Title | Resumos Ginecologia - Resumo Obstetrics and Gynecology (clinical practice) |
---|---|
Course | Obstetrics and Gynecology (clinical practice) |
Institution | Universidade Nova de Lisboa |
Pages | 72 |
File Size | 2.6 MB |
File Type | |
Total Downloads | 183 |
Total Views | 631 |
GINECOLOGIAÍndice AULA 1 – REVISÃO DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO GENITAL FEMININO ....................................................................................................................................................... 1 AULA 2 – PLANEAMENTO FAMILIAR ..............................
GINECOLOGIA Índice AULA 1 – REVISÃO DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO GENITAL FEMININO ....................................................................................................................................................... 1 AULA 2 – PLANEAMENTO FAMILIAR .......................................................................................................................................................................................................................... 5 AULA 3 – PATOLOGIA BENIGNA DO APARELHO GENITAL FEMININO.............................................................................................................................................................................. 16 AULA 4 – PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CANCRO GINECOLÓGICO ............................................................................................................................................................... 24 AULA 5 – INFERTILIDADE........................................................................................................................................................................................................................................ 33 AULA 6 – MENOPAUSA ......................................................................................................................................................................................................................................... 39 AULA 7 – INCONTINÊNCIA URINÁRIA ....................................................................................................................................................................................................................... 43 AULA 8 – AMENORREIA ......................................................................................................................................................................................................................................... 49 AULA 9 – INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ............................................................................................................................................................................................... 55 AULA 10 – DOR PÉLVICA ....................................................................................................................................................................................................................................... 63 AULA 11 – PATOLOGIA DA MAMA........................................................................................................................................................................................................................... 67
AULA 1 – REVISÃO DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO GENITAL FEMININO Anatomia Pelve/bacia óssea o
o
o
Anel esquelético formado por: Sacro Cóccix Ossos ilíacos Sínfise púbica A divisão entre grande e pequena bacia é marcada por um plano oblíquo que passa: Promontório do sacro Linha arqueada do íleon Linha pectínea do púbis Bordo superior da sínfise púbica Avaliação da compatibilidade feto-pélvica
Músculos da pelve o
o
Parede lateral Piriforme Obturador interno Ilíaco Psoas major Pavimento Elevador do ânus Coccígeo Diafragma urogenital
1
o
Prolapsos
Períneo o
Estruturas genitais externas – vulva Monte do púbis/Vénus Grandes lábios Pequenos lábios
Vagina o o o
o
Canal fibromuscular de 8-10 cm Desde o vestíbulo vulvar ao útero Vascularização Artérias Derivadas dos ramos vaginal, uterino, pudendo interno, rectal médio da artéria ilíaca interna Veias Plexos laterais que drenam através das veias vaginais para a veia ilíaca interna Inervação Porção superior da vagina – plexo uterovaginal Porção inferior – nervo pudendo
Útero o o
o
o
Órgão fibromuscular 8x5 cm Corpo Corno uterino Fundo uterino Istmo Colo Cilindro 2-3 cm Canal endocervical Exocolo Situação e relações Escavação pélvica Abaixo do estreito superior da bacia óssea Anteriormente Face posterior e superior da bexiga Posteriormente Cólon sigmoide, ansas terminais do íleon 2
Lateralmente Trompa de falópio Ligamento redondo Ligamento próprio do ovário Artéria e veia uterina Ureter (paralelamente ao colo) Sustentação Ligamentos Fáscia endopélvica Músculos do pavimento pélvico Órgãos pélvicos Vascularização Artéria uterina – ramo terminal da ilíaca interna
o
o
Trompas de Falópio o o
o o
Estruturas cilíndricas ocas Abrem no ângulo superior da cavidade uterina Istmo Ampola Infundíbulo (fímbrias) 7-12 cm Vascularização Artéria uterina (porção média) Artéria ovárica (parte lateral)
Ovários o
o
o
De cada lado do útero Por baixo da bifurcação da artéria ilíaca comum Pólo superior – fímbrias Pólo inferior – útero – ligamento útero-ovárico Face lateral – peritoneu parietal Bordo anterior – hilo ovárico Vascularização Artéria ovárica – ramo directo da aorta (por vezes nasce da artéria renal esquerda) Veia ovárica esquerda – veia renal esquerda Veia ovárica direita – veia cava inferior Inervação Plexo ovárico Cadeia simpática toraco-lombar Gânglios mesentéricos superiores
Fisiologia Eixo neuroendócrino o Hipotálamo o Hipófise anterior o Ovário o Sistema vascular portal – transporta factores hipotalâmicos até à hipófise Hipotálamo 3
Parte do diencéfalo situado na base do cérebro – formando a base e paredes laterais do 3º ventrículo. o Responsável pela descodificação de informação entre o sistema cerebral e endócrino, através de células capazes de responder a estímulos glandulares e neuronais. o Produtor de GnRH – hormona libertadora de gonadotropinas FSH e LH de forma pulsátil Hipófise o Glândula de secreção interna Situada por baixo do hipotálamo, alojada na sela turca o Hipófise posterior (neurohipófise) sem relação com hipotálamo Vasopressina Oxitocina o Hipófise anterior (adenohipófise) – células epiteliais e fina rede vascular FSH LH Prolactina o
Ovário o Receptores hormonais Células da granulosa – FSH Células da teca – LH o As células da granulosa têm capacidade de sintetizar estrogénios, progesterona e androgénios. Por acção da FSH, produzem preferencialmente substancias estrogénicas que convertem dos androgénios por acção enzimática. o As células da teca por acção da LH produzem androgénios, testosterona e androstenediona.
4
o
Sob estímulo continuado de FSH e estradiol – selecção de um folículo dominante
o o
A presença de estrogénios e FSH é fundamental para o crescimento e maturação folicular O aumento do nível de estrogénios circulantes vai condicionar uma queda na produção de FSH pela hipófise, condicionando atresia dos folículos menos desenvolvidos. Localmente há luteinização das células da granulosa, e consequente produção de progesterona. O aumento continuado de LH desencadeia a ovulação, formando-se o corpo amarelo que continuará a produzir estrogénios e progesterona. O crescimento de outros folículos é inibido e centralmente inibida a libertação de gonadotrofinas.
o o o
Estrogénios
Progesterona
•Vulva – promovem troficidade e morfologia normal •Vagina – crescimento e maturação do epitélio malpighiano; aumentam produção de glicogénio •Colo útero – aumento de secreção de muco cervical •Endométrio – proliferação de glândulas e vascularização •Miométrio – aumento da vascularização das fibras musculares •Trompas – aumento do volume e peristaltismo •Mama – proliferação dos canais galactóforos
•Vagina – descamação celular •Colo do útero – aumento muco cervical (mais espesso, sem filância) “rolhão mucoso” •Endométrio – aumento da actividade secretora glandular e espiralização das arteríolas •Miométrio – diminui contractilidade fibras musculares •Trompas – diminuição da motilidade •Mama – desenvolvimento dos ácinos glandulares e hiperémia e espessamento do tecido conjuntivo
AULA 2 – PLANEAMENTO FAMILIAR Introdução “Os direitos em matéria de reprodução são direitos do Homem já consagrados em legislações nacionais e internacionais. Têm como fundamental o reconhecimento aos casais e ao indivíduo da capacidade de decisão, livre e 5
responsável, do número de filhos desejado e programar o seu intervalo. Os casais devem ser informados sobre os métodos para prevenir a gravidez, assim como devem ter direito às melhores condições de saúde possíveis.” (OMS)
Planeamento familiar Em Portugal, segundo o 4º Inquérito Nacional de Saúde (2009), 85,4% da população feminina em idade fértil usa um método contraceptivo e 23% das mulheres utilizadoras de contracepção não fazem vigilância em consulta de planeamento familiar. Método
1997 (%)
Pílula Preservativo DIU
2005-2006 (%)
62,3 14,6 9,7
65,9 13,4 8,8
Muitos factores determinam a escolha de um contraceptivo; O aconselhamento é fundamental para uma boa adesão a um método de contracepção; As utentes devem ser informadas correctamente e de forma clara sobre os métodos disponíveis e devem escolher livremente de acordo com a sua condição médicas, as suas necessidades e as suas expectativas; Os profissionais de saúde devem ser competentes na informação prestada sobre: o Forma correcta de utilização; o Eficácia; o Vantagens e desvantagens; o Efeitos secundários; o Riscos e benefícios não contraceptivos dos vários métodos; o Contracepção de emergência; o Prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.
Método
% de mulheres que tem uma gravidez não planeada ao fim de um ano de utilização de um método Uso correto
% de mulheres que mantém o método ao fim de 1 ano
Uso habitual
•Sem método
85
85
NA
•Métodos naturais: Coito interrompido Calendário Muco cervical •Espermicida
4 5 3 18
27
43 51
29
42
•Preservativo: Masculino Feminino
2 5
15 21
53 49
•CHC(1) Oral Transdérmico Anel vaginal •PO(2)
0,3 0,3 0,3 0,3
8 8 8 8
68 68 68 68
•Implante
0,05
0,05
84
•Prog. Injetável
0,3
3
56 6
•DIU Cobre Progestativo •Cont. Definitiva Laqueação tubar Vasectomia
0,6 0,2
0,8 0,2
78 80
0,5 0,10
0,5 0,15
100 100
(1)- Contraceptivo hormonal combinado (2)- Contraceptivo oral só com progestativo
Contracepção Contracepção oral combinada o Composição Estrogénios Etinilestradiol (EE) Valerato de estradiol Progestativos Usados em CHC Derivados da 17-OHNovos progestativos progesterona
Derivados da 19-nortestosterona Estranos
Gonanos 2ª geração
3ª geração
Noretinodrel
Levonorgestrel
Gestodeno
Ac. de ciproterona
Drosperinona
Noretisterona
Norgestimato
Desogestrel
Ac. de cloromadinona
Dienogest
o Efeitos dos progestativos nos receptores hormonais Progestativo
Estrogénios Androgénicos
Antiandrogénicos
Antimineralocorticoides
Levonorgestrel
(+)
(+)
-
-
Gestodeno
-
(+)
-
(+)
Desogestrel
-
(+)
-
-
Ac. de ciproterona
-
-
+++
-
Ac. de cloromadinona
-
-
+
-
Dienogest
-
-
++
-
drosperinona
-
-
+
+
+ efeito; (+) não clinicamente significativo; - nenhum efeito
o Vias e regras de administração Oral Em geral são iniciados no 1º dia do ciclo Deverá ser respeitada a hora da toma 7
Esquemas de administração contínua Transdérmica O adesivo é aplicado semanalmente durante 3 semanas, seguidas de uma semana sem aplicação Vaginal O anel vaginal é utilizado durante 3 semanas, seguidas de uma semana de intervalo
o A contracepção hormonal combinada é indicada: Em todas as mulheres que pretendam um método contraceptivo reversível, seguro e independente do coito; Nas situações em que os benefícios não contraceptivos possam resultar em vantagens terapêuticas.
Benefícios não contraceptivos Relacionados com o ciclo menstrual Prevenção do cancro Regularização dos ciclos menstruais Redução da dismenorreia Redução do síndrome pré menstrual Redução do fluxo menstrual Diminuição dos quistos funcionais Eventual melhoria de algumas doenças sistémicas com exacerbação menstrual
Diminuição do risco do cancro do ovário Diminuição do risco do cancro do endométrio Diminuição do risco de cancro colorretal
Prevenção de outra patologia ginecológica Possível redução de doença benigna da mama DIP Endometriose Gravidez ectópica Redução da incidência e gravidade de sintomas de fibromioma uterino Melhoria dos sintomas vasomotores da perimenopausa Aumento da densidade mineral óssea na perimenopausa
Tratamento do hiperandrogenismo Acne Hirsutismo
o Contra-indicações absolutas e relativas: Situação clínica
Absoluta
Mulher que não amamenta < 21 dias após o parto Mulher que amamenta < 4 semanas após o parto
Pós-parto
Hemorragia genital de etiologia não esclarecida
Relativa
Se existe suspeita de gravidez ou de patologia orgânica maligna
Hipertensão arterial
Sistólica ≥ 160 ou diastólica ≥ 90 mmhg Com doença vascular associada
Sistólica > 140-159 mmhg ou diastólica > 90 a 94 mmhg HTA controlada com terapêutica
Tabagismo
Idade > 35 anos e ≥ 15 cigarros por dia
Idade> 35 anos e < 15 cigarros por dia Idade > 35 anos, suspendeu tabaco há < de 1 ano
8
Obesidade
Índice de massa corporal (IMC) ≥ 40 kg/m2
Índice de massa corporal (IMC) ≥ 35 kg/m2 História de TV em familiar de 1º grau com idade ≤ 45 anos Imobilidade (cadeira de rodas, debilidade fisica)
Tromboembolismo venoso
Episódio agudo de TV História pessoal de TV Cirurgia major com imobilização prolongada Trombofilias (fator V de Leiden, mutação da protrombina, défices de proteina C, S e antitrombina
Doença cardiovascular
Doença coronária História de EM Patologia valvular cardíaca complicada Associação de múltiplos fatores de risco CV
Doença cereberovascular
História pessoal de AVC ou AIT
Outras doenças vasculares
Doença de Raynaud com anticoagulante lúpico positivo Lúpos eritematoso sistémico com anticorpos antifosfolipídos
Associação de múltiplos fatores de risco CV, em menor número e de menor gravidade
Formas mais severas e/ou associadas a outros factores de risco CV
Hiperlipidémias
Diabetes
Associada a nefropatia, retinopatia ou neuropatia Outras complicações vasculares
Associada a nefropatia, retinopatia ou neuropatia Outras complicações vasculares
Doenças hepato-biliares
Hepatite viral aguda Cirrose hepática descompensada Adenoma hepático Carcinoma hepático
Doença hepato-biliar sintomática ou sob tratamento médico História pessoal de colestase associada a CHC
Doenças neurológicas
Enxaqueca com aura, independente da idade Enxaqueca sem aura em mulheres com mais de 35 anos
Enxaqueca sem aura independentemente da idade História pessoal de enxaqueca com aura há ≥ 5 anos Epilepsia em tratamento médico com alguns anticonvulsivantes
Patologia da mama
Cancro da mama
História pessoal de cancro de mama sem evidência de doença há 5 anos Nódulo mamário de etiologia não esclarecida Portadoras de mutações genéticas associadas ao cancro da mama (BRCA 1)
9
HIV com algumas terapêuticas anti-retrovirais Tuberculose com algumas terapêuticas antiinfeciosas
Doenças infeciosas
o Efeitos indesejáveis Podem ser atribuídos aos estrogénios, aos progestativos ou a ambos; Geralmente são de fraca intensidade e surgem com maior frequência nos primeiros meses de toma e geralmente regridem espontaneamente; Constituem uma das principais razões para o abandono da CHC; Hemorragias intercíclicas, “metrorragia” ou “spotting”; Ausência de hemorragia de privação; Náuseas e vómitos; Mastodinia; Cefaleias; Alterações do peso corporal; Alterações do humor/depressão; Veias varicosas; Reações cutaneas; Corrimento vaginal. o Interacções medicamentosas Diminuem a eficácia contraceptiva
Aumentam a atividade do CHC
CHC aumenta a concentração
Carbamazepina
Acetominofeno
Amitriptilina
Griseofluvina
Eritromicina
Cafeína
Oxcarbazepina
Fluxetina
Ciclosporina
Etosuximida
Fluconazol
Corticoesteróides
Fenobarbital
Fluvoxamina
Clordiazepóxido
Fenitoína
Sumo de uva
Diazepam
Pirimidona
Nefazadona
Alprazolam
Lamotrigine
Vitamina C
Nitrazepam
Rifampicina
Triazolam
Ritonavir
Propanolol
Erva-São-João
Imipramida
Topiramato
Fenitoína Selegilina
10
Teofilina
Contracepção progestativa (CP) o Tipos de contracepção progestativa
Tipo
Dose
Posologia
Nome®
Oral
75 μg desogestrel
1 cp por dia de forma contínua
Cerazette®
Injectável
150 mg acetato de medroxiprogesterona
De 12 em 12 semanas
Depo-Provera®
Subcutânea
68 mg etonogestrel cujo metabolito ativo é o desogestrel
De 3 em 3 anos
Implanon NTX®
SIU
Levonorgestrel 20μg/dia
De 5 em 5 anos
Mirena®
o Efeitos dos progestativos usados na CP nos receptores hormonais Tipo
Estrogénicos
Androgénicos
Desogestrel Etonogestrel
-
(+)
-
-
Acetato de medroxiprogesterona
-
-
(+)
-
(+)
(+)
-
-
Levonorgestrel
Antiandrogénicos Antimineralocorticoide
+ efeito; (+) não clinicamente significativo; - nenhum efeito
o Contracepção progestativa oral Indicações para uso Intolerância ao uso de estrogénios Antecedentes pessoais ou familiares de tromboembolismo Após trombose venosa superficial Fumadoras, independentemente da idade Situações de hiperestrogenismo endógeno Síndrome pré-menstrual e cefaleias catameniais Nas situações de hipertensão controlada Outras situações clinicas (me...