Title | P1Biosseparações - Resumo do conteúdo da disciplina para p1 |
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Author | Nicole Nicolela |
Course | Biosseparações e Bioprocessos Industriais |
Institution | Universidade Federal de São Carlos |
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Resumo do conteúdo da disciplina para p1...
Aula 1: Introdução às operações unitárias em biosseparações
Clarificar Isolar Purificar Polimerizar Purificação – 4 etapas genéricas: 1. Clarificação: Separação das células e seus fragmentos do meio; Remoção de sólidos suspensos, reduz a turbidez do meio. Pode ser feita por: centrifugação, filtração, filtração tangencial, floculação. 2. Isolamento:
Concentração
ou
Rompimento celular quando
purificação
de
o produto está
baixa
resolução;
dentro da
célula
(homogeinização, ultra-som, moinho de bolas, rompimento químico ou enzimático) o Maior ganho de concentração 3. Purificação - De baixa resolução: Separação de moléculas com propriedades físico-químico muito diferentes; - De alta resolução: Separação de moléculas com propriedades físico-químico semelhantes; o Maior ganho de qualidade 4. Polimento:
Acondicionamento
final
do
produto.
Operações
cromatográficas ou simples concentração do meio. Ex. processos: Produção de ácido cítrico, produção de enzima intracelular, produção de antibiótico...
Como escolher as operações unitárias para cada etapa do processo? A definição do processo de purificação, seu número e sequência de etapas, depende da aplicação da molécula-alvo (nível de pureza requerido), suas características físico-químicas e das características das impurezas. Ex.1: Produtos que não requerem alto grau de pureza, como ácidos orgânicos e enzimas industriais: processamento em poucas etapas, como clarificação e concentração.
Ex.2: Produtos que requerem alto grau de pureza, como produtos farmacêuticos:
processamento
em
muitas
etapas,
como
clarificação,
purificação de baixa e alta resolução.
Enzimas industriais são produzidas em grandes volumes e usadas em grandes quantidades, podem ter pureza 95%, e serem livres de contaminantes como príons, LPS, vírus e proteínas do hospedeiro; assim, os custos, número de passos, tempo de processamento e rendimento tornam-se secundários com relação à pureza.
Como reduzir custos e perda molécula-alvo para tornar o processo viável?
Reduzir o número de etapas;
Otimizar ordem das etapas;
Combinar diferentes finalidades em uma única etapa;
Limitar grau de pureza necessário à aplicação da molécula-alvo;
Introduzir modificações genéticas no organismo produtor para facilitar as etapas de purificação.
Aula 1b. Rompimento celular
Considerar: tamanho da célula, tolerância a tensões de cisalhamento, necessidade de controle de temperatura, custo e rendimento do processo. Células envolvidas só por membranas, como as células animais, são frágeis e podem ser rompidas sob baixas tensões, por variação da pressão osmótica, adição de detergentes ou aplicação de ultra-som. Já as células com parece celular robusta, como as microbianas, dificultam o rompimento. As bactérias gram-positivas possuem paredes celulares ainda mais rígidas.
A parede celular pode ser completamente rompida ou apenas o suficiente para liberar a molécula alvo. Após isso, os compostos indesejados devem ser removidos por filtração, centrifugação, precipitação ou extração líquido-líquido.
Métodos de ruptura:
Mecânicos o Homogeneizador de alta pressão o Moinhos de bolas o Prensa French o Ultra-som
Físicos o Choque osmótico o Congelamento e descongelamento o Aquecimento
Químicos o Álcalis o Ácidos o Solventes o Detergentes
Enzimáticos o Lise enzimática o Inibição da síntese da parede celular
Para definir o tempo de operação: Monitorar o número de células intactas Monitorar a liberação de proteínas
Rompimento mecânico – Homogeneizador de alta pressão (prensa francesa)
Vantagens: Efetivo contra múltiplos organismos; Excelente para aumento de escala; Permite operar com grandes volumes.
Desvantagens: Precisa trabalhar com alta pressão; Pode precisar de múltiplas passagens para ter alta eficiência; Pode apresentar problemas de vazamento.
Pistões projetados para aplicações a altas pressões forçam a passagem da suspensão celular por um orifício estreito seguida da colisão com uma superfície rígida e imóvel em uma câmera a alta pressão. A redução instantânea da pressão e o impacto provocam o rompimento celular sem danificar as células. Porém, esse rompimento causa aumento da temperatura do meio, de modo que o equipamento deve ter um sistema de refrigeração. Indicado para células de bactérias e leveduras, mas não para fungos filamentosos, pois eles bloqueiam a válvula de descarga. A quantidade de células rompidas é proporcional à pressão de alimentação. Para aumentar a eficiência, pode-se recircular o material (maior custo, risco de degradar a molécula x obtenção de fragmentos menores). As condições de cisalhamento influenciam a eficiência.
Rompimento mecânico – Moinho de bolas Constitui-se de uma câmera cilíndrica fechada com um sistema de refrigeraão e um eixo que gira em alta rotação. A câmera recebe as esferas de vidro e as células em suspensão. Ao longo do eixo, estão distribuídos discos ou hastes que giram em alta velocidade provocando o atrito entre as esferas e as células, que causa o rompimento celular.
A eficiência depende: I)
da geometria da câmera (horizontal – mais eficiente);
II)
da velocidade (mais rápido, mais rompimento);
III)
do tipo de agitador (o que transferir mais energia é mais eficiente);
IV)
do tamanho das esferas (menor diâmetro, melhor eficiência);
V)
da carga das esferas (carga muito pequena não proporciona colisão, carga muito grande faz as esferas colidirem umas com as outras; tamanho deve ocupar de 80-85% do volume da câmera horizontal e 50-60% da câmera vertical);
VI)
da concentração celular (30-50% do volume da câmera);
VII)
da velocidade de alimentação (a fração de células rompidas diminui com o fluxo de alimentação, pois o aumento deste reduz o tempo de residência no rompedor);
VIII)
da temperatura (deve ser de 5-15ºC)
Indicado para romper: bactérias, leveduras e fungos filamentosos.
Vantagens: Efetivo contra múltiplos organismos; Excelente para aumento de escala; Alta eficiência; Processa altas concentrações celulares; Condições de rompimento são facilmente controláveis.
Desvantagens: Atrito das esferas gera calor; Pode ocorrer degradação de produtos sensíveis ao cisalhamento.
Rompimento mecânico – Ultra-som
Ondas sonoras são convertidas em vibrações em um meio líquido, gerando bolhas pequenas, as quais entram em colapso com o passar do tempo, gerando impacto e rompimento celular. Método muito utilizado em escala de laboratório e inviável em grande escala. A energia ultra-sônica é gerada por um aparelho chamado sonicador e transmitida por uma sonda. O aumento da temperatura deve ser controlado. Uso de diferentes diâmetros de onda para diferentes volumes de trabalho.
Vantagens: Efetivo contra múltiplos organismos; Simples de operar; Eficiente e rápido; Permite trabalhar com pequenos volumes.
Desvantagens: Gera grande quantidade de calor; Pode ocorrer desnaturação do produto; Opera apenas com baixas concentrações celulares; Não é possível aumento de escala.
Rompimento físico – Choque osmótico Rompimento celular em meio com alta concentração osmótica. O choque não rompe
as células integralmente, mas
propicia uma
permeabilidade seletiva, em que algumas proteínas podem ser liberadas para fora da célula. Indicado em especial para gram-negativas (parede celular mais sensível).
Vantangens: Reduz a quantidade de contaminantes que devem ser
retirados em técnicas posteriores.
Rompimento físico – Congelamento / descongelamento A célula é submetida a repetidos ciclos de congelamento e descongelamento, o que gera a formação de cristais de gelo que a perfuram e liberam a molécula alvo. Indicado para rompimento de patógenos. Não indicado para a obtenção de biomoléculas sensíveis.
Rompimento físico – Aquecimento (termólise) A suspensão celular é aquecida em banho termostatizado com injeção de vapor direto. Ampla utilização em larga escala para rompimento de algas, fungos filamentosos, leveduras e bactérias.
Rompimento químico – Álcalis Amônia e hidróxido de sódio Recomendável quando a biomolécula alvo é estável a pH básico. Geram poluentes. Ajusta-se o pH básico e depois de um tempo, reduz-se o pH para ácido e centrifuga-se o homogeinizado.
Rompimento químico – Detergentes Dissociam proteínas e lipoproteínas das paredes celulares, provocando poros (ou rompendo toda a camada), por onde a molécula alvo é liberada.
Limitações: proteínas.
Podem formar espumas que desnaturam as
Rompimento químico – Solventes Solventes, tais como etanol, metanol, acetona, podem ser empregados como desidratantes químicos das células.
Rompimento enzimático – Lise enzimática Enzimas podem hidrolisar as paredes de células microbianas, liberando as moléculas de interesse. Útil quando a molécula alvo é sensível a temperatura, tensão de cisalhamento e pressão dos métodos mecânicos. Considerar: se há presença de inibidores, se pode-se fazer reciclo da enzima, se há resistência da enzima ao tratamento mecânico (caso os tratamentos sejam associados); pH, temperatura, concentração celular.
Vantagem:
Alta especificidade Associação com outros métodos
Desvantagem:
Custo da enzima Variação
do
estado
fisiológico
do
microrganismo interfere na eficiência do rompimento. Inibidores de proteases devem ser adicionados para impedir a degradação da molécula alvo. A liberação de ácidos nucleicos e proteínas estruturais aumentam a viscosidade do mei o, por isso, adicionar nucleases e proteases, e alterar o pH pode melhorar as características do meio, desde que não destruam a molécula de interesse.
Aula 2. Filtração e centrifugação
A separação das células costuma ser a primeira operação unitária na purificação. Centrifugação + Filtração + Separação por membranas Clarificado
Filtração Em geral, aplica-se a:
Grandes volumes de suspensões diluídas de células
Produtos extracelulares
Quando assepsia não é necessária, não tem como ser asséptico;
Separação de fungos filamentosos, pois sua densidade próxima ao meio líquido torna difícil centrifugar.
Filtração industrial x Equipamento laboratorial Princípio é o mesmo, mudando apenas a quantidade de material a ser filtrado. Filtro de Büchner – aparelho laboratorial mais comum. Uso da ação da gravidade e um tecido poroso. Uso de vãos Kitasato conectado a uma bomba de vácudo devido ao aumento da resistência com a passagem do líquido. Auxiliares de filtração Usado principalmente para bactérias e leveduras (ou então, usa-se centrifugação). Material sólido muito poroso cuja aglomeração não impede tanto a passagem de líquido. Utilizado para reduzir a compressibilidade da torta de filtração.
Reduzem a compressibilidade da torta de filtração, aumentando a permeabilidade do meio;
Pode ser agregado à suspensão inicial, ou depositado na forma de fina camada sobre o meio filtrante;
Ocorre adsorção das células, diminuindo a compressibilidade da torta, evitando o entupimento do filtro;
Pode reduzir o tempo de filtração na ordem de 5 a 20 vezes.
Limitações de uso
Quando há adsorção irreversível da molécula alvo sobre o auxiliar Quando o produto é intracelular, pois o auxiliar inviabiliza a etapa posterior de rompimento celular, células ficam agregadas aos auxiliares. Apesar da redução em s, a viscosidade é aumentada, aumentando o tempo de filtração Ex.: terra diatomácea, perlita. A permeabilidade do leito depende de...
Acúmulo da torta
Material da torta
Material a ser filtrado
Área da filtração.
A resistência do meio de filtração é dada pela força necessária para filtrar x força de resistência. Uma torta pode ser compressível (p.ex.: torta de células) ou incompressível (p.ex.: torta de cristais).
Incremento da força da ação da gravidade (Fc)
Fc = 1.12 x R x (RPM/1000)² (R em mm) *Sempre mencionar o valor de Fc e o tempo em uma centrifugação Fc = 20-30xg Suficiente para aumentar 1000x a velocidade de sedimentação Fc=2000xg Sedimentação de leveduras Fc=5000xg Sedimentação de bactérias
Transferência – Escala laboratorial para escala industrial Fc1.t1 = Fc2.t2
Centrifugação ( - Clarificação) As células em suspensão sedimentam-se por ação da gravidade. A centrifugação é influenciada basicamente pela densidade do material. Implemento à força gravitacional para acelerar a sedimentação. Proporcional à velocidade de giro, raio da centrífuga e força gravitacional. Muito utilizada para bactérias e leveduras. Quanto maior o raio, menor a força necessária.
Protocolos não devem ter unidade em rpm, mas sim em lm g, pois em rpm não se considera o efeito das modificações do raio da centrifuga. Converter!
Centrífugas
Centrífugas tubulares o Podem operar sob refrigeração o Altos valores de Fc (13-17 mil xg) o Capacidade limitada o Operação descontínua o Suspensões de no máximo 30g/L de células o Eixo vertical o Partículas pesadas vão para a parede do tubo; separação de “leve” e “pesado”.
Centrífugas de discos o Fc de 5-15mil xg o Rotação um pouco mais baixa o Operação contínua de até 200m³/h o Maior área de sedimentação, requerendo menor tempo o Aumenta a área superficial, permite separações de fase
o Suspensões de no máximo 250 g/L de células o Suspensões com maiores concentrações
Auxiliares de centrifugação Podem ajudar na agregação das células com base em suas características de superfície.
Induzir a coagulação; o Aumenta a dimensão e densidade dos sólidos suspensos, aumentando a velocidade de centrifugação.
Ajuste de pH (reduzir carga superficial das células resulta em partículas maiores e mais densas);
Adição de eletrólitos (reduz repulsão eletrostática entre as partículas);
Sais polivalentes;
Moléculas sintéticas.
Aula 3. Processos de separação por membranas (PSM)
Muitas vezes, os produtos desejados obtidos dos mostos fermentados encontram-se em baixas concentrações, e juntamente com sólidos suspensos ou coloidais, fragmentos de microrganismos e celulares, produtos metabólicos, etc, além dos nutrientes do meio. Os PSM visam separam essas substâncias, cujas dimensões variam de nm para mm. -- Recuperação de células; obtenção do mosto clarificado
Usos: Clarificação da amostra Processamento de substâncias lábeis e sensíveis à temperatura, pH, força iônica, solventes e tensões cisalhantes
Filtração de gases, não para esterilizar, mas apenas para separar dois ou mais gases. Esterilização contínua do meio de cultura e do ar na alimentação, remoção de produtos nos biorreatores Permite à reação e à separação ocorrerem simultaneamente. Vantagens: Baixo consumo energético, pois não aquece ou esfria Não gera resíduo Seletividade pelo tamanho dos poros Fácil ampliação de escala Separação de termolábeis Operação simples Eliminam custos de armazenamento e tratamento auxiliar de filtração
As membranas podem ser
Porosas
Parâmetros: distribuição dos poros, porosidade superficial e espessura, a filtração depende do tamanho do poro e das espécies presentes. Processos: microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração, diálise
Densas
Parâmetros: características físico-químicas do polímero utilizado e espessura do filme polimérico, de modo que a filtração depende da afinidade das diferentes espécies com o material da membrana e na difusão dessas pelo filme polimérico. Processos: osmose inversa, pervaporação, permeação de gases
Filtração tangencial A solução de alimentação escoa em paralelo à superfície da membrana, o permeado é transportado transversalmente a esta.
Melhor polarização do que na filtração convencional. Efeito reduzido com o aumento da velocidade de escoamento da alimentação. Filtração convencional
x
Acumula torta.
Filtração tangencial (fluxo cruzado) Filtro paralelo à membrana. Ocorre acúmulo
de material, não forma torta.
Fibra oca Pode ser fluxo contínuo Variar a espessura das fibras permite aumentar a área de filtração, de acordo com o volume do módulo.
Geometria de membranas e tipos de módulos
Membranas com geometria plana o Módulo tipo placa e quadro o Módulo tipo espiral
Membranas com geometria cilíndrica
Modos de operação em sistemas com membranas
Operação em processo descontínuo o Células de filtração em bancada
Operação em processo semicontínuo o Equipamento piloto de membrana o Concentra a solução, pois esta é bombeada várias vezes para ser filtrada.
Operação em processo contínuo o Sistema de membrana em cascata o Sistema de membrana com reciclo do permeado o Permite filtrar por mais tempo o Pode ser feito com recirculação do permeado o É modular
Tipos de processos Todos trabalham com diferença de pressão. Quanto menor o tamanho do poro, maior a pressão. Membranas
com
diferentes
características
podem
ser
empregadas,
caracterizando os seguintes processos:
Microfiltração
-
Menor resistência à TM
o Uso de membranas microporosas, isotrópicas ou anisotrópicas o Retém partículas em suspensão o Passam: água, sais, moléculas de massa molecular média, macromoléculas o Aplicação: esterilização bacteriana, concentração de células, oxigenação de sangue o Separação sólido-líquido o Permite filtração convencional o Filtração de microrganismos
Ultrafiltração
o Uso de membranas microporosas anisotrópicas o Passam: água, sais, moléculas de massa molecular média o Aplicação:
fracionamento
e
concentração
de
proteínas,
recuperação de óleos o Moléculas extracelulares secretadas; o Acúmulo de macromoléculas
Nanofiltração o Uso de membranas microporosas anisotrópicas o Passam: água, sais o Aplicação:
purificação
de
enzimas,
concentração
de
biomoléculas, biorreatores à membrana, obtenção de água potável, concentração de antibióticos
Hiperfiltração (osmose inversa) -
Maior resistência à TM
o Uso de membranas anisotrópicas densas, permeáveis apenas ao solvente o Passa: água o Aplicação: dessalinização de águas, concentração de antibióticos, desmineralização de águas o Aplica pressão maior do que a pressão osmótica na soluç...