Segue o teu destino - fernando pessoa heteronimos PDF

Title Segue o teu destino - fernando pessoa heteronimos
Course Português
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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Summary

fernando pessoa heteronimos...


Description

Estrutura interna O destino representa a vida, que corresponde a todos os dia que correm

Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios.

Incentivo a amar tudo o que a vida nos oferece e a amar aquilo que a mesma fez de nós. Tudo o que é alheio à nossa vida: perguntas paradoxais, problemas, sofrimentos, etc.

A realidade é o que fazemos dela Representa situações menos agradáveis da vida Somos únicos e individuais e nunca conseguiremos ser alguém que não corresponde à nossa pessoa

Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses.

Incitação a viver de forma simples e suave, sem percalços e ignorando as coisas menos relevantes. Buscar satisfação em si mesmo.

Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses .

Convida o leitor a ser observador da própria vida, ignorando a sua função dentro desta e, assim, evitar inquietações desnecessárias

Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam.

Apela a que sejamos os nossos próprios deuses e o façamos no nosso interior, isto é, mestres dos nossos sentimentos e vontades e, assim, alcançarmos a chamada felicidade

Esquecer toda a dor e viver consoante o nosso destino

A resposta à interrogação do verdadeiro significado da vida e da sua essência está para além do conhecimento dos deuses, portanto é absurdo questionar o que está para além do divino.

Os deuses são superiores a nós, pois, contrariamente ao ser humano, não se questionam sobre a sua razão de ser.

Estrutura externa Cinco estrofes; todas as estrofes tem 5 versos cada uma – quintilha; a rima é branca; métrica irregular, embora predomine o verso de 5 sílabas; Presença de um tom coloquial – o poeta dirige-se a um tu. Figuras de estilo Metáfora “Os deuses são deuses / Porque não se pensam” Idealiza e ilustra claramente o facto de nós pensarmos no porquê de tudo, o que nos leva a uma crescente inquietude e frustração, visto não existir resposta para a nossa existência. Assim, o estatuto de Deuses fora-lhes atribuído naturalmente e não porque estes se julgassem tal. Esta expressão traduz uma metáfora ilusiva ao ser humano e à sua felicidade. e à sua Aliteração (em S) (ex: Só nós somos sempre iguais a nós próprios); Personificação (ex: Vê de longe a vida/ Nunca a interrogues./ Ela nada pode dizer-te). Conclusão: Menos procura de conhecimento – menos sofrimento – maior felicidade.

Influências clássicas Neoclassicismo - precisão, sobriedade e rigor verbal; estilo erudito: latinismos, sintaxe clássica latina (hipérbatos e anástrofes); Estoicismo - autodisciplina; aceitação das leis do destino; indiferença face às paixões e à dor, fatores perturbadores da razão; ideal ético: apatia que se define como ausência de paixão e permite a liberdade; Epicurismo - busca da felicidade através do prazer; fuga à dor; conceito fundamental: ataraxia (tranquilidade/indiferença capaz de evitar a perturbação); ideal horaciano: Carpe diem : vive o momento. Paganismo - crença nos deuses e nas presenças quase-divinas que habitam todas as coisas; crença na civilização da Grécia; cultivo da mitologia greco-latina.

1. Ricardo Reis defende o prazer e a busca da calma ou a sua ilusão para viver feliz. 1.1. Explique o sentido do verso "Ama as tuas rosas", tendo em conta os conselhos dados na primeira estrofe. O sentido do verso "Ama as tuas rosas" torna-se mais evidente se tivermos em conta que, logo no primeiro verso do poema, surge o conselho dado a um "Tu" de seguir o seu destino e de se preocupar com o momento presente e com aquilo que lhe diz respeito ("as tuas plantas", "as tuas rosas"), pondo de parte o que lhe é alheio. 1.2. Comente a construção dos primeiros três versos, atendendo às formas verbais e à função de linguagem. Nos primeiros três versos, encontramos o uso do imperativo ("segue", "rega", "ama") e a função apelativa da linguagem. 1.3. Mostre em que medida se diferencia a realidade daquilo que "somos". A realidade nem sempre corresponde àquilo que desejamos: é sempre mais ou menos do que aquilo que queríamos alcançar (a realidade está dependente do destino); nós, sendo iguais a nós próprios, seremos sempre aquilo que queremos aquilo que queremos ser; se soubermos tentar alcançar apenas o que nos foi predestinado. 2. Escolha a expressão que melhor exprime a apatia como ideal ético. Justifique. Todo o poema exprime uma atitude de apatia como ideal ético, mas os versos "Vê de longe a vida / Nunca a interrogues." ou "Grande e nobre é sempre / Viver simplesmente." demonstram a aceitação calma de tudo o que o destino nos reserva, sem questionar e sem nos apegarmos à vida... 3. Prove que é necessária a ataraxia para viver com satisfação, mas que a calma e a felicidade são inatingíveis, mesmo para os deuses. A ataraxia é necessária para vivermos com satisfação, porque a calma, a tranquilidade e a felicidade são essenciais para a nossa vida; no entanto, são também inatingíveis, porque a realidade "é sempre mais ou menos do que queremos", porque a concretização nem sempre corresponde às intenções ou às expectativas. 0 destino, de facto, comanda a vida e as explicações para os acontecimentos estão mesmo "para além dos deuses" (v. 20). 4. Comente o pensamento epicurista que se depreende do poema.

4. Do poema, depreende-se um pensamento epicurista pela busca de uma atitude que harmonize todas as faculdades, que atinja o equilíbrio, a calma e a tranquilidade, evitando, assim, as preocupações que a fugacidade da vida possa causar Daí a intenção de buscar o isolamento ("suave é viver só"), ver "de longe a vida", vivendo simplesmente e aproveitando o momento presente. 5. Enquadre esta composição na produção poética de Ricardo Reis. Esta composição enquadra-se na produção poética de Ricardo Reis pela referência a ideais clássicos, pelo tom moralista (uso dos imperativos) ou ainda pela aceitação passiva da ordem das coisas ("vê de longe a vida"). Para além disso, é notória a busca da perfeição e do equilíbrio, associada a uma filosofia de vida epicurista, defendendo a ideia de que não nos devemos prender demasiado ao momento presente, porque a vida é fugaz. Tema: A relação Homem / Deus / Destino determina a filosofia de vida proposta na poesia de Ricardo Reis. Fazendo apelo à sua experiência de leitura, desenvolva a sua opinião num texto expositivoargumentativo bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras. A vida é efémera e o futuro imprevisível. "Amanhã não existe", afirma Ricardo Reis. Estas certezas levam-no a estabelecer uma filosofia de vida, de inspiração horaciana e epicurista, capaz de conduzir o homem numa existência sem inquietações nem angústias. A morte é uma realidade nas mãos do destino. Só o instante nos pertence, passamos como o rio. Devemos, portanto, aproveitar o prazer do momento (carpe diem). Poeta de estilo neoclássico e apresentando-se discípulo de Caeiro pelo paganismo, Reis acredita nos deuses, afirmando que os homens se devem considerar "deidades exiladas", com direito a vida própria. Perante a ameaça implacável do Destino (fatum), que dita as leis do universo e a que não pode fugir, deve o homem procura voluntariamente, submeter-se, ainda que só possa ter a ilusão da liberdade. E s sobre os deuses pesa o Fado, o mesmo acontece aos humanos, que o devem aceita com altivez. Defensor de uma disciplina moral, propõe um esforço de autodisciplina que evite a dor ou os prazeres violentos (como no poema "Vem sentar-te comigo Lídia") e que contribui para enfrentar as contrariedades e passar na vida com serenidade. Para Ricardo Reis, o homem, dono de si próprio e "semelhante aos deuses", consegue a felicidade pela ataraxia (tranquilidade, sem perturbação) e pela aceitação d morte e do destino como se de um acto voluntário se tratasse. (251 palavras) NOTA: No caso do Português B, dado que o limite proposto é de cem a duzentas palavras deveríamos construir um texto mais reduzido, embora focando os tópicos apresentados. Por exemplo: Ricardo Reis considera que o homem só constrói uma felicidade se encarar com lucidez o mundo e tiver consciência das leis do destino, que são semelhantes para os deuses. A vida é efémera e o futuro imprevisível. Estas certezas levam-no a estabelecer uma filosofia de vida, de inspiração horaciana e epicurista, capaz de conduzir o homem numa existência sem inquietações nem angústias. A morte é uma realidade nas mãos do destino. Como só o instante nos pertence, devemos aproveitar o prazer do momento (carpe diem). Perante a ameaça implacável do Destino (fatum), que dita as leis do universo, deve homem procurar, voluntariamente, submeter-se, embora só possa ter a ilusão da liberdade. E se sobre os deuses pesa o Fado, o mesmo acontece aos humanos, que o devem aceitar com altivez. Defensor de uma disciplina moral, propõe um esforço de autodisciplina que evite a dor ou os prazeres violentos (como no poema "Vem sentar-te comigo, Lídia"). Para Ricardo Reis, o homem, dono de si próprio e "semelhante aos deuses", consegue a felicidade pela ataraxia e pela aceitação da morte e do destino como se de um acto voluntário se tratasse. (190 palavras)

Teste 2 ________________________________________________________________________________________

1. Detecte a estrutura interna do poema, baseando-se no seu desenvolvimento temático. 2. O poema constitui uma espécie de programa de vida. Indique os aspectos fundamentais que constituem esse programa. 3. Há um diálogo a uma voz que percorre o poema. Caracterize a relação que se estabelece entre o “eu” e o “tu”. 4. Explique, tendo em conta as constantes temáticas da poesia de Reis, o verso: “Vê de longe a vida”. 5. Identifique os recursos estilísticos e comente a sua expressividade nos seguintes versos: 5.1. “Segue o teu destino” /Rega as tuas plantas, /Ama as tuas rosas.” 5.2. “Suave é viver só” II "Reis procura simplesmente aderir ao momento presente, gozá-lo, sem nada pedir." (Maria Vitalina Leal de Matos)

Partindo da afirmação transcrita, elabore um texto expositivo-argumentativo de cem a duzentas palavras em que refira os aspectos fundamentais, a nível temático, da poética de Ricardo Reis. III Resuma o texto que se segue, constituído por duzentas e cinquenta e duas palavras, num outro de sessenta e nove a noventa e nove palavras. Ricardo Reis é o nome de um dos mais conhecidos "heterónimos de Fernando Pessoa". É o nome de uma personagem no interior de um universo textual que reconhecemos como sendo a obra de Fernando Pessoa. No interior desse universo, Ricardo Reis é a personagem de um "autor" de poemas e de comentários à obra de outros "autores" (Alberto Caeiro e Álvaro de Campos, por exemplo) do mesmo universo, que também sobre ele escrevem ou "falam". É, pois, a assinatura de um certo conjunto de textos e o objecto textual que outros lêem. Um "heterónimo" é algo diferente de "pseudónimo". Jorge de Sena já em 1946 alertava para a importância dessa diferença no caso da obra de Fernando Pessoa: "Da própria etimologia da palavra, das suas obras que por certo conheceis, para qual heterónimos não são pseudónimos usados pelo poeta em diferentes ocasiões da sua vida. São mais e menos do que isso. Ao mesmo tempo que significam a impossibilidade que é um dos dramas da criação poética em qualquer poeta consciente da sua missão a impossibilidade de, num mesmo poema ou numa conquistada linguagem, encerrar todas as virtualidades de uma intuição poética e todas as implicações daf consequentes; e que, por outro lado, representam a desesperada defesa de um homem que teve a coragem de dizer: Ser poeta não é uma ambição minha É a minha maneira de estar sozinho - esses heterónimos significam, também, pelo uso que deles faz, o seu desejo de agitar, "de agir sobre o psiquismo nacional (...)" (Jorge de Sena, 1959) Manuel Gusmão, Poemas de Ricardo Reis, Lisboa, Ed Comunicação, 1991 (p. 11)

Sugestões de correcção (teste 2) 1. O texto apresenta uma estrutura bipartida: a primeira parte é constituída pelas quatro primeiras estrofes e nela o sujeito poético apresenta, através de uma série de conselhos, um programa de vida a um "tu". A segunda parte é constituída pela última estrofe e, apesar de ser introduzida pela conjunção adversativa "mas", não há oposição entre as duas partes. Esta última estrofe constitui uma espécie de corolário desse

programa de vida: "Imita o Olimpo (...) / Os deuses são deuses / Porque não se pensam." 2. Este programa de vida baseia-se na máxima epicurista do carpe diem, bem presente na primeira estrofe. O sujeito poético defende um percurso de vida marcado pela calma e pela tranquilidade ("Suave é viver só"), pela ausência de compromissos, pela aceitação pacífica do destino e da fatalidade ("Vê de longe a vida. / Nunca a interrogues."). É também um modelo de vida contido, estóico, cujo principal objectivo é evitar a dor ("Deixa a dor nas aras"). Há, igualmente, e bem ao jeito de Reis, um assumido paganismo ao longo do poema presente nas referências aos deuses e ao Olimpo. 3. O sujeito poético assume-se como um aconselhador, alguém com experiência de vida (liA realidade / Sempre é mais ou menos / Do que nós queremos.") e que, partindo dessa experiência, propõe um modelo de vida a um "tu", que o ouve e nunca o interroga. 4. Este verso aponta para uma das características da poesia de Reis: a ataraxia. A vida deve ser vivida de longe, nunca o empenhamento afectivo ou social deve existir, devemos apenas ver a vida passar diante de nós, porque por muito que façamos, segundo Reis, nunca é possível alterar-lhe o rumo ou modificar o nosso destino. 5.1. Enumeração de carácter anafórico, que sublinha o "empenho" do sujeito poético em convencer o "tu" da justeza da sua filosofia, do seu programa de vida. 5.2. Hipérbato, figura de estilo característica da sintaxe alatinada de Reis que, neste verso, põe em evidência a suavidade, a calma e a tranquilidade que advêm do não empenhamento afectivo. II Ricardo Reis, o mais culto dos heterónimos pessoanos, recebeu uma educação clássica que marcou toda a sua produção poética, não só do ponto de vista temático, mas também formalmente. Partindo dos pressupostos epicuristas e estoicistas, Reis formula uma filosofia de vida que se baseia num carpe diem contido e racional. A vida é fugaz, nada nos pode fazer fugir ao fado e à morte (fatalismo), por isso, o melhor é viver o momento presente como se fosse o último, mas sem nos comprometermos nem afectiva ("Desenlacemos as mãos") nem socialmente ("Prefiro rosas, meu amor, à pátria"), para chegarmos à morte de "mãos vazias", e assim evitarmos o sofrimento. O objectivo de Reis é atingir o equilíbrio, a paz, a serenidade de Caeiro, integrando-se, como ele, no ritmo da Natureza, só que para o conseguir Reis fá-lo através de um autocontrolo e de uma autodisciplina, acabando por se demitir da vida. Reis revela assim uma pobreza afectiva que o torna um símbolo do egoísmo epicurista. (165 palavras)

III Ricardo Reis é um dos heterónimos de Pessoa. Dentro do universo pessoano, Reis é simultaneamente autor de poemas e comentador da obra dos outros heterónimos. Heterónimo e pseudónimo são duas realidades diferentes, Jorge de Sena já assim o sublinhava em 1946. Para Jorge de Sena um heterónimo representa não só a impossibilidade de, num mesmo texto, se apresentar todas as capacidades de um mesmo temperamento poético, mas também a defesa de alguém que afirmou que "Ser poeta C..) / É a minha maneira de estar sozinho". Os heterónimos revelam ainda a vontade de Pessoa "de agir sobre o psiquismo nacional". (98 palavras)...


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