Resumo - Os condenados da Terra Cap 1 PDF

Title Resumo - Os condenados da Terra Cap 1
Author Ananda Vilela
Course Teoria de Relações Internacionais
Institution Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
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Summary

Resumo do primeiro capítulo do livro "Os condenados da Terra" do autor Frantz Fanon. ...


Description

FANON, Frantz. Os condenados da Terra (1961) - A descolonização é sempre um fenômeno violento, é a substituição de uma espécie de homens por outra espécie de homens. É um programa de desordem absoluta, um processo histórico. - O colono faz o colonizado, tira sua verdade, os seus bens. - A descolonização afeta o ser, o modifica fundamentalmente. Introduz um novo ritmo no ser, uma nova linguagem, uma humanidade  só se torna homem/humano depois de descolonizado. “A zona habitada pelos colonizados não é a complementar a zona habitada pelos colonos. Essas duas zonas opõem-se, mas não ao serviço de uma unidade superior” (p. 34) - As realidades economias, as desigualdades e a diferença do modo de vida não escondem as realidades humanas. O que divide o mundo é pertencer ou não a tal espécie, tal raça. - As analises marxistas devem modificar-se para ler a realidade do sistema colonial, uma vez que a infraestrutura é igualmente uma superestrutura: se é rico porque é branco, se é branco porque é rico. Aqui não é a posse dos meios de produção que caracterizam a classe dirigente, mas sim seu estrangeirismo  colono é sempre estrangeiro. A diferença de classes é legitimada por um direito divino  como Marx vai ler isso? Tem que ser reformulado. - A violência sofrida pelos colonizados é reivindicada no momento em que estes penetram violentamente nas zonas dos colonos. “Destruir o mundo colonial é, nme mais nem menos, abolir uma zona, enterrá-la no solo mais fundo ou expulsá-la do território” (p. 36)  não é uma conversa entre zonas, mas sim a abolição de uma. - O mundo colonial é um mundo maniqueu: o colonizado não é somente limitado fisicamente, mas é caracterizado como uma espécie do mal. Não é somente sem valores, é impermeável a qualquer ética, não é a ausência de valores, é a negação destes, um inimigo de valores. É um mal absoluto. - O maniqueísmo do colono chega ao extremo de desumanizar e animalizar o colonizado.

“O colonizado sabe tudo isso e ri cada vez que se descobre como animal nas palavras do outro. Porque sabe que não é um animal. Ao mesmo tempo que descobre sua humanidade, começa a polir as suas armas para as fazer triunfar” (p. 38) - Quando percebe a emergência dessa ‘revolta’ do colonizado, o colono tende a expor as qualidades benéficas dos valores ocidentais. No momento da descolonização, afirma que isso não seria regressão, é que seria bom continuar sob esses mesmos valores ocidentais. Quando percebe a derrota, a burguesia colonialista inicia um dialogo com as elites descolonizadoras (elites intelectuais), combate na retaguarda, no terreno da cultura, valores, técnica. Mas o colonizado é impermeável a isso, seu valor principal é a terra, de onde tira seu sustento. “O contexto colonial, temos dito, caracteriza-se pela dicotomia que inflige ao mundo. A descolonização unifica esse mundo, arrebatando-o de forma radical à sua heterogeneidade, unificando-o sobre a base da nação ou da raça. Conhecemos essa frase feroz dos patriotas senegaleses, ao evocar as manobras do seu presidente Senghor: «Temos pedido a africanização dos quadros e Senghor africaniza os europeus». Isto quer dizer que o colonizado tem a possibilidade de perceber de forma imediata e absoluta se a descolonização tem lugar ou não: o mínimo exigido é que os últimos sejam os primeiros.” (p. 41) - O intelectual colonizado, entranhado pelo colonialismo, coloca a petição de ‘ocidentalização/modernização’: quadros administrativos, quadros técnicos, especialistas. - No intelectual colonizado é introduzido um ideal de individualismo. Uma ideia de sociedade de indivíduos, onde cada qual se encerra na sua subjetividade. No entanto, é na luta pela descolonização que ele percebe a força e importância do coletivo, da comunidade. - Em um local que ocorra a descolonização sem uma luta de libertação, os intelectuais colonizados ainda estarão sob os moldes europeus. É nesse momento que, como autoridades nacionais, eles se tornam corruptos. Produz-se austeridade. - O colono faz a história, a escreve como bem entende, e o colonizado só tem acesso a essa construção da própria história quando no momento da descolonização.

- O colonizado no fundo não reconhece nenhuma instancia, está dominado, mas não domesticado, inferiorizado, mas não convencido de sua inferioridade. *O sonho do oprimido é se tornar opressor? - O colonizado, na supressão de sua raiva, muitas vezes se viram contra si próprios, e causam lutas tribais, mas depois se unem contra o opressor. - Importância do afeto na luta pela emancipação. “Noutro ângulo, veremos como a afectividade do colono se esgota em danças mais ou menos tendentes ao êxtase. Por isso, um estudo do mundo colonial deve tentar compreender, forçosamente, o fenómeno da dança e do transe. O relaxamento do colonizado é precisamente essa orgia muscular no curso da qual a agressividade mais aguda, a violência mais imediata, se canalizam, se transformam, se escamoteiam. O círculo da dança é um círculo permissivo. Protege e autoriza.” (p. 53)  canaliza a força e violência na dança. - No decurso das lutas de libertação, os colonizados canalizam a violência para a luta, o que antes era canalizado para a dança, para o transe (possessão, vodu). Ele “enfrenta por fim as únicas forças que negavam o seu ser: as do colonialismo” (p. 54) - Quais forças que propõem à violência do colonizados novas vias? 1 Partidos políticos e elites intelectuais (um negócio meio Gramsci) – esses partidos não propõem um novo regime político, mas a continuação do mesmo com eles no poder. Os intelectuais se deitam ao colonialismo, querem competir com os colonos, querem o status do colono, é individualista. Já a massa não quer isso, quer melhoras na sua vida, quer o lugar do colono em suas próprias vidas. Os intelectuais não acreditam que a violência das massas seja um caminho para alcançar a independência. - Perigo do comunismo nas fileiras de luta pela libertação  medo europeu, guerra fria. - Não é porque é independente que a situação mudou. Os países subdesenvolvidos continuam no seu subdesenvolvimento. A violência empreendida na luta continua.

- Diplomacia dos novos países. Assembleia geral da ONU – década de 60, os países sub empreendem seu poder de veto, eles eram em maioria. Movimento dos não alinhados. - No contexto da GF, os países independentes são cooptados de um lado ou de outro, agora estão no seio das disputas internacionais. “O colonizado e o subdesenvolvido são hoje animais políticos” (p. 79) - Como as sociedades ainda não estão plenamente formadas e a cooptação por um ou outro lado na GF é incessante, os países sub tendem ao neutralismo. Eles podem receber ajuda dos dois lados, mas nunca na medida suficiente em que precisam. Eles são disputados. “A violência do regime colonial e a contraviolência do colonizado equilibram-se mutuamente numa homogeneidade recíproca extraordinária. Esse reino da violência será tanto mais terrível quanto maior for a sobreexploração metropolitana. O desenvolvimento da violência no seio do povo colonizado será proporcional à violência exercida pelo regime colonial impugnado” (p. 88) - A mobilização introduz a consciência de uma causa comum, uma história coletiva. Primeiro na luta de libertação, depois na luta contra as mazelas do subdesenvolvimento  o povo entende que a vida é um interminável combate. “A violência do colonizado, temos dito, unifica o povo. Efectivamente, o colonialismo é, pela sua estrutura, separatista e regionalista. O colonialismo não se contenta em comprovar a existência de tribos; fomenta-as, distingue-as. O sistema colonial alimenta os chefes locais e reaviva as velhas confrarias de religiosos muçulmanos. A violência na sua prática é totalizadora e nacional.”. (p. 91) - A violência alivia o colonizado do seu complexo de inferioridade. Violência no contexto internacional - As mudanças não chegam rapidamente no pós-independência, a Europa ‘aceita’ a independência e cobra um alto preço por isso, retira capitas das ex-colônias, as entregam a própria sorte. Sem capital, sem engenheiros, médicos, técnicos, o esforço do colonizado é ainda maior pela sobrevivência. Ainda, esses colonizados não se esquecem que a riqueza da Europa foi construída sobre a sua pobreza e mazela.

- Alguns países sucumbem a pressão econômica europeia e fazem acordos, antes eram colonizados, agora são economicamente dependentes. “Deve dizer-se: acreditamos que o esforço colossal a que os povos subdesenvolvidos são obrigados pelos seus dirigentes, não dará os resultados previstos. Se as condições de trabalho não se modificam, hão-de passar séculos para humanizar esse mundo animalizado pelas forças imperialistas”. (p. 97) - Comparação ao contexto do nazismo: a Alemanha teve que pagar por transformar a Europa em sua colônia, mas os países colonialistas não fizeram isso com as suas ex-colônias  isso pode ser explicado por Mbembe, o problema não foi a violência perpetrada no holocausto, isso não era novo, já tinha acontecido durante o período colonial, o problema foi que a violência foi dirigida aos brancos. “A Europa é, literalmente, a criação do Terceiro Mundo. As riquezas que a abafam são as que foram roubadas aos povos subdesenvolvidos” (p. 98) - O autor finaliza o capítulo afirmando que não há como as nações independentes saírem de seu torpor e iniciar um ‘desenvolvimento’ sem que as massas europeias siam de sua alienação em relação as colônias. É um duplo movimento de independência....


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