O problema da definição da arte PDF

Title O problema da definição da arte
Author Graça Gonçalves
Course Filosofia Medieval I
Institution Universidade do Porto
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Summary

A DIMENSÃO ESTÉTICA — ANÁLISE E COMPREENSÃO DAEXPERIÊNCIA ESTÉTICA [FILOSOFIA DA ARTE]SUMÁRIOAntes de começar ................................................................................................................................................... 2 1. O PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DE ARTE O que...


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A DIMENSÃO ESTÉTICA — ANÁLISE E COMPREENSÃO DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA [FILOSOFIA DA ARTE] SUMÁRIO Antes de começar ………………………………………………………………………………………………………………………………… 2 1. O PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DE ARTE O que é a arte? O que é um objeto artístico? …………………………………………………………………………………… 3 O conceito de arte ……………………………………………………………………………………………………………………………… 6 1.1. TEORIAS ESSENCIALISTAS A arte como imitação/representação ………………………………………………………………………………………………… 9 A arte como expressão ……………………………………………………………………………………………………………………… 12 A arte como forma ……………………………………………………………………………………………………………………….…… 15 Organizar Ideias ………………………………………………………………………………………………………………………………… 21 Praticar …………………………………………………………………………………………………………………………………….………… 25 1.2. TEORIAS NÃO ESSENCIALISTAS Teoria institucional …………………………………………………………………………………………………………………………… 26 Teoria histórica ………………………………………………………………………………………………………………………………… 28 Organizar Ideias ………………………………………………………………………………………………………………………………. 32 Praticar ……………………………………………………………………………………………………………………………………………… 34 FICHA FORMATIVA ……………………………………………………………………………………………………………………………… 35

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ANTES DE COMEÇAR… O termo estética tem as suas raízes na expressão grega aisthesis, que significa «perceção através dos sentidos e/ou dos sentimentos». A estética, embora tão antiga quanto a filosofia, só aparece como disciplina filosófica a partir do século XVIII, por volta de 1750, sendo o filósofo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762) o responsável por tal facto. Por estética Baumgarten referia-se à disciplina que tenta sistematizar racionalmente a diversidade de experiências da beleza na arte, considerando assim a estética uma teoria do conhecimento sensível. A estética seria então uma ciência da sensibilidade e, consequentemente, uma capacidade dos órgãos dos sentidos para apreciar a beleza. Eis alguns dos problemas sobre os quais a estética se debruça: O que é o belo? O que é uma experiência estética? O que é um juízo estético? A filosofia da arte ultrapassa o domínio da estética. Embora com pontos em comum, são disciplinas distintas. O desenvolvimento das artes levou a que surgissem novos problemas que não estavam já no âmbito da estética: O que é a arte? O que é um objeto artístico? Como se avalia uma obra de arte? Estas são algumas das questões que se integram na filosofia da arte. Hoje em dia, considera-se que a filosofia da arte é uma especialização da estética. CONCEITOS NUCLEARES Estética: Nasce a partir do momento em que a crítica do «gosto», ou seja, a reflexão sobre as condições que permitem avaliar algo como belo, substitui qualquer dogmática do belo. Emprega-se vulgarmente como sinónimo de belo ou como designação daquilo que se refere à beleza. A estética corresponde à teoria da sensibilidade, à beleza, particularmente à beleza artística, e, por extensão, à reflexão que se aplica à arte. Experiência estética: A experiência estética é uma experiência polivalente, já que pressupõe diferentes conceções do objeto específico da estética. É sempre uma vivência subjetiva de um prazer ou desprazer provocado por um objeto, seja ele a contemplação da natureza ou de uma obra de arte.

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1. O PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DE ARTE O QUE É A ARTE? O QUE É UM OBJETO ARTÍSTICO? A este propósito, comecemos por analisar o texto seguinte. TEXTO 1 A questão acerca da natureza da arte é antiga. Nasceu com Platão e daí para cá não tem deixado de, uma ou outra vez, inquietar os filósofos. Mas na segunda metade do século XX esta

questão

grande

parte

impôs-se devido

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surpreendentes

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filosoficamente perturbantes mutações que iam acontecendo na prática artística. A perplexidade era compreensível. Até aí, quase toda a gente sabia como decidir se um objeto era ou não uma obra de arte porque a diferença entre as obras de arte e os outros objetos era explicitamente exibida nas próprias obras pela via de propriedades de forma e conteúdo. Por exemplo, era uma condição necessária, para que uma coisa fosse uma pintura ou uma escultura, que fosse uma imagem, a duas ou três dimensões, de um objeto ou acontecimento, real ou fictício. Aquilo a que hoje chamamos arte abstrata não seria admitido como arte por não satisfazer este requisito. A música combinava sons de acordo com regras respeitantes à harmonia, melodia e ritmo, e modalidades estabelecidas, como a sonata, a fuga e a sinfonia. Assim, as obras de Cage ou Stockhausen não se enquadrariam nesse domínio. A literatura, o teatro e a dança obedeciam também a regras próprias e não havia qualquer lugar no sistema das artes para realidades como os happenings, os objects trouvés, os ready-made ou a arte conceptual. «Objeto ansioso» foi a expressão inventada pelo crítico de arte Rosenberg para designar a espécie de criação artística que visa deliberadamente manter-nos na incerteza sobre se é ou não uma obra de arte. O mais célebre de todos foi A Fonte, de Duchamp, mas outros apareceram depois dele que continuaram a dividir os filósofos quanto à posição que deviam tomar a seu respeito. C. D’Orey (org.), O que é a arte? A perspetiva analítica, Dinalivro, 2007, pp. 9-10. 1. Que problemas trouxe o século XX à natureza da arte?

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Segundo o texto, a arte da segunda metade do século XX veio pôr em causa os critérios que até então permitiam determinar o que era ou não arte. VAMOS DEBATER? As designadas «obras de nada», isto é, obras com o mínimo de materialidade, feitas virtualmente de vazio, são um bom exemplo da arte da segunda metade do século XX. Uma das mais conhecidas e polémicas é, sem dúvida, 4’33’’, de John Cage. A peça, composta em 1952, pode ser executada por qualquer grupo de instrumentos e está dividida em três movimentos de duração desigual (30’’, 2’23’’ e 1’40’’) durante os quais os intérpretes não tocam rigorosamente nada. A indicação do início e fim de cada movimento é dada a partir de um qualquer sinal, por exemplo, fechando a tampa do piano para determinar o seu começo e abrindo-a para indicar o seu término (ou vice-versa). É recomendado que os instrumentistas estejam concentrados, que marquem o tempo e que virem corretamente as páginas da partitura. A primeira interpretação desta peça ocorreu em 1952, em Woodstock, pelo pianista David Tudor. Até que ponto podemos chamar arte a obras como as de John Cage? https://www.youtube.com/watch?v=JTEFKFiXSx4 https://www.youtube.com/watch?v=klpCX9xoHY4&t=2s

CONCEITO NUCLEAR Arte: O termo tem como raiz etimológica a palavra grega techné e o conceito latino ars, que designam a técnica, a perícia, assim como a criação artística, a procura do belo. Enquanto prática, ela é a realização do artesão, aquele que domina uma arte no primeiro sentido, ou do artista, no qual um talento ou características particulares o tornam apto a criar a beleza. A arte, no sentido de artesanato ou de técnica, não deve ser oposta de forma rígida à criação artística, pois ela está longe de se reduzir à repetição de um gesto irrefletido. A arte que visa a criação do belo liberta-se, à partida, do útil e de um fim determinado. A arte foi durante muitos séculos entendida como o território do belo, daí, por exemplo, a designação, ainda hoje comum, de belas-artes. A beleza correspondia à ordem e à proporção e o feio (ou horrível) era entendido como ausência de beleza, desordem e assimetria. Belo e feio relacionavam-se dicotomicamente, não só em termos de agrado ou desagrado, mas também em termos morais, facilitando o reconhecimento da fronteira entre arte e não-arte. O belo era pertença da arte, o feio não; o belo identificava-se com o bem, o feio não.

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A repulsa causada pelo feio resulta, possivelmente, da dificuldade em lidar com o diferente. O feio causa repulsa, incomoda; o belo atrai, apazigua. Daí que o feio fosse identificado com a imperfeição, ou ausência de beleza, e o belo com a perfeição. A arte contemporânea veio alterar o conceito de arte, transformando e alargando os termos da definição da obra de arte. A arte deixa de ser exclusivamente o território do belo para se alargar a outras formas de ver, interpretar e comunicar o e com o mundo. O feio (ou horrível), por exemplo, excluído do território artístico durante séculos, é elevado a categoria estética. Deixa, pois, de ser considerado o polo negativo do belo e emerge enquanto possibilidade artística. A beleza representa a ordem e a proporção; o feio corresponde à desmedida, à desordem e desarmonia. O que haverá na representação do feio capaz de suscitar um fascínio distinto daquele que é suscitado pela representação do belo, e tão necessário quanto este último? A arte contemporânea alterou a visão tradicional do belo e do feio, diluiu as fronteiras e as definições. Esta indeterminação abriu as portas ao diálogo e à convivência entre perspetivas consideradas incompatíveis, transformando a arte num território de absoluta liberdade.

À esquerda, o retrato do Papa Inocêncio X (1650), do pintor espanhol Diego Velásquez (1599-1660), em estilo realista. O vermelho e o dourado marcam a imponência e a autoridade da figura. Em 1953, o pintor irlandês Francis Bacon (1909-1992) fez um estudo sobre o mesmo quadro em que o amarelo dá ao trono a aparência de uma cadeira elétrica e a figura papal parece gritar de dor (à direita). O horror que Bacon colocou na expressão do Papa diz-nos que ele é humano, falível e mortal.

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O CONCEITO DE ARTE Antes de avançarmos, convém esclarecer que critérios marcaram a evolução do conceito de arte ao longo dos tempos, o mesmo é perguntar pelas características que um objeto deve ter para ser considerado arte.

Esta breve viagem permite perceber que a evolução da arte, dos seus critérios e formas tem como pano de fundo um contexto social, histórico e cultural e que os artistas são, como todos os seres humanos, produto da sua circunstância.

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A perceção desta circunstância coloca-nos um problema quanto a uma consensual definição de arte e de obra de arte. Se, de uma forma mais objetiva, as idades mais remotas da história nos deram uma definição, a arte contemporânea contribui para a desconstrução das fronteiras das definições de arte e obra de arte. Dizer que a obra de arte é: → uma produção humana; → um prazer sensível; → uma forma estética; → uma obra aberta. E acrescentar que é: → interpretação/compreensão do mundo; → expressão e liberdade; → comunicação; → intermediária entre o mundo interior e o mundo exterior; → desejo de imortalidade. Permite concluir que a arte e a obra de arte apelam: → aos conhecimentos; → à inteligência; → às tradições; → aos sentimentos. Tudo isto nos ajuda a dizer o que é a arte e a obra de arte, mas não serve para a definir. Em arte pode fazer-se seja lá o que for, mas nem todo o seja lá o que for é arte. Uma coisa sabemos: a arte não é invenção, é criação. E isto distingue-a da técnica e da ciência. Retomemos então o problema: afinal o que é a arte? O que é um objeto artístico? O que queremos é uma definição de arte, isto é, saber que características têm em comum todas as obras de arte. O mesmo é perguntar pelas condições necessárias e suficientes para que um objeto seja considerado artístico. Este é um dos problemas centrais da filosofia da arte e ganhou uma enorme centralidade a partir do momento, mais propriamente com a arte contemporânea, em que uma pluralidade de objetos passou a poder ser classificado como artístico.

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Ensaiemos então uma resposta a este problema através da análise de três das mais importantes teorias de definição de arte: a teoria da arte como imitação/representação, a teoria da arte como expressão e a teoria da arte como forma. Estas três teorias são consideradas teorias essencialistas, uma vez que defendem que existem propriedades essenciais comuns a todas as obras de arte.

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1.1. TEORIAS ESSENCIALISTAS A ARTE COMO IMITAÇÃO/REPRESENTAÇÃO A teoria da arte como imitação tem a sua origem na Grécia Antiga, com os filósofos Platão e Aristóteles. Embora estes defendam que a arte é imitação, as suas posições são bem distintas. Platão defende que um objeto é belo pelas suas características intrínsecas, isto é, as características que se encontram somente no objeto. O belo é belo por si, independentemente do sujeito que o frui. Platão distinguia a beleza ideal do tipo de beleza a que aspiravam os artistas. Esta beleza considerava-a prescindível, já que não era autêntica, e daí a sua visão negativa dos artistas que considerava ilusionistas da beleza ideal, pois a verdadeira beleza, defendia, está nas ideias e não nas coisas sensíveis, que são meras cópias da realidade. Para Platão, a arte é sempre imitação ( mimesis), é uma reprodução inadequada dos objetos ideais que lhe estão subjacentes. Nesta medida, considera-a uma aparência sensível do que é representado e, como tal, nada tem a ver com a verdade. A verdade reside nas ideias; a representação sensível é mera cópia imperfeita e, como tal, é apenas aparência de verdade. Aristóteles tem, por seu lado, uma visão mais positiva dos artistas e da arte. Ele, tal como Platão, afirma que a arte é imitação, porém, essa imitação é verdadeira. Vejamos o que diz. TEXTO 2 A poesia épica, a tragédia e a comédia, assim como a poesia ditirâmbica e a maior parte da arte de tocar flauta e lira, são todas geralmente concebidas como imitações. Diferem, porém, entre si, em três aspetos: os meios utilizados para imitar, os objetos imitados e os modos de imitação. (…) Uma vez que aquilo que é imitado são os homens a praticar alguma ação, e estes homens são necessariamente de elevada ou de baixa índole (…), segue-se que os poetas também têm de imitar homens melhores, piores ou iguais a nós. O mesmo se passa na pintura. (…) Ora, é evidente que cada uma das imitações atrás referidas revela as mesmas diferenças e cada uma delas, ao imitar objetos que são diferentes, corresponde a diferentes tipos de imitação. (…) A mesma diferença separa a tragédia da comédia, pois esta procura imitar os homens piores e aquela melhores do que normalmente são. Há ainda uma terceira diferença – o modo como se efetua a imitação. De facto, sendo os meios os mesmos, assim como os objetos, o poeta pode imitar de forma narrativa (…) ou pode imitar apresentando todas as suas personagens como se vivessem e agissem diante de nós. Como começámos por dizer, estas são, pois, as três diferenças que distinguem na imitação artística: os meios, os objetos e o modo. Por isso, de um ponto de vista, Sófocles é um imitador do mesmo tipo que Homero, dado que ambos imitam

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pessoas de caráter elevado; de outro ponto de vista, é um imitador do mesmo tipo que Aristófanes, dado que ambos imitam as pessoas a agir e a fazer coisas (como se estivessem diante de nós). Aristóteles, Poética, INMC, 1994, 1447a-1448a. 1. Em que diferem entre si as artes e o que as aproxima? 2. Que modos de imitação existem, segundo Aristóteles? Aristóteles apresenta no texto a distinção que estabelece entre os diferentes tipos de imitação em função dos meios utilizados para imitar, dos objetos a imitar e dos modos de imitar, sendo que os diferentes tipos de imitação correspondem às diferentes formas artísticas de então. Segundo Aristóteles, a arte:

Contudo, a teoria da arte como imitação levanta uma série de problemas: não sendo a imitação um exclusivo da arte, tudo o que é imitação é arte? Ou, que interesse pode ter a arte se se limitar a imitar? Ou ainda, a imitação de uma obra de arte é ela mesma arte? Isto é, a fraude e a contrafação podem ser consideradas arte?

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VAMOS DEBATER? Suponhamos que um falsário recria com perfeição uma obra de Dalí – feita ao estilo exato do mestre, imaculada até à última pincelada, indetetável como falsa pelos peritos. Normalmente, por melhor que seja, uma cópia é desprezada, já que não é uma obra do mestre, é uma mera imitação à qual falta a originalidade e o génio criativo. Mas logo que a obra seja separada das suas raízes, não passarão tais considerações a ser secundárias? O que responderão os defensores da teoria da arte como imitação? Vejamos os aspetos a favor e contra a teoria da arte como imitação.

Se a imitação fosse o critério que separa arte de não arte, a arte ficaria reduzida a um pequeno número de produções. Acresce que, se o valor estético de uma obra dependesse do seu grau de aproximação à realidade, o belo artístico seria sempre secundarizado em relação ao belo natural. Coloca-se, ainda, a questão de saber como se acede à realidade original que está na raiz da obra, para se conseguir determinar a fidelidade da cópia. Ora, isso, na maior parte das vezes, não é possível, porque o tempo que separa o momento de criação do momento de contemplação é, ou pode ser, imenso, assim como não é possível aceder ao objeto original que terá estado na origem da obra. Para responder a estas objeções, alguns autores propuseram que, em vez de arte como imitação, se utilizasse a designação arte como representação.

Deste modo, e porque o conceito de

representação contém em si o de imitação, torna-se possível classificar como arte, não apenas o que imita, mas também o que representa (ou simboliza) alguma coisa, e que, por conseguinte, reclama interpretação. Assim, embora a Ave Maria Schubert, por exemplo, nada imite, o facto é que podemos argumentar que representa a alegria, introspeção ou esperança e que, por isso, é arte.

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No

entanto,

mesmo

após

a

revisão

do

conceito, esta abordagem não está isenta de críticas, pois continua a haver obras que nada representam, como é o caso de algumas pinturas com jogos de cores ou composições geométricas (por exemplo, na arte cinética) que não são concebidas para representar nada, mas para criarem efeitos visuais por meio de movimentos físicos ou ilusão de ótica que, não obstante, são considerados arte. Victor Vasarely, Vega III, 1957-1959.

A ARTE COMO EXPRESSÃO Esta teoria, também conhecida como teoria expressivista, tenta ultrapassar as limitações da teoria da imitação colocando no criador a chave da compreensão da arte. Podemos sintetizar esquematicamente a teoria do seguinte modo:

TEXTO 3 A atividade da arte é baseada no facto de que o homem, ao receber pela audição ou visão as expressões dos sentimentos de outro homem, é capaz de experimentar os mesmos sentimentos daquele que os expressa. O exemplo mais simples: um homem ri e outro homem sente-se alegre; ele chora e o homem que ouve esse choro sente-se triste; um homem está animado, aborrecido, e outro, olhando-o, entra no mesmo estado. Com os seus movimentos, o som da sua voz, um homem demonstra alegria, determinação ou, ao contrário, melancolia, calma – e essa disposição comunica-se aos outros. (…) A atividade da arte baseia-se nessa capacidade que as pessoas têm de ser contagiadas pelos sentimentos de outras pessoas. (…) A arte começa quando um homem, com o propósito de comunicar aos outros um sentimento que ele experimentou certa vez, o invoca novamente dentro de si e o expressa por certos sinais exteriores. (…) É arte se um homem, tendo experimentado na realidade ou em imaginação o horror do sofrimento ou a delícia do prazer, expressa esses sentimentos sobre a tela ou no mármore de tal maneira que outros sejam contagiados por eles.

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E da mesma forma será arte se um homem que vivenciou ou imaginou sentimentos de regozijo, felicidade, tristeza, desespero, alegria, melancolia, bem como as transições entre esses sentimentos, vier a expressá-los em sons, de forma que os ouvintes se contagiem deles e os vivenciem da mesma maneira como ele os experimentou. L. Tolstoi, O que é a Arte?, Edidouro, 2002, pp. 73-75 (adaptado). 1. Utilizando frases do texto, exponha as características da arte, segundo o autor.

A teoria da arte como expressão considera que só existe arte se houver expressão de emoções e sentimentos por parte do artista e se a sua obra contagiar com as mesmas emoções e sentimentos o seu público. O escritor e pensador russo Lev Tolstoi foi um dos protagonistas desta teoria.<...


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