Redaçao compilatoria Desenhantes pensador do desenho PDF

Title Redaçao compilatoria Desenhantes pensador do desenho
Course Teoria E Metodologia Do Desenho Industrial
Institution Universidade Federal de Santa Maria
Pages 9
File Size 76.3 KB
File Type PDF
Total Downloads 108
Total Views 135

Summary

Download Redaçao compilatoria Desenhantes pensador do desenho PDF


Description

Revisão de Literatura CROSS, Nigel. Desenhantes: pensador do desenho. Santa Maria – RS : Ed. SCHDS, 2004.

p. 147 O interesse e a preocupação a respeito das possíveis relações entre desenho-projetual e ciência já datam de algum tempo (...) Três fontes de conhecimento são identificadas como objetos de pesquisa sobre a atividade projetual: as pessoas, os processos e os produtos.

p. 148 O desejo por "cientifizar" o desenho-projetual remonta às ideias do Movimento Moderno do século XX (...) Theo Van Doesburg - expressou a percepção do surgimento de um novo espírito nas Artes e no Desenho: "Nossa época é hostil a toda especulação subjetiva em arte, ciência, tecnologia, etc. O novo espírito que já governa quase toda a vida moderna é oposto a espontaneidade animal, à dominação pela Natureza, à inutilidade artística. Para construir um novo objeto, precisamos de um método, de um sistema objetivo". Um pouco depois, o arquiteto Lê Cosbusier descreveu a casa como uma "máquina para viver" projetada objetivamente.

p. 149 Em ambos os comentários (...) Percebemos um desejo de realizar trabalhos de arte e produtos do desenho baseados em objetividade e racionalidade, isto é, em valores da Ciência.

A Conference on Design Methods, realizada em setembro de 1962, em Londres, é considerada como o evento que marcou o lançamento da Metodologia Projetual como tema ou campo de pesquisa. A intenção do novo movimento era fundamentar o processo Projetual (como também os produtos) em objetividade e racionalidade.

p. 150 Nós anos 1970, porém, uma rejeição à metodologia Projetual - e aos seus valores - emergiu, até mesmo por parte de alguns dos pioneiros do próprio movimento: Christopher Alexander, que tinha proposto um método racional para projetos em Arquitetura e Planejamento Urbano, depois disse: "Eu me desassociei do campo... Há tão pouco no que é chamado 'método de desenho', que é insignificante e não tem qualquer coisa útil a dizer no

projeto de edifícios, eu nunca mais voltei a ler sobre isso... eu diria que esqueçam a coisa inteira".

Não obstante, a metodologia projetual continuou a se desenvolver, sobretudo na Engenharia e em alguns ramos do Desenho Industrial.

p. 151 "O método científico é um padrão de procedimentos para resolução de problemas, empregado para descobrir a natureza do que existe, enquanto que o método de desenho é um padrão de procedimentos para inventar coisas... que ainda não existem. Ciência é analítica; desenho-projetual é construtivo". "As ciências naturais estão preocupadas com o modo como as coisas são... o desenho-projetual está preocupado com o modo como as coisas deveriam ser".

p. 152 Deixe-me, então, a partir do que foi dito, sugerir três possibilidades diferentes para a relação entre a ciência e

desenho-projetual: o projeto científico; a ciência projetual; a desenhística.

Como assinalei anteriormente, as origens dos métodos de desenho encontram-se nos métodos científicos, semelhantemente ao que ocorreu à teoria da decisão e aos métodos de pesquisa operacional.

p. 153 A primeira metade do século XX testemunhou a rápida evolução do embasamento científico em muitos campos por exemplo, na ciência dos materiais, da engenharia, da construção, do comportamento.

Assim, poderíamos concordar que o projeto com base na ciência se refere ao desenho modernista, industrializado, baseado em conhecimento científico, mas utilizando uma mistura de métodos intuitivos e não-intuitivos.

p. 154

(...) A ciência projetual é uma abordagem explicitamente organizada, racional e sistemática; não mera utilização dos conhecimentos científicos sobre os artefatos.

p. 155 Permanece alguma confusão nos conceitos de ciência projetual e de desenhística, pois a segunda parece implicar em (ou para algumas pessoas tem o objetivo de) desenvolver a primeira.

(...) A desenhística é algo semelhante à definição que já dei para metodologia projetual: o estudo dos princípios, das práticas e dos procedimentos do desenho-projetual.

p. 158 (...) Em 1980, Archer ofereceu uma simples e útil definição: " Pesquisa é uma investigação sistemática cuja meta é o conhecimento". Nossa preocupação na pesquisa em Desenho deve ser, então, o desenvolvimento, a articulação e a comunicação do conhecimento. Onde devemos procurar por este conhecimento? Acredito que

existem três fontes: as pessoas, os processos e os produtos.

Primeiramente, o saber sobre o campo do projeto reside nas pessoas, em especial, nós desenhadores. Projetar é uma habilidade humana natural. Outros animais não fazem isto, nem as máquinas (até agora). Não deveríamos subutilizar nossas habilidades, porque muitas das mais valiosas realizações dos seres humanos incluem projetos anônimos, vernaculares, como também aqueles assinados por profissionais renomados.

p. 159 Em segundo lugar, os saberes ligados ao desenhoprojetual encontram-se em processos: nas táticas e nas estratégias projetuais. Uma área fundamental da pesquisa é a metodologia: o estudo dos processos, o desenvolvimento e a aplicação de técnicas que assesorem o desenhador.

Em terceiro lugar, não devemos esquecer o conhecimento presente nas formas, nos materiais e nos acabamentos de produtos, que corporificam atributos. Muito da atividade

em desenho-projetual requer o estudo de antecedentes ou exemplares prévios que contêm informações sobre como e o que o produto deve ser.

Está é a razão pela qual produtos artesanais são copiados, de um exemplar para outro, de uma geração de artesãos para a seguinte.

p. 160 Minha taxonomia para o campo de pesquisa em Desenho teria três categorias baseadas em pessoas, processos e produtos:



EPISTEMOLOGIA DO DESENHO estudo dos modos desenhísticos de saber;



PRAXIOLOGIA DO DESENHO estudo das práticas e processos projetuais;



MORFOLOGIA DO DESENHO estudo das formas e configurações.

Houve uma aceitação crescente do desenho-projetual em seus próprios termos, sua articulação como disciplina, e um reconhecimento de que não temos que transformá-lo

em imitação da ciência. Tampouco devemos tratá-lo como uma arte misteriosa e intelectual.

A controvérsia que ainda existe sobre a natureza da pesquisa em Desenho poderia ser amenizada pela observação da própria pesquisa científica, que é:



PROPOSITIVA, baseada na identificação de assunto ou problema merecedor de atenção, capaz de gerar investigação;



INQUISITIVA, centrada na busca de aquisição de conhecimento;

p. 161 

INFORMADA, conduzida a partir de pesquisas prévias;



METÓDICA, planejada e levada a cabo de maneira disciplinada;



COMUNICÁVEL, geradora e informadora de resultados tratáveis e acessíveis a outros pesquisadores e interessados.

p. 162

Progresso maior vem sendo feito por desenhadores que pesquisam e, por isso, o recente crescimento de conferências, seminários e simpósios está se mostrando extremamente útil para a metodologia da pesquisa em Desenho. À medida que a disciplina cresce com sua própria base de pesquisa, podemos esperar um crescimento no número de desenhantes, isto é, de desenhadores que pensam e teorizam sobre o Desenho.

9...


Similar Free PDFs