Title | QAC - Complexação |
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Course | Química Analítica Clássica |
Institution | Universidade Federal da Paraíba |
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Resumo e anotações da aula de química analítica...
UFPB/CCEN/DQ QUÍMICA ANALÍTICA CLÁSSICA Prof. Luciano Farias de Almeida EQUILÍBRIO DE COMPLEXAÇÃO ÍON COMPLEXO OU COMPLEXO Definição geral: íon que tem em seu centro um átomo ou íon rodeado por certo número de outros íons ou moléculas. Definição usual: é um tipo de composto formado pela reação de um ligante químico com um íon metálico central em que este íon coordena os ligantes ao seu redor.
1
Ligantes polidentados Ligantes que possuem dois ou mais pares de elétrons capazes de se coordenar ao íon central. São também chamados de Quelantes e formam complexos altamente estáveis, maioria com estequiometria de 1:1. Ex.: ácido etilenodiaminotetracético – EDTA
A formação dos complexos é baseada em reações ácido-base de Lewis, onde o metal ou íon metálico é um ácido de Lewis (aceptor de par de elétrons) e o agente complexante (ligante) é uma base de Lewis (doador de par de elétrons). Exemplos: Íon Tetramincuprato (II): Íon Dicianoargentato: Íon Hexacianoferrato (III):
Figura 1. Complexo Metal-EDTA.
Cu(NH3)42+ Ag(CN)2[Fe(CN)6]3-
Ligante É qualquer átomo, íon, ou molécula capaz de agir como parceiro doador em uma ou mais ligações coordenadas. Ex: NH3 no complexo Cu(NH3)42+ As quantidades relativas desses componentes num complexo seguem estequiometria bem definida, não interpretada dentro do conceito de valência. Numero de coordenação É o número total de íons ou moléculas ligadas por ligação coordenada com o íon ou átomo central. Ex: no íon complexo Cu(NH3)42+, o cobre tem número de coordenação igual a 4. Número de coordenação: número de espaços disponíveis em torno do íon central na denominada esfera de coordenação, cada um dos quais pode ser ocupado por um ligante. Na maior parte dos casos, o número de coordenação é 6 (Fe2+, Fe3+, Zn2+, Cr 3+, Co2+, Ni2+, Cd2+), podendo ser 4 (Cu2+, Cu+, Pt2+), 2 (Ag+) e 8 (alguns íons do grupo da Pt). Tipos de Ligantes Ligantes monodentados Ligante que usa somente uma única posição de coordenação com o átomo ou íon metálico com um par de elétrons (dente) ou cargas efetivas. Ex: NH3, CN-, Cl-, H2O
Carga de um íon complexo É o somatório das cargas de cada íon que forma o complexo. Ex.: Ag+ + 2CN- ↔ [Ag(CN)2]Cu2+ + 4CN- ↔ [Cu(CN)4]2+ Se moléculas neutras são os ligantes, a carga do complexo é idêntica à carga do íon central. Ex.: Ag+ + 2NH3 ↔ [Ag(NH3)2]+ Ni2+ + 6NH3 ↔ [Ni(NH3)6]2+ Complexos que apresentam mais de um tipo de ligante podem apresentar cargas bastante diferentes: Ex.: Co3+ + 4NH3 + 2NO2- [Co(NH3)4(NO2)2]+ (positivo) Co3+ + 3NH3 + 3NO2- [Co(NH3)3(NO2)3] (neutro) Co3+ + 2NH3 + 4NO2- [Co(NH3)2(NO2)4]- (negativo) Propriedades interessantes dos complexos Mudança de cor após a formação de um complexo: Ex: Cu2+ + 4NH3 ↔ [Cu(NH3)4]2+ azul azul-escuro Fe2+ + 6CN- ↔ [Fe(CN)6]4verde-claro amarelo Ni2+ + 6NH3 ↔ [Ni(NH3)6]2+ verde azul Ex:
Aumento da solubilidade de precipitados AgCl(s) + 2NH3 ↔ [Ag(NH3)2]+ + ClAgCN(s) + CN- ↔ [Ag(CN)2]BiI3(s) + I- ↔ [BiI4]-
UFPB/CCEN/DQ QUÍMICA ANALÍTICA CLÁSSICA Prof. Luciano Farias de Almeida Equilíbrio de Complexação Uma reação de complexação é uma reação entre um íon metálico, M, e um ligante, L, formando um complexo, ML. M + L ↔ MLn Na realidade, em solução aquosa os íons estão presentes como aquocomplexos e as reações de complexação podem ser consideradas como uma substituição de uma ou mais das moléculas do solvente por outros grupos doadores de pares de elétrons. M(H2O)n + L
↔ M(H2O)n-1L + H2O
Onde: M = íon metálico central ou um próton; L = ligante; pode ser um ânion orgânico ou inorgânico ou uma molécula neutra.
2
O íon prata forma um complexo estável 1:1 com o ligante trietilenotetraamina, chamado “trien”, cuja fórmula é [NH2(CH2)2NH(CH2)2NH(CH2)2NH]. Calcule a concentração do íon prata no equilíbrio quando 25,0 mL de nitrato de prata 0,010 mol L-1 são adicionados a 50,0 mL de trien 0,015 mol L-1. Kf = 5,0 x 107 A formação de um complexo a partir de ligantes monodentados envolve várias etapas distintas. Vamos analisar a formação do complexo Cu(NH3)42+. Cu2+ + 4NH3 ↔ Cu(NH3)42+ Cu2+ + NH3 ↔ Cu(NH3)2+ Cu(NH3)2+ + NH3 ↔ Cu(NH3)22+ Cu(NH3)22+ + NH3 ↔ Cu(NH3)32+ Cu(NH3)32+ + NH3 ↔ Cu(NH3)42+
1ª etapa: 2ª etapa: 3ª etapa: 4ª etapa:
As constantes de formação para cada etapa são: Constantes de Formação e de Instabilidade Aplicando a Lei de Ação de Massas a uma reação genérica de decomposição de um complexo do tipo MaLb, temos: MaLb ↔ aMb+ + bLa-
K inst
[Mb ]a x [La ]b [MaLb ]
Onde Kinst é a constante de instabilidade do complexo MaLb.
1
[Cu(NH3 )22 ] K 1K 2 3,2 10 3 2 [Cu(NH3 ) ][NH3 ]
2 3 4
[Cu(NH3 )2 ] K 1 1,3 10 4 2 [Cu ][NH3 ]
[Cu(NH3 )23 ] K1K 2K3 8,0 102 2 [Cu(NH3 )2 ][NH3 ]
[Cu(NH3 )24 ] K 1K 2K 3K 4 1,3 10 2 [Cu(NH3 ) 23 ][NH3 ]
Levando em consideração a reação no caminho oposto ao da reação de decomposição temos a equação genérica de formação de um complexo:
É fácil demonstrar que, a constante para a reação global é igual ao produto das quatro equações, ou seja:
aMb+ + bLa- ↔ MaLb
n 1 2 3 4 4,3 1012
Cuja aplicação da lei de ação de massas nos leva à seguinte equação:
Kf
[MaLb ] [M ] x [La ] b b a
Onde: β = constante de estabilidade (ou formação) EXEMPLO: Um metal bivalente M2+ reage com um ligante L para formar um complexo 1:1: M2+ + L ML2+. Calcule a concentração de M2+ em uma solução preparada pela mistura de volumes iguais de M2+ 0,20 mol L-1 e L 0,20 mol L-1. Kf = 1,0 x 108 EXEMPLO:
Para uma dada espécie química sob a forma ML, pode-se calcular um valor alfa, o qual é a fração da concentração total do metal que existe naquela forma. Assim, αM é a fração do metal presente no equilíbrio sob a forma de metal livre; αML, a fração presente como ML, e assim por diante.
M
[M] CM
[ML ] [ML 2 ] ML2 CM CM [ML n ] CM
ML
MLn
CM [M] [ML ] [ML 2 ] ... [ML n ] Onde: concentração total do metal.
é
a
UFPB/CCEN/DQ QUÍMICA ANALÍTICA CLÁSSICA Prof. Luciano Farias de Almeida Mas sabemos que: [ML ] 1[M][L] ; [ML 2 ] 2 [M][L]2 .... [ML n ] n [M][L]n Assim, podemos reescrever as equações de cálculo de alfa, que assumirão as seguintes formas: M
[M] [M] 1[M][L] 2 [M][L]2 ... n [M][ML ]n
1 1 1 [L] 2 [L]2 ... n [ML ]n
M
Equilíbrio com Ligantes Protonáveis Considere a formação de complexos solúveis entre o metal M e o ligante L. Pressuponha que L seja a base conjugada de um ácido poliprótico e que forma HL, H2L, ... HnL, nas quais novamente as cargas foram omitidas para generalizar o tratamento. A adição de ácido à solução contendo M e L reduz a concentração de L livre disponível para complexar com M e, assim, diminui a eficácia de L como agente complexante (princípio de Le Châtelier). Generalizando, temos Ln- formando espécies sequestrantes de prótons. A fração do total das espécies que contêm Ln- em qualquer forma é dada por um valor alfa:
1 [L] 1 1[L] 2 [L]2 ... n [ML ]n
C T [Ln ] [HL1 n ] [H 2L2 n ] ... [H mLm n ]
2 [L]2 1 1[L] 2 [L] 2 ... n [ML ]n
Utilizando as expressões da Lei de ação de massas para as dissociações das espécies que contém o ligante L Podemos escrever os valores alfa para um ligante que forma um ácido diprótico como:
ML
ML2
3
MLn
n [L]n 1 1[L] 2 [L] 2 ... n[ML ]n
Dessa forma, é possível construir gráficos que correlacionam os valores alfa e a concentração de ligante. Os denominadores são os mesmos para cada valor alfa. Os gráficos dos valores alfa versus p[L] são conhecidos como diagramas de distribuição.
0
[H2 L] [H ] 2 2 [H ] Ka 1[H ] Ka 1Ka 2 CT
1
[H1L ] Ka1 [H ] 2 CT [H ] Ka1[H ] Ka1Ka2
2
[L 2 ] Ka 1Ka 2 2 [H ] Ka 1[H ] Ka1Ka2 CT
Podemos observar que conforme a solução se torna mais ácida, os dois primeiros termos no denominador das equações e passam a ser dominantes. Assim, α2 e a concentração de ligante livre (L2-) decrescem em pH’s muito ácidos. Quando a solução é muito básica, α2 se aproxima de 1 e [L2-] ≈ CT.
Figura 2. Exemplo de um diagrama de distribuição das espécies do complexo ácido fítico-Fe(III).
A análise dessas curvas dá uma ideia clara de todas as alterações de concentrações que ocorrem durante uma titulação, permitindo o cálculo de concentrações das espécies participantes do equilíbrio.
Constantes de Formação Condicional Para levar em consideração o efeito do pH na concentração de ligante livre é conveniente o uso de uma constante condicional. Estas constantes de equilíbrio são dependentes do pH e se aplicam a um único valor de pH. Como exemplo, para a reação de formação de um complexo FeOx+ podemos escrever sua constante de formação K1 como: [FeOx ] K1 [Fe 3 ][Ox 2 ] Mas, como: [L 2 ] [Ox 2 ] 2 [Ox 2 ] 2CT CT CT
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Temos que: K1
[FeOx ] [Fe3 ] 2 CT
Daí: K 12 K '
[FeOx ] [Fe3 ]CT
O uso da constante condicional simplifica bastante os cálculos porque CT é frequentemente conhecida ou facilmente calculada, enquanto a concentração de ligantes livres, em qualquer forma, não é tão facilmente determinada. Complexação com EDTA O EDTA (do inglês: Ethilene Diamine Tetraacetic Acid), é o titulante complexométrico mais utilizado na química analítica. Como o ácido pai é pouco solúvel em água, as soluções de EDTA são normalmente preparadas a partir do sal dissódico, Na2H2Y.2H2O, que é solúvel. O EDTA apresenta a seguinte fórmula estrutural:
O EDTA tem seis sítios doadores para a ligação de íons metálicos: 4 grupos carboxílicos e 2 grupos amino, cada um dos últimos com um par de elétrons desemparelhados. O EDTA forma quelatos com todos os cátions, exceto os dos metais alcalinos, mas também porque a maioria desses quelatos é suficientemente estável para ser empregada em titulações. Essa alta estabilidade indubitavelmente resulta dos vários sítios complexantes da molécula que dão origem a uma estrutura semelhante a uma gaiola, pela qual o cátion é efetivamente envolvido e isolado das moléculas do solvente. Observando sua estrutura nota-se que este ácido poliprótico fraco apresenta 4 hidrogênios ionizáveis e que também pode ser representado por H4Y. A ionização em etapas do EDTA e suas respectivas constantes são apresentadas a seguir: H4Y + H2O ↔ H3O+ + H3YH3Y- + H2O ↔ H3O+ + H2Y2H2Y2- +H2O ↔ H3O+ + HY3HY3- + H2O ↔ H3O+ + Y4-
K1= 1,02 x10-2 K2= 2,14 x10-3 K3= 6,92 x10-7 K4= 5,50 x10-11
As várias espécies de EDTA são usualmente abreviadas por: H4Y, H3Y-, H2Y2- e H2Y2-.
Figura 3. Composição das soluções de EDTA em função do pH.
As concentrações destas espécies variam de acordo com o pH da solução. Cálculos de Equilíbrio Envolvendo o EDTA As soluções de EDTA são particularmente úteis na química analítica porque o reagente combina com íons metálicos na proporção de 1:1 não importando a carga do cátion. O cálculo de [Mn+] em uma solução tamponada contendo EDTA é um procedimento relativamente fácil quando o pH é conhecido. Nesses cálculos, utilizam-se os valores alfa para H4Y. [Y 4 ] 4 CT Onde a concentração molar total de EDTA não complexado é dada por: C T [ Y 4 ] [HY 3 ] [H2Y 2 ] [H3 Y ] [H4 Y] Desta forma, podemos definir a constante de formação condicional para o equilíbrio: [MY ( n 4) ] Mn Y4 MY (n 4) K1 n 4 [M ][ Y ] Como sendo: [MY (n 4 ) ] [MY (n 4 ) ] K 1 n K 'MY [Mn ]CT [M ] 4 CT Para um valor fixado de pH, o valor de alfa é:
4
K 1K 2K 3K 4 [H ] K 1[H ] K 1K 2[H ]2 K 1K 2K 3[H ] K 1K 2K 3K 4 4
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É possível concluir então que, nos cálculos de equilíbrio envolvendo qualquer agente complexante que participe de equilíbrios ácido-base é fundamental o uso dos valores de α e pH.
UFPB/CCEN/DQ QUÍMICA ANALÍTICA CLÁSSICA Prof. Luciano Farias de Almeida Exemplo: Calcular a concentração molar de Y4- em uma solução 0,020 mol L-1 de EDTA tamponada em pH 10,00. Sabendo que α4 = 0,35 nesse pH. [ Y 4 ] 4C T 0,35 x0,020 7,00 x103 M Exemplo: Calcule a concentração de equilíbrio de Ni2+ em solução com uma concentração analítica de NiY2- igual a 0,0150 mol L-1 em pH (a) 3,0 e (b) 8,0. Sabendo que: KNiY= 4,2x1018 e α4 = 2,5x10-11 (pH 3) e 5,4x10-3 (pH 8). Ni 2 Y4 NiY 2
K1
[NiY 2 ] [Ni 2 ][ Y 4 ]
CNiY2 [NiY 2 ] [Ni 2 ] CNiY2 [NiY 2 ] [NiY 2 ] 0,015 M , mas [Ni2+] = CT, assim: K 'NiY 4K NiY
[NiY 2 ] [NiY 2 ] [Ni2 ]CT [Ni 2 ]´2
0,0150 2,5x10 11x 4,2x1018 [Ni 2 ]´2 0,0150 5,4x10 3 x4,2x10 18 2 ´2 [Ni ]
[Ni 2 ] 1,2x10 5 M 2
[Ni ] 8,1x10
10
M
(em pH 3) (em pH 8)
(em pH 3) (em pH 8)
5...