Relatório - Teste do pescoço PDF

Title Relatório - Teste do pescoço
Course Estudos Étnico-Raciais
Institution Universidade Federal do ABC
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Relatório sobre o racismo estrutural no Brasil - Teste do pescoço....


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RELATÓRIO SOBRE O TESTE DO PESCOÇO O Racismo no Brasil

São Bernardo do Campo 2017

INTRODUÇÃO É de fundamental importância a discussão acerca do racismo velado que ocorre em nosso país, o mito da democracia racial e da plena harmonia étnica entre o povo brasileiro são ideias que ainda continuam vivas em nosso cotidiano. É nessa perspectiva que o seguinte relatório se desenrola, a partir das sugestões propostas no artigo sobre o “Teste do Pescoço”, os integrantes do grupo analisaram diferentes locais, focando na predominância de negros ou brancos em cada situação. RELATOS Relato 1

Os dados acima foram coletados do colégio Arbos – Unidade São Bernardo do Campo por Renan Saldeira Vendrame. A escola em questão possui uma das mais altas mensalidades em todo o ABC paulista, sendo, portanto, frequentada por pessoas de maior poder aquisitivo. É importante explicar em primeiro plano que a contagem do número de negros, pardos, amarelos e brancos foi feita a partir das fotos dos formandos nos anos de 2014, 2015, 2016, de tal forma que estes não tiveram a oportunidade de autodeclarar suas respectivas cores de pele. Mesmo assim, há de se notar a discrepância entre o número de negros e não negros que se formaram nesta instituição nos últimos três anos, refletindo, pois, o desequilíbrio quantitativo que existente ainda no século XXI em locais mais frequentados pela elite. Relato 2

As imagens acima são uma compilação de todas as misses Brasil de 1972 a 2011, quase 40 anos de cada vencedora do concurso nacional de beleza, a análise foi feita por Vanessa Carolina. Deve-se frisar que o concurso ocorre desde 1952, mesmo assim até o ano de 2011 apenas uma mulher

negra, Deise Nunes, havia ganhado a coroa de Miss Brasil, no ano de 1986. Tal fato só foi mudado no ano passado, quando a paranaense Raissa Oliveira Santana quebrou o jejum de 30 anos, também é mister lembrar que apenas 6 mulheres autodeclaradas negras foram finalistas do concurso, recorde de participantes negras na história do Miss Brasil em um mesmo ano.

Ou seja, em 64 edições apenas DUAS mulheres negras levaram o prêmio máximo de padrão de beleza brasileira, o que se mostra extremamente problemático já que o Brasil é um país com população majoritariamente declarada negra ou parda, 53% dos brasileiros se declaram assim acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2014. Relato 3 Teste do pescoço realizado no dia 14 de fevereiro de 2017 por Pedro Henrique Saraiva, foi analisado o percurso de sua casa em São Bernardo do Campo até o campus da UFABC na mesma cidade. O teste teve início no percurso entre o domicílio de Pedro e a Universidade Federal do ABC, por volta das 7:30 da manhã. Neste primeiro momento, foi observado, brevemente, as pessoas que se encontravam em locais tanto na Avenida Vergueiro quanto na Avenida Kennedy. - Posto de Gasolina: No posto de gasolina ficou claro o perfil da grande maioria dos frentistas ali trabalhando, 4 ou 5 pardos e somente 2 negros. - Ponto de ônibus: No ponto de ônibus em frente ao Conjunto Habitacional Rudge Ramos fora possível observar a presença de cerca de 20 pessoas, sendo que 7 eram negras. - Obras no percurso: Visto que a Avenida Vergueiro passa por obras foi possível realizar tal contagem, sendo que de 10 trabalhadores da obra, 7 eram

negros. - UFABC: Ao entrar na Universidade Federal do ABC é possível notar uma clara mudança no perfil das pessoas, o número de negros cai drasticamente. Para exemplificar isto, em nossa sala de aula somente existem 3 negros, em uma sala com quase 80 alunos, vale observar. Entre os funcionários da Universidade é possível reparar que a grande maioria dos negros existentes é terceirizada, em trabalhos que exigem pouca qualificação, como os trabalhos relacionados à limpeza e à segurança. Entre 8 seguranças que vistos no dia, 3 eram negros. Relato 4 Nas experiências diárias de Hugo Mariano, foi observado o nível de representatividade da população afro descendente nos diversos espaços de nossa sociedade, ficando clara a baixa presença dessa população em determinados ambientes. Levando em consideração em que Hugo se inclui nessa categoria, a existência de pessoas que compartilham do mesmo traço fenotípico seus é escassa. A experiência mais evidente em seu cotidiano é a universidade, mesmo sabendo que nos últimos anos o número de afrodescendentes no ensino superior aumentou significativamente apenas viu cerca de 15 negros (em um universo de mais de 300 ingressantes) na UFABC durante seus 3 quadrimestres no período matutino. Outro exemplo interessante é com relação ao bairro onde Hugo mora. Um condomínio fechado, envolto por uma comunidade e muito próximo da região do Heliópolis, tem cerca de 3 famílias negras, sendo que, se observado o entorno, a relação se inverte claramente, isto é, população majoritariamente negra. Relato 5 Evidenciando a exclusão social crescente no futebol sob uma perspectiva tão ampla, João Vitor Teles decidiu por realizar o ‘teste do pescoço’ observando o esporte em uma perspectiva microcósmica. Analisando a “pelada”, que também é um elemento cultural enraizado no comportamento do Brasileiro. Contudo, assim como as divergências socioeconômicas se dão nas

arquibancadas, se refletem na prática cotidiana do esporte. Foram realizadas análises em 3 diferentes situações; -“Pelada” realizada no Parque do Piqueri (público), no Tatuapé, à custo zero: 15 participantes, dos quais 7 eram negros, 5 pardos e 3 brancos. -“Pelada” realizada na Quadra particular ‘Penha Futebol Society ’, no bairro da

Penha, valor avulso por jogador de R$10,00: 22 participantes, dos quais 12 eram brancos, 5 pardos, 3 negros e 2 amarelos.

-“Pelada” realizada na quadra do condomínio fechado ‘Quality House Tatuapé’, no Tatuapé, com a mensalidade do condomínio em torno de R$700,00: 13 participantes, dos quais 7 eram brancos, 4 pardos e 2 negros. O Futebol, no Brasil, é tratado como um agente unificador; de raças, de classes e de regiões. A paixão pelo Futebol faz com que, de quarta e domingo, por pelo menos algumas horas, as atenções do brasileiro, de classe alta ou baixa, negro, pardo ou branco, se voltem ao mesmo interesse. Até pouco tempo atrás, nos estádios Brasil a fora, as gritantes disparidades econômicas da sociedade brasileira eram atenuadas. Porém, ao contrário do esperado, o cenário do futebol brasileiro vem ficando cada vez mais inacessível, do fim da emblemática geral do Maracanã, em meados de 2005, à consolidação da modernização do futebol brasileiro com o advento das ‘arenas’ projetadas para a copa de 2014 e o progressivo aumento nos preços dos ingressos, o acesso das minorias sociais aos eventos esportivos é cada vez mais difícil. Ou seja, está ocorrendo um processo de elitização de espaços destinados ao esporte mais popular e amado pelo povo, como evidenciado nas três diferentes conjunturas apresentadas no “teste de pescoço” realizado por João Vitor Teles....


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