Resumo EM Fichamento- Senhora PDF

Title Resumo EM Fichamento- Senhora
Author Efraim Igor Rocha
Course Língua Portuguesa
Institution Universidade do Estado de Minas Gerais
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Resumo em fichamento da obra "Senhora" de José de Alencar...


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RESUMO EM FICHAMENTO – JOSÉ DE ALENCAR “SENHORA” *Texto original da Fundação Biblioteca Nacional Documento disponível em domino público: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do? select_action=&co_autor=71 *Efraim Igor Santana Rocha Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões. Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e formosa (p.1). Como acreditar que a natureza houvesse traçado as linhas tão puras e límpidas daquele perfil para quebrar-lhes a harmonia com o riso de uma pungente ironia? Os olhos grandes e rasgados, Deus não os aveludaria com a mais inefável ternura, se os destinasse para vibrar chispas de escárnio. Para que a perfeição estatuária do talhe de sílfide, se em vez de arfar ao suave influxo do amor, ele devia ser agitado pelos assomos do desprezo? (p.2). Aurélia correu a vista surpresa pelo aposento; e interrogou uma miniatura de relógio presa à cintura por uma cadeia de ouro fosco. Entretanto D. Firmina, acomodando a sua gordura semi-secular em uma das vastas cadeiras de braços que ficavam ao lado da conversadeira, dispunha-se esperar pelo almoço (p.4). Logo à primeira apresentação reconhecia-se o tipo desses folgazões que trazem sempre um provimento de boas risadas com que se festejam a si mesmos. Quando o Lemos na qualidade de tio fora pelo juiz de órfãos encarregado da tutela de Aurélia, deuse um incidente que desde logo determinou a natureza das relações entre o tutor e sua pupila. Pretendia o velho levar a menina para a companhia de sua família (p.7). Havia à Rua do Hospício, próximo ao campo, uma casa que desapareceu com as últimas reconstruções. Tinha três janelas de peitoril na frente; duas pertenciam à sala de visitas; a outra a um gabinete contíguo. O aspecto da casa revelava, bem como seu interior, a pobreza da habitação (p.12). A jovialidade do Seixas e o seu carinho, não só desvaneceram as queixas da Nicota, como restabeleceram a cordialidade entre as duas meninas, que se queriam extremosamente com afeto, só estremecido pelo ciúme desse irmão mimoso (p.16). A moça proferiu esta palavra com aquele timbre sibilante que em certas ocasiões tomava sua voz, e que parecia o ranger do diamante no vidro. Cobrira-se-lhe o semblante de uma palidez mortal; e por momentos parecia que a vida tinha abandonado aquele formoso vulto, congelado em uma estátua de mármore (p.24). Trazia nessa noite um vestido de nobreza opala, que assentava-lhe admiravelmente, debuxando como uma luva o formoso busto. Com as rutilações da seda que ondeava ao reflexo das luzes, tornavam-se ainda mais suaves as inflexões harmoniosas do talhe sedutor. Como que banhava-se essa estátua voluptuosa, em um gás de leite e fragrância.

Seus opulentos cabelos colhidos na nuca por um diadema de opalas, borbotavam em cascatas sobre as alvas espáduas bombeadas, com uma elegante simplicidade e garbo original que a arte não pode dar, ainda que o imite, e que só a própria natureza incute (p.28). Depois da cerimônia começaram os parabéns que é de estilo dirigir aos noivos e a seus parentes. Só então reparou-se na presença de uma senhora de idade, que ali estava desde o princípio da noite. Era D. Camila, mãe de Seixas, que saíra de sua obscuridade para assistir ao casamento do seu Fernando, e sentindo-se deslocada no meio daquela sociedade, retirou-se com as filhas logo depois de concluído o ato (p.34). Quinze dias depois, Pedro Camargo parava à porta de Lemos em um carro. Era a hora do chá; estavam todos na sala de jantar. Emília que se recolhera a pretexto de incômodo, desceu a escada sem que a percebessem (p.39). O restabelecimento das relações entre D. Emília e o irmão interessava Aurélia mui intimamente. Assegurando-lhe um arrimo para o futuro, essa conciliação não só restituiria o sossego à mãe, como lhe pouparia a ela essa espera ao casamento, que era para a pobre menina uma humilhação. Foi para a turba dos apaixonados arruadores grande assombro e maior escândalo, esse de verem todas as tardes, recostado insolentemente à janela de Aurélia, o rolho velhinho, conversando e brincando na maior intimidade com a menina. Ignorantes do parentesco, atribuíam essas liberdades a uma preferência inexplicável; pois o Lemos, notoriamente pobre, se não arrebentado, carecia do condão, que dispensa todas as virtudes, o dinheiro (p.44). Quem não conhece o livro em que Otávio Feuillet glorificou sob o título de honra, as últimas hesitações de uma alma profundamente corrompida. Seixas estava muito longe de ser um Camors; mas já nele começava o embotamento do senso moral, que o influxo de uma civilização adiantada, e no seio de uma sociedade corroída como a de Paris, acaba por abortar aqueles monstros (p.50). Nessa mesma noite partiu para a Corte. Por intermédio do correspondente mandou colher informações na vizinhança e soube que a viúva ainda morava na mesma casa. Depois destas explicações, que arrancaram lágrimas às duas senhoras, sobretudo quando leram a carta de Pedro Camargo, o velho deu um giro pela sala e tomando o chapéu disse: - Chorem a seu gosto; eu voltarei depois (p.54). A noite estava plácida e serena. No céu recamado de estrelas, a brisa cariciava uns frocos de nuvens alvas como a penugem das garças. Uma onda trépida garrulava na bacia de mármore coberta de nenúfares, que alçavam os grandes e níveos cálices, aljofrados de orvalhos. O arvoredo, que recortava-se bizarramente no horizonte luminoso como um relevo gótico, estremecia com o doce arrepio da aragem, que esparzia os aromas das rosas e das magnólias (p.62). A princípio a moça ocupou-se unicamente em servir, depois trincando nos alvos dentes a polpa vermelha de uma lagosta, animou a conversação com uma palavra viva e cintilante. Nunca ela tinha revelado como nessa manhã, a graça de seu espírito e o brilho de sua imaginação. Também nunca o sorriso borbulhara de seus lábios tão florido; nem sua beleza se repassara daquelas efusões de contentamento (p.66). Quando ela entrou nesse aposento e fechou a porta sobre si, não teve tempo de desatacar o corpinho do vestido; meteu as mãos pelos ilhoses e magoando os dedos mimosos nos

colchetes, despedaçou a ourela para não sufocar. O coração que ela recalcara por tanto tempo sublevava-se afinal, e estalava nos soluços que lhe dilaceravam o seio (p.70). A chave servia nessa porta que dava para uma alcova elegante, mobiliada com uma cama estreita de érable e outros acessórios. Era o mais casquilho dormitório de rapaz solteiro que se podia imaginar (p.73). À direita do marido estava Aurélia reclinada em uma cadeira mais baixa de encosto derreado, cômodo preguiceiro para o corpo e o espírito que deseja cismar. Desde a tarde da explicação relativa ao toucador, as relações dos dous companheiros dessa grilheta matrimonial se tinham modificado. Como se houvessem naquela ocasião exaurido toda a dose de fel e acrimônia, acumulada nesse primeiro mês de casados; desde o dia seguinte suas palavras correspondendo à amenidade e apuro das maneiras, perderam a ponta de ironia, de que anteriormente vinham sempre armadas, como as vespas de seu dardo sutil e virulento (p.79). Por este lance não teve ela de passar. Às suas primeiras palavras, Seixas retraíra-se, para ostentar depois uma imprudência, que ela jamais podia esperar, e que produziu em sua alma indizível horror. O laço que a unia àquele homem tornou-se uma abjeção, quase uma infâmia (p.86). Os teatros e os bailes não lhe bastavam; as noites em que não tinha convite, ou não havia espetáculo, improvisava uma partida que em animação e alegria, não invejava as mais lindas funções da Corte. Tinha a arte de reunir em sua casa as formosuras fluminenses. Gostava de rodearse dessa corte de belezas (p.93). Fernando que se havia refugiado um instante naquele recanto, e fumava sentado em um sofá rústico à sombra de um plátano, ouviu a maledicência dos dous leões. Buscando com os olhos o alvo do remoque, viu sua mulher que falava ao cavalheiro com uma insistência meiga e sedutora, que lembrou-lhe a época de seus primeiros amores (p.101). Outros perfumes conheço mais vivos, alguns fortes e excitantes: nenhum tem a maga suavidade de um hálito de rosas, fragrância de sua alma, que Aurélia infundia nos lábios do cavalheiro. Neste deleite em que se engolfava, teve Seixas um momento de recobro, e pressentiu o perigo. Quis então parar e pôr termo a essa prova terrível a que a mulher o submetera, certamente no propósito de o render a seu império, como já uma vez o fizera, naquela noite do divã, noite cruel de que ainda conservava a pungente recordação (p.107). As cortinas cerraram-se, e as auras da noite, acariciando o seio das flores, cantavam o hino misterioso do santo amor conjugal (p.124)....


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