Resumo - Preconceito linguístico PDF

Title Resumo - Preconceito linguístico
Author Thaini Alves
Course Comunicação E Expressão
Institution Universidade do Estado do Amazonas
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Summary

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: como é, como se faz. 49º Ed. 2007. Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1999....


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BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: como é, como se faz. 49º Ed. 2007. Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1999. Marcos Bagno é doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), professor de linguística do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, tradutor, escritor e linguista, e seu livro “Preconceito linguístico: como é, como se faz”, que aqui será resumido, foi considerado um achado pela revista Nova escola em 1999, um livro que trata dos preconceitos e mitos que compõem a cultura linguística brasileira. A primeira parte do livro trata sobre os mitos do linguística, intitulado “A mitologia do preconceito linguístico”, nele o autor fala sobre afirmações falaciosas que compõem o preconceito linguístico, afirmações que fazem parte da imagem negativa que o brasileiro tem de sua língua, além de outras afirmações que compõem uma espécie de preconceito positivo. O primeiro mito é sobre a unidade da língua portuguesa, e segundo o autor esse é o maior e mais sério mito, pois só as graves diferenças de status social explicam a existência, em nosso país, de uma distância linguística entre os falantes das variedades não-padrão do português brasileiro e os falantes da variedade culta ensinada na escola, além das variações que dizem respeito a idade, origem e localização. Milhões de brasileiros não dominam a norma culta, ou seja, são milhões de pessoas sem língua, pois, se acreditarmos no mito da língua única, existem milhões de pessoas neste país que não têm acesso a essa língua, essas pessoas sem língua também falam português, porém trata-se de uma variação não reconhecida como válida, além de ser ridicularizada. De acordo com pesquisadores essas pessoas que não falam a norma culta tem dificuldades em compreender as mensagens enviadas para eles pelo poder público, a constituição é o exemplo utilizado pelo autor através de Maurizzio Gnerre que escreveu que a constituição afirma que todos os indivíduos são iguais perante a lei, mas essa mesma lei é redigida numa língua que só uma parcela pequena de brasileiros consegue entender. No segundo mito intitulado “brasileiro não sabe português/só em Portugal se fala bem português” o autor trata sobre a visão preconceituosa sobre a língua de nosso país, que já foi colônia, fazendo críticas a diversos autores, entre eles linguistas e filósofos que em obras de diferentes tempos históricos colocaram nossa língua como algo caipira, nos diminuindo em relação a Portugal, fazendo comparações incabíveis. Bagno destaca

como nossa língua e gramatica é diferente da de Portugal, por isso o certo seria dizer português brasileiro, pois não se trata da mesma língua de Portugal. O autor esclarece como muitos autores brasileiros assim como a educação e o modo de ensinar português no Brasil está atrelado à matriz Portugal, segundo ele esse é um ótimo exemplo desse preconceito que diminui os brasileiros e atrapalha o reconhecimento de que somos únicos e diferentes. O mito número três do livro é sobre o português ser muito difícil. De acordo com Bagno o ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal, por isso as regras não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil, e por esse motivo achamos que português é difícil. Segundo o autor se aprendêssemos o português de acordo com seu real uso ninguém mais acharia nossa língua difícil. Bagno da sublimes exemplos para explicar que não existe língua difícil para quem a tem como materna e que existem muitas regras que não se fazem necessárias na fala. O quarto mito é intitulado “As pessoas sem instrução falam tudo errado” nessa parte Bagno explica que qualquer manifestação linguística que escape da gramática e do dicionário é considerada errada, e que se algumas pessoas falam diferente do considerado padrão correto é por conta do fenômeno fonético que contribuiu para a formação da própria língua portuguesa padrão e o fenômeno que existe no português não-padrão é o mesmo que aconteceu na história do português-padrão. O quinto mito é o seguinte: “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão” aqui o Bagno esclarece que é por conta do arcaísmo e pela conservação de um único aspecto da linguagem clássica literária, que coincide com a língua falada em Portugal ainda hoje, que se perpetua o mito de que o Maranhão é o lugar “onde melhor se fala o português” no Brasil, pois no Maranhão ainda se usa por exemplo o pronome “tu” por conta do período colonial, houve uma forte imigração de açorianos. O autor afirma que não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja melhor que outra pois toda variedade linguística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam, e quando deixar de atender ela irá se transformar para se adequar, portanto as variedades da língua são resultados de um processo histórico próprio. O mito número seis leva o título: “O certo é falar assim porque se escreve assim” e trata sobre a variação na fala pois de acordo com o autor, nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a própria língua de modo idêntico. Existe um preconceito em querer que as pessoas falem como

se escreve, nesse sentido o autor explica que é necessária uma ortografia única para toda a língua, para que todos possam ler e compreender o que está escrito, mas o modo de falar pode ser interpretado de maneira particular. O mito sete é sobre precisar saber gramática para falar e escrever bem. Sobre isso Bagno, também exercitando a crítica, explica que se esse mito fosse verdadeiro todos os gramáticos seriam grandes escritores e os bons escritores seriam especialistas em gramática. O autor expõe alguns grandes escritores que não eram bons de gramática como Machado de Assis, Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade. Nesse sentido o autor reafirma que a gramática normativa é decorrência da língua, é subordinada a ela, dependente dela mas passou ser um instrumento de poder e de controle. O autor ainda explica que não é a gramática normativa que vai garantir a existência de um padrão linguístico uniforme. A língua existe independente da gramática. O título do oitavo mito é: “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”, e nele o Bagno explica como esse mito está enraizado em um preconceito linguístico que não considera as disparidades sociais, pois o domínio da norma culta de nada vai adiantar a uma pessoa que não tenha seus direitos de cidadão reconhecidos plenamente. O autor defende nessa parte a garantia de que todos os brasileiros tenham o reconhecimento da variação linguística, garantindo também o acesso à educação em seu sentido mais amplo, aos bens culturais, à saúde, à habitação, ao transporte de boa qualidade e a vida digna de cidadão merecedor de todo respeito. A segunda parte do livro é sobre o círculo vicioso do preconceito linguístico, onde o Bagno explica que os mitos acima são preconceitos transmitidos e perpetuados em nossa sociedade e formam um círculo vicioso que segundo ele é composto por três elementos principais: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos, onde a gramática tradicional inspira a prática de ensino, que provoca o surgimento da indústria do livro didático, cujos autores recorrem à gramática tradicional como fonte de concepções e teorias sobre a língua. O autor fala sobre como o processo de impregnação do preconceito é forte e difícil de se desfazer, sendo assim muitas pessoas tem preconceitos linguísticos com outros e até contra si mesmo. Bagno acrescenta um quarto elemento no círculo vicioso que são os comandos paragramaticais que representam os preconceitos que envolve as manifestações escritas e da mídia que perpetuam as velhas noções de que brasileiro não sabe português e de que português é muito difícil, deixando assim passar a chance de

contribuir para a destruição dos velhos mitos e para a elevação da autoestima linguística dos brasileiros. O autor intitula Napoleão Mendes de Almeida como propagador do preconceito linguístico por meio de comandos paragramaticais no Brasil, além do preconceito social. De acordo com o autor, Napoleão desconhece e desqualifica e linguística acreditando que a ela não vai além da fonética, o que trata-se de uma ingenuidade imperdoável em alguém que se diz tão autoridade para julgar a língua. A terceira parte do livro é sobre a desconstrução do preconceito linguístico. De acordo com o autor o primeiro passo para a desconstrução e para a quebra do círculo vicioso é o reconhecimento da crise. Bagno explica que muita gente acredita e defende que é a norma culta que deve constituir o objeto de ensino e aprendizagem em sala de aula, porém essa norma culta por diversas razões de ordem política, econômica, social e cultural é algo reservado a poucas pessoas no Brasil. O autor da a comprovação disso em três pontos, primeiro isso se comprova com a quantidade enorme de analfabetos, alto índice de analfabetos funcionais, e a péssima posição do Brasil em nível de escolarização, o que comprova que com tantos analfabetos, lamentar a decadência da norma culta no Brasil é, no mínimo, uma atitude cínica. Segundo que por razões históricas e culturais a maioria das pessoas plenamente alfabetizadas não cultivam nem desenvolvem suas habilidades linguísticas no nível da norma culta. Terceiro que a norma culta não corresponde a língua efetivamente usada pelas pessoas cultas do Brasil nos dias de hoje, mas sim a um ideal linguístico inspirado no português de Portugal. Através de várias observações e críticas a outros autores de gramatica o autor esclarece que existe um enorme abismo entre a verdadeira norma culta usada pelas pessoas cultas do Brasil e aquilo que especialistas e não-especialistas em linguística, que se baseiam exclusivamente na norma gramatical mais conservadora e prescritiva, chamam de “norma culta”, abismo que vem da recusa dos defensores da gramática tradicional de acompanhar os avanços da ciência da linguagem. Bagno sugere que para separar o ideal do real, é necessário empreender a identificação e a descrição da verdadeira língua falada e escrita pelas classes cultas do Brasil e escrever uma gramática da norma culta brasileira em termos simples, claros e precisos, com um objetivo declaradamente didático e pedagógico, que sirva de ferramenta útil e prática para professores, alunos e falantes em geral.

Para alcançar isso são necessárias mudanças de atitude para combater o preconceito, de acordo com o autor isso pode ser feito deixando de lado as afirmações preconceituosas, autoritárias e intolerantes para falarmos a nossa língua materna como falantes competentes, não aceitando dogmas e exercitando a reflexão e investigação, além de produzir enquanto professor a própria gramatica através de pesquisas e participação considerando a linguística uma ciência que está sempre em evolução. Sobre o ensino do português na luta pela quebra do círculo vicioso e fim dos preconceitos linguísticos, Bagno sugere rever a velhas opiniões através do questionamento do verdadeiro sentido de ensinar português, uma vez que ensinar todas as regras não garante que um aluno seja um usuário competente da língua culta, por esse motivo o ensino deve se voltar para o objetivo de tornar os alunos bons usuários da língua. A noção de erro também precisa ser reavaliada para o fim do círculo de acordo com o autor, pois uma elevada porcentagem do que se rotula como erro de português é, na verdade, mero desvio da ortografia oficial. A noção de erro no caso da escrita deve ser substituída pela tentativa de acerto segundo o autor. O autor destaca que a eliminação da noção de erro não pode significar que, em termos de língua, vale tudo, pois tudo depende do contexto e de uma série de fatores. É preciso considerar a adequabilidade e o da aceitabilidade. Bagno sugere ainda alguns atos subversivos contra o preconceito, como por exemplo, formar e se informar, criticar ativamente a prática, mostrar e reconhecer a evolução da ciência da linguagem, e utilizar como matéria de reflexão noções que o autor chama de “dez cisões”, que são uma junção sintetizada de tudo o que ele expõe durante toda a obra em formato de guia numerado. A última parte do livro é sobre o preconceito contra a linguística e os linguistas, onde o autor explica que a doutrina gramatical é muito antiga, e foi se tornando elemento de dominação de uma parcela da sociedade sobre as demais e que querer cobrar, hoje, a observância dos mesmos padrões linguísticos do passado é querer preservar, ideias, mentalidades e estruturas sociais do passado. Marcos Bagno consegue nos inspirar durante toda a obra a nos orgulhar do nosso modo de falar além de nos fazer refletir sobre o julgamento que fazemos sobre a língua, do outro, além de nos fazer pensar na nossa diversidade como algo realmente rico pelo qual vale a pena se orgulhar. Através de muitas críticas, comparações e posicionamentos concisos utilizando grandes nomes da literatura gramatical, além de outros, o autor

consegue firmar seus pontos de vistas fazendo com que a leitura de seu livro seja completamente necessária. Bagno nos faz sentir verdadeiramente parte de uma diversidade imensa e bonita, e nos faz querer lutar contra os preconceitos linguísticos....


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