O problema da existência de Deus resumos PDF

Title O problema da existência de Deus resumos
Author mabel baker
Course Filosofia
Institution Ensino Secundário (Portugal)
Pages 7
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Summary

Resumos de filosofia- o problema da existência de DeusConceito Teísta de DeusPor «Deus teísta» entende-se o Deus com os seguintes predicados: omnipotente (que pode fazer tudo); omnisciente (que sabe tudo); sumamente bom (moralmente perfeito); criador ; e pessoa (não uma força da natureza).O PROBLEMA...


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Resumos de filosofia- o problema da existência de Deus Conceito Teísta de Deus Por «Deus teísta» entende-se o Deus com os seguintes predicados: omnipotente (que pode fazer tudo); omnisciente (que sabe tudo); sumamente bom (moralmente perfeito); criador; e pessoa (não uma força da natureza). O PROBLEMA DA EXISTÊNCIA DE DEUS: Haverá boas razões que mostrem que há ou não Deus? A resposta a esta questão assenta tradicionalmente em três argumentos que tentam demonstrar a existência de Deus.  Argumento cosmológico (à posteriori)  Argumento teleológico (à posteriori)  Argumento ontológico (à priori) Argumento cosmológico (ou da causa primeira) Neste argumento começa-se com factos simples acerca do mundo, como o facto de nele haver coisas cuja existência é causada por outras coisas, para daí se concluir que tem de haver uma primeira causa, ou seja, Deus. - Argumento de Tomás Aquino. formulação do argumento cosmológico  Existem coisas no mundo.  Se existem coisas no mundo, então tais coisas foram causadas a existir por alguma outra coisa.  Se as coisas do mundo foram causadas a existir por alguma outra coisa, então ou há uma cadeia causal que regride infinitamente ou há apenas uma primeira causa que é a origem da cadeia causal.  Mas não há uma cadeia causal que regride infinitamente.  Logo, há apenas uma primeira causa (a que chamamos Deus) que é a origem da cadeia causal. A premissa 1 é trivial. A premissa 2 explicita a ideia de que essas coisas que existem no mundo não se causaram a si mesmas. Pelo contrário, tais coisas foram causadas por outras coisas Na premissa 3 elencam-se duas possibilidades que podem explicar o que poderá causar as coisas que existem no mundo. A primeira é a hipótese de uma cadeia causal que regride infinitamente. A segunda hipótese é admitir que há apenas uma primeira causa, a qual não tem causa, que é a origem de toda a cadeia causal. Assim, em vez da cadeia causal regredir infinitamente, essa cadeia irá parar numa causa primeira incausada e sobrenatural, como Deus. Na premissa 4 afirma-se que a hipótese de uma regressão ao infinito na cadeia das causas não é plausível. Porquê? Se a regressão das causas fosse infinita, então não haveria nada no seu início que desse origem à própria cadeia causal que deu origem a tudo o que temos hoje. Do mesmo modo, se não houver uma primeira causa (ou seja, Deus), deixaria de haver a própria cadeia causal e nada existiria. Mas como existem coisas e cadeias causais, segue-se que terá de haver uma primeira causa.

Objeções ao argumento cosmológico Objeção à premissa 3: falácia do falso dilema A premissa 3 parece cometer a falácia do falso dilema, pois apresenta apenas duas opções para explicar as coisas que existem no mundo quando podemos pensar em mais possibilidades relevantes. Se Tomás de Aquino queria concluir que há apenas uma única causa primeira teria de explicar por que razão a possibilidade de haver várias primeiras causas não é plausível. Se o universo tiver resultado de várias causas, isto pode, por exemplo, implicar a existência de vários deuses. Objeção à premissa 4: pode haver uma cadeia causal infinita Por definição, uma cadeia causal que regride infinitamente não tem uma primeira causa . Portanto, é falso que, se retirássemos a causa primeira (ou seja, se esta não existir), a cadeia causal e tudo o que existe no mundo deixaria de existir. Objeção à conclusão 5: não implica o Deus teísta Por fim, em relação à conclusão 5, mesmo que se possa concluir que existe uma causa primeira, nada garante que essa causa seja o Deus teísta; ou seja, a primeira causa da cadeia causal não precisa de ter os atributos tradicionais do teísmo, como a omnipotência, a omnisciência, ou a suma bondade.

O argumento teleológico (ou do desígnio) O ponto de partida do argumento teleológico é o nosso sentimento de surpresa por muitas das coisas que existem no nosso universo manifestarem ordem e desígnio. A partir disso, procura mostrar-se que seja o que for que produziu o universo tem de ser um ser inteligente. Considere-se que enquanto passeamos por uma mata encontramos um relógio no chão e nos questionamos sobre como esse objeto poderia estar naquele lugar. Tendo em conta os dados ou a evidência observada, isto é, as características específicas do relógio temos duas hipóteses para explicar esse fenómeno: ou o relógio foi concebido por um relojoeiro ou o relógio formou-se por acaso. Dada a estrutura intrincada do relógio, que permite desempenhar uma certa função (assinalar a hora do dia) seria extremamente surpreendente que este se tivesse formado por acaso. Assim, podemos dizer que a hipótese que explica melhor os fenómenos observados é a hipótese de relojoeiro em vez da hipótese do acaso. Agora, em vez do relógio, suponha-se que partimos dos seguintes dados, evidências ou observações: Tendo em conta essas maravilhas da natureza, temos duas hipóteses para explicar esse fenómeno: ou os seres vivos foram concebidos por Deus ou formaram-se por acaso. Ora, presumivelmente, as maravilhas da natureza são menos surpreendentes se foram concebidas por Deus do que se foram concebidas por acaso. Assim, tais maravilhas da natureza confirmam a hipótese de Deus em detrimento da hipótese do acaso. Por isso, podemos concluir que os dados ou observações sobre as maravilhas da natureza confirmam a existência de Deus. Objeções a argumento teleológico Objeção à premissa 1: falácia do falso dilema A premissa 1 há uma falácia informal do falso dilema. Isto porque, além de Deus e do acaso, há uma terceira hipótese muito relevante: a teoria evolucionista de Charles Darwin. De facto, Darwin também forneceu uma explicação alternativa para a origem da ordem no universo, que normalmente interpretamos como sendo um desígnio divino. Para este autor, na origem do desenvolvimento das espécies não esteve qualquer propósito divino, mas sim a seleção natural

O argumento ontológico Na versão clássica de Santo Anselmo, parte-se da definição de Deus como «ser maior do que o qual nada pode ser pensado». E a partir desta definição conclui-se que Deus existe na realidade, pois se Deus não existisse ou se apenas existisse no pensamento, mas não na realidade, não seria aquele ser maior do que o qual nada pode ser pensado. Numa versão simples, o argumento pode ser apresentado tal como se segue:    

Deus existe no pensamento. Se Deus existe no pensamento e não na realidade, então um ser mais perfeito do que Deus é concebível. Mas não é concebível um ser mais perfeito do que Deus. Logo, Deus existe na realidade.

Na premissa 1 afirma-se que Deus existe pelo menos como entidade mental Na premissa 2 sustenta-se que se Deus existir apenas como entidade mental, mas não como existente na realidade, então seria possível conceber um ser mais perfeito do que Deus. Porque dessa forma parece que podemos imaginar um ser ainda melhor e mais perfeito do que esse Deus; Porém, na premissa 3 advoga-se que não se pode conceber um ser mais perfeito do que Deus. Ora, afirmar que Deus é o ser maior do que o qual nada pode ser pensado é o mesmo que dizer que Deus é o ser maximamente perfeito, isto é, o ser com todas as qualidades (como a omnipotência, a omnisciência e a suma bondade, entre outras) e, por isso, não se pode conceber outro ser melhor ou mais perfeito do que Deus Objeções ao argumento ontológico Objeção 1: pode provar-se coisas que não existem  A ilha Perfeita existe no pensamento.  Se a ilha Perfeita existe no pensamento e não na realidade, então uma ilha mais perfeita do que a ilha Perfeita é concebível.  Mas não é concebível uma ilha mais perfeita do que a ilha Perfeita.  Logo, a ilha Perfeita existe na realidade. Objeção 2: a existência não é um verdadeiro predicado No argumento ontológico, Anselmo parece sustentar que a existência é um predicado que se acrescenta ao conceito de Deus, definido como um ser maior do que o qual nada pode ser pensado (ou seja, é maior ter a propriedade de existir do que não ter essa propriedade). Porém, como vimos, afirmar que algo existe não acrescenta nada ao conceito de um tal ser; apenas afirma que o conceito é exemplificado. Não há diferença de propriedades entre o conceito de um Deus existente e de um Deus não existente. A existência não envolve uma nova propriedade. E se a existência não é uma propriedade ou um predicado, então um ser maximamente perfeito não é maior se existir do que se não existir. Por exemplo, suponhamos que vemos um cão que parece ser branco com manchas pretas (talvez um dálmata). Quando dizemos que o cão é branco com manchas pretas estamos a acrescentar propriedades (de ser branco com manchas pretas) ao conceito de cão. Esta não é uma propriedade essencial do conceito de cão, pois há outros cães que não são brancos com manchas pretas. No entanto, quando dizemos que o cão existe não estamos a acrescentar nada ao conceito de cão; simplesmente, estamos a afirmar que o conceito de cão é exemplificado. Objeção 3: falácia da petição de princípio Quando se diz na premissa 1 que «Deus existe no pensamento» já se está comprometido, pela definição apresentada de Deus, com a ideia de que Deus existe na realidade.

O argumento mal (para a discussão da existência de Deus) O argumento do mal talvez constitua uma das razões mais fortes contra a existência do Deus teísta, defendendo que a presença de mal no mundo é um forte indício contra a existência de Deus. São muitos os exemplos que se podem apresentar de mal natural e de mal moral existentes no mundo. Por um lado, o mal moral refere-se ao mal que tem origem nas ações humanas como os assassinatos, torturas, roubos, etc. Por outro lado, o mal natural refere-se ao mal que não tem origem nas ações dos seres humanos, como terramotos, furacões, alguns tipos de doenças, etc. Para desenvolver o argumento devemos fazer uma distinção entre mal justificado e mal não justificado. O primeiro é o mal que, se não existir, leva a que se perca algum bem maior. Por exemplo, uma má ação que é perdoada ou uma doença que é suportada corajosamente; nestes casos, se o mal não existir, estamos ao mesmo tempo a eliminar o bem maior do perdão ou da virtude da coragem. Pelo contrário, o segundo tipo de mal (não justificado) é aquele que, se não existir, não leva a que se perca qualquer bem maior. Por isso, este último tipo de mal é sem sentido, ou gratuito. Tendo em conta essa evidência sobre o mal gratuito, temos duas hipóteses relevantes para explicar esse fenómeno:  Teísmo: há um designer sobrenatural omnipotente, omnisciente e moralmente perfeito.  Ateísmo: não há um designer sobrenatural omnipotente, omnisciente e moralmente perfeito. A existência de mal gratuito que supostamente encontramos no mundo é muito improvável do ponto de vista do teísmo, mas não é improvável do ponto de vista do ateísmo. Isto porque se o Deus teísta existe, sendo omnisciente, moralmente perfeito e omnipotente, ele sabe, quer e tem poder para eliminar os males gratuitos ou sem sentido; ora, se parecem continuar a existir males gratuitos, isso parece evidenciar que Deus provavelmente não existe Uma formulação possível deste argumento de Rowe é a seguinte: (1) Pelo menos alguns dos males no nosso mundo são gratuitos (por exemplo, o sofrimento do veado). (2) Mas, se Deus existe, não há males gratuitos. (3) Logo, provavelmente, Deus não existe. Antes de se avançar para as objeções, vale a pena notar que mesmo que a conclusão seja verdadeira isso não negará qualquer tipo de designer sobrenatural. Por exemplo, ainda que esse argumento seja bom, não constitui uma refutação da existência de um designer sobrenatural que seja apenas omnisciente e moralmente perfeito, mas não seja omnipotente.

Objeção ao argumento do mal: TEODICEIA DE LEIBNIZ Construir uma teodiceia consiste em dar uma resposta à questão de saber por que motivo Deus permite o mal, mostrando-se dessa forma que nenhum mal é injustificável. (1) Deus criou o melhor de todos os mundos possíveis. (2) O melhor de todos os mundos possíveis tem partes indesejáveis, ou seja, males. (3) Se 1 e 2 são verdadeiras, então Deus permite o mal. (4) Logo, Deus permite o mal. De acordo com Leibniz, Deus criou o melhor de todos os mundos possíveis. Isso decorre da definição do Deus teísta. Porque sendo Deus omnipotente e omnisciente, nada há que o possa impedir de criar o melhor mundo, e a sua perfeição moral obriga-o a criar o melhor mundo possível. Portanto, se Deus existe, o nosso mundo é o melhor mundo. Para Leibniz os males que nos parecem gratuitos não os são de facto. São características de bens que Deus promove. Deus não poderia criar um mundo maximamente perfeito sem criar ao mesmo tempo, coisas que, aos nossos olhos, nos parecem males gratuitos, apesar de não o serem. Leibniz considera que não há afinal qualquer mal gratuito. Os muitos males que parecem fazer parte do Universo são afinal constituintes de bens muitíssimo mais importantes. Leibniz admite, pois, que existem males, mas nega que sejam gratuitos — e é por isso que são compatíveis com a bondade, omnipotência e omnisciência de uma pessoa divina que criou o Universo e tudo o que ele contém. Contudo, o conhecimento imperfeito dos seres humanos não lhes permite ver a totalidade do Universo, e por isso não vêm os bens associados aos males a que assistem. Colocar o problema do mal obriga a ir para além da questão lógica que subjaz à afirmação da veracidade das proposições “Deus existe e é omnipotente e bom” e “existe mal no mundo”, ou seja, dizer que a primeira proposição é verdadeira é, na verdade, consistente com a afirmação de que a segunda proposição também é verdadeira. E Leibniz diz-nos porquê: Deus deve (ou pode) ter uma razão suficiente para tal; o facto de não percebermos qual, não quer dizer que ela não exista. Dizer que o mal existe para que, por contraste, possamos apreciar melhor o bem faz sentido. É a diferença que nos permite compreender e valorizar os opostos. Assim, ainda que Deus possa permitir a presença de alguma dor, sofrimento ou mal-estar para que os seres humanos tenham um quadro de referência quanto aos valores que são mais apetecíveis, tal não justifica a dor e o sofrimento desmesurados. Por fim, pode, ainda, considerar-se outra questão. Admitindo que o melhor dos mundos possíveis é aquele em que o mal moral está presente, pois o livre-arbítrio concedido ao ser humano assim o permite, falta ainda justificar o porquê do mal natural. Não poderia Deus evitá-lo?

O Fideísmo de Pascal O fideísmo é a teoria ou família de teorias parte do pressuposto que não temos de ter provas para acreditar em Deus. A aposta de Pascal O argumento é o seguinte: aceitemos que não conseguimos provar que Deus existe, nem que não existe. Os vários argumentos a favor da existência de Deus não são bons, mas também não temos argumentos bons a favor da inexistência de Deus. Aceitando que há um empate da razão quanto à existência de Deus, o que será melhor fazer? Acreditar ou não? A este tipo de raciocínio (de Pascal) designamos por racionalidade prudencial. É o tipo de racionalidade que, não sendo conducente à verdade, é conducente a benefícios práticos. A crença em Deus tem racionalidade prudencial na medida em que nos proporciona benefícios práticos.

Se Deus existe e acreditamos nele, a recompensa é uma felicidade eterna, ou seja, um resultado positivo com valor infinito – o paraíso. Contudo, se Deus existe e não acreditamos nele, a punição será eterna, isto é, receberemos um resultado negativo com valor infinito – o inferno. Além disso, no caso de Deus não existir, pouco ou nada ganharemos ao acreditar em Deus (talvez possamos ganhar, por exemplo, alguma paz interior e subjetiva que as celebrações religiosas possam proporcionar) e pouco ou nada ganharemos ao não acreditar em Deus (talvez possamos ganhar, por exemplo, algum tempo extra que não gastamos em orações ou missas). De qualquer forma, se Deus não existe, o resultado de acreditar em Deus será praticamente igual ao resultado de não acreditar – ou seja, será algum valor finito (como ganhar alguma paz interior – no caso da crença – ou ganhar algum tempo extra – no caso da descrença). Em suma, o raciocínio de Pascal pode ser apresentado nestes termos: (1) Ou Deus existe ou não existe. (2) Se Deus existe, estaremos melhor como crentes em Deus do que como não crentes. (3) Se Deus não existe, não é pior acreditar do que não acreditar. (4) Ou seja, quer Deus exista quer Deus não exista, acreditar que Deus existe tem um melhor resultado do que não acreditar em Deus, e nunca um resultado pior. (5) Se o passo 4 é verdadeiro, então devemos escolher acreditar que Deus existe. (6) Logo, devemos escolher acreditar que Deus existe.

Objeções ao Fideísmo de Pascal Objeção 1: a matriz não está bem construída Talvez Deus tenha uma razão para recompensar todos com valor infinito positivo (isto é, com paraíso), mesmo aqueles que não acreditam em Deus. Pode questionar-se igualmente se Deus beneficia de igual forma com valor infinito positivo os crentes que têm fé apenas por interesse mesquinho da recompensa e aqueles crentes que têm fé de forma desinteressada e honesta. A matriz em consideração apenas considera o Deus teísta (pois é o Deus com esses atributos que Pascal tem em mente). Mas por que razão não se considera igualmente muitas outras hipóteses, como algum Deus deísta (o qual, por exemplo, não dava qualquer recompensa, mas que poderia castigar infinitamente os teístas), ou um Deus malévolo (que só dava recompensa infinita aos maus ou aos descrentes)? A matriz apresentada por Pascal é muito incompleta, uma vez que não considera outras possíveis hipóteses de divindade e os seus respetivos valores resultantes; todavia, caso se considere essas várias hipóteses, já não será nada óbvio que a racionalidade prudencial exija que se acredite no Deus teísta. Objeção 2: a fé religiosa não se pode basear num cálculo É contrária à moralidade de Deus basear a crença num cálculo de possibilidades. Objeção 3: a crença em Deus não é voluntária A crença em Deus pode não estar sujeita ao livre arbítrio, pode não ser do controlo da pessoa. No entanto, para Pascal, cabe aos indivíduos decidir se querem ou não acreditar...


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