Controle químico do biofilme PDF

Title Controle químico do biofilme
Author Matheus Diniz
Course Periodontia
Institution Universidade Federal do Ceará
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Summary

resumo do conteúdo ministrado em aula e cobrado nas provas...


Description

Controle químico do biofilme dental Sabendo que a placa bacteriana é fator etiológico essencial para o surgimento de doenças periodontais (além de lesões cariosas), utiliza-se de diversos meios para controlar seu crescimento (prevenir sua formação é impossível – placa mínima). O controle de placa varia quanto à sua localização: para controle de placa supragengival, o paciente é o grande operador, devendo associar meios mecânicos (escovação) a meios químicos (dentifrícios e colutórios antissépticos) – além disso, o dentista pode contribuir através de Instrução de Higiene bucal e Deplaqueamento profissional, que inclui a raspagem supragengival e a profilaxia. É impossível para o paciente controlar a placa subgengival, uma vez que sua visibilidade é impossibilitada e o acesso é dificultado, cabendo ao profissional realizar a remoção da placa subgengival através de meios físicos (raspagem subgengival/alisamento radicular) e químicos (irrigação, dispositivos de liberação lenta/controlada).

Racionalizando o controle químico do biofilme O processo dinâmico e bem organizado de formação de placa pode ser interrompido, interferido, revertido ou modificado em vários momentos, sobretudo naqueles antes da placa adquirir sua complexidade total. Os meios mecânicos de controle do biofilme são, por si só, capazes de reduzir a quantidade de placa bacteriana para um nível compatível com uma saúde periodontal saudável – uma placa mínima. Porém, o uso de agentes químicos de controle do biofilme é importante, pois estes podem influenciar a placa quantitativamente e qualitativamente. Os meios pelos quais estes agentes podem modificar a placa bacteriana incluem: 1. Propriedades anti-adesivas Agentes anti-adesivos tem a capacidade de agir sobre a película adquirida e prevenir a adesão inicial das bactérias, ou seja, inibir a colonização primária, tendo, portanto, efeito preventivo. Muitos agentes anti-adesivos são usados fora do meio bucal – a razão por estes não serem amplamente utilizados na odontologia reside no fato de que eles são tóxicos para os tecidos orais ou ineficazes contra a adesão das bactérias patogênicas orais.

2. Propriedades antimicrobianas (bactericida ou bacteriostática). Atualmente, os agentes químicos utilizados tem caráter antisséptico, sendo o uso de antibióticos evitado em virtude da possibilidade do surgimento de desequilíbrio da microbiota oral ou de resistência bacteriana. Os antissépticos veiculados em dentifrícios ou colutórios são efetivos no controle da placa supragengival e, consequentemente, contribuem para evitar a formação de placa subgengival – portanto, tem efeito direto no combate à gengivite, e indireto na prevenção da periodontite.

A dificuldade maior associada ao uso de agentes químicos no controle de placa bacteriana reside na sua ação limitada na placa bacteriana já formada. Isto ocorre em virtude rica estratificação do biofilme, o que impede que o antisséptico atinja as camadas mais profundas do aglomerado bacteriano. Além disso, quando veiculados em dentifrícios e colutórios, os agentes químicos tem dificuldade enorme para alcançar a placa subgengival, sendo, portanto, muito mais eficazes no controle da placa supragengival. As propriedades ideais que um agente químico de controle de biofilme deve ter incluem: 1. Não levar à resistência microbiana; 2. Inibir a calcificação da placa; 3. Ser de uso fácil; 4. Comercialmente disponível ao paciente; 5. Diminuir a formação de placa; 6. Reduzir o Índice de gengivite;

Veículos de uso oral para distribuição de agentes químicos Dentifrícios – Cremes dentais Usado em associação com a escovação dentária. Compostos por: 1. Agentes abrasivos (sílica, alumina, fosfato dicálcio, carbonato de cálcio, etc.) – afetam a consistência do dentifrício e contribuem com o controle do manchamento dental extrínseco; 2. Detergentes (lauril sulfato de sódio) – contribuem com a dissolução dos princípios ativos e, aqueles que possuem carga aniônica, apresentam funções tanto antimicrobianas como antiadesivas. Proporcionam a espuma e a “sensação” do produto. Por outro lado, estes não devem ser associados a princípios ativos catiônicos, como clorexidina ou cetilpiridina, pois estes interagem, formando um produto sem ação. 3. Agentes de carga (sílica, etc.) 4. Adoçantes (sacarina, etc.) 5. 6. 7.

Umectantes (sorbitol, glicerina, etc.) – evitam que a pasta resseque após a violação da tampa do tubo. Flavorizantes Princípios ativos (triclosan, fluoreto estanhoso, etc.)

Colutórios Os colutórios tem composições bastante variadas, mas, de forma geral, tem são mais simples que os dentifrícios. Eles podem ser simples soluções aquosas, mas, com objetivo de melhorar a aceitação dos consumidores, eles devem ser adicionados de flavorizantes, corantes e conservantes (benzoato de sódio). Agentes aniônicos podem ser adicionados, mas, de forma igual aos dentifrícios, não podem ser associados a compostos catiônicos. Geralmente, é adicionado álcool etílico (geralmente 10 – 20% em volume), com o objetivo de estabilizar alguns componentes e melhorar a vida útil do produto.

Spray A vantagem do spray reside na possibilidade do uso localizado. Porem, a dose liberada é bastante reduzida, além de que o gosto tende a ser ruim.

Irrigadores Irrigadores foram criados para lançar água, sob pressão, ao redor dos dentes. Portanto, eles agem removendo debris, com pouco efeito sobre depósitos de placa. Alguns antissépticos, como a clorexidina, podem ser adicionados aos irrigadores.

Goma de mascar Melhoras na saúde bucal podem ser associadas ao uso de gomas de mascar sem açúcar, apesar de o efeito sobre a placa bacteriana já formada ser mínimo. As gomas de mascar também podem ser adicionadas de antissépticos.

Vernizes Vernizes podem ser usados como agente liberador de antissépticos, como a clorexidina. Porém, o propósito maior é de evitar cáries radiculares ao invés de remover placa bacteriana formada.

Agentes químicos anti-placa bacteriana Os agentes químicos são classificados como: 1. Fortes, se forem capazes de substituir a escovação na ausência de placa formada; a. Clorexidina; 2. Fracos, se forem incapazes de substituir a escovação, atuando como seus coadjuvantes; a. Triclosan; b. Sais metálicos; c. Óleos essenciais; d. Compostos quaternários de amônia; e. Agentes antioxigenantes;

Agentes fortes – Clorexidina Trata-se de uma molécula catiônica com solubilidade muito baixa em água. A forma comercial mais comum é o digluconato de clorexidina, que se mostra eficaz contra um espectro amplo de micro-organismos, incluindo bactérias gram(+) e gram (-), fungos e vírus. Seu mecanismo de ação consiste na adsorção forte da sua molécula dicatiônica nas membranas bacterianas aniônicas, contribuindo para a desorganização da estrutura lipoprotéica, aumento da permeabilidade celular, saída de componentes intracelulares e coagulação intracelular. Quando usada em alta concentração, tem ação bactericida. À medida que a sua concentração é reduzida, passa a assumir efeito mais bacteriostático. Seus efeitos são, essencialmente, tópicos, pois é minimamente absorvida pelos epitélios. Sendo absorvida, é metabolizada no fígado e nos rins e excretada nas fezes, gerando nenhuma alteração sistêmica. Além disso, tem capacidade de se aderir à mucosa e à película adquirida, diminuindo a aderência bacteriana ao dente e às mucosas. A clorexidina deve ser usada somente 30 minutos após a escovação dentária. O objetivo de retardar seu uso é de evitar que a clorexidina interaja com os detergentes do dentifrício, que são aniônicos e neutralizam este antisséptico. Deve ser usada em bochechos, numa concentração de 0,12%, durante 1 minuto, de 12/12 horas, durante 7 a 14 dias. Vale ressaltar que, num bochecho de 1 minuto, 3% da clorexidina é deglutida, 67% é expelida, e apenas 30% permanece na boca para atuar. A clorexidina não deve ser utilizada por períodos prolongados, pois está associada a uma série de efeitos colaterais, como: 1. Manchamento reversível dos dentes; 2. Pigmentação de superfícies (língua, dentes); 3. Gosto ruim na boca; 4. Alteração da gustação - perda da gustação do salgado; 5. Sensação de queimação; 6. Descamar da mucosa; 7. Aumento da formação de cálculo supragengival - maior precipitação de cálcio; A clorexidina está fortemente indicada em casos de: 1. Pacientes hospitalizados; 2. Períodos pré e pós operatórios; 3. Pacientes deficientes físicos e mentais; 4. Alto risco de doença periodontal e cárie; 5. Controle mecânico impossibilitado por traumatização ou dilaceração tecidual; 6. Processos agudos: a. GUN b. Abscesso

Agentes fracos Triclosan Baixa substantividade (pouco retido na boca) Naio iônico Largo espectro de ação Não provoca desequilibro da microbiota Não interage com mucosas Efeito antiplaca e anti-inflamatório Interfere no metabolismo bacteriano Sem efeito colateral, exceto em alta concentração, que gera sensibilidade na mucosa, descamação e gosto desagradável Modo de aplicação - dentifrícios 1. Combinado com produtos que aumentam sua substantividade a. Citrato de zinco – potencializa b. Gantrez – aumenta o tempo de retenção 2. Associado ao controle mecânico a. Associado a escova dental b. Tempo indeterminado Indicação: coadjuvante de recursos mecânicos para pacientes com alto risco de placa e calculo ou com dificuldade na higienização

Sais metálicos - Citrato de zinco, cloreto de zinco, fluoreto estanhoso (forte, mas na concentração da pasta é fraco), sulfato de cobre; 1. Fluoreto estanhoso: a. Liga-se à membrana bacteriana b. Diminuição da adesão bacteriana c. Alteração no metabolismo bacteriano d. Efeitos na prevenção de cáries e. Doadora de flúor 2. Citrato de zinco a. Usado no controle de placa bacteriana b. Compatível com os componentes do dentifrício c. Diminui a formação de carie d. Usado junto ao triclosan

Óleos essenciais

Combinação de agentes ativos (timol, mentol, eucaliptol, salicilato de metila) + veículo hidroalcoólico Compostos fenólicos de carga elétrica neutra  rompimento da parede celular bacteriana Bochecho de 20ml de solução durante 30 segundos de 12 em 12 horas Sem efeitos adversos Listerine: mto álcool  sensação de queimação, manchamento de superfície, gosto desagradável, injúrias à mucosa oral Indicação: alto índice de placa e calculo com dificuldade para higienizar

Compostos quaternários de amônia – Cloreto de cetilpiridínio, Cloreto de Benzalcônio, Cloreto de Benzetônio Trata-se de agentes catiônicos monovalentes, capazes de fazer rápida ligação e dissociação do sitio de ligação, usualmente veiculados em enxaguantes bucais. Os cátions ativos apresentam estrutura hidrofóbica e se organizam em forma de partículas coloidais. Seu mecanismo de ação consiste na inativação de enzimas produtoras de energia, desnaturação de proteínas e desorganização da membrana celular. Atuam sobre bactérias e fungos, inibindo seu metabolismo (estáticos). Podem ser bactericidas para gram(+), mas agem pouco sobre gram(-). Assim como a clorexidina, são inativados por compostos aniônicos, como detergentes. Os efeitos colaterais associados incluem: 1. Sensação de queimação; 2. Coloração de dentes e língua por uso abusivo; 3. Aumento da formação de cálculo; 4. Descamação ou até ulceração da mucosa; Está indicada para pacientes com alto índice de placa e calculo com dificuldade para higienizar a boca.

Agentes oxigenantes – Peróxidos, perboratos Só agem contra aeróbios  desequilíbrio na microbiota Liberação local de o2  formação de RL  ação sobre membrana lipídica, dna, componentes bacterianos Colaterais: Dificulta a cicatrização de ferimentos, desequilíbrio, alterações na mucosa, pode levar a queimadura tecidual Indicação: tempo limitado e especifico, pode substituir a clorexidina na GUN e abscesso...


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