Morte na Vida - Produção de texto: ficção científica. PDF

Preview

Summary

Produção de texto: ficção científica....

Description

Morte na Vida

• Kim Mingyu • A morte é terrivelmente fascinante. É incrível pensar que, em segundos, aquela pessoa que está contigo, pode parar de existir. Nós vivemos para morrer. Não podemos escapar, é o destino da vida. O destino da vida é a morte.

[...]

Era triste sempre acordar naquela chuva e naquele tempo tão amargo e nada acolhedor, mas... eu o tinha ao meu lado. Wonwoo resgatava o fio de felicidade e de vida que ainda restava em mim. Eu não consigo me enxergar sem ele. Eu não consigo lembrar quem eu era antes dele. Talvez isso seja parcialmente errado, mas eu não posso evitar. Me sinto feliz, assim.

- Não acha que está confortável demais, Kim? - ouvi sua voz naturalmente rouca, que já me arrancava um sorriso tão cedo.

- Você não me permite ficar confortável. Não me deixa nem te abraçar nesse frio... eu sorri levemente, abraçando o mais velho com força e carinho.

Levantei, começando a me organizar. Eu tinha uma reunião cedo, precisava estar lá na hora certa.

Trabalho numa empresa de entretenimento, como manager do ANGEL DUST. Sim, eu sou manager do grupo que meu namorado participa. E, mais uma vez, sim, ninguém sabe do nosso relacionamento.

É complicado lidar com esse tipo de situação, mas ele me faz feliz. Vale a pena lutar, mesmo que tenhamos que esconder nossos sentimentos da sociedade.

Por ele, vale a pena tudo.

Entrei calmamente na sala da reunião, me sentando ao lado de colegas de trabalho. Não demorou muito para terminar e eu fui liberado, felizmente.

Andei até o carro, tendo uma sensação estranha. Eu estava com um mau pressentimento.

Sempre confie nos seus instintos. Quando estiver com um mau pressentimento, algo muito ruim irá acontecer, ou já terá acontecido.

Entrei no carro e peguei meu celular, checando as novidades que rolavam naquele mundo no momento. Foi aí que meu coração quase parou e eu percebi que a vida, toda a vida, é uma merda.

"Jeon Wonwoo do ANGEL DUST e seu manager Kim Mingyu, são fotografados aos beijos em vários lugares diferentes. O namoro dos dois com certeza é confirmado."

Como eu falei, em apenas segundos coisas podem mudar drasticamente a sua vida.

Infelizmente, isso acaba de acontecer.

Volto para dentro do prédio, tendo todos os olhares voltados para mim.

- Kim Mingyu, na minha sala, agora. - ouvi o CEO falar e respirei fundo, me controlando e o seguindo.

- Sim? - falei calmamente, como se nada tivesse acontecido. Era estranho ter que demonstrar estar bem enquanto seu corpo todo queima e congela ao mesmo tempo.

- Suas opções são óbvias: nega tudo e sai da empresa, nunca mais chegando perto de Jeon Wonwoo pelo bem dele e do grupo. Ou convence o garoto a ficar com você, destrói os sonhos dele, do grupo e da empresa.

- Eu precisarei falar com Wonwoo primeiro. Ele precisa estar ciente das opções. Não demorarei.

Saí, preferindo correr até minha casa. Eu precisava pensar e extravasar.

Entrei no quarto, vendo Wonwoo deitado, assistindo TV.

- Amor... você já sabe? - vejo que o garoto parecia muito confuso com minha pergunta e resolvo o mostrar meu celular, com a manchete.

- Como assim? O que nós vamos fazer agora? - ele segurava o choro, me fitando com desespero em seus olhos.

- Eu não quero que o amor da minha vida desista de seus sonhos por mim. Vocês estão crescendo e quero que você consiga tudo que deseja. Dói te deixar partir, não

é isso que meu coração quer, mas é isso que meu cérebro me manda fazer. Nós não temos tempo para pensar, a empresa precisa de uma decisão rápida e sábia para tirar tudo isso da internet.

- Mas, Mingyu, eu não posso te deixar. Tem que existir um meio termo.

- Na verdade, o meio termo realmente não existe.

- Então... eu vou ser obrigado a te deixar? Não! Mingyu, eu desisto do grupo.

- Você não pode fazer isso, eu sei que não. Por favor... apenas siga seu sonho. Eu te amo.

- Meu sonho é ter uma vida com você. Eu vou resolver essa droga, agora mesmo.

Wonwoo se levantou rapidamente e saiu correndo, indo até a rua. O segui, sentindo meu mundo parar ao ver aquela cena. Jeon havia... sido atropelado.

Eu não consegui identificar o que realmente estava sentindo naquele momento, mal conseguia respirar ou enxergar.

Corri o máximo que pude, me ajoelhando ao lado de Wonwoo.

Fui retirado pelos médicos e depois não consegui entender mais nada do que acontecia. Minha sanidade havia ido embora, junto com meu amor.

[...]

- Senhor, tentamos tudo o que foi possível, mas infelizmente Jeon Wonwoo não sobreviveu. Sabe o momento em que você pensa que nada no mundo faz sentido? O momento em que você para de acreditar na vida e no amor? O momento em que tudo está perdido e você se encontra sozinho sem saber o que fazer? Junte tudo isso e multiplique por 100. Dará um terço da metade do que estou sentindo.

Eu me sinto incompleto, inútil, sem finalidade. Sem vida, sem felicidade, sem amor, sem existência.

[...]

Era triste sempre acordar naquela chuva e naquele tempo tão amargo e nada acolhedor, mas... eu o tinha ao meu lado. Wonwoo resgatava o fio de felicidade e de vida que ainda restava em mim. Eu não consigo me enxergar sem ele. Eu não consigo lembrar quem eu era antes dele. Talvez isso seja parcialmente errado, mas eu não posso evitar. Me sinto feliz, assim. - Não acha que está confortável demais, Kim? - ouvi sua voz naturalmente rouca, que já me arrancava um sorriso tão cedo. Espera... Wonwoo?

O que está acontecendo?

Às vezes, algo acontece e parece um sonho. Situações que nunca imaginamos, que nunca deveriam acontecer. Chamamos esses momentos estranhos e felizes, que nunca podem ser explicados, de "milagres".

- Bom dia, amor da minha vida. - o abracei com o máximo de carinho que eu podia transmitir.

O universo me deu mais uma chance e eu irei aproveitar. Milagres não acontecem o tempo todo.

- Pra que todo esse carinho?

- Sabia que você é muito importante pra mim? Que eu te amo? E que se você for embora, eu ficarei devastado?

- Sim, eu sei que sou especial, amor. - o abracei mais uma vez, rindo de sua demonstração de ego.

Chamei Wonwoo para ir ao parque comigo. Se eu tenho essa chance, irei mudar esse dia e o tornar incrivelmente feliz.

Andei com meu amor até o parque que ficava perto de minha casa, sentando com ele.

Começamos um piquenique.

Era incrível como apenas respirar o mesmo ar que ele já me tornava uma pessoa melhor. Estar no mesmo lugar que ele, o olhar, o tocar... o ter pra mim. Tudo isso é essencial para minha vida. Ele é minha forma mais necessitada de oxigênio.

Segurei sua mão, praticamente transmitindo tudo o que passava por minha cabeça com apenas um toque.

Wonwoo sorriu. Ele sabia que aquele sorriso me tirava da escuridão.

- Eu te amo. Pra sempre.

- Eu também te amo, Wonwoo. Pra sempre.

Meu coração começou a bater um milhão de vezes mais rápido, meu mundo girava e eu voltava a perder os sentidos. Wonwoo estava morto, em meus braços, com sangue por todo seu lindo rosto.

Nada é mais triste que a morte de uma ilusão.

O universo gosta de brincar com as pessoas... ele gosta de ver o quão desesperadas elas vão ficar. Ele me pregou uma grande peça, onde eu perco o amor da minha vida, inevitavelmente, mesmo parecendo ter novas chances.

Esse dia se repetiu durante uma semana. Eu vi o amor da minha vida morrer de várias formas diferentes, e não podia interferir em nada. Nada que eu fizesse iria mudar o destino.

E foi aí que minhas chances de viver com Wonwoo tinham se esgotado. Minha vida não fazia mais sentido, nem tenho certeza se realmente posso chamar isso de vida.

Eu apenas me sentia completamente vazio. Sem esperança. Sem crenças. Sem fé. Sem vida. A morte tirou todo o brilho que havia em meus olhos, porque eles apenas brilhavam por minha estrela. Minha linda e eterna estrela, Jeon Wonwoo....