Percursos Gramaticais PDF

Title Percursos Gramaticais
Author Rosa studies91
Course Português 11 ano
Institution Universidade de Lisboa
Pages 34
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APRESENTAÇÃO

Percursos Gramaticais pretende ser um guia de estudo e de sistematização dos conteúdos gramatio ano. cais lecionados no Ensino Secundário, concretamente no 11.

As atividades de funcionamento da língua propostas no manual Outros Percursos 11 permitem-te refletir sobre os mecanismos que contribuem para o desenvolvimento da competência de comunicação, através de uma diversidade de textos e exercícios. Esta obra poderá, então, esclarecer as tuas dúvidas e auxiliar-te na resolução daquelas atividades de funcionamento da língua, bem como das do Caderno de Atividades. Aconselhamos-te, então, a consultá-lo de forma regular e sistemática, para poderes desenvolver o teu conhecimento sobre noções e regras gramaticais. “Usa e serás mestre”, diz o adágio popular, por isso, segue este conselho e viaja pelos Percursos Gramaticais, sempre que for necessário. As autoras

1

ÍNDICE

Atos de fala...............................................................................................

3

Realização direta e indireta dos atos de fala ..........................................

2

4

Aspeto verbal ...........................................................................................

4

Classes de palavras .................................................................................

6

Coesão......................................................................................................

14

Coerência .................................................................................................

15

Deíticos ....................................................................................................

16

Formação de palavras ............................................................................

17

Frase simples/Frase complexa ..............................................................

18

– Coordenação ..............................................................................

18

– Subordinação .............................................................................

19

Funções sintáticas ..................................................................................

21

– Nucleares ....................................................................................

21

– Internas .......................................................................................

23

– Vocativo ......................................................................................

24

– Modificadores .............................................................................

24

Grupos frásicos .......................................................................................

25

Interação discursiva ................................................................................

26

Marcadores discursivos ..........................................................................

27

Modalidade ..............................................................................................

28

Relato do discurso ...................................................................................

29

Relações lexicais .....................................................................................

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Tempos e modos verbais ........................................................................

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OUTROS PERCURSOS 11

PERCURSOS GRAMATICAIS ATOS DE FALA A linguagem assume formas diversas conforme a intenção do sujeito de enunciação e/ou o contexto em que o enunciado é proferido, chamando-se a isso ato de fala. Este apresenta três componentes: i) ato locutório – consiste no próprio ato de falarmos, através da combinação de palavras. ii) ato ilocutório – revela a intenção comunicativa do locutor (pedir, ordenar, informar, declarar…), através da utilização de diferentes verbos e de diferentes tipos de frase. Assim, obtemos atos assertivos, diretivos, compromissivos, expressivos, declarativos e declarativos assertivos. iii) ato perlocutório – consiste no efeito que o ato ilocutório proferido produz no interlocutor (influenciar, irritar, emocionar…). A classificação dos atos de fala resulta de um conjunto de variáveis, tais como: o objetivo da comunicação, a relação entre os interlocutores, o espaço e o tempo em que o enunciado é produzido, podendo considerar-se os seguintes atos de fala: ATOS DE FALA

Assertivos

DEFINIÇÃO

– Asserções afirmativas/negativas - Padre António Vieira foi perseguido pela Inquisição. – Verbos – acreditar, admitir, afirmar, considerar, discordar, negar… - Admito que alguns textos do – Expressões verbais: ser período barroco não são de fácil possível/necessário, achar compreensão. possível/necessário…

Revelam a intenção de o emissor influenciar o modo de agir do interlocutor, levando-o a concretizar algo.

– Frases de tipo imperativo – Frases de tipo interrogativo (diretas/indiretas) – Verbos diretivos – avisar, convidar, exigir, proibir, ordenar – Expressões iniciadas por querer que + verbo

– Abri, abri estas entranhas; vede, vede este coração. (Sermão de Santo António, cap. III, P.e António Vieira) – A minha senhora está a ler? (Ato I, cena II, Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett) – Ora sirva-se desse fricassé, ande, abade (Os Maias, cap. III, Eça de Queirós)

Expressam a intenção de o emissor realizar, no futuro, uma ação, ou cumprir o que enuncia.

– Verbos - prometer, jurar, garantir – Frases em que se use o futuro do indicativo ou outro tempo equivalente – Frases complexas do tipo condição-consequência

- Por esta causa não falarei hoje em Céu nem Inferno (…) (Sermão de Santo António, cap. II, P.e António Vieira) - Vou, já te disse, vou dar uma lição aos nossos tiranos (…) (Ato I, cena VIII, Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett)

Revelam o estado psicológico do locutor através do conteúdo do enunciado.

– Frases de tipo exclamativo – Verbos expressivos – agradecer, desculpar-se, felicitar, lamentar – Expressões verbais – achar bem/mal, gostar muito/pouco – Expressões exclamativas

- Que mundo! Coitadinha! (“Contrariedades”, Cesário Verde) - Caramba! Tu vens esplêndido desses Londres, dessas civilizações superiores. (Os Maias, cap. IV, Eça de Queirós)

Implicam a criação de uma nova – Verbos declarativos – declarar, realidade, a partir do enunciado nomear, batizar, abrir, encerrar, de um locutor cuja posição social terminar seja reconhecida pelo destinatário.

- Declaro-vos marido e mulher. - Declaro aberta a sessão.

Compromissivos

Declarativos/ Declarações

EXEMPLIFICAÇÃO

Demonstram a implicação do enunciador em relação à verdade/falsidade do enunciado.

Diretivos

Expressivos

MARCAS LINGUÍSTICAS

3

OUTROS PERCURSOS 11

PERCURSOS GRAMATICAIS REALIZAÇÃO DIRETA E INDIRETA DOS ATOS DE FALA Ato de fala direto consiste na realização de um ato de fala através do uso explícito de verbos performativos ou realizativos (pedir, ordenar, exigir, convidar, …), os quais orientam claramente a interpretação da força ilocutória do ato, ou seja, o objetivo do locutor ao proferi-lo. Exemplos: Peço-te que me ouças. Exijo uma recompensa. Convido-te para o meu aniversário. Ato de fala indireto consiste na realização de um ato de fala cujo enunciado literal/gramatical não revela, de forma explícita, a intenção comunicativa do locutor. Exemplo: Já está a chover. Literalmente, o enunciado “Já está a chover.” revela uma informação; no entanto, atendendo ao contexto em que é proferido, pode pretender alertar o interlocutor para o facto de não poder sair ou para a necessidade de levar um guarda-chuva (…), encerrando, deste modo, um ato de fala diretivo. Assim, fatores contextuais e processos de dedução/inferência contribuem para a compreensão do que se diz e da forma como se diz.

ASPETO VERBAL O aspeto é uma categoria que indica a forma como o locutor perspetiva o acontecimento expresso pelo verbo ou complexo verbal. Nem sempre o valor aspetual do enunciado depende só do valor temporal das formas verbais, embora se possam associar diferentes valores aspetuais a cada tempo verbal. O aspeto verbal resulta do aspeto lexical (combinado com o valor dos tempos verbais, dos verbos auxiliares, dos quantificadores, dos tipos de nomes (contáveis ou não contáveis) e também dos modificadores. Desta combinação surgirão diferentes valores aspetuais, como se pode verificar nas duas tabelas que se seguem. Aspeto lexical – relaciona-se com o significado lexical do verbo ou complexo verbal, podendo classificar-se como: ASPETO LEXICAL

Eventos (situações dinâmicas)

CARACTERÍSTICAS

Instantâneos

Refletem situações pontuais/instantâneas.

– O atleta subiu ao pódio. – O menino rebentou o balão.

Prolongados

Referem situações prolongadas e delimitadas temporalmente.

– Os alunos fizeram os resumos (num mês). – A secretária elaborou os relatórios mensais.

Evidenciam situações não delimitadas temporalmente.

– Íamos à piscina todos os dias. – Eles têm feito horas extraordinárias.

Reportam-se a situações também não delimitadas temporalmente.

– O Pedro gosta de música Pop. – A Luísa vive em Lisboa.

Atividades

Estados (situações não dinâmicas)

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EXEMPLOS

OUTROS PERCURSOS 11

PERCURSOS GRAMATICAIS Aspeto gramatical – resulta da flexão dos verbos e dos complexos verbais, considerando-se: ASPETO GRAMATICAL

CARACTERÍSTICAS

Perfetivo Valores aspetuais gramaticais básicos Imperfetivo

EXEMPLOS

O verbo, normalmente no – Os alunos entregaram o teste no fim da pretérito perfeito do indicativo, aula. apresenta o acontecimento como concluído, considerado no seu – Os alunos acabaram de sair da sala. resultado. O verbo, geralmente no pretérito imperfeito do indicativo, expressa o acontecimento no seu decurso, isto é, não concluído.

– O Luís estava a resolver o exercício. – A aluna escrevia a resposta.

Os enunciados podem ter outros valores aspetuais, associados à quantificação, à duração da situação e à fase de desenvolvimento: VALORES ASPETUAIS

CARACTERÍSTICAS

Genérico

Percecionado em enunciados relativos a situações atemporais e verdadeiras, cujos verbos estão no presente do indicativo.

Habitual

Presente em enunciados que apresentam situações que decorrem num período de tempo ilimitado, socorrendo-se de verbos no presente e no pretérito imperfeito do indicativo.

Iterativo

Refletido em enunciados que referem situações que se repetem num dado período de tempo, delimitado ou não.

Quantificação

EXEMPLOS - O homem é mortal. - Uma semana tem sete dias.

- O meu pai vai à piscina todos os dias. - Costumava ir ao cinema com os meus colegas.

- No inverno passado fiz ski durante um mês. - A campainha da escola toca para controlar as entradas e saídas de aula.

Duração da situação Pontual

Refere-se a eventos instantâneos e a situação não apresenta qualquer duração.

- Ela partiu às catorze horas. - O João tropeçou.

Durativo

Refere-se a eventos prolongados, a estados ou a atividades.

- O João é simpático. - Os alunos vão fazer hoje o teste de avaliação.

Fase de desenvolvimento Ingressivo

Quando a situação é apresentada no seu início.

- Os alunos estão a começar a aula de Educação Física.

Progressivo

Quando a situação é apresentada no seu decurso.

- Os alunos estão na aula de Educação Física.

Terminativo

Quando a situação é apresentada no momento de conclusão.

- Os alunos acabaram a aula de Educação Física.

Resultativo

Quando se apresenta o resultado da ação ou do processo.

- As inundações provocaram centenas de mortos.

5

OUTROS PERCURSOS 11

PERCURSOS GRAMATICAIS CLASSES DE PALAVRAS

Adjetivo Palavra pertencente a uma classe aberta, que varia em género, número e grau. Constitui o núcleo do grupo adjetival, admitindo a precedência de advérbios. Pode selecionar complementos Exemplos: - A atitude dos colonos é muito grave. - Estou ansioso por encontrar mais justiça. - O orador ficou dececionado com os homens.

Advérbio Palavra invariável que apresenta características diversas. Constitui o núcleo do grupo adverbial, pode substituir-se por um advérbio com terminação em -mente, exceto o advérbio de negação “não”. Pode desempenhar a função sintática de modificador de frase ou do grupo verbal, de complemento oblíquo ou de predicativo do sujeito. Alguns podem também modificar grupos preposicionais, adjetivais ou nominais.

6

Numeral

– Expressa uma ordem ou sucessão; – Situa-se, geralmente, antes do nome; – Pode ser antecedido por determinantes; – Não varia em grau; – Designava-se, tradicionalmente, como numeral ordinal.

Qualificativo

– Atribui uma qualidade ao nome a que se reporta; – Funciona como modificador ou complemento de grupo nominal; – Ocorre, normalmente, depois do nome, embora alguns possam ser colocados à esquerda e à direita, adquirindo sentidos distintos.

– O pobre orador sofreu com a Inquisição. (O orador pobre perdeu a fé nos homens.) – O bom colono distribuía esmolas. (O colono bom pavoneava-se por todo o lado).

Relacional

– Deriva de um nome; – Pode ser agente ou indicar posse; – Não admite, frequentemente, variação em grau; - Coloca-se depois do nome.

– O poder clerical foi questionado. – Em território brasileiro grassava a injustiça.

Conectivo

– É utilizado para estabelecer conexões entre frases1 ou seus constituintes2, dando conta de uma determinada ordem1, uma consequência3, um contraste4; – Não são afetados pela negação nem pela interrogação, à semelhança do que acontece com os advérbios de frase; – Distinguem-se das conjunções com valor idêntico por poderem ocorrer entre o sujeito e o predicado.

Cesário Verde chegou a Lisboa para trabalhar na loja de ferragens do pai. Seguidamente mudou-se para o campo e depois criticou os citadinos. 2 Cesário tece várias críticas, concretamente aos exploradores citadinos. 3 Os homens não ouviam; Vieira voltou-se, portanto, para os peixes. 4 Vieira esforçou-se; a vaidade dos homens, contudo, falou mais alto.

De frase

– Apresenta diferentes valores semânticos; – Caracteriza-se pela impossibilidade de ser negado ou interrogado.

– Certamente, Vieira não erradicou o mal. (valor de afirmação) – Provavelmente alguém prosseguiu a pregação de Vieira. (valor modal – dúvida)

De predicado

– Tem três valores semânticos: tempo, modo e lugar; – Ocorre dentro do grupo verbal; – Pode desempenhar a função de complemento oblíquo, modificador do grupo verbal (e, mais raramente, de predicativo do sujeito); – Há a possibilidade de ser negado ou interrogado.

Quantidade e grau

– Fornece informação relativa ao grau ou quantidade; – Ocorre dentro do predicado1 ou modifica grupos adjetivais2 ou adverbiais3; – Pode (em certos casos) ser utilizado na formação do grau de adjetivos e de advérbios.

– A última comemoração do ano vieirino ocorreu em 2008. – No quarto capítulo do sermão surgem as repreensões.

1

– Vieira pregava semanalmente em S. Luís do Maranhão. (valor temporal) – Os índios reagiram estranhamente à pregação. (valor modal) – O púlpito era ali, na praia. (valor locativo)

1 2 3

Cesário escreveu pouco. Sentiu-se muito desolado. Cesário foi reconhecido muito tardiamente.

OUTROS PERCURSOS 11

PERCURSOS GRAMATICAIS

Negação

Afirmação

– Pode ser modificador do grupo verbal ou – Cesário não queria viver na de um dos seus constituintes; cidade. – "Não" é o único advérbio de negação. – É utilizado em respostas a frases interrogativas totais1; – Pode ser usado como modificador de um constituinte2, certificando ou reforçando o valor afirmativo da frase.

1 2

Praticas o bem? Sim. Cesário descreveu a cidade, sim, mas também retratou o campo.

1 Vieira

– É usado para realçar o constituinte que modifica, dando informações sobre o seu caráter exclusivo1 ou a participação ou não num dado conjunto2; – Pode ser interno ao predicado3 ou modificador de grupos adjetivais4, adverbiais5, nominais6 ou preposicionais7.

só fez um sermão aos peixes. Todos os habitantes do Maranhão o ouviam, inclusive os colonos, que costumavam criticá-lo. 3 Os colonos criticaram-no mesmo. 4 Vieira ficou apenas desiludido. 5 Os alunos entregaram só hoje o trabalho sobre P.e António Vieira. 6 Fizeram só a primeira parte do trabalho. 7 Assistiu-se até a simulações do sermão vieirano.

– Serve para identificar o constituinte interrogado numa frase interrogativa, podendo substituir-se por um grupo adverbial ou preposicional.

- Estuda-se o sermão porquê?

– É usado para identificar o constituinte relativizado numa oração relativa; – É substituível por um grupo adverbial ou preposicional.

- A quinta onde Cesário nasceu sofreu um incêndio.

2

Inclusão/ exclusão

Interrogativo “onde”, “quando” e “porquê” Relativo

1

nominais1,

Coordenativa

Conjunção Palavra invariável, pertencente a uma classe fechada, que liga palavras (as coordenativas), orações coordenadas e subordinadas (completivas e adverbiais).

preposicionais2,

– Liga grupos adverbiais3, adjetivais4 e orações coordenadas5; – Apresenta como subclasses tradicionais as conjunções coordenativas copulativas, disjuntivas, conclusivas, adversativas e explicativas.

Vieira e Cesário produziram obras marcantes. Os autores ficaram em sobressalto ou em pânico perante as injustiças sociais. 3 Vieira falava lenta e pausadamente para ser entendido. 4 Os sermões vieirianos eram duros e incisivos. 5 Vieira foi para Itália; portanto mudou de auditório. 2

1

Subordinativa

– Introduz orações subordinadas (completivas ou adverbial); – Apresenta tradicionalmente como subclasses as conjunções subordinativas completivas1, causais2, finais3, temporais4, concessivas5, condicionais6, comparativas7 e consecutivas8. Note-se que algumas orações subordinadas adverbiais podem também ser introduzidas por locuções9.

Bem sabeis que Telmo Pais protegia a jovem Maria. D. Madalena perguntou se era possível. Telmo disse-lhe para não duvidar. 2 Como D. Madalena duvidava, Telmo demonstrou a sua lealdade. 3 Ele não desvendou o mistério dos retratos para não desobedecer a D. Madalena. 4 O Romeiro chegou quando Manuel de Sousa se ausentou. 5 [Apesar de] estar doente, Maria quis acompanhar o pai. 6 Manuel levá-la-ia se D. Madalena autorizasse. 7 Maria verbalizava tanto quanto pensava. 8 Ela questionava tanto que preocupava a mãe. 9 Ainda que, desde que, a fim de, uma vez que...

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OUTROS PERCURSOS 11

PERCURSOS GRAMATICAIS

o,...


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