tendiam a dizer que o limite do sagrado é toda nossa vida e todo o universo. Cada coisa pode ser embuída de um significado especial, de um significado que o leve a se relacionar com outro mundo através daquela pequena coisa, daquele pequeno momento. Então isso ele vai realçar bastante:

A beleza do cotidiano! Esse momento, Ichigo, Ichie, oportunidade, encontro. Um ponto onde alguma coisa pequena na vida, nós fazemos de uma forma tão especial que ela se torna um ponto de encontro entre dois mundos. O significado musical. Passamos uma outra questão bastante polêmica. Ele pega a música como exemplo. A idéia é pegar a arte como um todo, ele começa pela música. A música, segundo ele, é bela porque tem um significado. Nem todo conteúdo, nem toda a mensagem que tem um significdo é necessariamente belo. Mas aquilo que é belo, necessariamente tem que ter um significado. Algo pode ter uma mensagem e não necessariamente ser belo. Mas aquilo que é belo se não tiver um significado é como se fosse um envelope vazio. Ele vai dizer que a música, a arte em geral, quando realmente tem significado, quando expressa de alguma maneira essa mensagem, quando comunica os dois mundos, ela toca nas fibras da identidade do homem. É como se fosse lá dentro e puxasse coisas à tona, ela funciona como uma revelação! Ela toca nas fibras morais do homem traz à tona aquilo que ele tem de melhor! Revela, como se lançasse luz sobre essa intimidade do homem. E traz à tona aquelas coisas mais belas que ele também tem. A mesma beleza que reside em qualquer lugar do universo, reside dentro do homem. Porque as criações humanas todas nasceram nesse mesmo local secreto. É como se fosse uma usina de onde toda beleza humana irradia. Então, diz que ela é uma revelação. E necessariamente ela tem que ter um conteúdo, tem que ter um significado. Ela não é vazia, ela não serve de nada, senão seria como um envelope vazio. Ele cita uma passagem de um escritor inglês, que em um de seus romances coloca um personagem, da época vitoriana, falando a respeito de uma melodia que ele ouvia. De uma forma meio poética, ele vai ouvindo, e fazendo interpretações do que aquilo significa para ele, quais são cordas que vibram dentro dele, o que aquela música traz à tona. O que permite a ele vivenciar conscientemente, como se a música tivesse batido à porta da sua alma. É muito interessante. Ele vai citar essa passagem. Robert Browning. A tocata de Galuppi. §essa é a fala do personagem ouvir uma mnelodia: O que? aquelas terceiras menores tão lamentosas, as sextas diminutas... suspirar, suspirar... Disseram-lhes algo? aquelas tensões, aquelas soluções... Teremos de nos apagar! Aquelas sétimas condoídas... "Perdurar a vida pode, é obrigatório tentar!" É uma reflexão que esse personagem faz ao ouvir uma música! Tudo isso sai de dentro dele... como se a música tivesse lançando luz sobre esses elementos que existem dentro dele. Como se essa mensagem já existisse dentro da música e ela tivesse apenas permitido a ele revelá-la,

percebê-la, trazê-la à tona. Quantas vezes eu vejo pessoas que compõem, que escrevem, que dizem: - algo nasceu de dentro de uma música... Um momento, um flash, um insight... nasceu dentro de uma música. É como se estivesse mil coisas ali. É como se ela tivesse a capacidade de abrir uma ponte, e tocasse essa alma humana, onde reside a fonte de toda beleza. o valor da arte arte. A Arte imprime ordem e significado à vida humana. É como um fio que conecta todos os elementos que estão soltos. Sem a verdadeira arte, imbuída dessa mensagem de beleza, a nossa vida seria como um colar de contas que estourou. Imaginem vocês essa cena: fotografias antigas... Coisas que ficaram soltas nossa vida, a gente olha tudo aquilo e pergunta: - qual é o sentido? - O que conecta todas essas coisas? Qual é o fio condutor dessa história? A Arte é capaz de harmonizar a vida humana, abolir a arbitrariedade da vida humana. Permite ao o homem fazer uma síntese de vida. A arte mostra que é possível conduzir uma harmonia através de diferenças aparentemente irreconciliáveis. Então, através de diferentes notas musicais, de diferentes tons de cores, você consegue harmonizar tudo aquilo e produzir beleza! Então por que não poderia através de todas essas notas e tons que são a minha vida? A arte é capaz de dar ordem e significado à vida humana. É capaz de harmonizar aquilo que parece solto. A mesma harmonia que a verdadeira ordem imprime, ela é capaz de fazer com que descubramos dentro de nós. Platão, em sua República - que é um dos diálogos que muitas vezes ele usa entre outros fala que na sua cidade ideal só seria possível ao homem andar pelo mundo, e confrontar várias coisas, quando ele já tivesse aprendido a reconhecer um padrão interno de harmonia. Ele seria educado para reconhecer esse padrão interno de harmonia através da música! Platão dedica um longo tempo no seu diálogo, por exemplo, falando dos modos musicais associados a padrões morais! - Esse modo - lídio, frígio - não entra na minha República, porque suscita tais e tais formas de caráter, que não é o que eu quero para o homem. A música tem que ser bela, simples e harmoniosa, como a alma do homem que eu pretendo ter como cidadão. A Arte teria essa característica, toda ela, não apenas a música. Imprimir sentido, dar ordem, e resgatar a vida humana da arbitrariedade. Essa frase de John Keats... aliás esse poeta não só escreveu uma poesia sobre isso, onde consta esta frase, como também de desenhou esse vaso. Ele imagina uma urna grega cheia de pinturas, desenhos, baixos relevos, e faz uma coisa muito bonita (já já vou mostrar pra vocês essa poesia), mas é interessante essa frase citada pelo Scruton: "A beleza é verdade;

a verdade é beleza; é tudo o que na terra sabemos e que necessitamos saber..." um Ou seja, a beleza é uma condução para a verdade humana. Um salvo conduto para que a gente passe pelas sombras, pelas ilusões da vida e encontre o que é real por trás disso. Não é à toa que Scruton vai dizer que numa sociedade onde o nosso juízo do gosto está tão obscurecido, temos tão pouca capacidade de perceber a verdade das nossas vidas. Estamos mergulhado em um monte de ilusões, de alienações, e estamos muito suscetíveis a nos alienar. Perdemos esse senso da beleza como um condutor para encontrarmos da verdade humana. Esse juízo do gosto de que ele fala, como tão importante. Então, a beleza é verdade; a verdade é beleza; é tudo que na terra sabemos, e é tudo o que necessitamos saber. Fiz questão de trazer a poesia completa para vocês para termos alguns momentos de beleza: John Keats: Ática forma! Altivo porte! Em tua trama, Homens de mármore e mulheres emolduras. Como galhos de floresta e palmilhada grama: Tu, forma silenciosa, a mente nos torturas Tal com a eternidade: fria pastoral. Quando a idade a pagar toda a atual grandeza, tu ficarás, em meio as dores dos demais, amiga a redizer o dístico imortal: a beleza é verdade, a verdade é beleza. É tudo o que há para saber, e nada mais. Poesia dedicada a um vaso grego! Revelador da verdade humana: um vaso grego! Arte e Moralidade Uma coisa interessante - devo isso ao doutor Scruton é uma frase com a qual eu sempre tive grande dificuldade... Uma frase Theóphile Gautier, no século 19, que falava: A Arte pela Arte. A arte tem compromisso apenas com ela mesma e com nada mais. Scruton explica o que Gautier queria dizer com isso - não é bem o que a gente entende. Não é que a Arte não tenha compromisso com nada - não há nada no Universo que seja assim! No universo tudo está interligado, e tudo está comprometido com tudo! Podemos nos alienar e cumprir esse compromisso inconscientemente, - Aliás, quando nos alienamos, nos comprometemos com as piores coisas, porque não escolhemos com o que nos comprometemos Então, não é Arte pela Arte, é Arte pelo Homem, é óbvio! Aí, ele explica o contexto em que Gautier criou essa frase: nessa época se começava a usar a Arte como uma ferramenta para justificar falsas moralidades, e até mesmo posturas políticas. Isso posteriormente vai ser muito utilizado por exemplo dentro da União Soviética. Peças musicais, obras teatrais,

cujo teor de moralidade, de conteúdo ideológico, justificasse o sistema. E isso é considerado absolutamente imoral! É uma profanação! Segundo a tradição grega é uma profanação das Musas! Homero fala sobre isso: as Musas que habitam o monte Helicon. São entidades que guardam os portais da beleza. Helicon, vem de hélice, que conduz a consciência do homem até o plano das idéias. Elas têm seus protocolos, têm seus parâmetros, não se deixam manipular. Elas não servem a utilidades outras que não à da própria beleza e arte. Isso não seria moral. Mas não significa que a arte seja neutra moralmente, que seja destituída de uma mensagem moral. Ela sempre tem. Agora, não uma mensagem moral imposta de fora por algum interesse, mas uma mensagem moral que emana dela mesma. Dos próprios estatutos da beleza que ela contém. Ela emana moralidade! Moralidade, não como esse preconceito que temos hoje em dia, como uma palavra meio demodê, meio arcaica, mas como esse elemento que Kant tanto amava, é o estruturante, é o fio que conecta todas as contas da identidade humana, aquilo que ele coloca no seu epitáfio: "Duas coisas vi na vida que me deslumbraram: o céu estrelado em cima de mim e a lei moral dentro de mim". É dessa modalidade que falamos! Essa moralidade emana da arte, transpira da arte, verdadeiramente! Ele cita um livro, de um escritor que não conheço, que conta a história de uma pessoa que fala dos seus valores cristãos com tanta legitimidade que um islâmico se comoveria, que um budista se comoveria... porque não é uma mensagem ideológica, forçada, é uma um amor ao divino que emana com tanta legitimidade, com tanta honestidade, que convence a qualquer um! Eu com não li esse livro, mas tenho a minha experiência em relação a isso que é um livro chamado "A imitação de Cristo", de Tomás de Kempis. Um monge medieval, que é qualquer coisa de impressionante! Ainda que você não seja cristão nem tenha nenhuma simpatia por monges medievais. Você vê o deslumbre de uma pessoa ao ver o primeiro raio de sol, e perceber: - Com certeza, emana de Deus! - Só da divindade viria uma luz tão maravilhosa! Isolado no seu cantinho e deslumbrado diante da grandeza da natureza, como dígito de Deus entrando... Ainda que você não tenha nenhuma conexão com a ideologia religiosa, é impossível não se comover com Kempis! Emana daí uma moral, uma ordem, um deslumbre diante da beleza das coisas... Uma pessoa que não queria nada para si. Mas estava perceptivo! E essa percepção fazia com que ele fosse profundamente às coisas. A ferramenta que tinha no cristianismo - a usou muito bem! Emana a moralidade da arte, ela não é moralmente neutra,

mas não moralidade que lhe seja externa, emana dela mesma! Que é própria dos próprios, como dizia estatutos da beleza. Gosto e ordem. Aprender a gostar. É possível? Existe toda uma polêmica que ele coloca aqui. Realmente, Roger Scruton vai a uma ousadia que merece aplausos... Ele vai dizer: - Vivemos numa cultura democrática. Essa cultura democrática tem certos probleminhas complicados. Ela quer igualar aquilo que não é igual, e acha que isso é uma promoção da Justiça. Considera todos os gostos como de igual valor. É uma ofensa você considerar que alguém tenha um gosto melhor do que o outro! Não existe bom nem mau gosto! Nem meu, nem teu gosto! Gosto é uma coisa absolutamente arbitrária, cada um tem seu, e de igual valor! Ele diz: isso vai inviabilizar qualquer processo de educação do gosto. Se todo gosto vale a mesma coisa, vamos educar o que? Então, não teríamos nenhuma possibilidade de atuar aí. E ele vai dizer: - Isso é estritamente necessário! Que seja formado o gosto humano. Isso é uma ponte para a elevação da consciência, isso desobstrui um caminho que a consciência humana a demanda. Ele fala de uma situação prática, tão interessante... Ele fala de uma determinada a sinfonia de Brahms que ele, particularmente, não apreciava. Um dia vai à casa de um amigo, um admirador de Brahms, que começa a tocar essa sinfonia no piano, e vai mostrando a ele: - Olha como tudo emana dessa nota... - Olha como todas as variações musicais nascem dessa raiz... E ele começa a observar, fica tremendamente abstraído, e ama essa sinfonia, passa a achá-la belíssima! Não é uma coisa forçada... uma coisa forçada não vai obter efeito! É como tentar racionalizar com uma criança que ela deve comer alface e não hamburger... É óbvio que não vai funcionar. Num determinado momento pode até chegar a isso. mas não vai convencê-la racionalmente, por força... mas através de um ensinamento, onde convença o outro a provocar uma experiência, você pode ir depurando gosto! Isso não só é possível, como estritamente necessário neste momento histórico. Ela fala uma frase muito interessante, que eu trouxe para lê-la para vocês. São palavras dele mesmo, achei muito forte muito bonita: "Alguém que, neste momento, se preocupe com o futuro da humanidade, deve tentar perceber como pode ser reavivada a educação estética, cujo...


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