Cenografia: uma história em construção PDF

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1 Cenografia: uma história em construção André Sass de Carvalho (André Latorre)1 Eliana Branco Malanga2 RESUMO Este trabalho tem o objetivo de apresentar o nascimento da cenografia ocidental e suas modificações através dos tempos. É apresentado um breve relato da história da cenografia no mundo anti...


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Cenografia: uma história em construção André Sass de Carvalho (André Latorre)1 Eliana Branco Malanga2

RESUMO Este trabalho tem o objetivo de apresentar o nascimento da cenografia ocidental e suas modificações através dos tempos. É apresentado um breve relato da história da cenografia no mundo antigo. Os elementos da cenografia são analisados e associados ao movimento teatral. O trabalho visa ainda apontar como esse processo de desenvolvimento da cenografia acontece juntamente com fatos importantes de nossa história mundial. Palavras-chave: Arte, Teatro, construção, cenografia, atmosfera e edifício ABSTRACT This paper aims to show the birth of western scenery and its changes through ages. It is shown a brief report of history of scenography in the ancient world. The elements of scenography are analyzed and associated with the dramatic movement. The paper also aims to point out how this process of development of scenography happens with important events in our world history. Keywords: Art, theatre, construction, scenography, atmosphere and building 1

André Latorre é diretor de teatro, pós-graduado em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes, onde é professor do curso de teatro. 2 A Profa. Dra. Eliana Branco Malanga orientou este trabalho, originalmente apresentado como monografia de conclusão do curso de pós-graduação em Artes Cênicas.

ARTEREVISTA, v.1, n.1, jan/jun 2013, p. 1-25.

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INTRODUÇÃO

Como podemos perceber nos dias de hoje, os cenários tem importância muito significativa não só para construir uma atmosfera, mas também para dar suporte aos atores que tem a missão de contar uma história. O cenário conta uma história. Diante do vasto material histórico, podemos notar que a cenografia tem grande influência logo no nascimento das idéias de alguns diretores ou encenadores teatrais. A cenografia neste caso surge antes de outras questões de ordem estética e de direção. Ela encaminha este processo de montagem de um espetáculo. Através do texto, o diretor ou o cenógrafo, visualizam o ambiente onde toda a ação vai acontecer. Este material tem como objetivo geral, traçar um panorama de como surgiu a cenografia e de como este elemento do teatro vem se atualizando e descobrindo possibilidades técnicas e ideológicas. Todo o estudo foi realizado com base em dois cenógrafos e “homens de teatro”. O primeiro deles, Gianni Ratto e o segundo e não menos significativo para a história da cenografia no Brasil, Cyro Del Nero. Suas construções cenográficas e seus tratados ou “anti-tratados” acerca da cenografia são de grande importância artística e técnica nesta arte que alia criatividade, conhecimento teórico e métodos específicos de construção. Esta pesquisa é de pessoal importância para o pesquisador, pois este realiza um trabalho acadêmico desenvolvido durante onze anos, onde trabalha na criação de cenografias que na maioria das vezes servem como ponto de partida para a construção da atmosfera de espetáculos de teatro com alunos de artes cênicas.

CENOGRAFIA NA GRÉCIA ANTIGA

Segundo Cyro Del Nero (2010), a cenografia nasce no século V a.C. e tem como responsável Sófocles. Desenhos nas tendas onde os atores se trocavam dão o pontapé inicial para a criação da cenografia. As apresentações de teatro eram realizadas quase em sua totalidade ao ar livre, pois os primeiros prédios de teatro foram construídos em madeira e somente no século V, estes prédios foram feitos em pedra. Eram concêntricos e circulares. O Teatro tinha um caráter religioso, e no edifício não havia divisões para o público em classes sociais. A estrutura era:

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3 orkhêstra, o círculo central onde atuava o coro; kôilon, lugar do espectador, um anfiteatro em degrau que envolvia o círculo central; proskênion, lugar onde atuavam os atores, situado dentro do círculo central; e a skéne, uma parede maior que o diâmetro do círculo centra, com entradas e saídas para os atores. (MANTOVANI, 1989, p.08).

Em propriedades rurais no interior da Grécia dos séculos VII e VI a.C., existiam as eiras, pisos circulares onde grãos eram moídos por uma mó girada por uma parelha de bois. Até hoje nós utilizamos este mesmo tipo de processo para realizar a moenda de grãos. Durante as colheitas, várias festas e rituais religiosos eram realizados nela ou em um terreno circular. A eira dos bois criava um círculo de terra batida onde os festivais agrícolas eram realizados: a festa de Komos, origem da comédia. Estes festejos se davam com as danças fálicas festivas, logo o primeiro cenógrafo pode ter sido a pessoa chamada para decorar o local da festa ou mesmo somente pode ter esculpido o grande falo. Figura 1 - Eira de bois

Fonte: DEL NERO, 2010

As cerimônias rurais foram transferidas para dentro do Teatro de Dionísio, quando este foi construído por Pisístrato (600-528 a.C.). Neste teatro havia um santuário de Dionisos, um altar, uma gruta e uma “orquestra” circular de terra batida ou areia (arena), onde se realizavam danças coletivas e cantos. Esta orquestra tinha diâmetro de 27 m (onde caberia o teatro shakespereano). Neste primeiro edifico teatral construído, a visão para o público e a acústica eram perfeitas. Não existia a diferenciação de assentos para classes sócias mais privilegiadas ou mesmo pessoas com cargos importantes da região. Este teatro tinha capacidade de abrigar 14 mil espectadores igualmente sentados e com condições naturais em termos de acústica. Hoje em dia, nenhum de nossos teatros

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4 recebe esta quantidade de público com condições naturais de acústica. A amplificação se tornou um recurso obrigatório. Figura 2 - Desenho do século XIX do Teatro Dionísio em Atenas

Fonte: DEL NERO, 2010

A pintura dos cenários e a troca de cenografia foram sugeridas por Sófocles, que viveu noventa anos do século V a. C. As pinturas realizadas para os espetáculos podiam ser comparadas com obras de arte,ou seja, a arte que se fazia naqueles tempos.A escultura ,arquitetura e o trabalho com cerâmicas tinha atingido um nível muito alto,que a cenografia certamente atingiria em questão de pouquíssimo tempo. Ainda no século V, Phormis de Siracusa utilizou os painéis que podiam ser trocados durante a apresentação de um único espetáculo. Temos estes dados, pois Ésquilo os cita e ainda nomeia alguns pintores: Agatarcus de Samos segundo Vitrúvio foi um dos destaques, pelo seu trabalho detalhado das perspectivas e qualidade final das obras. Neste período Demócrito e Anaxágoras fizeram estudos e teorias à respeito da perspectiva. Na Grécia antiga existiam vários estilos de cenários: trágico, cômico e satírico. Vitrúvio chamava estes cenários de scaena ductilis (cena móvel ou conduzida), que podem ter sido utilizados tomando o espaço do proscênio ou ainda tenham criado um espaço de representação à sua frente. Vitrúvio e Pollux apontam textos onde descrevem prismas triangulares decorados em seus três lados. As mudanças de cena indicavam os momentos em que

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5 estes prismas eram girados sobre um eixo que os fixava no chão. Existiam muitas convenções no deslocamento destes eixos. Sabemos muito pouco destas regras, mas algumas indicam mudança de localidade, ou passagem de cena do interior de um local para o exterior. Girando todos eles, teríamos a indicação de que todo o ambiente estava sendo mudado. A pintura de painéis era usada mais comumente com figuras de paisagens, vistas arquitetônicas ou urbanas. Figura 3 - Pintura de painéis

Fonte: DEL NERO, 2009

Os periactos ficavam dispostos em dois grupos laterais. Em estudos arqueológicos de teatros que ainda mantém alguma estrutura de chão, é possível observar os sinais de instalação desses prismas. São pedras cúbicas que estão colocadas em sequência e apresentam encaixes e concavidades no centro, para receber o eixo vertical dos periactos. Em Ellis, em Pérgamo e no Teatro de Dionísio foram achadas estas estruturas de pedras pesadas. Figura 4 - Triângulos Girados

Fonte: DEL NERO, 2009

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6 Tecnicamente, não temos informações se este eixo existia ou os triângulos eram girados manualmente. Outro fator de duvida até hoje é à respeito da existência dos três cenários em suas faces. Não temos informações ainda, se estes cenários podiam ser retirados e trocados durante a representação ou se eram fixos, anulando a possibilidade de mudanças. Outro tipo de maquinaria existente na Grécia antiga é bem mais sofisticado que o periacto e é denominado ekiclema. Deve datar do século V a. C. e uma de suas possibilidades era revelar o interior do palácio, gruta ou um templo. Era feito de um carro e uma plataforma rolante que avançava de uma porta. Pollux descreve bem estas máquinas e sobre o ekiclema ele diz serem plataformas construídas com madeira e rodas que saíam pelas portas do cenário trazendo personagens. Eurípides era um fã deste tipo de efeito e utilizava-o com freqüência, tanto que recebeu uma “crítica”, ou homenagem de Aistófanes numa paródia,onde surgia de um ekiclema o próprio Eurípides. O ekiclema pode ter também um piso circular com uma tela pintada dos dois lados para o momento de transformações. Assim ,quando a base é girada,um personagem surge com outro fundo de cena pintada sobre esta tela. O ekiclema ainda é utilizado hoje e trás efeitos surpreendentes para o espectador. Do ponto de vista técnico, o cenógrafo consegue realizar mudanças de cena utilizando um mesmo espaço físico. Existem hoje em dia variações no uso do ekiclema, mas a idéia de funcionalidade é a mesma. Figura 5 - Sistema de ekiklemas

Fonte: DEL NERO, 2009

As portas surgem no período em que a skene já é feita de pedra e com isso possibilitam a construção de entradas e saídas fixas para os atores. Estas construções passaram a ser monumentais.

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7 Deste modo, o público já entendia que não era mais um ator que estava saindo de cena para se trocar e si um personagem indo em direção de algum lugar. Eram três as portas utilizadas e construídas de forma fixar a porta principal, ricamente decorada e esculpida e as outras duas,menores com adornos mais simples. O palácio estava representado pela porta central e como a arquitetura grega não construía palácios, estes eram representados por entradas,ou portas de templos. A porta da direita do ator era os aposentos dos hóspedes ou a saída para outra cidade qualquer; e a porta da esquerda do ator era o gineceu. Giné significa mulher e gineceu é o nome dos aposentos da casa destinados à mulher. Existem muitas teorias à respeito do uso das portas, onde estas convenções adquirem outros significados.Pelo menos até a metade do século V a.C. usava-se apenas a porta central, adotando o mínimo de recursos que cercavam os atores. Figura 6 - Portas

Fonte: DEL NERO, 2009

A Katablemata era uma estrutura de painéis pintados que ficavam sobrepostos ao fundo da cena no teatro grego. Com o decorrer da encenação, estes painéis eram trocados, revelando novos fundos e indicações para elenco e público.

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8 Figura 7 - Cenários sobrepostos

Fonte: DEL NERO, 2009

Pollux indicou a existência de um túnel: uma escada que saía do proscênio e ia em direção ao centro da orquestra. Esta escada levava para o nível do público, os personagens que vinham da região abaixo do solo, o mundo dos mortos. Estes recursos que conhecemos aqui e observamos suas funções não nos dão maiores informações à respeito de seu uso,datas, a exata maneira com que eram utilizados, cores ou medidas. O Deus ex machina, na Grécia antiga eram máquinas (gruas)construídas com a função de elevar o ator e fazê-lo surgir por trás da skene como se sobrevoasse os céus,descendo do Olimpo e entrando em contato com os mortais. O efeito causado pelos deuses ex machina era um furioso e catártico aplauso por parte da platéia, pois naquela época ,estes personagens surgiam para solucionar questões onde o drama era insustentável e a ação parecia sem saída. Figura 8 - Vaso mostrando cena de Deus ex machina

Fonte: DEL NERO, 2009

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9 O EDIFÍCIO TEATRAL NA ROMA ANTIGA

Com a chegada dos romanos em território grego, o edifício teatral passou por várias modificações. Os romanos perceberam que o teatro poderia ser uma excelente arma em suas mãos. Descobriram que o Teatro poderia ser usado como arma política, fazendo assim um programa de dominação das massas. A primeira grande modificação, o esvaziamento das idéias contidas no teatro grego. Agora, para os romanos, esta arma serviria apenas para a diversão de uma platéia. A idéia era dar diversão e com isso dominar o pensamento do povo e mostrar poder dos dirigentes. Agora o que importava era o espetáculo e não a idéia e a reflexão contidas nele. Do ponto de vista estrutural, os romanos possuíam uma engenharia magnífica, que foi aplicada na construção de grandes teatros, mesmo em regiões onde não existiam colinas para a construção do local reservado ao público. Teatros foram construídos em desertos, tudo graças á engenharia desenvolvida pelos romanos. Podemos então comparar estes dados e perceber que os gregos escolhiam terrenos para a construção de seus teatros, que tivessem condições mais parecidas com o formato do edifício que seria construído, já os romanos ignoram esta dificuldade e espalham seus grandes teatros onde havia grande concentração de gente, já que um de seus objetivos era atingir o maior número de pessoas possível. Os primeiros teatros romanos foram construídos em madeira e eram erguidos apenas para os festivais, logo em seguida eram desmontados. Com o passar do tempo, o gosto romano foi sendo colocado na arquitetura destes prédios. Na arquitetura romana, estes teatros eram feitos a partir de um semicírculo perfeito, que desembocava logo no limite onde se iniciava o espaço da cena. Com isso fechava-se a passagem entre o palco e o auditório. A elevação do palco e a profundidade eram maiores que no teatro grego. Quanto à platéia, agora os romanos criam a distinção entre as pessoas do público:

Era dividido por classes sociais, onde os melhores lugares eram reservados para uns poucos privilegiados. No palco, elimina-se o circulo central, que passa a ser um semicírculo, dispensa-se o coro. O proscênio amplia-se e o muro que antes no teatro grego correspondia à skene, agora envolve todo o edifico teatral. (MANTOVANNI, 1989, p.8)

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10 Uma das grandes modificações na estrutura do palco romano foi a colocação de uma fachada de cena com dois ou três andares de altura, com vários pórticos, nichos, capitéis, painéis e muitas esculturas. Segundo Cyro Del Nero, “Provavelmente havia um teto sobre o palco, como também o auditório era protegido por enorme velarium [...]. .O primeiro teatro permanente dos romanos data de 55 a.C. e foi construído pó Pompeu, em Roma.( DEL NERO, 2009, p.166 ) Figura 9 - Teatro Romano

Fonte: DEL NERO, 2009

Outra modificação importante que aconteceu na estrutura dos teatros romanos foi o surgimento da cortina na frente do palco. Esta cortina descia ao invés de subir. Literalmente o pano de boca caía. O teatro Romano criou uma série de espetáculos muito distintos dos espetáculos gregos, com isso a estrutura dos edifícios, foi se tornando complexa para atender necessidades técnicas. Havía o Cursus, que cobria todos os tipos de corridas, principalmente as corridas de carros, bigas e quadrigas. Havía os esportes pugilísticos e bélicos: pugna equestri, ludus trojae, pugna pedestri, certamen, gymnicum, naumachia e venatio, o espetáculo que exiba lutas entre pessoas e animais selvagens. Para o espetáculo naumachia, os romanos utilizavam grandes quantidades de água, já no espetáculo com animais selvagens havia uma proteção entre público e o local onde as lutas aconteciam. O maior circus foi o Circus Maximus em Roma, onde se realizavam grandes corridas com bigas. Já o mais famoso entre os teatros romanos é o Coliseu de Roma, ainda em ótimo estado de conservação como resultado de várias restaurações e cuidados estruturais.

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11 O Teatro de Marcello tinha 150 metros de diâmetro e capacidade para 14 mil pessoas. Tudo na arquitetura romana era grandioso e os seus teatros seguiram estas proporções monumentais. Figura 10 - Tipos de Cenários em Roma

Fonte: DEL NERO, 2009

NA IDADE MÉDIA, OS CENÁRIOS SIMULTÂNEOS O Teatro oficial era o considerado “religioso”. Mas o lugar de se fazer Teatro era a praça. Com o desaparecimento do Teatro nas igrejas, os atores descem as escadarias das igrejas e montam os espetáculos em praças públicas. Eram feitos cenários de grande porte, com as chamadas “mansões”. Estes cenários eram construídos por muitas pessoas, pois tinham vários efeitos que eram necessários para o andamento das histórias. São chamados de cenários simultâneos. Espetáculos que contavam a vida de santos, ou o caminho tortuoso de simples mortais pecadores para chegar ao céu ,ou terem seu futuro reservado ao inferno. O público acompanhava o andamento das cenas de acordo com os cenários que estavam sendo usados, como espécie de estações. Estes espetáculos eram os Mistérios. Em “Paixão Valenciana”, de 1547, o caminho do cristão começa na mansão dos céus, passando por Jerusalém e tendo o seu final na mansão do inferno, na boca de um grande peixe. Este espetáculo durava 25 dias. Estes cenários eram articulados, usavam aberturas de portas, rampas que surgiam para abrir caminhos, grandes colunas e escadarias, suportes para elevar atores aos céus, seus personagens divinos, grandes piscinas para a colocação de pequenas embarcações, para a realização da “viagem final” do personagem, grandes efeitos com fogo, animais construídos em madeira, que movimentavam olhos e boca e tinham capacidade para suportar grandes quantidades de atores para a movimentação destes efeitos.

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12 Figura 11 - Cenários Simultâneos Medievais

Fonte: DEL NERO, 2009

O EDIFÍCIO NO RENASCIMENTO

É nesta época que surge o edifico teatral como nós conhecemos hoje. Com o desaparecimento do caráter religioso, o Teatro profano volta a ser feito, inicialmente em salões de palácios dos príncipes. Neste trecho histórico, o palco era construído em salões e o público se resumia a corte. Nesta época o Teatro passou a ser estudado e analisado como uma arte erudita. Graças a esse pensamento, o edifício teatral foi repensado nos moldes Greco-romano e passou a ser tratado como um local reservado para um povo “selecionado”, ou ideal. A platéia passa a ter lugares reservados de acordo com a hierarquia. O surgimento destas salas de espetáculos teve que esperar um longo tempo de maturação de idéias teóricas, até que enfim começaram a ser construídas. Neste período, a perspectiva é redescoberta e reassume seu papel de grande importância na cenografia. Através dela é que se representa a terceira dimensão no plano bidimensional. Alguns destes cenários pintados foram confeccionados por grandes mestres das artes plásticas como Raffaello Sanzio e Baldassare Peruzzi. Um detalhe técnico que marca este período é a convergência de todas as linhas para um único ponto de fuga. É a chamada perspectiva central.

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13 Figura 122 - Cenário do Renascimento

Fonte: DEL NERO, 2009

O SÉCULO XVII E A MAQUINÁRIA TEATRAL Os antecedentes navais chamam-se: deck, mastro, mezena, brigantina, vela flecha, joanete volante, gávea fixa, traquete e mil outros termos.Seus descendentes teatrais são: carretilha, contrapesos, corda, cunha, entelado, esticadores, embarque e desembarque, escora, gornes, lastro, lona, malaguetas, manobras, nós, or...


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