Adam Smith in Beijing - fichamento Pg 254-265 PDF

Title Adam Smith in Beijing - fichamento Pg 254-265
Author Amanda Ribeiro Lopes
Course Economia Política Internacional
Institution Universidade Federal de Santa Maria
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Fichamento Adam Smith in Beijing - Pg 254-265 - disciplina de Economia Política Internacional....


Description

Resenha de texto Bibliografia: ARRIGHI, Giovanni. Adam Smith in Beijing: Lineages of the twentyfirst century. Verso books, 2007. Pg 254-265, 379-389. Apanhado geral: No primeiro tópico do fichamento, é abordado acerca de quatro conceitos feitos por Charles Tilly sobre atividades estatais que contribuiriam para monopolizar e concentrar os meios de violência. Com isso, o autor faz ligação aos tipos de proteção legítima ou de extorsão, sendo analisadas através dos Estados Unidos como um provedor das mesmas, e verifica as mudanças entre elas em determinados governos do país, pontuando características importantes. Já no segundo tópico, Arrighi levanta o questionamento de que a proteção oferecida pelos Estados Unidos passou a ser dispensável, e apresenta dados e argumentos sobre, também apontando uma visão da China como a verdadeira vencedora da “Guerra do Terror”. Por fim, no epílogo é tratado sobre a questão de que tipo de nova ordem mundial poderá emergir dessa “vitória”. •

The Changing Nature of US Protection – A mudança na natureza da proteção dos EUA

(254) Conceitualização por Charles Tilly das atividades estatais como facetas complementares da organização e monopolização da violência nos possibilita prover uma resposta simples pra essa questão. Governos “se destacam de outras organizações por suas tendências de monopolizar e concentrar meios de violência”. Essa tendência é materializada através de quatro diferentes tipos de atividades: “protection, state-making, war-making e extraction”. (254) “Protection” - Tilly: a proteção mundial soa como dois tons contrastantes. Em um tom, evoca a confortante imagem de um amigo poderoso que provêm abrigo contra um perigo. No outro tom, evoca a imagem sinistra de extorsão em que um “valentão” obriga outros a pagar para que evitem determinados sofrimentos/danos. (255) Provisão de proteção pelos governos geralmente se qualificam como extorsão. Os governos muitas vezes constituem as maiores ameaças aos meios de subsistência de seus próprios cidadãos. A legitimidade dos detentores de poder dependeria mais do consentimento de outros que também detêm o poder do que daqueles em que o poder é exercido. (255) Maior a credibilidade de um governo em oferecer proteção, maior o sucesso em monopolizar os meios concentrados de violência. → Envolve na eliminação ou neutralização de rivais, tanto dentro do território doméstico (state-making), quanto fora (war-making). Desde que “protection”, “state-making” e “war-making” precisam de recursos financeiros e materiais, a “extraction” consiste nas atividades em que os governos procuram esses recursos. Se cada uma dessas quatro atividades forem efetivas, elas geralmente reforçam umas às outras. → EUA: governo que tenta organizar e monopolizar os meios concentrados de violência em nível global. Para aplicar o modelo de Tilly nisso são necessárias duas qualificações. 1º, a formação em um nível mundial considera o mundo todo como domínio prospectivo, então rejeita a distinção entre domínios intra e interestaduais. 2º, desde que a “santidade” dos governos ainda pertencem aos estados nacionais, o futuro estado mundial enfrenta grandes dificuldades em se apresentar como organizador da “proteção legítima” ao invés de uma “proteção de extorsão” (protection racket). (256) Com essas qualificações dá pra entender a falha na administração do governo Bush em repetir as conquistas advindas da administração de Truman em termo de diferenças entre uma disfuncional proteção de extorsão (protection racket) e uma

proteção legítima. → Projeto de governo mundial reduzido, militarizado e lançado por Truman se qualificou e foi percebido por um grande número de detentores de poder (no nível nacional) como proteção legítima. – As duas razões principais pelas quais o projeto da Guerra Fria dos EUA se deu como proteção legítima eram factuais e não institucionais. A 1ª razão, de acordo com Tilly, foi o fato de que isso oferecia um escudo necessário contra um perigo que os EUA não tinham produzido. Oferecendo uma ordem mundial capaz de reduzir as chances de que conflitos similares ocorressem novamente, os Estados Unidos foram qualificados como protetores legítimos. A 2ª razão: os EUA ofereceram uma proteção efetiva por um preço imbatível. Roosevelt e Trumam propuseram financiar a provisão mundial de proteção com os excedentes de capital acumulados dos EUA durante os trinta anos de caos mundial. (257) Situação começa a mudar – sinal da crise da hegemonia estadunidense no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. Guerra do Vietnã: demonstrou que a proteção dos EUA não era tão confiável. No Vietnã, ao contrário das duas Guerras Mundiais, os Estados Unidos tiveram que fazer a maior parte do combate em um ambiente social, cultural e politicamente hostil. Além disso, as Nações Unidas se transformaram em um conselho para as queixas do Terceiro Mundo, gerando pouca legitimidade para o exercício dos EUA em suas funções governamentais mundiais. Governo de Reagan: iniciou uma transformação na proteção legítima dos EUA para uma proteção de extorsão (protection racket). Ele descartou a ONU como fonte de legitimidade para a hegemonia dos EUA. – Os Estados Unidos começou a cobrar um preço por sua proteção e, ao mesmo tempo, produzia os perigos contra quais mais tarde poderia oferecer proteção. (258) Governo de Reagan: sucesso comprometendo o Terceiro Mundo e o poder soviético → criou a ilusão para Bush (pai) de que o “império de bases” dos EUA poderia ser pago por si próprio. Chalmers Johnson: “o império de bases estadunidenses “ganha dinheiro porque os Estados Unidos pressionam governos estrangeiros a pagar por seus projetos imperiais”. A mais proeminente dentre essas ocasiões foi a primeira Guerra do Iraque. Ao trazer de volta a ONU para dar legitimidade à guerra, o governo de Bush conseguiu extrair de seus clientes mais ricos e militarmente mais dependentes (Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes, Alemanha e especialmente do Japão) contribuições financeiras, totalizando US$ 54,1 bilhões, enquanto a contribuição dos EUA, de US$ 7 bilhões, representou apenas mais da metade dos US$ 13 bilhões contribuídos pelo Japão. → Esse enorme pagamento foi extraído para proteção, contra como um perigo que poderia em parte ser atribuído ao apoio dos EUA à guerra de Saddam Hussein contra o Irã. (258) Governo Clinton: A mudança da proteção legítima para a de extorsão continuou por outros meios. A mediação da ONU foi novamente descartada, em favor de uma busca coletiva através das missões “humanitárias” da OTAN. Ao mesmo tempo, as instituições Bretton Woods foram reformadas como instrumentos de domínio dos EUA sobre um mercado global cada vez mais integrado. O “sucesso” das missões Bósnia e Kosovo, junto com a irresistível ascensão da nova bolha econômica, deu credibilidade à representação do Secretário de Estado Albright dos EUA como a “nação indispensável”. (259) Fundamento dessa “indispensabilidade”: era um medo geral dos danos irreparáveis que as políticas dos EUA poderiam infligir ao resto do mundo. → Os perigos contra quem os EUA não protegiam eram perigos que o próprio Estados Unidos tinha criado ou iria criar. “E os US$ 30 trilhões de dólares que os governos estrangeiros começaram a despejar nos cofres dos EUA mostraram que a proteção dos EUA não era de preço baixo”. •

Dispensable United States? – Estados Unidos dispensável?

(259) Neoconservadores no governo Bush: não iniciaram a transformação na proteção de legítima para a de extorsão, quando eles chegaram ao poder, a transformação já

estava em um estágio avançado. Mas, ao irem longe demais, acabaram expondo seus limites militares e econômicos. Tentaram demonstrar que os militares estadunidenses poderiam policiar o mundo e, ao mesmo tempo, garantir a centralidade contínua dos EUA na política econômica global → Falhou nos dois aspectos. Colin Powell (Ex-Secretário de Estado): disse que os EUA deveriam ser “o mais valentão da quadra”. O resto do mundo aceitaria esse papel, afirmou, porque os EUA “pode ser confiável em não abusar desse poder”. (259) Menos de um ano depois da invasão dos Estados Unidos no Iraque, notícias ao redor do mundo mostraram que aquela imagem confortante da proteção dos EUA tinha dado lugar a uma sinistra, em que ele tentava armar fortemente/tentava fortalecer todos em prol da sua própria agenda de política externa. Mais importante, a tentativa não obteve sucesso. (260) Conferência de doadores – 2003, em Madri: Fornecimentos de recursos necessários à ocupação do Iraque ficaram muito abaixo do esperado. As doações foram menos que 1/8 da meta de US$ 36 bilhões e consideravelmente menos que ¼ da promessa de US$ 2º bilhões. Em contraste marcante com as extorsões altamente bemsucedidas da 1ª Guerra do Iraque, desta vez os EUA foram “deixados segurando a sacola”. Alemanha e Arábia Saudita não deram praticamente nada. Mesmo a promessa de US$ 1,5 bilhão do Japão – de longe a maior de Madri – foi escassa em comparação com os US$ 13 bilhões dados pelo país para a 1ª Guerra do Iraque, especialmente porque em termos reais o dólar dos EUA valia consideravelmente mais em 1991 do que em 2003. → Acentuado declínio na capacidade dos EUA de extrair pagamentos de proteção de clientes pode ser atribuído à percepção de que sua proteção tinha se tornado contraproducente, seja porque os EUA espremeram tanto alguns clientes e os deixaram expostos a perigos ainda maiores do que aqueles que foram protegidos; ou porque as ações dos EUA ameaçaram criar maiores perigos futuros dos que os atuais que ele fornecia proteção. (261) Países do Leste Asiático: hoje a China não é mais vista como uma ameaça séria e, mesmo que essa ameaça ressurgisse, a proteção dos EUA não é mais considerada confiável. Além disso, a capacidade dos Estados Unidos de extrair pagamentos de proteção dos clientes do Leste Asiático foi ainda mais reduzida pela combinação de aumento da dependência dos EUA do dinheiro do Leste Asiático e a diminuição da dependência desses países ao mercado dos EUA, com a consolidação da China como seu mercado de maior e de mais rápido crescimento. (261) A ascensão chinesa é de fato uma reminiscência da ascensão dos EUA durante as guerras mundiais da primeira metade do século XX. Assim como os EUA emergiram como o verdadeiro vencedor da 2ª Guerra Mundial após a URSS ter “quebrado as costas” da Wehrmacht (forças armadas alemãs) em 1942-1943, agora todas as evidências apontam a China como a verdadeira vencedora da “Guerra do Terror”. → Observar que o novo imperialismo do Projeto Para um Novo Século Americano provavelmente marca o fim inglório da luta de 60 anos dos EUA para se tornar o centro organizador de um estado mundial. A luta mudou o mundo, mas mesmo em seus momentos mais triunfantes, os EUA nunca tiveram sucesso. Chegando ao final desse longo processo, tudo que George W. Bush fez foi provar que Albright estava errado. “Os EUA, ao que parece, são uma nação dispensável” – lamenta Michael Lind (escritor). (262) 2004: eleições devolveram o presidente Bush à Casa Branca. Depois de sua vitória, Bush declarou que ganhou “capital político” que agora pretendia gastar a seu critério. E, no entanto, se considerarmos a diferença entre os índices de aprovação e desaprovação como uma medida aproximada de seu capital político, mostra como ele também estava totalmente fora da realidade a respeito disso. O que o fez ganhar mais 4 anos na Casa Branca, além da falta de ideias entre seus opositores democratas sobre como limpar a bagunça que ele tinha feito, era a astúcia famosa de seu conselheiro Karl Rove, que inventou a ideia de que a Guerra ao Terrorismo foi melhor combatida no exterior do que em casa e que, a menos que os terroristas fossem atacados no Iraque, eles apareceriam nas ruas de San Francisco ou Des Moines (Iowa). Mas a astúcia de

Karl Rove venceu indefinidamente a astúcia do processo histórico subjacente – logo após a segunda inauguração de Bush, o esgotamento de seu capital político foi retomado inexoravelmente. (263) Devastação do furacão Katrina em Louisiana, em setembro de 2005. Bush e Rumsfeld: alegaram que a tragédia de Louisiana não tinha nada a ver com o Iraque. → Mike Davis: ausência de mais de 1/3 da guarda nacional da Louisiana e grande parte de seus equipamentos pesados prejudicaram as operações de resgate e socorro desde o início. Ajuda canadense chegou antes do exército americano. (264) Iraque e a Louisiana são dois lados da mesma moeda de um país que por ¼ do século tinha agravado sua crença de longa data na magia da alta tecnologia com a magia da auto regulação dos mercados. (264-265) De volta à argumentação de Arendt de que “a Comunidade de Hobbes é uma estrutura vacilante” que “deve sempre se prover com novos adereços vindos de fora” para “evitar o risco de desmoronar de noite para o caos sem sentido e sem interesse dos interesses privados do qual surgiu”. Mas exatamente por isso que, à medida que as memórias do Katrina começaram a sumir, o povo estadunidense teme os danos adicionais que o Bush poderia infligir na bandeira começou a dominar o medo de que terroristas agora poderiam aparecer nas ruas de San Francisco ou Des Moines, levando a uma maior erosão do capital político de Bush. Na sua admissão mais sombria sobre os custos da Guerra do Iraque à sua presidência, em março de 2006, Bush admitiu “Eu diria que estou gastando meu capital político na guerra”. •

Epílogo

(379) Questão central: é se, e em que condições, a ascensão chinesa, com todas as suas imperfeições e prováveis reveses futuros, pode ser considerada o arauto daquela maior igualdade e respeito mútuo entre os povos de ascendência europeia ou não que Smith previu e defendeu há 230 anos. (379) O surgimento da China como uma verdadeira vencedora da guerra ao terror dos EUA resultou na inversão da influência dos dois países na Ásia oriental e no mundo em geral. Uma das expressões dessa inversão foi o que Joshua Cooper Ramo chamou de Consenso de Pequim: o surgimento, liderado pela China, de um “caminho para os outros países do mundo” não só se desenvolverem, mas também “se encaixarem na ordem internacional, de modo a permitir que sejam verdadeiramente independentes, projetam seu modo de vida e suas opções políticas”. → Duas características do novo Consenso que são especialmente atraentes para os países do Sul do globo. 1ª: é a “localização”, o reconhecimento da importância de ajustar o desenvolvimento às necessidades locais; 2ª: é o “multilateralismo”, o reconhecimento da importância da cooperação entre os Estados para construir uma nova ordem global com base na interdependência econômica, mas que respeite as diferenças políticas e culturais, em forte contraste com o unilateralismo das políticas norte-americanas. → Arif Dirlik: Consenso de Pequim podem levar o mundo em direções radicalmente diferentes. *Podem levar à formação de um novo Bandung, ou seja, uma nova versão da aliança do Terceiro Mundo nas décadas de 1950 e 1960, visando, como o antigo, contrabalançar a subordinação econômica e política, mas adequado a uma época de integração econômica global sem precedentes. (379-380) *Ou podem levar à cooperação dos Estados do Sul em alianças Norte-Sul que visem conter a subversão, liderada pela China, da hierarquia global da riqueza. (381) Não subestimar a tentação, para a China, de se contentar com a cooptação numa ordem mundial dominada pelos EUA ou pelo Norte e, para outros países do Sul, de buscar ou aceitar o apoio norte-americano em suas invejas e ciúmes mútuos. Mas também não devíamos superestimar o poder os Estados Unidos, mesmo em conluio com a Europa, de ser bem-sucedido na implantação de estratégias que visam conter a China através de 3 tipos diferentes de alianças Norte-Sul.

→ A crise financeira asiática de 1997 e 1998 marca o início de uma enorme bifurcação entre o déficit do Norte e o superávit do resto do mundo nas transações correntes de seus respectivos balanços de pagamentos. (382) A bifurcação reflete o fato de que há cada vez menos mercadorias e serviços que o Norte, principalmente os EUA, possa produzir a preço mais baixo que o resto do mundo. → Mas parte significativa e crescente do superávit mundial tem evitado o entreposto norte-americano, tanto para aumentar suas reservas cambiais quanto para correr diretamente para outros destinos no Sul, reduzindo assim o domínio do FMI e de outras instituições financeiras controladas pelo Norte sobre os países do Sul. Essa redução do portfólio de empréstimos, como observa o Wall Street Journal, “diminui muito a influência do FMI sobre a política econômica global”, força-o a passar da “chave de braço” para a “persuasão” e reduz receitas dos juros e a reserva monetária. “Numa ironia que fez rir muitos ministros da Fazenda (do Sul), o órgão que durante tanto tempo pregou o aperto do cinto agora terá de praticá-lo em si mesmo”. (382-383) China desempenhou o papel principal tanto no redirecionamento do superávit do Sul para destinos no próprio Sul quanto na apresentação aos países vizinhos e distantes do hemisfério Sul alternativas atraentes para o comércio, os investimentos e o auxílio dos países e das instituições financeiras do Norte. → China forneceu um pacote de empréstimos anuais de 2 bilhões de dólares às Filipinas durante um período de 3 anos, enquanto o Banco Mundial e ao ADB (Asian Development Bank) haviam oferecido 200 milhões de dólares; superou facilmente o empréstimo de 1 bilhão de dólares em negociação com o Japão; e protegeu as Filipinas do desfavor de Washington quando o presidente Arroyo retirou seus soldados do Iraque. Esse foi apenas um dos muitos e cada vez mais frequentes acordos com os países do Sul em que a → China superando as entidades do Norte em acordos com ofertas mais generosas de acesso aos seus recursos naturais, empréstimos maiores com menos exigências políticas e taxas de administração e projetos grandes e complicados de infra-estrutura em regiões distantes por até a metade do custo dos concorrentes o Norte. → Outros países também estavam redirecionando seus superávits para o Sul. Ex: Venezuela, que usou a receita extra obtida com o preço elevado do petróleo para livrar os países latino-americanos da subordinação aos interesses do Norte. (Quando a Argentina precisou de empréstimos para dar adeus ao FMI, a Venezuela cedeu-lhe 2,4 bilhões de dólares). Arábia Saudita e outros países da Ásia ocidental: em retirando dos EUA e da Europa pelo menos uma parte de seus superávits e redirecionando-os para o sul e para o leste da Ásia. > Grande salto no fluxo de negócios entre o Oriente Médio e a Ásia. (384) Reunião anual da ADB, em maio de 2006: primeiro-ministro da Índia (Singh) pediu que os países asiáticos redirecionassem seus superávits para projetos de desenvolvimento na Ásia. – Um observador norte-americano achou o discurso “espantoso”: “o arauto do fim do dólar e da hegemonia norte-americana” → Argumento de Arrighi, no capítulo 7, indica uma direção diferente: com toda probabilidade, a hegemonia norte-americana, ao contrário da pura dominação, já acabou; mas assim como a libra esterlina continuou a ser usada como moeda internacional durante 3 ou 4 décadas depois do fim da hegemonia britânica, acontece o mesmo com o dólar. A questão realmente importante aqui é se os países asiáticos e do hemisfério sul continuarão a colocar o superávit de seus balanços de pagamento à disposição dos órgãos controlados pelos EUA (FMI por ex) para ser transformado em instrumento de dominação do Norte ou se o usarão como instrumento de emancipação do sul. (384-385) Um novo Bandung pode fazer o que o velho não conseguiu: mobilizar e usar o mercado global como instrumento de equalização das relações de poder entre Norte e Sul. As bases do antigo Bandung eram estritamente político-ideológicas e, sendo assim, foi fácil destruí-las com a contra-revolução monetarista. As bases do Bandung que pode estar surgindo agora, por outro lado, são basicamente econômicas e, como tais, mais sólidas.

(385) A resistência do Norte à subversão da hierarquia global de riqueza e poder só pode ter sucesso com a colaboração generalizada do Sul. Nesse aspecto, é fundamental o que a China e a Índia, que respondem sozinhas por mais de 1/3 da população mundial, decidirão fazer – necessário que abram um caminho capaz de emancipar não só seus países como o mundo todo da ...


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