Resenha: Pesquisa em educação abordagens qualitativas PDF

Title Resenha: Pesquisa em educação abordagens qualitativas
Course Metodologia Científica
Institution Universidade Federal de Rondônia
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Summary

O texto corresponde à uma resenha do livro "Pesquisa em educação: abordagens qualitativas" ...


Description

PESQUISA EM EDUCAÇÃO: ABORDAGENS QUALITATIVAS O livro Pesquisa em educação: abordagens qualitativas de Menga Lüdke e Marli Eliza Dalmazo Afonso André é uma obra que está dividida em cinco capítulos e um exemplo de pesquisa, em anexo. A sua primeira edição foi publicada em 1986, ao longo deste período o mesmo recebeu diversas reimpressões, para a presente edição, as autoras decidirão não alterar nem complementar, as bases conceituais que acompanham as abordagens da pesquisa qualitativa em educação, deixando a obra à sua forma original. As autoras justificam a não alteração da obra em virtude das preocupações e os anseios ao entorno da pesquisa em educação permanecem tão vivos como na época da primeira edição. A obra apresenta alguns tipos de pesquisa como, pesquisa etnográfica, estudo de caso e seus instrumentos, análise de documentos, entrevistas, observação e análise de dados. Os capítulos estão divididos da seguinte forma, o um e cinco, foram escritos por Lüdke, os capítulos dois e quatro por André e, o terceiro em conjunto. O primeiro capítulo delineia a discussão para o caráter da pesquisa social e as atribuições do pesquisador. Além de caracterizar apropriadamente a termo pesquisa, um fenômeno atualmente “popular” que pode ser encontrar em diversos seguimentos da sociedade, eleições, pesquisa de opinião, de consulta etc., apresenta também as controversas com relação à sua denominação, a autora expõe que para realizar uma pesquisa é primordial que haja confronto entre os dados. Segundo a autora, o termo pesquisa trás em seu bojo, valores, anteposições, interesses e princípios, determinando conceitos epistemológicos para orientar o pesquisador, sendo que o papel do pesquisador mediante a pesquisa é precisamente o de condutor intelectual entre o conhecimento e as novas evidências estabelecidas. Entre os anos de 1930 a 1970 as pesquisas em educação passaram por se chamar de “paradigma positivista”, isto em virtude dos métodos de pesquisa terem aproximado das ciências físicas e naturais, na época havia-se um esquema/maneira diferente de explicar a sociedade, sendo que, as pesquisas não possuíam como foco a solução dos problemas educacionais. Acreditava-se que, a pesquisa social era algo além das atividades comuns, estando presente apenas em pessoas com “poderes especiais”. Concomitantemente, começaram a surgir insatisfação entre os pesquisadores com relação às metodologias positivistas. Nas pesquisas sociais e de educação, existia-se a pretensão de retirar alguma variável do objeto de pesquisa, reduzindo o enfoque do estudo, deixando assim, de apresentar as dimensões do fenômeno.

O cenário da pesquisa começa a tomar novos caminhos a partir de 1980, nesse período os pesquisadores foram fortemente influenciados por uma nova atitude de pesquisa, colocando-os em cena investigativa, podendo superando algumas lacunas sentidas na pesquisa até então realizada em educação. Os novos tipos de pesquisa que emergiram como solução foi: a pesquisa participante, participativa, ou emancipatória, a pesquisa-ação, a pesquisa etnográfica ou naturalista, e o estudo de caso. São utilizadas nestes novos tipos de estudo, a observação participante, entrevista e, a análise documental. São recursos metodológicos escassos de bibliografia. Por fim, a autora faz uma crítica com relação às pesquisas realizadas no Brasil, relatando que é indispensável uma legitimidade e uma real preocupação com os problemas formulados nestas pesquisas. O segundo capítulo faz apontamentos sobre os conceitos de pesquisa qualitativa, etnográfica, naturalística, participante, estudo de caso e estudo de campo, muito das vezes utilizados de maneira indevida. A autora concentra-se em duas metodologias com crescente aceitação nas pesquisas de educação: a pesquisa do tipo etnográfico e o estudo de caso. Apesar da crescente popularidade dessas metodologias, ainda assemelhar-se dúvidas sobre quando é ou não adequando utilizá-las. O conceito da pesquisa qualitativa é apresentado em cinco características básicas que são: A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento; Os dados coletados são predominantemente descritivos; A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto; O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador e, A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Destarte, a pesquisa qualitativa pode apresentar diferentes formas, sendo que, a pesquisa etnográfica e estudo de caso, possuem maior destaque. Conforme explana a autora a etnografia é uma “ciência de descrição cultural” envolvendo pressupostos específicos sobre uma realidade e formas particulares de coleta e apresentação de dados, nesta perspectiva etnográfica o pesquisador precisa ter uma relação intima com o lócus da pesquisa, além de um longo período de imersão na realidade a ser pesquisada. Existem duas formas básicas de instrumentos para coletas de dados na pesquisa etnográfica; a observação direta e entrevistas. Podendo utilizar também levantamentos, histórias de vida, análise de documentos, testes psicológicos, videoteipes, fotografias e outros, fornecendo um quadro mais completo do fenômeno estudado.

Quanto ao método da pesquisa etnográfica, não existe um especifico, quem o definirá será o problema formulado para o desenvolvimento da pesquisa. Na abordagem etnográfica o investigador pode modificar os seus problemas e hipóteses durante o processo de investigação, no entanto, ele necessita aprender a selecionar os dados necessários para responder às suas questões, procurando constantemente testar suas hipóteses com a realidade observada. Uma das grandes tarefas realizadas na pesquisa etnográfica esta nas mãos do observador as habilidades exigidas desse profissional não são simples nem tão pouco. Um bom etnógrafo precisa ser capaz de tolerar ambiguidades, ter responsabilidade, deve inspirar confiança, ser sensível a si mesmo e aos outros, maduro e consistente, deve ser capaz de guardar informações confidenciais etc. Além dessas qualidades pessoais, o observador se defronta com uma difícil tarefa, a de selecionar e reduzir a realidade sistematicamente. O estudo de caso é conceituado um estudo de um determinado caso, sendo que, este caso deve sempre ser bem delimitado e claramente definido no desenrolar do estudo. Em conformidade com a autora, este tipo de estudo pode até ser similar a outros, no entanto, incide naquilo que ele tem de único, de particular. Necessariamente nem sempre os estudos de caso serão qualitativos, como: estudos de casos clínicos, de serviço social, de direito etc. Um princípio básico desse tipo de estudo é que, para uma apreensão mais complexa do fenômeno de estudo, é preciso levar em conta o contexto em que ele se situa. O pesquisador irá coletar dados do início, meio e fim de diversos processos ocorrentes no campo de pesquisa. Com a variedade de dados coletadas ele poderá cruzar informações, confirmar ou rejeitar hipóteses, descobrir novos dados, afastar suposições, levantar hipóteses alternativas etc. O desenvolvimento do estudo de caso divide-se em três fases, primeira aberta ou exploratória, a segunda sistemática em termos de coleta de dados, na qual se delimita o estudo e, a terceira consistindo na análise sistemática, interpretação dos dados e elaboração do relatório. O capítulo subsequente discute os instrumentos nas pesquisas qualitativas: observação, entrevista e análise documental. As autoras iniciam este tópico definindo as determinantes da observação “o quê” e “o como” observar, neste caso nas observações é preciso fidedigna antecedentemente, os problemas que serão cobertos, o publico que será observado, o tempo das observações, além de um preparo material, intelectual, psicológica etc.

Tanto quando a entrevista, a observação ocupa um lugar privilegiado nas novas abordagens de pesquisa qualitativa, ela permite chegar na “perspectiva dos sujeitos”, associada a outras técnicas ela torna-se imprescindível. As críticas feitas a este método são realizadas pelo fato de haver alterações no ambiente e/ou no comportamento das pessoas observadas e, que se baseia na interpretação pessoal. Os conteúdos das observações diversificam-se podendo haver: descrição dos sujeitos, reconstrução de diálogos, descrição de locais, descrição de eventos específicos, descrição de atividades e, os comportamentos do observador. Já as reflexões podem incluir: Reflexões analíticas; Reflexão metodológica; Dilemas éticos e conflitos; e, Mudanças na perspectiva do observador e Esclarecimentos necessários. Assim como a observação, a entrevista também representa um grande instrumento básico para a coleta de dados, sendo uma técnica muito utilizada nas ciências sociais, na entrevista a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde. A entrevista pode recolher informações que não poderiam ser coletadas por outros meios de investigação. Entretanto, quando a entrevista toma o ato de perguntas, possuindo o mesmo caráter para diversos indivíduos, acaba-se por se familiarizar com o questionário. Assim como em qualquer outra técnica, para coleta de dados, é necessário verificar minuciosamente se as informações pretendidas exigem esta técnica ou se poder advir de outros meios. Finalizando este capítulo as autoras delineiam a discussão para a análise documental, segundo elas, são considerados documentos todo material escrito, leis, regulamentos, normas, pareceres, cartas, memorandos, diários pessoais, autobiografias, jornais, revistas, discursos etc. A grande vantagem de se utilizar documentos como base de instrumentos na pesquisa refere-se ao seu baixo custo em comparação a outras técnicas de pesquisa, o único custo que se tem é o tempo para analisar as informações mais relevantes. A escolha dos documentos não é aleatória, há geralmente propósitos, ideias ou hipótese guiando a sua seleção. Uma das lacunas apresentadas na análise documental resulta-se em não poder utilizalo para uma análise do dia a dia, da pesquisa e falta a sua falta de objetividade e sua validade questionável. Finalizando, baseado nos dados já obtidos, o pesquisador analisa e examinar o material coletado no intuito de aumentar o seu conhecimento e/ou descobrir novos ângulos que aprofunde a sua visão com relação à pesquisa.

O capítulo seguinte à discussão foi dedicado à análise de dados e algumas questões relacionadas à objetividade e à validade nas abordagens qualitativas, analisar dados em pesquisas qualitativos significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as transcrições de entrevista, as análises de documentos e as demais informações de disponíveis. Com relação à análise de dados, o texto exibe uma série de recomendações práticas como: a delimitação progressiva do foco de estudo; na qual a autora titula de “focalização progressiva”, uma maneira de delimitar a problemática, a formulação de questões analíticas; fazendo uma articulação entre os estudos teóricos e empíricos; Aprofundamentos da revisão de literatura, relaciona as descobertas realizadas durante o estudo com oque já existe na literatura; Testagem de ideias junto aos sujeitos, se pega alguns sujeitos da pesquisa, afim de, testar certas percepções e, Uso extensivo de comentários, observações e especulações ao longo da coleta, procure registrar observações pessoais do pesquisador, sentimentos e especulações que surgem ao longo de todo o processo de coleta, não se limite apenas a fazer descrições detalhadas. A autora descara também a respeito da análise após a coleta de dados, que seria a classificação e organização dos dados, para dar sequência a uma etapa mais complexa da pesquisa, na perspectiva de deixar os dados mais coerentes o pesquisador terá de rever suas ideias iniciais, repensá-las, reavaliá-las, e novos conceitos podem vir a aparecer. No entanto, só a categorização em si só não é o suficiente para a análise, requer uma busca além das meras descrições, buscando acrescentar algo à discussão, esse acréscimo na pesquisa pode significar desde alguns pressupostos bem concatenados avigorando uma nova configuração na perspectiva teórica, até um levantamento de novas questões, que sistematizem ainda mais o estudo. A obra apresenta alguns problemas éticos, metodológicos e políticos no uso das abordagens qualitativas, estas questões ocorrem em decorrência da interação do pesquisador com os sujeitos da pesquisa. O método de observação é considerado um dos mais antiéticos, em virtude da invasão da privacidade dos indivíduos, sem lhes pedir permissão. A proposta que se tem tomado junto a estes problemas é a solicitação de consentimento aos informantes para a realização da pesquisa. Entretanto, isso não resolve totalmente o dilema da ética na pesquisa. Outra questão muito seria diz respeito à manipulação dos sujeitos, podendo estes, vir, a saber, que estão sendo usados sem autorização, podendo tomar atitudes de aversão a qualquer

tipo de pesquisa. Existe também o caso de garantias de sigilo, para obter informações privilegiadas. Na situação da entrevista, esta preocupação é particularmente relevante, pois a garantia de anonimato avigora uma relação de descontração e espontaneidade para a coleta de dados e, com a revelação dos sujeitos poderá comprometer a entrevista se sua identidade não for protegida. A autora relata que além das questões de natureza ética, existem várias outras, relacionadas principalmente aos instrumentos de coleta de dados da pesquisa e aos procedimentos metodológicos utilizados durante o estudo. Finaliza dizendo, o máximo que se pode exigir, da pesquisa além dos seus pressupostos, é que haja um certo consenso. O quinto e último capítulo apresenta duas lições de experiências, aprendidas com a realização de dois estudos que representa os tipos de pesquisa em educação apresentados no livro. São duas dissertações de mestrado realizadas no Departamento de Educação da PUCRio, sendo que um deles foi orientado por uma das autoras do livro. A obra expõe que as autoras tiveram acesso ao desenvolvimento dos dois estudos, de maneira intensificada, e não apenas ao seu produto, as dissertações. A partir dai, poderão extrair diversos ensinamentos benéficos. O primeiro estudo apresentado possui o foco principal no problema da alfabetização, sua autora, Tânia estava há tempos preocupada com o baixo índice do insucesso escolar das crianças nas escolas públicas. Sendo assim, ela gostaria de realizar uma pesquisa que penetrasse mais no desenrolar do trabalho da professora com a sua classe, para tentar detectar o que exatamente estava acontecendo, como acontecia e o que pensavam as professoras, as diretoras, os alunos e seus pais sobre o problema. Enfim, queria saber como a instituição escolar se colocava no desafio da alfabetização, se é que se colocava. O tipo de estudo indicado para esta dissertação fora um estudo de caso. De início a sua maior dificuldade com relação a este tipo de estudo, foi à falta de bibliografia em português, sendo que o inglês era a língua que apresenta maior número de publicações, e não dispunha de obras de caráter introdutório que pudessem orientar seguramente o principiante em pesquisa. A própria metodologia do estudo de caso se encontrava em fase de elaboração, sendo natural, portanto, a falta de livros do gênero manual. A razão que levou Tânia a realizar o estudo foi ajudar os que estão envolvidos num problema a encontrar suas mais adequadas soluções. Para a coleta de dados, nenhuma conversa foi desprezada, nem a de corredor, nem do café, tudo de alguma forma contribuiu como material para o caso.

O segundo estudo apresentando, também uma dissertação de mestrado, não constituiu efetivamente de um estudo de caso, mas se desenvolveu dentro da perspectiva da pesquisa do tipo etnográfica e ilustra bem vários problemas nela envolvidos. O tema central do estudo é a questão da avaliação, tendo como autora Ruch, ela se viu motivada para o assunto, a princípio, pelas dificuldades apresentadas por suas alunas do curso de pedagogia, o problema surgiu a partir dos relatos que suas alunas faziam dos estágios obrigatórios junto a professores de 1º grau, sobretudo no que se referia à avaliação. Esses comentários inquietaram-na a se perguntar como andava a avaliação entre as futuras professoras do 1º grau. Em um comunicado com a orientadora sobre a ideia da pesquisa, ela lhe indagou se não seria mais interessante abordar as professoras engajadas atualmente no 1º grau, para conhecer o que pensavam sobre avaliação, em vez de começar por suas futuras formadoras. Como o estudo de Ruth não constituiu um caso, a pesquisa não cuidou de focalizar o todo de uma escola, destacou-se a atuação de algumas professoras, em escolas diferentes. Assim como no estudo anterior, ela sentiu a dificuldade de integrar a fundamentação teórica. A obra apresenta trechos das dissertações de Ruth como a de Tânia, em ambos os estudos apresentam, além de descobertas de cada um sobre temas bastante contemporâneos, as autoras destacam a evidência, que as dissertações não poderiam ter sido feitas se não com o emprego de uma metodologia adequada à natureza dos fenômenos enfocados. No final do livro as autoras apresentam em anexo um exemplo de uma pesquisa, intitulada de Alfabetização: um estudo sobre professores das camadas populares. O texto apresenta uma síntese de uma pesquisa do tipo etnográfica, ilustrando a utilização de uma das abordagens discutidas até aqui. No estudo foram observadas vinte professoras, em um total de doze escolas públicas do município do Rio de Janeiro, focalizando os critérios de aprovação dos alunos, os métodos de alfabetização adotados pelas professoras, a inter-relação entre conteúdo, disciplina, afetividade e aprendizagem, assim como o compromisso da professora com o ensino. As escolas observadas apresar da heterogeneidade nas características, algumas são situadas em localidades díspares, em bairros centralizados, outros em regiões suburbanas, com melhores e piores condições de funcionamento, com áreas abertas, outras só fechadas, etc. Com relação às observações, segundo as autoras, apenas duas escolas, do ponto de vista pedagógico, realmente se preocupavam com a alfabetização, o restante parecia ter uma proposição mais abrangente de trabalho.

As conclusões preliminares chegam à constatação que o modo de trabalho e os conteúdos adotados pelas professoras estavam densamente ligados às formas de disciplinas adotadas, embora, encontravam-se vinculados as afetividades de algumas professoras, gerando interesse e a vibração pela aprendizagem, aspectos estes relacionados, ao compromisso identificado nas professoras quando ao seu papel de ensinar. Outro aspecto observado diz respeito à característica das professoras, pertencentes à “escola tradicional” ou à “escola renovada”....


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