I. O dos Castelos - Fernando Pessoa, \"Mensagem\", 1ª Parte - Brasão PDF

Title I. O dos Castelos - Fernando Pessoa, \"Mensagem\", 1ª Parte - Brasão
Author Joana Silva
Course Português
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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Summary

Fernando Pessoa, "Mensagem", 1ª Parte - Brasão...


Description

I OS CAMPOS PRIMEIRO O DOS CASTELOS

A Europa jaz, posta nos cotovelos: De Oriente a Ocidente jaz, fitando, E toldam-lhe românticos cabelos Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado: O direito é em ângulo disposto. Aquele diz Itália onde é pousado; Este diz Inglaterra onde, afastado, A mãe sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal, O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal

Análise estilística do poema - Métrica 4 estrofes irregulares (com respetivamente 4, 5, 2 e 1 versos). Todos os versos são decassilábicos heroicos (com exceção do 4º verso da 1ª estrofe que é hexassilábico) - Esquema rímico Na 1ª estrofe a rima é cruzada. Nas restantes, a rima é extrapolar de uma estrofe para a outra (seguindo o esquema: abaab cb c) - Número de versos 12 - Observações Antropomorfização de Portugal com o uso de metáforas; discurso da 3ª pessoa Para subtítulo Pessoa escolhe “Os Campos”. São estes campos, os terrenos simbólicos onde a luta se inicia pelas “Quinas”, título do poema que se segue a este. Primeiro refere-se ao “Campo dos Castelos”, ou seja, a terra onde nascerão os Castelos: Portugal. O poema “O Dos Castelos” é assim uma introdução geral, que fala sobre o território Português, e como o próprio teve um papel em aqui fazer um país.

Análise linha a linha da primeira estrofe A Europa jaz, posta nos cotovelos: A Europa jaz, como um corpo, deitada e apoiada nos cotovelos De Oriente a Ocidente jaz, fitando, Está deitada de Oriente (Balcãs) a Ocidente (Península Ibérica), olhando o oceano Atlântico E toldam-lhe românticos cabelos E aspirações românticas de aventura Olhos gregos, lembrando. Toldam a memória da herança Helénica (Grega)

Análise contextual da primeira estrofe Pessoa apresenta o quadro onde vai decorrer a aventura épica de um povo eleito por Deus para uma missão. Apresenta-o, primeiro recorrendo a imagens sóbrias e figurativas (comparando a Europa a um corpo), depois simbolicamente analisa a posição geográfica do território de Portugal como a posição ideal para a aventura da conquista dos mares.

“A Europa jaz, posto nos cotovelos”, ou seja, deitada. A palavra “jaz” também pode insinuar que a Europa está “morta”, em decadência. Espraia-se dos Balcãs a Portugal (“De Oriente a Ocidente”). E é precisamente em Portugal que toda essa herança de séculos, os “olhos gregos, lembrando”, melhor pode romantizar (“toldam-lhe românticos cabelos”) nova e inovadora conquista. O que ela fita, o que ela olha, é o futuro.

Análise linha a linha da segunda estrofe O cotovelo esquerdo é recuado: Imaginando o corpo-Europa, o cotovelo esquerdo, recuando O direito é em ângulo disposto. Colocando o cotovelo direito em ângulo reto Aquele diz Itália onde é pousado; O cotovelo esquerdo fica sobre a Itália Este diz Inglaterra onde, afastado, O cotovelo direito fica sobre a Inglaterra A mãe sustenta, em que se apoia o rosto. A mão que sustenta o rosto, apoia-se no cotovelo que esta sobre a Inglaterra

Análise contextual da segunda estrofe A localização geográfica do território de Portugal é feita, recorrendo novamente à metáfora do corpo (Europa) e ao simbolismo dos seus cotovelos (apoios) “O cotovelo esquerdo é recuado” e “o direito é em ângulo disposto”, ou seja, o apoio esquerdo recua em direção de Itália (“aquele diz Itália”) e o direito fica sobre a Inglaterra “este diz Inglaterra”). Os dois apoios ou bases do corpo, da Europa, são então: o poder do Império Britânico e a herança cultural latina e grega “A mão” que “sustenta (…) o rosto” está apoiada na Inglaterra, ou seja, Portugal segue a aventura marítima inglesa

Análise linha a linha da terceira estrofe Fita, com olhar esfíngico e fatal, O rosto fita (olha) com olhar esfíngico (misterioso) e decidido (fatal) O Ocidente, futuro do passado.

Olhar para Ocidente, em direção ao oceano Atlântico ainda inexplorado, e o futuro para onde aponta o passado – a herança greco-romana

Análise contextual da terceira estrofe Fernando Pessoa usa a metáfora de um corpo deitado para representar a Europa, das Balcãs à Península Ibérica. Agora esse corpo toma, com a terceira estrofe, um rosto visível. E esse “rosto/ Fita com olhar esfíngico e fatal”, ou seja, olhar misteriosamente mas com decisão o oceano Atlântico, por ainda não saber o que se vai seguir mas estar decidido em descobrir E fita o quê? Fita “O Ocidente, futuro do passado”. Todo o passado, segundo Pessoa, aponta para esse futuro, que é para onde a Europa, o corpo, deve dirigir agora o seu olhar

Análise linha a linha da quarta estrofe O rosto com que fita é Portugal O rosto, quem tem na Europa a visão do futuro, é Portugal

Análise contextual da quarta estrofe E “o rosto com que” olhar “é Portugal”, tanto pela sua privilegiada posição geográfica (no fim da Europa, a Ocidente) como pela razão de Portugal se apoiar, quer na herança dos gregos e dos latinos, como na aventura marítima inglesa Em suma, o rosto que olha é um rosto predestinado, que não olha somente, mas que deseja conscientemente um futuro que o seu passado lhe exige que reclame pela nobreza. É portanto um olhar de visão, de plano futuro...


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