A revolução copernicana PDF

Title A revolução copernicana
Course Metodologia de Pesquisa em Direito
Institution Universidade Federal de Santa Catarina
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Panorama geral sobre a revolução copernicana...


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O que foi a revolução copernicana? A revolução copernicana (que leva esse nome graças a Nicolau Copérnico) desenrolou-se majoritariamente durante o século XVI e foi, em suma, um processo histórico que implicou na substituição de um modelo geocêntrico (Terra como corpo celeste imóvel fixa ao centro do universo) por um modelo heliocêntrico (Sol como centro do universo). As concepções geocêntricas tiveram sua gênese já na Antiguidade clássica, através das interpretações feitas pelos filósofos gregos do céu noturno. O germe de tal pensamento se deu com Aristóteles, o qual, dando de certa forma prosseguimento às ideias platônicas de dualidade do mundo em relação ao cosmos, dividia-o em dois domínios: um celeste e outro terrestre (sublunar). O primeiro abarcaria toda a vastidão e incompreensão do empíreo, desde as estrelas até o sol em zênite, e estaria em permanente movimento, num infinito dinamismo. O segundo estender-se-ia ao que é terreno, onde impera o nascer e o perecer e os quatro elementos formariam matérias “uniformes” e “não uniformes”. É necessariamente uma tautologia dizer que, partindo do pressuposto aristotélico, o terreno sublunar permanece imóvel e é o celeste que se move em seu entorno, dando origem, por exemplo, aos dias e às noites. O sábio Ptolomeu era outro dos pilares do geocentrismo. Suas teses principais eram a de que o céu, assim como a Terra, possuíam formas esféricas, mas que esta se mantinha imóvel em relação aquele. Embora Nicolau Copérnico não tenha sido o primeiro cientista a propor a teoria do heliocêntrismo, é com ele que se estruturam as bases para uma verdadeira revolução no pensamento científico, a partir também de três fatores históricos, descritos por Luiz Carlos Mariano da Rosa: Se ao pensamento jamais se impõe a condição de a-historicidade, posto que não escapa à temporalidade nem ao espaço, não emergindo senão como uma realidade histórica, pois o momento do seu nascimento guarda relação com os fenômenos que o antecederam, os quais nele se projetam, a crise engendrada pela falência do modelo de inteligibilidade aristotélico – cuja concepção, guardando ares de crença, desestrutura-se sob a influência de três fatos históricos que se inter-relacionam a partir do séc. XV, a saber, a destruição da unidade religiosa (e consequentemente da crença na unicidade da verdade), como também a descoberta da terra (da redondeza do planeta) e do céu (através da perspectiva heliocêntrica). (MARIANO DA ROSA, 2011, p. 34-35)

Ainda sobre a crise da astronomia no século XVI que propiciou a revolução copernicana, discorre Thomas Kuhn: Quando de sua elaboração, no período de 200 a.C. a 200 d.C., o sistema precedente, o ptolomaico, foi admiravelmente bem sucedido na predição da mudança de posição das estrelas e dos planetas. Nenhum outro sistema antigo saíra-se tão bem: a astronomia ptolomaica é ainda hoje usada para cálculos aproximados; no que concerne aos planetas, as predições de Ptolomeu eram tão boas como as de Copérnico. Porém, quando se trata de uma teoria científica, ser admiravelmente bem sucedida não é a mesma coisa

que ser totalmente bem sucedida. Tanto com respeito às posições planetárias, como em relação aos equinócios, as predições feitas pelo sistema de Ptolomeu nunca se ajustaram perfeitamente às melhores observações disponíveis. Para numerosos sucessores de Ptolomeu, uma redução dessas pequenas discrepâncias constituiu-se num dos principais problemas da pesquisa astronômica normal. (KUHN, 1996, p. 95)

Haja vista os fatos citados anteriormente, Nicolau Copérnico realizou uma revolução científica sem precedentes, ainda que tenha relutado a vida toda para publicar os estudos realizados a partir da obra de Ptolomeu. Copérnico observou inúmeras imprecisões acerca do movimento dos astros na obra do filósofo grego, tanto que sua decisão original era, na verdade, provar que suas conclusões estavam equivocadas, não que a Terra se movia. Copérnico foi convencido por um discípulo a publicar suas ideias (Da Revolução do Mundo Celeste) no final da vida. A obra não teve efeitos imediatos. Foram os entusiastas seguidores de Copérnico que deram a ela a visibilidade que transformou suas concepções no que posteriormente ficou conhecido como a revolução copernicana, tais como Kepler e, especialmente, Galileu Galilei (o mais conhecido e difundido dos defensores do heliocêntrismo em toda a história, perseguido pela Igreja Católica por afrontar seus dogmas). O trabalho de Copérnico apresentou inúmeros desdobramentos, mudando radicalmente a forma de se fazer e produzir ciência e até mesmo o pensamento de boa parte da comunidade intelectual da idade média.

Fontes: KUHN, T. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 1996. 264p. MARIANO DA ROSA, L. C. Da “Revolução Copernicana” (do Verdadeiro “Idealismo Transcendental”). Opinião Filosófica, v. 2, n. 2, p. 34-51, 2011...


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