Relatório Observação PDF

Title Relatório Observação
Author Thiago Oliveira
Course Dinâmicas de Grupo e Relações Humanas
Institution Universidade do Estado de Minas Gerais
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Summary

Relatório de observação de campo sobre a disciplina de Dinâmicas de Grupo e Relações Humanos do curso de Psicologia....


Description

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UEMG UNIDADE DE DIVINÓPOLIS

PSICOLOGIA – 1º PERÍODO NOTURNO

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO DE GRUPO: CASA DIA

ALICIA VELOSO COUTINHO VILELA THIAGO OLIVEIRA DA SILVA DIVNÓPOLIS, MG 2017

ALICIA VELOSO COUTINHO VILELA THIAGO OLIVEIRA DA SILVA

OBSERVAÇÃO DE GRUPO CASA DIA

Relatório apresentado ao curso de graduação de Psicologia da UMEG Unidade Divinópolis, como requisito parcial para obtenção de créditos na disciplina Dinâmica de Grupos e Relações Humanas, ministrada pela professora Cristina Silva Gontijo.

DIVINÓPOLIS, MG 2017

INTRODUÇÃO O presente trabalho é referente à observação realizada em dupla de um grupo formado dentro de uma casa terapêutica masculina de recuperação para dependentes químicos. Foram realizadas no período de quatro semanas, quatro observações de uma hora cada, onde junto à psicóloga Maria (CRP), que nos recebeu e supervisionou, tivemos a chance de assistir dinâmicas serem desenvolvidas abordando diversos temas e sentimentos em relação ao tratamento e à vida de cada um dos acolhidos que participavam daquela determinada reunião semanal. Durante toda a observação, conseguimos visualizar diversos conceitos vistos em aula sendo postos em prática, o que nos possibilitou aprofundar nosso conhecimento sobre os mesmos, uma vez que existem diversas variáveis que podem vir a influenciar na forma em que são aplicados. Este trabalho se apresenta com introdução, um breve relato explicativo sobre a instituição alvo da observação, desenvolvimento de cada uma das observações feitas, considerações finais, referências utilizadas para sua estruturação, anexos complementares para facilitar a visualização dos relatos abordados no mesmo e fotos do ambiente onde foram realizadas as observações (anexo 1). SOBRE A CASA A fundação “Casa Dia” foi fundada no dia 05/02/2002 por Ruy Faria Campos. Hoje exusuário químico, Ruy havia passado sem êxito por diversas comunidades terapêuticas em São Paulo, até que foi acolhido na Casa Dia da região de Americana-SP. Dentre todas as casas por onde passou, a única que apresentou uma metodologia de tratamento diferente, dai surgiu a vontade de criar outra sede para que além de se manter limpo, pudesse ajudar de forma eficiente outros adictos. A casa conta atualmente com quatro coordenadores (sendo eles todos ex-internos da casa) que tem funções variadas como cuidar do funcionamento da instituição e trabalhar em cima das reuniões realizadas com relatórios; um motorista que acompanha os acolhidos em excursões e recolhe doações e suprimentos para a casa; uma psicóloga que faz o acompanhamento psicológico durante todo o período de acolhimento, intercalando atendimentos individuais e coletivos (reuniões); um assistente social que é responsável pelo contato inicial com a família (uma vez que muitos dos acolhidos chegam lá sem nenhum contato com ninguém ou em situação de rua), pela reinserção dos acolhidos no ambiente social e pelas entrevistas de acolhimento e um responsável técnico, que cuida de todas as áreas da casa visando seu funcionamento pleno de acordo com as leis vigentes para a área. A casa acolhe em média 30 pessoas, tendo a capacidade máxima para 35 e contanto hoje com 21 internos de idades entre 18 e 59 anos, respeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso. Todos os acolhidos possuem um cronograma de atividades diárias em comum (anexo 2), além de um cronograma específico para atendimentos individuais. Dentro deste cronograma

individual, todos possuem tarefas distribuídas semanalmente dentro casa, sendo em diversas áreas de funcionamento, fazendo assim com que os mesmos, através dessa participação, criem um sentimento maior em relação ao tratamento e a própria casa, ficando responsáveis pelos serviços de lavanderia, cozinha, limpeza de quartos e varandas, vestiário, escritório, horta, limpeza do refeitório, cuidar dos animais presentes na casa e levar o lixo para o lugar devido. O que acaba influenciando também, na participação dos mesmos nos grupos de apoio existentes na casa. Os acolhidos passam por um tratamento de quatro a seis meses. Esse tempo é determinado a partir de avaliações mensais em relação à eficácia do tratamento para cada caso específico, podendo em certos casos, ultrapassar esse período máximo. A partir do momento de acolhimento, até a saída para volta a sociedade, o responsável técnico e o assistente social buscam resgatar junto ao acolhido os seus vínculos familiares, possibilidades de trabalho e tudo o que compõe a vida social para os mesmos fora da casa. Todo esse processo faz parte da reintegração dos acolhidos na sociedade, para que ele possa ao sair tem uma vida mais estruturada do que ao entrar, e que contribua para a continuação da sobriedade. Desde sua fundação, a casa dia passa por vários desafios, dentre eles, os maiores são a não aceitação da sociedade perante aos acolhidos dentro do processo de reintegração, devido a muitos preconceitos ainda existentes em relação à adicção e a forma de tratamento. Outro desafio, que acaba sendo crucial para a sobrevivência da casa é em relação aos recursos necessários para que tudo possa ocorrer de forma propícia. Apesar disso, o trabalho continua sendo feito com um alto índice de sucesso, como nos foi passado durante o acompanhamento. DESENVOLVIMENTO DIA 1 A primeira observação foi feita no dia 02 de maio. Eram 13 internos participantes nesta data e foi apresentada pela facilitadora uma dinâmica chamada "barquinhos dos sentimentos". O objetivo desta dinâmica era expressar os sentimentos positivos e negativos que o tratamento e/ou a consciência da dependência química despertava em casa um. Para desenvolver, foram necessárias duas folhas de papel e uma caneta para cada participante, além de um tempo médio de 40 minutos para execução. O grupo foi reunido e o material distribuído. Após orientação sobre a confecção dos barcos, os participantes se ajudaram. Cada participante deveria construir dois barcos, preenchendo um deles com sentimentos bons que tenham ou queiram adquirir/trabalhar e o outro com os sentimentos negativos, dos quais querem de se livrar. Após encerrarem as escritas, os participantes leram o que escreveram no barco positivo e depois no negativo, posicionando-os no meio da roda. Notamos certo entusiasmo no momento de confecção dos barcos, em contrapartida, os participantes mostraram certa retração na hora da expressão pessoal dos sentimentos ali expostos. Durante o posicionamento dos barcos positivos, os acolhidos foram colocando os

mesmos naturalmente em uma ordem indiana, como se seguissem um determinado curso em comum, enquanto os barcos negativos foram posicionados no sentido de internalização, como se todos fossem colidir entre si. Os participantes se mostraram naturalmente agitados, com tiques nas pernas e mãos, tremores e ansiedade ao lidar com os objetos que possuem, como canetas e cadeiras. Durante a conversa dos membros sobre os sentimentos, a facilitadora abordou a questão de interdependência¹ e como é necessário trabalhar esse sentimento dentro do grupo, uma vez que ele se torna imprescindível para sucesso dentro da recuperação em grupo. Durante a conversa, foi questionado pela psicóloga qual sentimento foi remetido a confecção do barco. Foi interessante notar que alguns membros fizeram uma ligação direta com a própria infância no sentido das brincadeiras e aprendizado, já que muitos não sabiam como fazer o barquinho, e logo após, foi questionado sobre o que sentiram ao descrever as emoções. DIA 2 A segunda observação foi feita no dia 09 de maio. Eram 12 internos participantes nesta data e foi apresentada uma dinâmica de leitura e interpretação do texto “Auto Aceitação”, dos Narcóticos Anônimos. O objetivo dessa dinâmica era para que os participantes expressassem como estão se sentindo em relação ao tema da leitura. A facilitadora entregou o texto para que todos pudessem fazer uma leitura individual, e fizesse marcações de partes com as quais se identificaram para serem discutidas. Após a leitura do texto individualmente, foi feita uma leitura coletiva com a divisão dos parágrafos para que todos participassem, e ao final foi iniciada uma discussão sobre o texto e os sentimentos abordados vivenciados. Todos se mostraram com bastante atenção e foco durante a leitura, porém ao final houve certa dispersão de atenção no momento de comentarem sobre o que entenderam/acharam do texto. Ao contrário da última reunião, o grupo se mostrou menos agitado e em relação à demanda de expressão dos sentimentos, eles se mostraram seguros com o tema, devido à identificação que tiveram com o mesmo. Notamos que a compreensão do texto foi facilitada pelo fato de que os participantes haviam estado nas reuniões dos Narcóticos Anônimos. Alguns membros ao relembrar experiências vividas, mostraram certa vergonha e acanhamento, porém esse sentimento foi substituído logo ao começarem a falar da vida atual, durante o tratamento e as possibilidades que os esperavam ao final desse ciclo. Um membro que havia mostrado dificuldade em se expressar no último encontro acabou participando mais ao expor seus sentimentos em relação ao que esperava para si, relembrando os laços quebrados com a filha, e se mostrando empenhado a reatá-los o mais rápido o possível, já que a casa havia conseguido fazer um primeiro com a mesma, e isso o ajudava no tratamento, mostrando o quão a dinâmica externa2 acaba influenciando a forma como acolhido age dentro do grupo. Neste momento, notamos que houve uma identificação3 com o que foi falado pelo colega anterior, e dessa forma começaram a relacionar suas falas à 1

Interdependência é estar atento à dimensão global do grupo, co-responsabilizando-se tanto pelos processos de solução de problemas utilizados por ele como pela qualidade das relações pessoais 2 Estudo das forças sociais e institucionais que influenciam o processo grupal. 3 Processo psicológico pelo qual um sujeito assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente, segundo o modelo desse outro.

suas famílias, sendo em como perderam o contato, experiências ruins que tiveram devido à adicção e o relacionamento com os familiares. DIA 3 A terceira observação foi feita no dia 16 de maio. Eram novamente 12 acolhidos que participavam nesta data e foi apresentada uma dinâmica chamada “Desenho das Preocupações”. O objetivo dessa dinâmica era que os membros expressassem suas angústias e preocupações através de desenhos. Para o desenvolvimento desta dinâmica, foi utilizada uma folha de papel para cada participante, além de lápis de colorir, canetas e pincéis para que os mesmos pudessem se expressar, o que levou um tempo médio de 50 minutos entre os desenhos e a discussão a respeito dos mesmos. A facilitadora entregou o material para que os participantes pudessem iniciar. Após todos terminarem de desenhar e colorir da forma que escolheram, a mesma pediu que eles mostrassem o que desenharam e explicassem o significado. Logo ao fim da fala de cada membro, os desenhos foram passados por toda a roda para que todos pudessem ver e questionar, caso quisessem. Notamos que os acolhidos estavam bem concentrados no que estavam fazendo. Apesar de ser mais uma dinâmica onde se exigia trabalho manual, os mesmo se mostraram bem calmos em relação à atividade no início, sendo que mais ao final, houve um pouco mais de barulho e dispersão por aqueles que haviam terminado. Seguindo o que nos foi ensinado à respeito da dinâmica externa e como ela é capaz de afetar tratamentos e grupos em geral, observamos um dos participantes que geralmente é falante se sentar sozinho numa mesa afastada de todos, que haviam se separado em duplas e trios, e com um semblante de tristeza ao fazer o seu desenho calado. No segundo momento da dinâmica, onde foi aberto para que cada um mostrasse o trabalho concluído, observamos que a maioria dos participantes expressaram suas preocupações do momento como sendo coisas relacionadas à vida do lado de fora dos muros da casa de recuperação, sejam sobre família, dívidas, emprego, casa (que alguns já não tinham, pois viviam em situação de rua). DIA 4 A quarta e última observação foi realizada no dia 23 de maio. Dessa vez, participaram um total de 15 acolhidos, e foi apresentada uma dinâmica chamada “Imagens e sentimentos”. O objetivo dessa dinâmica era que os participantes ligassem as imagens expostas á lembranças boas que tiveram em sua vida. Para o desenvolvimento dessa dinâmica, a facilitadora utilizou fotos e imagens de diversas situações e pessoas. Com o grupo em círculo, a facilitadora distribuiu as imagens ao centro e pediu para que os membros olhassem para as imagens, e ao encontrar uma que remetesse á alguma memória feliz na sua vida, os mesmos deveriam pegar a figura. Após feito isso, foi pedido para que

cada um mostrasse ao grupo sua imagem e dissesse o que ela se remeteu na sua vida. Ao final das falas, a facilitadora abriu para discussão em relação à tudo que foi dito. Observamos que os membros estavam muito concentrados nas falas de seus companheiros e também demostraram certa emoção nas suas falas, porém bastante firmeza e coerência. Os mesmos se mostraram calmos no início da dinâmica ao observar as imagens e quando autorizados a retirar a imagem com que se identificaram, os mesmos respeitaram o espaço um do outro. Durante as falas, notava-se um respeito sobre a fala do companheiro, sem que houvesse qualquer interrupção. Nessa dinâmica, notamos uma ligação direta ao inconsciente4 dos membros do grupo, uma vez que fez com que os mesmos usassem de artifícios externos, no caso as imagens, para que pudessem chegar à algo muitas vezes já esquecido pelos mesmos dentro de suas vidas. Durante as falas, alguns membros mostravam certa inquietação, ao lembrar os bons momentos que haviam tido, e que já não pensavam mais sobre, já que a adicção em certo momento de sua vida havia se tornado o foco principal. Ao final das falas de cada membro, vimos que apesar de terem se remetido às suas próprias memórias, o fato dos participantes terem tidos vidas parecidas em alguns momentos, levou alguns a ter um insight5 em relação a pensamentos e memórias que não haviam dito a princípio, tendo alguns relatando que até mesmo a própria fala e interação com o grupo resultou em muito mais ligações com as cosias boas na sua vida do que as próprias imagens, mostrando o quanto a dinâmica interna6 do grupo era importante para o resgate desses sentimentos bons, uma vez já perdidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através desta observação, constatamos a importância do contato com outras pessoas que vivem o mesmo problema na hora de uma recuperação. Mesmo com toda a estrutura que a casa oferece para os internos, o tratamento nada seria sem o apoio de terceiros intercalado com o monitoramento psicológico constante, uma vez que sozinho nós nada somos. Dentro do grupo conseguimos observar diversos termos expostos em aula ao vivo, o que acrescentou grandiosamente na nossa aprendizagem e visão dentro deste tipo de campo. As dinâmicas, abordagem escolhida pela psicóloga para atuação dentro deste grupo específico, se mostraram de extrema eficácia para a expressão coletiva e individual de sentimentos, sendo eles quais forem. Além de ser um método que oferece um leque muito aberto de interpretações e funções, as dinâmicas são as formas menos invasivas e densas de terapia. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. Brasil: Martins Editora,

2010. 576 p.

AFONSO, M. L. Oficinas em Dinâmica de Grupo: Um método de intervenção psicossocial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. 171 p. 4

Usado para exprimir o conjunto de conteúdos não presentes no campo efetivo da consciência. É constituído por conteúdos recalcados aos quais foi recusado o acesso ao sistema pré-consciente-consciente. 5 Compreensão repentina, em geral intuitiva, de suas próprias atitudes e comportamentos, de um problema, de uma situação. 6 Estudo das características, fases e elementos do processo grupal, ressaltando os fatores que aí interferem – dificultando ou facilitando – esse processo

PORTAL DA PSIQUE. Disponível em: . Acesso em: 26 de maio. 2017 GRUPO PROJETAR. Fundamentação Teórica. ANEXOS ANEXO 1

ANEXO 2...


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