Análise Sócio-histórica de O Quarto de Jack (2015) PDF

Title Análise Sócio-histórica de O Quarto de Jack (2015)
Author João Carlos Soares dos Santos
Course Fundamentos Históricos e Epistemológicos da Psicologia II
Institution Universidade Estadual Paulista
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Summary

Artigo para conclusão da disciplina. Apresenta uma análise sócio-histórica do filme O Quarto de Jack....


Description

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS

Alexia Zara Tida Bianca Aparecida de Oliveira Erick Liberato Ramos Silva João Carlos Soares dos Santos Thais Alessandra da Silva

Uma análise sócio-histórica de O Quarto de Jack (2015)

ASSIS 2019

1 INTRODUÇÃO O Quarto de Jack pode apresentar-se como apenas mais um filme hollywoodiano, levemente acima da média, indicado e vencedor de alguns prêmios, nada além de um roteiro interessante. Mas como mostramos, o longa nos apresenta uma multiplicidade de características, sendo cenários ou personagens, passíveis de análise: o "quarto", a casa, Joy, Jack, os familiares etc. Tendo Jack apenas cinco anos, cinco anos de desenvolvimento confinado ao quarto, foi ele o foco de nossa análise. A experiência exagerada que o filme nos oferece demonstra claramente as características do desenvolvimento: as relações afetivocognitivas; apropriação e objetivação; aquisição da linguagem; o papel de portador da mediação etc. Buscou-se no presente trabalho a análise do desenvolvimento psíquico de Jack. Uma vez a análise fazendo-se presente no escopo da abordagem sócio-histórica, partimos de um referencial materialista histórico-dialético, como fez o próprio Vigotski. A relação dialética entre atividade e consciência foi enfatizada, assim como o papel de mediação, a importância dos signos, a humanização de Jack através da objetivação e da apropriação, a utilização de instrumentos etc. A análise do desenvolvimento de Jack foi fragmentada em três realidades: o quarto, local de seu desenvolvimento inicial, única realidade objetiva presente até os cinco anos; a casa, local que ocasiona o desenvolvimento posterior; e o mundo exterior, aquele percorrido por Jack ainda dentro do tapete na caçamba da caminhonete, tratado indiretamente no filme, mas tendo sua importância reconhecida aqui. Entretanto, estaríamos negligenciando um elemento crucial da trama se não falássemos de Joy. A mãe de Jack foi a única responsável por portar a mediação entre ele e o mundo, como fica escancarado no primeiro ato do filme. Uma vez fora do quarto, no entanto, vemos a impossibilidade de Joy de retornar ao mundo exterior. Nisso focamos na parte final do trabalho.

2 O DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DE JACK Vygotsky buscou estudar os processos psicológicos superiores (culturais) por meio do referencial Material Histórico Dialético, cujas principais características teóricas remetem à existência de uma realidade situada na história, transformada pela atividade vital humana em sociedade e transformadora dos homens, que independe do sujeito e pode (ou não) ser conhecida por ele. Sua principal teoria psicológica remete ao psiquismo, definido por Ligia (2011) “como imagem subjetiva do mundo objetivo, ou seja, como reflexo psíquico da realidade” (p. 28). O psiquismo é um sistema interfuncional material (por sua base natural orgânica - cérebro - e objeto externo) e ideal (pelas representações subjetivas e não idênticas ao objeto que representa) cujas principais categorias dialéticas são atividade e consciência. A atividade vital humana, também chamada de trabalho, refere-se às relações estabelecidas entre os homens e para com a natureza que permitirão o Homo sapiens a sair da hominização (determinismo biológico) rumo à humanização (características de sociabilidade e organização exclusivamente humanas), (re)produzindo as condições materiais de existência. Como Jack é uma criança que não produz mais-valia, este tópico visa analisar sua atividade principal infantil, responsável pelas mudanças psíquicas que atua e sofre conforme é apresentado a três espaços diferentes, porém interligados, durante o filme. As categorias de Vygotsky utilizadas serão principalmente objetivação e apropriação, por serem mediadoras da atividade humana, e o desenvolvimento de signos por parte da criança.

2.1 O Quarto O porão na casa do "velho Nick” é a única realidade objetiva apresentada a Jack até seus cinco anos. Ainda que proibidos de saírem ao mundo exterior, o quarto possui energia elétrica; uma televisão que constantemente transmite desenhos animados e novelas; revistas infantis e livros; um relógio e uma abertura de vidro no teto, que permite observar o decorrer do dia. A alienação completa sobre o mundo exterior e o tempo não é prioridade do raptor, mas sim o enclausuramento e dependência financeira e emocional de ambos. O homem, que aparece sempre em horários predeterminados, não se relaciona diretamente com a criança devido a impedimentos da própria Joy, que teme pelo seu filho. Logo, Joy torna-se a única humana responsável por ser portadora da mediação cultural, totalidade das produções humanas, a seu filho, possibilitando sua humanização por meio da objetivação e da apropriação. “Os instrumentos de mediação, ou melhor, a apropriação ou domínio destes, são,

por um lado, uma fonte de desenvolvimento.” (BAQUERO, 1998, p. 36). Jack aprende com a mãe a como manipular (apropriar-se de) instrumentos portadores de finalidades determinadas pela história humana, como escova de dentes, controle remoto e utensílios de cozinha. Joy ensina o manuseio correto e as ocasiões de uso dos instrumentos presentes no porão e que, ainda que sejam parcos, atuam no psiquismo do garoto na mesma medida em que são manipulados por ele. A apropriação mais importante de Jack refere-se à comunicação em suas diversas formas: fala, leitura e possivelmente escrita. A mediação de Joy faz com que sinais antes perceptivos apenas no mundo externo sejam interpretados por Jack e transformem-se processualmente em signos. Dessa forma, as formas soltas (sinais do alfabeto) presentes no livro Alice no País das Maravilhas, que Jack lê com certa dificuldade para a mãe, são ressignificadas pela criança e passam a pertencer a seu mundo cognitivo interno, agindo sobre suas funções psíquicas. Utilizando-se do que lhe foi apresentado e da própria imaginação Jack, começa também a objetificar seu conhecimento e experiência humana, principalmente por meio de desenhos, (re)criando relações e comportamentos que conseguiu apropriar de sua mãe. Durante o período em que estava no quarto, Jack praticava ações em objetos como se esses fossem animados e conscientes, por exemplo, ao dar bom dia à todos os objetos que se encontravam no quarto. Não era capaz de diferenciar o que é consciente e vivo do que não é, assim como, ao entrar em contato com um rato no quarto, não via o significado nem sentido no assassinato deste por sua mãe. Joy, com experiência e contato com o mundo externo, já conhecera o que aconteceria caso o rato continuasse entre eles: transmissão de doenças e “roubo” de comidas, algo que Jack não veria problemas caso ocorresse. A sua interação com a televisão é interessante. Por meio desta, apropriou-se da cultura humana mesmo sem saber da existência de uma cultura humana. Em seu aniversário, exigia velas em seu bolo porque já tinha visto bolos de aniversário na tv e sabia que isso o diferenciava de bolos normais, ou seja, a significação social de um bolo foi internalizada por Jack, que vai além e atribui como sentido algo que deve ser uma característica essencial do bolo: as velas. Isso se contrapõe a seu estado atual, já que não havia a possibilidade de obter velas devido a seu cárcere. Jack não queria se apropriar das formas de produção de “velas”, mas apenas de seu uso, com o significado social que internalizou em si e do sentido que via nesse simples objeto estar em seu bolo de aniversário. Ainda referindo-se ao episódio de seu aniversário, podemos notar em sua fala irritada por não ter velas de aniversário uma noção de passagem do tempo, mas não com o significado social completo. Pediu a sua mãe para que esta pedisse ao velho Nick que

“semana que vem” trouxesse velas (devido às visitas semanais do homem) ao invés de “ano que vem” (no próximo aniversário), já que não tinha se apropriado completamente do significado de tempo construído historicamente pela história humana, utilizando-se da matemática e física. Ao saber que era aniversário de Jack, seu pai, no dia seguinte, lhe dá um carrinho de controle remoto. A relação do menino com o brinquedo possui um significado social: o utiliza da forma como foi socialmente criado e brinca fazendo-o correr pelo quarto. Mas não apenas com essa finalidade: também usa-o com sentido para si diferente do socialmente criado, como se este o estivesse atacando, como se fosse consciente e vivo. Tais apropriações e objetificações realizadas dentro do quarto, contudo, são apenas partes de uma totalidade mais complexa proibida ao pequeno. Joy tenta proteger o filho do sofrimento psíquico mentindo que o mundo é apenas aquele cômodo: as pessoas da televisão não existem na realidade, porque são achatadas; animais e objetos grandes são ficção, afinal não caberiam em um mundo tão pequeno quanto o quarto; os alimentos e utensílios saem magicamente da televisão graças ao “velho Nick” e o céu que Jack observa através do vidro é o espaço sideral distante. A consciência desenvolvida pelo garoto sobre a realidade é de mínima complexidade, assim como suas relações interpessoais: existem sua mãe e o ausente “velho Nick” junto aos instrumentos que conseguem passar pela porta do porão. Por mais que sejam frutos da atividade humana em geral, as apropriações e objetificações disponíveis na história não são apresentadas para todos os indivíduos. Fatores como classe social, profissão exercida e interesses políticos podem limitar ou expandir o acesso às produções humanas e, no caso de Jack, a repressão do sequestrador e a preocupação da mãe com o bem-estar da criança acabam por limitá-lo. Joy deseja ampliar a história humana e a realidade que Jack conhece para que ele possa ajudá-la a fugir do quarto, o que envolve uma série de desmistificações de contos que ela mesma ensinou para seu filho; todavia, o impacto da totalização é tão forte para Jack que faz com que fique nervoso e declare: “Quero uma história (da humanidade/realidade) diferente! Não acredito no seu mundo”. É necessário um intenso trabalho cognitivo, utilizando-se das totalidades mais simples apropriadas por Jack, até que ele comece a imaginar o mundo fora do quarto.

2.2 A casa Em sua fuga, Jack é questionado por uma policial que vai desvendando os significados das pistas dadas pelo garoto sobre o paradeiro de sua mãe. Apesar de não

compreender muitos signos do mundo exterior, Jack é capaz de usá-los para que possam ser interpretados por outra pessoa. Analisando essa cena, percebe-se que um dos policiais não atribui significado ao que era dito pela criança, acreditando que tudo possuía sentido apenas para Jack e questionando a colega de trabalho, supondo que o garoto estivesse sob efeito de substâncias lícitas ou ilícitas. Já sua colega de trabalho permite-se interpretar o garoto, utilizando-se dos conhecimentos historicamente internalizados em si para compreender o que Jack realmente queria dizer, algo muito nítido se pensado seu conhecimento de comportamento infantil e geografia da vizinhança em que se encontravam. Partindo de onde o garoto foi encontrado e das descrições que Jack faz sobre sua experiência em movimento durante o período em que estava na caminhonete, assim como a descrição da própria caminhonete, a mãe é encontrada. Ao conseguir libertar sua mãe do cativeiro, Jack observa pela primeira vez as mais diversas produções da humanidade: automóveis, construções, telefonia, brinquedos; também se defronta com relações interpessoais desconhecidas com pessoas também estranhas: relações de trabalho, parentais, psicoterapêuticas etc. Ao sair do quarto, no hospital, Jack acorda antes de sua mãe e tenta acordá-la como se ela fosse uma televisão: aponta o controle remoto em sua direção e fica insistentemente apertando o botão de ligar. Nota-se que a sua interação com a tv deixou fortes traços, a ponto de agir da mesma forma com um ser humano para fazê-lo “ligar”. Ao escutar sua mãe, sobre a existência de uma realidade externa ao quarto, Jack usa as imagens da tv como parâmetro para entender a “nova” realidade. Comparado ao mito da caverna de Platão, pode-se entender esse trecho do filme como a quebra das correntes em que o ser humano tem de passar e sua chegada à luz que vinha de fora da caverna. Sendo assim, Jack passa a conhecer um pouco da realidade, utilizando a tv como mediadora para tal. A criança agora sabe que seu quarto era apenas parte de algo maior mas é impossibilitado de se apropriar da nova realidade material devido a seus próprios traumas, a situação desamparada da mãe e o constante assédio da mídia, que força a família a ficar presa novamente, desta vez na casa dos pais de Joy. Existem diferenças substanciais entre o espaço do quarto e da casa: a última possui instrumentos diversos como uma escada, que deve ser subida com um movimento de pernas específico; um telefone, que exige uma discagem e manuseio corretos; novos brinquedos que demandam cognições especiais para serem aproveitados e alimentos diferenciados que possuem métodos de serem degustados e sabores novos. A diferença mais significativa é a das relações interpessoais, e é a que mais assusta e afugenta Jack. O mundo real exige uma constante comunicação com terceiros que não circunda apenas a figura paterna

e materna (unicamente materna, no caso de Jack): cada pessoa em posição social específica deve ser cumprimentada e respeitada de determinada forma sem a intervenção da mãe. Jack teme as outras pessoas por causa do exemplo de maldade humana proporcionada por seu pai e constantemente esconde-se nos braços da mãe, que passa a exigir bom comportamento do filho perante terceiros. Até que as novas relações sociais sejam internalizadas em funções psíquicas superiores (culturais), ou seja, até que ocorra a internalização das novas apropriações que o mundo externo promove, Jack permanece quieto e aparentemente apático, superando essa situação com a ajuda de terapias e a coragem transmitida pelas pessoas que moram na casa. A consciência de Jack sobre a realidade material (e agora mais histórica do que nunca) começa a mudar drasticamente nesse espaço. A sua fala ao sair do hospital ilustra bem a complexificação da totalidade da realidade: Estive no mundo por 37 horas. Vi panquecas e escadas. E pássaros, janelas e centenas de carros. E nuvens, policiais e médicos. E a vovó e o vovô. [...] Eu vi pessoas de rostos, grandezas e cheiros diferentes falando ao mesmo tempo. O mundo é que nem todos os planetas da TV ao mesmo tempo. Não sei nem para onde olhar e o que escutar.

Jack faz diversas inferências sobre como as diversas totalidades menos complexas se intercomunicam na sua nova realidade, mesmo que seu sistema cognitivo natural ainda não consiga se constituir apropriadamente frente às exigências da totalidade mais complexa (como por exemplo a dificuldade em deliberadamente focar a atenção). Vygotsky desenvolve a ideia de instrumento psicológico ao analisar os processos psíquicos naturais (involuntários) e culturais (de autocontrole). Os primeiros estariam presentes biologicamente em cada ser humano e seriam atingidos (mediatizados) pelos instrumentos psicológicos a fim de controlar os próprios comportamentos psíquicos e os de terceiros. Baquero (1998) define tal especificidade “do fato de que o desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores, no contexto da teoria, depende essencialmente das situações sociais específicas em que o sujeito participa” (p. 26). Assim, utilizando-se de um instrumento psicológico, uma linguagem antes puramente de descarga emocional torna-se linguagem simbólica; uma atenção involuntária transforma-se em atenção intencional, por exemplo. Tal instrumento, entretanto, não está no mundo exterior como os instrumentos de trabalho, mas possuem uma natureza social que é internalizada pelo indivíduo para poder influenciar a si mesmo. Vygotsky é enfático sobre a importância de análise dos instrumentos psicológicos por sua capacidade de controlar e desenvolver o psiquismo. Ao sair do quarto, Jack precisa apropriar-se de novos instrumentos psicológicos, tendo em vista que seus processos psíquicos constantemente retornam aos processos naturais (dificuldade na

comunicação de suas angústias e atenção difusa entre os diversos estímulos ambientais, por exemplo). Ainda que suas funções psíquicas superiores existissem desde a realidade “quarto” devido à internalização das relações sociais que desenvolveu com sua mãe e o pouco da história cultural da humanidade que lhe foi disposto (Lei Geral do Desenvolvimento Cultural das Funções Psíquicas), a ampliação de sua concepção de mundo e relações interpessoais exigem novas transferências para dentro e fora do psiquismo, o que lhe permitirá uma melhor adaptação social. O sujeito parece se formar na apropriação gradual de instrumentos culturais e na interiorização progressiva de operações psicológicas constituídas inicialmente na vida social. (BAQUERO, 1998, p. 32).

Duas cenas do filme retratam o desenvolvimento do signo “casa” em Jack. A despeito dele já saber da existência do objeto/sinal casa por causa do seu contato com a TV dentro do quarto, a interiorização acontece como produto da história do desenvolvimento da criança, não sendo uma descoberta espontânea. A primeira cena acontece em forma de brincadeira, de forma que o menino monta sem nenhuma inferência uma casa com seus Legos e a segunda onde ainda sem indução ele desenha uma casa, concretizando ainda mais o signo, deixando assim de ser apenas um objeto e adquirindo significado: a casa não é apenas um pequeno cômodo com televisão, cama e janela, mas um espaço de trocas sociais existente aos milhões no mundo exterior. 2.3 O mundo É o espaço de menor exploração durante o tempo de filme, o que não diminui sua importância como chave final do desenvolvimento do psiquismo de Jack. Ao entrar nessa realidade, o psiquismo de Jack passará por suas transformações mais profundas e qualitativamente evoluídas. Logo na primeira cena no mundo onde Jack está dentro do tapete tentando a fuga de Nick, na caçamba da caminhonete, há os estímulos externos influenciando o sensorial interno causando a lembrança da utilização da linguagem como instrumento para a realização da tarefa passada pela mãe. Como uma voz em sua cabeça a ordem das ações é repassada: “Ficar, rolar, pular, correr e alguém”. Isso é a demonstração do uso da linguagem de forma intrapessoal: a fala interior precedeu a ação, fazendo a função planejadora, superando assim a ação impulsiva e controlando o comportamento de Jack. As funções superiores foram usadas na forma de estimulação autogerada, onde a memória se incorporou de signos, assim também sendo interiorizada. Logo depois, há a cena onde Jack usa um signo, o dente da mãe, para

lembrar ativamente usando uma associação elementar e conseguir passar uma mensagem por meio da atividade prática, ou ação, por não saber como se expressar por meio da linguagem de forma qualitativamente compreensível aos policiais. É fora da casa de seus avôs que Jack desenvolve seu primeiro vínculo de amizade com outro garoto da mesma idade e prática seu primeiro esporte, o futebol. Desejos reprimidos também passam a tornar-se realidades, como quando é permitido a ele ter um cachorro e com este brincar. Não existe mais nada “grande demais” para passar pela porta de sua casa para que ele possa apropriar-se, porque não existem mais portas. Ao atravessar as paredes de concreto dos espaços anteriores Jack também ultrapassa as condições de apropriação que antes lhe foram impostas e está mais aberto à história e cultura humana. Esta é uma rua numa cidade de um país chamado EUA que fica na Terra. É um planeta azul e verde que não para de girar. Nem sei como não caímos. Também tem o Espaço Sideral. E ninguém sabe onde fica o Céu. Minha mãe e eu decidimos que, como não sabemos do que gostamos, podemos experimentar tudo.

As mediações agora tornam-se diversificadas e provenientes de diferentes indivíduos e instrumentos. As sensações experimentadas multiplicam-se e expandem ou alteram o que o organismo e o psíquico extraem do mundo. O desenvolvimento da consciência e dos processos psíquicos superiores continuarão em dialética com a realidade objetiva e histórica até o fim da existência de Jack....


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