Expressão visual e suas relações com o design PDF

Title Expressão visual e suas relações com o design
Author Agui L.
Course Comunicação e Semiótica I
Institution Universidade do Estado de Minas Gerais
Pages 7
File Size 523 KB
File Type PDF
Total Downloads 54
Total Views 150

Summary

Expressão visual, de acordo com Ashley Haviden, é o que melhor define a função do
designer dentro da publicidade. A expressão visual envolve, essencialmente, a habilidade de
transmitir ideias por meio da fusão de palavras e imagens, o que pode ser realizado através de
desenhos, gra...


Description

Semiótica I | Expressão visual e suas relações com o design Escola de Design - UEMG | Design Gráfico - Manhã | Professor Charles | 2° Período Expressão visual, de acordo com Ashley Haviden, é o que melhor define a função do designer dentro da publicidade. A expressão visual envolve, essencialmente, a habilidade de transmitir ideias por meio da fusão de palavras e imagens, o que pode ser realizado através de desenhos, gravuras (tipografia, litogravura, etc.), colagens, fotografias, entre muitos outros. Essas técnicas possibilitam a resolução de elementos tangíveis e intangíveis de forma que exprima a mensagem a ser transmitida de forma clara, proporcionando uma recepção ótica rápida e fácil. Considerando que a expressão visual está sujeita aos conhecimentos prévios do indivíduo, existe uma necessidade de o designer ter conhecimento de diversas áreas como a pintura, arquitetura e escultura. Cultivando, assim, a habilidade de utilizar novas formas e padrões como um meio de adaptação a condições alteradas, sejam essas condições uma mudança de contexto histórico ou do que está sendo anunciado. Em seu artigo, Ashley dá o exemplo da evolução das técnicas de impressão a partir da revolução industrial; presos a ideia da impressão tradicional e a estética medieval, os impressores acabaram impedindo que surgisse uma estética autêntica resultante dessas novas técnicas. Em contrapartida, ele menciona, também, o Pavillon de Publicité da Exposição de Paris em 1937 em que foi feito uma comparação entre pôsteres criados no passado e aqueles que foram feitos para atender demandas da época, e como seu design se diferenciavam. No caso, eles fizeram uso de três faixas que se moviam em diferentes velocidades; na inferior se encontravam designs antigos movendo-se a 15 quilômetros por hora (a velocidade média de um observador no início do século XX). O design era assim perfeitamente compreensível. Porém, ao ser exibido na faixa do centro, que se movia a 60 quilômetros por hora (velocidade aproximada de um observador nos anos 30), o design logo se tornava ininteligível. Já na primeira faixa, que se movia também a 60 quilômetros por hora, foi exibido um pôster com design que era considerado atual para época, e este era de fácil compreensão.

Dessa forma é possível observar como condições alteradas fazem necessário que o designer utilize novas formas de composição que transmitam a mensagem desejada com clareza. No entanto, para que isso seja possível é preciso que o designer esteja em harmonia com a vida contemporânea, isso é, ciente do que se passa nos meios artísticos e tecnológicos.

Esse tipo de harmonia pode ser examinado no histórico de publicidade de empresas bemsucedidas como a Coca-Cola, que sempre mantem uma estética que esteja de acordo com o contexto histórico e cultural em que se passa, ao mesmo tempo em que mantem a aparência de sua marca.

Relacionando ainda com a Exposição de Paris, nas propagandas de cigarro da Lucky Strike, percebe-se que nas propagandas antigas maior quantidade de texto que, ao longo dos anos, vai diminuindo em função do aumento da "velocidade" na vida do público. A publicidade evolui de uma forma que textos enormes especificando a qualidade do produto são substituídos por imagem e curtas frases de efeito, que também mudam com o tempo: "It's Toasted" "Light my Lucky". Graças a proibição das propagandas de cigarro nos EUA em 1997, o material contemporâneo parece limitado, mas são exemplos perfeitos de objetividade na informação, característica principal do que culminou a evolução da expressão visual.

Voltando ainda no assunto de impressão, o que é exemplificado no artigo de Haviden através do modelo de livros medievais pode ser usado como paralelo para explicar o conceito do projeto de Robert Harling: a revista Typography, onde o artigo sobre expressão visual apresentado no livro “Textos Clássicos do Design Gráfico” foi originalmente publicado. Nela o designer Ashley Havinden comenta como a padronização retira a possibilidade de uma peça causar sentimento, sendo ela assim inexpressiva. Ele aponta isso ilustrando com a ideia de livros, que uma vez revolucionados pela descoberta dos métodos de impressão, passaram a ser padronizados em tamanhos e fontes modelo. Assim, desde que haja legibilidade, uma pessoa ao comprar um livro não o faz pela fonte, mas pelo conteúdo. Aquilo perde valor. Quando esse modelo é quebrado há um rompimento com a repetição, dando espaço à expressão visual. Foi isso que resultou na proposta da revista do designer gráfico Robert Harling.

A Typography foi lançada em 1930, tendo apenas 8 edições, e dando importância máxima às tipografias e letterings presentes nas matérias. A revista era uma verdadeira obra gráfica. Eram abordados diversos temas, sendo o projeto acusado de ter certo "ecletismo adogmático". Publicavam desde gráficos políticos a anúncios de patente medicinal. Assim, permitia-se uma grande variação nas possibilidades da revista, os designs variando bastante, principalmente nos 6 primeiros livros. A revista de Harling, torna-se então um perfeito exemplo de como a exploração de diferentes recursos (no caso, diferentes tipografias), tanto como condições alteradas podem resultar em uma nova abordagem de design. Outro bom exemplo disso é o designer francês, mencionado no artigo de Haviden: Jean Carlu. Ele foi um dos primeiros designers gráficos a reconhecer o valor da linha limpa e cor forte na fixação de uma imagem marcante para o público comsumidor; ele procurava criar imagens com uma linguagem simbolica em que toda composição da cor, linha e conteúdo transmitissem valores emocionais. Essas mesmas qualidades dão aos posters da Carlu seu poder como obras de arte. Diferente dos principais movimentos de sua época (transição entre a art nouveu e art deco), Carlu incorporava em seus cartazes outros movimentos artísticos como o Cubismo e o surrealismo, sob influência de André Breton e Yves Tanguy. Além de inovações tecnicas como a introdução a colagens de imagens, uso de elementos tridimencionais e o uso da composição de luz nos cartazes.

Outro exemplo de como os movimentos artísticos modernos influenciam o design comercial pode ser observado em como o Stijl influenciou a estética de várias áreas. Um caso notável foi a coleção de Yves Saint Laurent, que fez uso das obras de Mondrian como base para suas roupas. Desse modo, conclui-se que o contato com diversas expressões artísticas torna possível a tradução de diferentes expressões visuais e linguagens gráficas para que sejam criadas novas tendências e estéticas.

Há ainda a questão de como a expressão visual pode ser usada no lugar da linguagem escrita, por meio de conceitos gráficos. Haviden faz uso de um hipotético anúncio de meias:

Na primeira imagem o designer não consegue conciliar a ideia das pirâmides com as meias sendo anunciadas, na mente de um observador permaneceria somente a ideia das pirâmides. Porém na segunda imagem, o que está sendo anunciado se torna muito mais evidente, passando de uma forma gráfica a ideia do slogan da empresa.

Referências DONDIS, A. D.; Sintaxe da Linguagem Visual. Disponivel em: Acesso em Set. de 2016 HAVIDEN, A. 1938. Expressão visual. In: Bierut, M.; Helfand, J.; Heller, S. Andamp; Poynor, R. (Eds.). 2010. Textos clássicos do design gráfico: 177-183. São Paulo: Martins Fontes. Robert Harling, the guardian. Disponivel em Acesso em Set. de 2016....


Similar Free PDFs