História da comunicação no Brasil PDF

Title História da comunicação no Brasil
Author Rafael Iglesias
Course Comunicação, Mídias E Narrativas
Institution Universidade Metodista de São Paulo
Pages 26
File Size 303.6 KB
File Type PDF
Total Downloads 69
Total Views 153

Summary

Só é possível falar de uma história da comunicação considerando as épocas e os meios envolvidos por relações humanas. Mais do que uma história que se sucede no turbilhão dos tempos e das tecnologias, esse livro trata da história da comunicação na qual estão envolvidas prioritariamente práticas human...


Description

1

HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO NO BRASIL BARBOSA, Marialva. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

COMUNICAÇÃO E PRÁTICAS DA ORALIDADE: CENAS DO SÉCULO XVIII ● O predomínio de modos orais de comunicar e modos visuais de fixar imagens duradouras fazem parte de uma história da comunicação que usava os recursos da oralidade (ONG, 1998), na qual não havia espaço para a escritura do traço formando com letras frases ou palavras. Mas o fato de a maioria da população estar imersa em modos orais de comunicar não quer dizer que essa não fosse uma atividade intelectual complexa. (19) ● A cultura predominantemente oral incluía a possibilidade de traçar em imagem impressões que deixavam marcas duradouras na memória e afetavam aqueles que sofriam diretamente as agruras do novo tempo. Ao lado do grito para expressar o sentimento de gratidão cristão ou a dor decorrente de castigos corporais, havia a possibilidade de fixar sentimentos através de imagens que compunham uma narrativa complexa. (19)

Competências da oralidade ● Para diversos autores, o letramento é um poderoso agente de transformação (...). Para Goody, o pensamento racional é produto direto das competências introduzidas com o modo letrado de ver o mundo. Na medida em que a escrita separa o pensamento do contexto social, permite o afloramento do ceticismo e da análise. Havelock enfatiza que a escrita alfabética muda radicalmente o modo de pensar, identificando a invenção do alfabeto humano com uma verdadeira revolução para a história da humanidade. Em suma, o argumento dominante é que a escrita e o letramento conduzem à constituição de um pensamento lógico, o que será fundamental para o desenvolvimento da racionalidade científica. (21) ● Entre essas competências [da oralidade] destacam-se técnicas de comunicação que fazem da memória lugar fundamental para a repetição de narrativas imemoriais. (22)

2

● Os modos de comunicação do século XVIII mesmo entre grupos de excluídos, como os prisioneiros, apontavam para um pacto com a informação, que estava ausente como possibilidade para muitos.

Por

solidariedade,

os

escravos

prisioneiros se

transformavam em meios de comunicação para os que não podiam ver a luz do dia. Nesse caso, seus corpos e a tecnologia da voz eram a possibilidade de um outrem entrar em contato com as novidades do mundo. (23) ● A comunicação criada oralmente é sempre orientada para outro, pressupondo uma audiência, um público externo àquele que fala percebido (23) como alguém que, mesmo estando ao largo do que executa os atos comunicacionais sonoros, é parceiro da cena dialógica que se estabelece. (24)

Os letrados do reino ● Como mostra Villalta (1999), o livro fazia parte do universo da comunicação do século XVIII em terras de além-mar, ainda que sua propriedade, em decorrência também dos altos custos de aquisição, fosse limitada a grupos precisos nessa sociedade. (28) ● (...) A leitura coletiva pressupunha a inscrição de discussões decorrentes do entendimento que se fazia. Mais uma vez a palavra escrita era usada a serviço da fala (THOMAS, 2005), mostrando que no universo das práticas comunicacionais destaca-se sempre a possibilidade de misturas: mistura do oral com o mundo letrado e do universo letrado com os modos orais. (29) ● Ainda que continuassem existindo amplos mecanismos de controle dos livros (e suas leituras), aumenta consideravelmente [no século XVIII], sobretudo nas cidades mais importantes, o número daqueles que possuíam livros; ampliam-se as razões para essa posse, multiplicam-se as formas como esses objetos eram apropriados e os ambientes de leitura. (29) ● Ao conter ensinamentos, os livros se transformavam em lugares de estocagem de informações que poderiam novamente ser reutilizadas, constituindo-se em mapas da memória. O público leitor esporádico e escasso foi sendo construído paulatinamente, trazendo nas suas bagagens não apenas livros e jornais, mas hábitos culturais que

3

sobreviveram e práticas do mundo da oralidade que, inexoravelmente, estavam presentes na forma como se apropriavam desses impressos. (31)

Prelos no século XVIII? ● Antonio Candido identifica já em meados do século XVIII, como fazendo parte das aspirações dos intelectuais brasileiros, o clamor pela introdução de um sistema de comunicação que só se realizaria nos primeiros anos do século seguinte: a implantação da impressão e com ela a proliferação dos periódicos e de outras possibilidades de ampliação do contato com o mundo. (32) ● Um exemplo dessa expressividade letrada é o aparecimento, ainda no século XVIII, das academias literárias e científicas que se constituíam como lugares de aglutinação do meio literário e dos letrados (...) (32) ● Os letrados reuniam-se nessas associações, algumas das quais foram extremamente perenes, para estudar e debater literatura ou apenas para comemorar um determinado acontecimento. (32) ● (...) Apesar dos rigores das Mesas Censórias, houve alguns ensaios para a instalação dos processos de impressão na colônia. A mais notória foi a tentativa de Antonio Isidoro da Fonseca de instalar uma tipografia no Rio de Janeiro. (33) ○ A possibilidade de imprimir livros ou quaisquer outros papéis era qualificada como perniciosa novidade, já que a tecnologia da impressão significava, em última instância, a possibilidade de difundir ideias de maneira extensiva. A perniciosa novidade do século XVIII eram os impressos que podiam brotar aos borbotões dos prelos, o que fazia aumentar ainda mais os rigores da censura. (34) ○ (...) Podemos supor, tal como Bragança (2009), que Isidoro quisesse reproduzir memorandos, requerimentos e outros impressos diante das demandas de um mercado em formação. (35)

TIPOGRAFIA NA BAGAGEM DO REI

4

● Registros impressos e orais, que se transformam em ecos duradouros, fizeram saber que, quando o exército invasor francês já batia às portas de Portugal, caixas e mais caixas haviam chegado há pouco ao porto de Lisboa contendo uma “tipografia completa” para a Secretaria de Negócios Estrangeiros e de Guerra. (37) ○ Pouco tempo depois, essas mesmas caixas foram embarcadas na nau Meduza e junto a “importante livraria” e uma “riquíssima coleção mineralógica” saíram, em 29 de novembro de 1807, pelo Tejo para atravessar o Atlântico. Os tesouros do então Ministro Antonio de Araújo de Azevedo chegaram a salvo no porto do Rio de Janeiro em 6 de março do ano seguinte. (37)

A Gazeta do Rio de Janeiro ● Instrumento de expressão e de possível crítica intelectual, a palavra impressa tinha inúmeros significados (...), mas para o poder central era, sobretudo, a possibilidade da difusão de ideias perigosas (38). ○ Subitamente essa situação mudaria com a necessidade de esclarecer aos seus súditos o que se passava na Europa deixada pra trás. Além disso, era preciso ter uma tipografia capaz de editar despachos, avisos, editais e outros documentos da burocracia oficial. Foi assim que, em 13 de maio de 1808, D. João VI oficializou a instalação da Impressão Régia, destinada a publicar papéis oficiais do governo e “todas e quaisquer outras obras” (39). ○ Rapidamente, a Impressão Régia passaria a imprimir outros tipos de publicação, inclusive livros. E será de sua tipografia que sairá, quatro meses depois do início de seu funcionamento, o primeiro jornal a circular no Brasil: a Gazeta do Rio de Janeiro  (39). ● (...) [A Gazeta do Rio de Janeiro] saía inicialmente “aos sábados pela manhã”. ○ Mas a periodicidade semanal duraria apenas a primeira semana. A partir da segunda semana, a Gazeta passou a sair também às quartas-feiras, além de continuar a ser publicada aos sábados. Além disso, já em 1808 publica 19 edições extraordinárias, prática que seria comum até o seu último número em dezembro de 1822. Nos 14 anos de sua existência, de 10 de setembro de 1808

5

até 31 de dezembro de 1822, publicou 1.763 edições, sendo que destas 192 foram extraordinárias (40). ○ A partir do número 130, em julho de 1821, passa a sair três vezes por semana: terça, quinta e sábado. Em janeiro de 1822 mudam o título para Gazeta do Rio (49). ● No texto postado na última página do primeiro número (...), há uma voz direcionada diretamente para o público leitor (40). ● (...) Custava 40 réis e a assinatura semestral era de 1.900 réis; era distribuído diretamente nas casas dos assinantes, mas os leitores podiam também comprar números avulsos na loja do mercador de livros Paulo Martin Filho na Rua da Quitanda (41). ● (...) Publicavam anúncios variados, ainda que a possibilidade tecnológica dos processos de impressão demandassem alguns dias para a sua produção. Era preciso compor as letras manualmente uma a uma, formando palavras, linhas, que por sua vez formariam a totalidade da mensagem. Terminada a composição, havia ainda que converter nos prelos manuais as pranchas compostas em impressos. Havia que ter no mínimo dois dias inteiros para a transformação do anúncio manuscrito em letras impressas (41). ● Do ponto de vista da edição, a lógica de distribuição das notícias era espaçotemporal. Primeiro as que chegavam da Europa, postadas da mais antiga para a mais recente. Depois as que tinham origem no Rio de Janeiro e que eram apresentadas com a mesma data da publicação do jornal (42). ○ Havia também a preocupação de identificar a origem das informações: eram notícias vindas “por via de França”, “vindas por Gotemburgo”, ou simplesmente podia o redator indicar a cidade, sempre seguida da data: “Viena, 8 de junho”, por exemplo (42) ○ (...) Informações das gazetas europeias ou de cartas que chegavam à mesa do redator eram filtradas por ele, que por aqueles dias destacava aquelas que traziam novas da Europa. Tendo entre seus leitores, sobretudo, a Corte emigrada de Portugal, era para esse leitor que o jornal prioritariamente se dirigia (42).

6

○ Cabia ao redator um trabalho singular: deveria ler as gazetas que chegavam a sua mesa, determinar o tamanho que a informação mereceria na publicação, selecionar trechos que seriam publicados, traduzi-los, escolher a ordem de edição (46). ● Do ponto de vista da materialidade, o jornal repetia as gazetas do final do século XVIII: formato in-quarto , com 13 centímetros de largura por 19 de altura, com apenas uma coluna, distribuindo as notícias normalmente em quatro páginas (42). ○ (...) Passa a sair em duas colunas a partir de 4 de junho de 1811, e introduzem como seção fixa a entrada e saída dos navios do porto, sob a rubrica “Notícias Marítimas” (49). ● O mundo das práticas orais, das falas que se ampliavam pelas conversas nas ruas e praças migrava com frequência para o periódico, mostrando, mais uma vez, que nos sistemas de comunicação do início do século XIX pouca separação havia entre o mundo da voz e o das letras impressas (44). ● Fontes das informações da Gazeta do Rio de Janeiro em 1808 (44-45): ○ 25 jornais; ○ 15 cartas; ○ 7 outros (papéis, navios, notícias, correios, navios). ● Notícia no século XIX não tinha o mesmo sentido de informação nova e recente que terá a partir do século XX. Naquele momento, (47) notícia é ilustração, esclarecimento, conhecimento de algo até então não sabido. Não importava se o não sabido era temporalmente próximo ou distante (48). ● A rapidez do século XIX não é evidentemente a mesma do século XX ou XXI. O rápido, o veloz, o que corria e andava a passos largos podia representar no tempo calendário um, dois, três ou até quatro meses. Mas o tempo era o principal marcador informacional do jornal: as informações obedeciam, sempre, a cadência de sua produção, em que que se caminhava do passado em direção ao presente, isto é, até a data em que o jornal era publicado (48). ● (...) Em 14 de dezembro de 1822, no suplemento 150, noticiam ao público que o final daquele ano representará também o término do jornal, que será definitivamente substituído, em janeiro de 1823, pelo Diário do Governo  (50).

7

Imagens de uma nova ordem comunicacional ● A ordem letrada que gradualmente se impunha não modificou substancialmente as práticas comunicacionais da maioria da população. O barulho ensurdecedor das ruas, onde se vendia de tudo e se registram sempre imagens do burburinho humano, de transeuntes, cavaleiros, vendedores etc. continuava sendo a nota dominante (50). ● (...) Ao registrarem em diversas pranchas imagens de cadernos, livros, folhas escritas, romances, mapas e compêndios científicos colados aos corpos dos sujeitos, [Debret e Rugendas] estavam mostrando uma nova ordem comunicacional que passava a existir em maior escala pelo vasto território brasileiro. As letras manuscritas e (54) impressas somavam-se aos modos orais de comunicar, ampliando-se as possibilidades tecnológicas do mundo da comunicação (55). ● (...) As tecnologias que permitem a proliferação dos impressos, possibilitando a expansão do mundo letrado, ampliam a difusão da palavra e introduz novos sentidos para o mundo narrado. A imaginação fixada nos romances, gênero cada vez mais popular ao longo século XIX, as ordens e anúncios oficiais difundidos sob a forma duradoura jornal ou ainda o mundo da ciência divulgado por compêndios e periódicos específicos, como foi O Patriota , editado entre 1813 e 1814, dá novos sentidos ao que se espera daqueles textos e forma outras expectativas em relação à possibilidade leitora e letrada (56). ● O mundo dos sentidos e das expectativas das práticas em torno dos impressos se alastrava (56). ● A tecnologia da escrita e da impressão ampliou o alcance visual, permitindo a chegada de informações de outros lugares e de outras pessoas, promovendo gradualmente mudanças nas (56) relações sociais (57).

REDES DE COMUNICAÇÃO: A EXPANSÃO DOS JORNAIS DE NORTE A SUL ● Uma das primeiras medidas da Junta de Governo português após a revolução constitucional foi decretar a liberdade de imprensa, em 21 de setembro de 1820. Menos de um mês depois, em 13 de outubro, foi liberada a circulação dos impressos

8

portugueses fora de Portugal. Tudo isso teria influência direta no Brasil, que neste momento sediava a monarquia portuguesa. D. João VI, por sua vez, assina em 2 de março de 1821, um decreto suspendendo provisoriamente a censura prévia para a imprensa em geral (63). ○ A proliferação de periódicos pelo território significará também a aplicação de outras medidas restritivas: em janeiro de 1822, D. Pedro proíbe o anonimato das obras a fim de que houvesse sempre um responsável pelo seu conteúdo. E na convocação da Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, em junho daquele ano, o regente elabora um decreto contra os abusos da imprensa. Era preciso evitar que “ou pela imprensa ou verbalmente ou de qualquer outra maneira propaguem e publiquem os inimigos da ordem, da tranquilidade e da união, doutrinas incendiárias e subversivas” (64). ● (...) Será, sobretudo nas regiões mais importantes - Rio, Bahia e Pernambuco -, que as redes de comunicação do mundo impresso se constituirão mais precocemente, embora se possa notar o aparecimento de títulos impressos em todas as principais províncias. Esse número aumentaria ainda mais durante o Período Regencial (1831-1840). Só no Rio de Janeiro, em 1821, surgem dez novos periódicos. E o Catálogo de Periódicos da Biblioteca Nacional registra, apenas na década de 1820, 53 novos periódicos (66). ○ De 1821 a 1830, começam a ser editados jornais em Pernambuco, Maranhão, Pará, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás (69). ● Do ponto de vista do conteúdo, cada vez mais priorizavam informações oriundas dos territórios onde estavam inseridos. As notícias da Europa que tinham primazia na velha Gazeta do Rio de Janeiro ocupavam agora cada vez menos espaço. O território mais longínquo que interessava aos leitores dizia respeito ao que se passava na capital do Império, mas mesmo assim as informações que tinham preferência eram aquelas que falavam diretamente aos interesses locais. Frequentemente divulgavam notícias oriundas das diversas províncias. Publicavam também um diálogo intenso do público, normalmente sob a rubrica Correspondências ou Avisos, no qual os leitores, sempre escondidos com pseudônimos, enviavam suas opiniões sobre temas políticos em efervescência (70).

9

● A primeira explosão da palavra impressa em território brasileiro, com o aparecimento de numerosos títulos de 1820 a 1840, nas principais províncias, possibilitou, portanto, a construção de uma rede de comunicação que fazia circular as informações, não só aquelas que vinham da Corte, mas também de outras localidades do país. Pelas letras impressas dava-se a ver um vasto território, que aparecia fixado naquelas publicações, sobretudo quando era necessário esclarecer rumores (73).

É preciso aplacar rumores... ● (...) O sentido de comunicação verdadeira e definitiva fazia dos impressos meios fundamentais para transformar a palavra oral em algo fluido, enquanto aquilo que figurava como registro nos periódicos significava a permanência. A palavra impressa se constituía na palavra duradoura. “As palavras passam, e esquecem [...] só a escritura as fixa, e lhes dá uma duração permanente”, dizia um Panfletário, citado por Silva (75). ● A imprensa servia (...) para que os “atos e providências” de diferentes governos chegassem ao conhecimento de todos. Mas os jornais tinham outras funções: definir a posição política adotada; expressar opiniões e juízos de valor; discutir as palavras da ordem do dia; e ampliar conhecimentos, dando aos que manejavam a pena o privilégio de instruir, educar, enfim, levando as Luzes àqueles que estavam “imersos nas trevas da ignorância” (75). ● O perfil de alguns redatores responsáveis pela publicação desses periódicos que proliferaram em diversas províncias no período das Regências (e mesmo antes) pode revelar um pouco do que movia esses personagens na produção dessas folhas que travavam múltiplos combates na cena política e, sobretudo, discutia ideias numa arena pública. Podiam ser comerciantes, médicos, padres, professores, militares, magistrados e políticos. Assumindo publicamente o papel de intérpretes daquela sociedade, tomavam para si o lugar de intelectuais, ganhando notoriedade política. Representantes orgânicos, no sentido que Gramsci (1989) atribui ao termo, eram porta-vozes de seus interesses individuais ou de grupos, se pretendendo formuladores das ideias políticas, ainda que almejassem também atingir outros grupos sociais (81).

10

○ (...) Padres, magistrados, juízes, professores, oficiais do exército num primeiro momento foram sendo ultrapassados por políticos que ocupavam postos como deputados, denotando a importância de se ter um periódico como arena política para se ascender politicamente. Muitas vezes, portanto, a criação do periódico tinha como finalidade permitir a construção de um lugar na política para os seus redatores. Os periódicos tiveram também importante papel nas revoltas emancipacionistas (81). ● (...) A rede de comunicação que se estabeleceu construindo uma esfera pública política e escriturária se dava em múltiplas dimensões: pela troca de informações e serviços entre os que dominavam as técnicas impressoras; pela repetição das temáticas editadas; pela construção de periódicos com feição gráfica semelhante que funcionavam como se fossem uma mesma e única materialidade; e, sobretudo, pela construção de uma rede de redatores que assumiam a tarefa de difundir ideias, transformando-se em intérpretes autorizados das opiniões e informações que circulavam naquelas cidades (93). ○ Como uma rede comunicacional de múltiplas dimensões, esse periódicos explicitavam em seu conteúdo o movimento político em que estavam imersos, citando-se mutuamente, seja como aliados ou adversários, e “apresentando-se como arautos da mesma liberdade” (SILVA, 2006, p. 47). A imprensa se constituía no lugar privilegiado de divulgação e vulgarização das ideias, possibilitando a sua cristalização como senso comum em diferentes espaços liberais (93). ● Havia a certeza de que [a imprensa] poderia alcançar milhares de lugares, transpondo espaços e barreiras territoriais, podendo difundir conceitos e opiniões de maneira extensiva. Havia a convicção de que os modos d...


Similar Free PDFs