Processos de influência Social PDF

Title Processos de influência Social
Course Psicologia Social
Institution Universidade Catolica Portuguesa
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Resumo do tema sobre influência Social ...


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Processos de influência Social O que é? A influencia social foi definida por Secord e Backman como ocorrendo quando “as ações de uma pessoa são condição para as ações de outra”. Ou seja, podemos dizer que o comportamento de alguém foi influenciado socialmente quando ele se modifica na presença de outrem. Esse outrem pode ser apenas imaginado, pressuposto ou antecipado sem que os fenómenos sobre os quais nos debruçaremos cessem de ocorrer.

Normalização – Musaref Sherif Sherif procurou identificar os processos psicológicos elementares que pudessem estar na base da formação das normas culturais. O paradigma experimental desenvolvido por Sherif faz uso de uma ilusão percetiva denominada “efeito autocinético” como forma de explorar a influencia social na ausência de quadros de referencia previamente aprendidos. Ele demonstrou que na ausência de referenciais prévias, as pessoas tendem espontaneamente a auto organizar a sua experiencia tendo como base mais importante o comportamento dos outros, mas usando também o seu próprio comportamento. Principais conclusões: 



  





Quadro de referência: tendência generalizada que os indivíduos apresentam para organizar as suas experiencias, estabelecendo relações em cada momento, entre estímulos internos ou externos, criando unidades funcionais que fornecem limites e significado àquilo que é experimentado. (Ex: água fria/morna – situação e cada sensação num dado quadro de referência subjetivo) Ficou demonstrada a tendência que os indivíduos possuem para organizar a sua experiencia mesmo quando a situação não oferece qualquer fundamento para essa organização. Essa tendência para auto-organização baseia-se no próprio comportamento de um individuo isolado ou no comportamento dos outros, quando tal é possível. Apesar das fontes de auto-organização serem importantes, a referência ao comportamento dos outros parece mais decisiva. A importância dos outros na criação de quadros de referencias individuais não implica, neste caso, que eles exerçam qualquer coerção, implícita ou explicitamente. De facto, a influencia dos outros parece em geral, ser maior quando estes se ausentam. Processo geral do modo como os indivíduos e grupos organizam uma realidade incerta num todo coerente: basta tomar o padrão individual como um análogo de uma atitude e o padrão grupal como o análogo de uma norma. As atitudes tanto podem basear.se em experiencias individuais como em interações com outros indivíduos. Um conjunto de indivíduos em interação constrói normas que regulam tanto o seu comportamento como a sua perceção da situação. A demonstração do modo como um grupo pode servir para organizar a perceção e o comportamento dos indivíduos é preciosa, é talvez um dos mais fortes

argumentos empíricos jamais apresentados e a favor da necessidade de um nível de explicação psicossocial do comportamento humano.

Conformismo – Solomon Asch Asch procurou demonstrar que a influencia social é medida pelo papel ativo e interpretativo que as pessoas têm na construção da sua própria realidade social, opondo-se a uma perspetiva de passividade do ser humano a que chamou de sonambulismo social. Características sonambulismo social:   

A realidade social é conceptualizada como relativa e as noções de “certo” e “errado” como convenções. Os processos de imitação são básicos tanto para o funcionamento da sociedade como para a aprendizagem de um repertório comportamental básico. Os indivíduos imitam o comportamento dos membros dos grupos a que pertencem e, em especial, dos seus lideres porque a experiência os ensinou a associarem imitação com recompensa.

Razoes de insatisfação do sonambulismo:  





Esta perspetiva ignora o papel ativo e interpretativo dos indivíduos na construção da sua própria realidade social. A perspetiva ignora o facto de que a influência não é uma via de um só sentido. O processo de influencia pode ser um processo de conceções recíprocas. Não permite uma análise funcional plausível do consenso social. Porque se teria desenvolvido a necessidade de consenso social? (tribo africana – consenso social que os leões não fazem mal). Não tem em conta o conteúdo e as circunstancias da influência social.

O paradigma experimental de Asch consisti numa tarefa de comparação/discriminação do comprimentos de segmentos de reta com uma linha padrão. Asch esperava que a influencia do grupo fosse minimizada uma vez que se trata de uma tarefa extremamente simples mas os resultados foram surpreendentes… Influência social às claras (Ex: mulher da sapataria) – demonstra como os outros nos podem fazer duvidar das certezas mais evidentes. Situação experimental: 7 comparsas do experimentador e 1 sujeito crítico que ficava sempre sentado em penúltimo lugar. Os comparsas fingiam que não tinham sido anteriormente instruídos pelo experimentado. Desse modo e de maneira a demonstrar inexperientes sobre a situação tal como o sujeito critico, efetuavam, no inicio, perguntas sobre o experimento, não exibindo qualquer reação, fosse qual fosse o comportamento do sujeito crítico. 2ªfase: o sujeito critica era entrevistado acerca das suas impressões;

primeiro, numa discussão com todos os membros do grupo (incluindo os compaesas) e segundo, uma entrevista a sós com o experimentador onde, no final, lhe era explicada a situação e os objetivos. Ainda havia um grupo de controlo em que os participantes da mesma população julgavam os mesmos estímulos sem conhecimento das respostas dos outros. Resultados: como reagir? 1º lugar: impossível ignorar as respostas do grupo. Isto, apesar de as instruções afirmarem que a presença do grupo era irrelevante para a realização desta tarefa. 2º lugar: desenvolver esforços para manter o equilíbrio. (Ex: interrogar se não teria percebido mal as instruções… tentar achar uma explicação simples para o desacordo). 3º lugar: provável a atribuição da razão de ser da divergência a si próprio (tomasse a seu cargo explicar porque é que divergia do grupo e não porque é que o grupo divergia de si). 4º lugar: desenvolver esforços para alcançar uma solução (construir explicações que tentavam tornar compreensível a situação: pensar que era tudo devido a uma ilusão de ótica, por exemplo). 5º lugar: prestar atenção ao objeto de julgamento (vontade de se levantar e observar as linhas mais de perto). 6ºlugar: sentir um crescendo de duvidas sobre si próprio. Resultados:  

As respostas dos participantes de controlo foram basicamente isentas de erros. Na condição experimental é visível a influencia da maioria (comparsas). Por um lado 24%, dos participantes críticos realizaram a sucessão de estimativas livres de erros enquanto que na condição de controlo a percentagem foi de 95%. Por outro lado, a condição experimental apresentou um terço de erros enquanto que na condição de controlo o numero é inferior a 1%.

Os participantes que não cometiam mais do que 2 erros foram classificados como independentes: a) Participantes “verdadeiramente independentes” – aqueles que se demonstravam inabaláveis na sua convicção de estarem certos e que responderam de acordo com o que viram. (seguiram a própria opinião mesmo com a influencia da maioria) b) Falsos independentes – aqueles que admitiam estar eles errados e a maioria correta: se não seguiam a sua própria opinião era porque achavam que deviam seguir a risca as instruções do experimentador. Conformavam-se ao experimentador. Os participantes que cometeram entre 3 e 12 erros foram classificados como conformistas:

a) Conformistas a nível percetivo – não reconheciam que algo de estranho se tinha passado, só afirmavam que haviam respondido de acordo com o que tinham visto. Categoria pouquíssimo frequente. b) Conformistas a nível de julgamento – reconheciam que haviam dado respostas em desacordo com o que tinham visto, mas justificavam-se dizendo que se os outros respondiam de forma diferente, tinha de ser ele quem estava a fazer o julgamento errado porque caso contrario podia interferir com o desenrolar da experiencia. Categoria mais frequente. c) Conformistas a nível comportamental – aqueles que indicavam saber estarem eles certos e a maioria errada, justificando o seu comportamento com a vontade de “não sobressair”. Categoria intermédia. Para perceber quais as condições responsáveis pelo conformismo e pela independicia, Asch manipulou uma serie de variáveis:    



A importância do objeto de julgamento – discos coloridos em vez de segmentos de reta. Tarefa: escolher o mais brilhante. Numero de alternativas de resposta - 2 alternativas Possibilidade de avaliação objetiva posterior – no fim da série, os participantes podiam medir os segmentos com uma régua. Dimensão do grupo - grupo menor, conformismo menor ou maior? Com 1 comparsa, o conformismo é anulado; com 2 aumenta bastante e com 3 atinge o limite máximo. Não é na dimensão da maioria o fator explicativo. Unanimidade da maioria

Ao depararmo-nos com uma maioria e uma minoria, a maioria representa a norma, a realidade, enquanto que a minoria apresenta-se como a exceção, o desvio. Envolve uma resolução do conflito, através da deslocação do desviante ou da minoria para a posição da maioria. Fatores que influenciam o conformismo… 1. Caracteristicas do grupo: a) Unanimidade da maioria b) Dimensão da maioria c) Dimensão do grupo d) Composição do grupo e) Coesão grupal f) Presença de um aliado: quando existe alguém que partilha o desacordo connosco, a resposta conformista diminui. g) resposta pública ou privada 2. Características do individuo: a) Características individuais (necessidade de aceitação, autoeficácia percebida…) b) Importância da atração do grupo na situação. c) Estatuto do individuo no grupo.

3. Outros fatores: a) Ambiguidade do estimulo. b) Divulgação publica c) Dificuldade da tarefa. Conclusão: o grupo pode influenciar o comportamento individual mesmo em tarefas não ambíguas. Esta tendência individual para o conformismo, parece ocorrer sobretudo a nível publico (aquilo que o indivíduo diz) mas não privado (aquilo que pensa). As pessoas procuram ativamente compreender a situação “inesperada” em que são colocadas, o que se opõe às teses de sonambulismo social.

Inovação - Moscovici Serge Moscovici é o primeiro a defender que a influencia social não se esgota no conformismo do individuo em relação a um grupo maioritário, mas pode envolver igualmente inovação, ou seja, a mudança da maioria como resultado da influência de uma minoria consistente. Ao conformismo, está subjacente um processo psicossocial de comparação com a maioria e de aceitação pública do comportamento desta; À inovação está subjacente um processo de validação do julgamento da minoria e de aceitação privada (ou latente) do julgamento desta. O paradigma experimental mais conhecido de Moscovici consistia numa tarefa de acuidade visual seguida do teste de perceção de cores de Farnsworth. 6 participantes (2 comparsas) deviam identificar a cor (azul ou verde) de 24 diapositivos. Embora todos os diapositivos fossem azuis, a minoria de 2 comparsas respondiam sempre “verde”. As respostas dadas nesta tarefa pelos participantes que constituía a maioria medem a aceitação publica da minoria; as respostas no teste de Farnsworth medem a aceitação privada. Descriçao da situação experimental: 1ªfase 6 individuos eram submetidos a um teste de acuidade visual. Destes, 2 eram comparsas. Esta fase tinha como função eliminar os indivíduos com problemas de visão e fazer saber aos participantes que todos eles possuíam uma visão normal. 2ªfase Eram projetados diapositivos com 2 tipos de filtros: um mais luminoso que outro. Foram usados 24 diapositivos variando em 2 graus de luminosidade. Eram pedidos 2 julgamentos aos participantes: para indicarem a cor e para estimarem a intensidade luminosa de 1 a 5. Os julgamentos eram anunciado spublicamente e sempre na mesma ordem. Os comparsas (que diziam em primeiro e segundo lugar ou em primeiro e quarto) anunciavam sempre a mesma resposta: “verde”. Quanto ao julgamento de luminosidade, respondiam como lhes parecia. A primeira variável dependente era o nº de respostas verde dadas pelos participantes críticos.

3ªfase No fim ds 24 julgamentos era dito aos participantes que um colega do experimentar iria aplicar uma contraprova para estudar os efeitos da fadiga na perceção das cores. Essa contraprova era o teste de Farnsworth sobre perceção de cores. Este teste contém series de círculos variando ligeiramente em coloração. Os casos relevantes eram aqueles em que as séries variavam gradualmente do azul para o verde e os participantes tinham de nomear a cor de cada circulo. Este teste era aplicado individualmente. A função desta terceira fase era a de verificar até que ponto é que as respostas da minoria faziam modificar o limiar de diferenciação entre o azul e o verde – correspondendo esse resultado a ser obtido, tanto a uma reestruturação percetiva como à aceitação privada da inovação. As respostas a este teste correspondiam à segunda variável dependente. 4ªfase Os participantes críticos respondiam a um questionário pós experimental e era-lhes fornecida uma explicação sobre o teor da situação. Existia ainda uma condição de controlo, em tudo igual à condição experimental, mas que não incluía comparsas. Ou seja, na condição de controlo os grupos eram constituídos por 6 participantes críticos.

As condições experimentais eram três: (1) Condição consistência: em todos os ensaios do estudo, os dois comparsas diziam que o dispositivo era “verde”; (2) Condição inconsistência diacrónica: os dois comparsas, umas vezes diziam “verde” e outras “azul”; (3) condição sincrónica: um comparsa dizia “verde” e o outro dizia “azul”. Havia ainda um grupo de controlo, composto por seis participantes ingénuos. Os resultados mostraram que uma minoria de indivíduos pode ter um impacto (moderado) nas respostas públicas de uma maioria em relação a um objeto de julgamento que se pode considerar objetivamente não ambíguo. Mostraram, ainda, que quando a minoria era consistente, conseguia influenciar significativamente mais respostas do grupo maioritário, do que quando a minoria era inconsistente. Inovação: envolve uma resolução do conflito, através da deslocação da maioria para a posição da minoria. A influência social minoritária depende do ESTILO DE COMPORTAMENTO da fonte de influência. Para que uma minoria consiga influenciar uma maioria, são necessários alguns fatores: 1. Consistência: adesão firme a um postulado ou crença, sem contradições, com a capacidade de apresentar uma prova lógica que demonstre a solidez da crença a que se adere (sinais estáveis nos seus julgamentos, ações e respostas). Uma minoria não deve a sua eficiência à sua capacidade de compromisso, mas à habilidade que tiver de induzir a perceção da sua consistência.

2. Rigidez equilibrada: uma minoria, para conseguir exercer influência sobre uma maioria, deve ser absolutamente consistente, mas tem de conseguir também um equilíbrio entre a rigidez e a flexibilidade. No entanto, ao ser firme demarca a diferenciação entre maioria e minoria. 3. Investimento e visibilidade: as minorias são percecionadas como mais fortes se fizerem sacrifícios pessoais ou materiais pela causa que defendem. Este investimento evidencia confiança na opção que escolheram e uma forte capacidade de autorreforço e estima pelos seus objetivos. 4. Autonomia: a minoria apresenta a sua ideia sem mostrar querer convencer ou persuadir ninguém, deixando as pessoas livres para tomar as suas próprias decisões. 5. Justiça/Equidade: um estilo de comportamento justo é aquele que permite a expressão dos diferentes pontos de vista, sem adotar uma posição hostil (que provoque, automaticamente, rejeição). Preocupa-se com a reciprocidade. Conformismo: informacional)

submissão publica

e

temporária

(dependência

normativa

e

Inovação: aceitação privada e duradoura (sleeper-effect) (em consequência do conflito cognitivo que as ideias inovadoras da minoria provocam, conduz a uma mudança indireta, a uma aceitação duradoura, latente e privada de opinião: a conversão).

Exemplo de influência social…

Teoria da Comaparação Social (festinger) Pressupostos teóricos: 1. Deriva da teoria da comunicação social informal (1950) 2. Necessidade/tendência do ser humano em avaliar/validar as suas opiniões e habilidades 3. Ao contrário da validação objetiva da realidade física, a validação social ocorre a partir da comparação com outras pessoas. Quando? Na ausência de meios objetivos de comparação, as pessoas tendem a avaliar as suas habilidades e opiniões traves da comparação com as habilidades e opiniões dos outros. Nessa mesma ausência, a avaliação das nossas opiniões e habilidades é instável, imprecisa e insegura. Com quem? O individuo compara-se com pessoas similares a si ou ligeiramente superior em dimensões relevantes. Quanto mais equivalentes ou semelhantes são as opiniões ou capacidades do invidio relativamente a outro com o qual se compara, mais informativa é essa comparação. Quando é que a comparação é mais urgente e necessária? Quando é mais relevante/significante a uniformidade de capacidade e opiniões para a pessoa que faz a comparação com os outros. Consequências? Ser diferente dos outros induz instabilidade e incerteza na autoavaliação: 1. Os individuo sentem-se mais atraídos para com os que são semelhantes a si (efeito semelhança-atração) 2. Os individuo tendem a exercer influência nos outros diferentes, de modo a reduzir as diferenças existentes entre si e os outros. 3. Grandes divergências de opiniões e habilidades conduzem a abandono do grupo, e procura de novo grupo que satisfaça necessidades de comparação e sirva de padrão de comparação. 4. Se não quer abandonar o grupo: mudança de opiniões e desenvolvimento de capacidades. 5. Se não pode abandonar o grupo: mudança publica, mas não privada de opiniões. Influência Social Informativa vs Influência Social Normativa A influencia social informativa refere-se a situações em que o comportamento do grupo é aceite em prova de verdade. Tipo de influencia que nos leva ao conformismo porque vemos os outros como fonte de informação que guia o nosso comportamento. Expressa-

se pela aceitação privada de crenças e comportamentos. Variável chave: grau de incerteza. Influencia social informativa – normalização. A influência social normativa refere-se a situações em que a aceitação do comportamento do grupo se explica pelo desejo de evitar a rejeição por parte desse grupo. Tipo de influência que nos leva a conformar aos outros com o objetivo de sermos aceites. Expressa-se pela aceitação pública das crenças e comportamentos do grupo. Variáveis chave: atração pelo grupo, expectativa de interação futura e caracter publico do comportamento. Influência Social Informacional (normalização) •Incerteza subjetiva •Necessidade de certeza •Necessidade de informação para reduzir a incerteza •Comparação social •Internalização •Aceitação pública e privada

Influência Social Normativa (conformismo) •Necessidade de aceitação e aprovação do outro •Poder do outro para recompensar ou punir (avaliação) •Comparação social •Conflito entre a sua opinião e dos outros •Condescendência •Aceitação pública e desacordo privado

Influência Publica e Privada Influencia social informativa: é contingente ao grau de incerteza do julgamento. Quanto maior este grau, maior a conformidade “a necessidade de saber que está correto” Influencia social normativa: é contingente ao medo de rejeição do grupo de referencia. “necessidade de ser aceite”....


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