Tabela de Pronomes PDF

Title Tabela de Pronomes
Author Fernanda Pacheco
Course Morfossintaxe II
Institution Universidade do Estado do Pará
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Summary

Realizamos uma pesquisa sobre o emprego dos pronomes pessoais na variedade de língua portuguesa falada no Brasil, com base nisso, construímos uma tabela acerca da coleta de frases/construções da fala. Nossa pesquisa trata-se especificamente da colocação pronominal na oralidade de moradores na cidade...


Description

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÂO DEPARTAMENTO DE LÍNGUA E LITERATURA

FERNANDA MORAES PACHECO E MAILSE FARIAS CARDOSO

Pesquisa acerca dos pronomes pessoais, apresentada ao curso de Letras Língua Portuguesa da Universidade do Estado do Pará, a ser utilizado como requisito avaliativo da disciplina Morfossintaxe II.

BELÉM –PA 2017

1- INTRODUÇÃO Sobre as análises na Gramática Normativa de Língua Portuguesa dos autores Cunha & Cintra (2001) e no livro Análise Sintática do Português Falado no Brasil (vol. 1) da autora Oliveira (2010), esses objetos de estudo, apresentam e discorrem acerca do quadro das formas dos pronomes pessoais. Realizamos uma pesquisa sobre o emprego dos pronomes pessoais na variedade de língua portuguesa falada no Brasil, com base nisso, construímos uma tabela acerca da coleta de frases/construções da fala. Nossa pesquisa trata-se especificamente da colocação pronominal na oralidade de moradores na cidade de Belém do Pará. Vale ressaltar que, os dados coletados da fala, ocorreram em contextos informais. Na gramática normativa de Cunha & Cintra (2001, p.277) ratifica que, quanto à função, as formas do pronome pessoal podem ser RETAS ou OBLÍQUAS. RETAS, quando funcionam como sujeito da oração; OBLÍQUAS, quando nela se empregam fundamentalmente como objeto (direto ou indireto). Quanto à acentuação, distinguem-se nos pronomes pessoais as formas TÔNICAS das ÁTONAS. Conforme Cunha & Cintra (2001, p.277) o quadro abaixo mostra claramente a correspondência entre essas formas: Tabela 1

PRONOMES PRONOME

OBLÍQUOS

S

REFLEXIVOS

PESSOAIS RETOS

SINGULAR

1.ª pessoa 2.ª pessoa 3.ª pessoa

PLURAL

1.ª pessoa 2.ª pessoa 3.ª pessoa

PESSOAIS

eu tu ele, ela nós vós eles, elas

ÁTONOS me te o, a, lhe nos vos os,as,lhes

NÃO

TÔNICOS mim, comigo, ti, contigo ele, ela nós, conosco vós, convosco eles, elas

2. Indícios de construções da fala de moradores de Belém. 1ª ocorrência: - Bora embora, que eu tô com fome (fala de uma pessoa na biblioteca indo em direção ao RU da Universidade do Estado do Pará). 2ª ocorrência: - Tu acha que esse açaí vai bater sozinho? (sentença de uma vendedora de açaí, chamando atenção de sua filha). 3ª ocorrência: - Olha mana, só te falo uma coisa, queridinha (construção realizada por uma moça conversando com amiga em um ônibus). 4ª ocorrência: - Ela que não vai se aquietando que eu acabo com a raça dela (fala realizada uma mulher no ônibus que dialogava com a amiga). 5ª ocorrência: - Olha mana...se manque sua lesada (construção feita por uma moça que discutia com uma mulher, pois esta furou a fila do autoatendimento do Banco do Brasil). 6ª ocorrência: - Eu vim te ajudar (fala de uma pessoa que estava na sael (Semana Acadêmica de Letras, 2017). 7ª ocorrência: - Vou tocar pra ti (a fala ocorreu em um momento que uma pessoa estava tocando violão na maloca do II bloco da UEPA).

8ª ocorrência: - Égua mana, quando te encontrei, eu fiquei feliz (sentença realizada por uma mulher, a qual conversava com a amiga no ônibus).

9ª ocorrência:

- Tu te levantou que horas? ( a construção foi feita pela mãe da acadêmica Fernanda Pacheco, na casa.). 10ª ocorrência: - Mamãe, o Felipe esbandalhou o meu brinquedo todinho...Esbandalhou ele... (o contexto ocorreu na casa da acadêmica Fernanda Pacheco, refere-se a fala do irmão de Fernanda Pacheco). 11ª ocorrência: - Ele que vai gostar, ele que trabalha direto com o crime. (diálogo entre radialista e convidado). Nessa ocorrência o pronome exerce função de sujeito. 12ª ocorrência: - Crime culposo é aquele que a pessoa não queria fazer mas por uma patetice, ela faz. (diálogo entre o radialista e o convidado). Nessa construção o pronome ela exerce função de sujeito. 13ª ocorrência: - Um abraço pra Gisela, lá do fórum de Ananindeua. - Um abraço pra ela. (diálogo entre os radialista e o convidado) Nessa ocorrência o pronome ela exerce função de objeto indireto. 14ª ocorrência: - Já ví que eu vou gostar dessa festa. - Só tu mesmo, porque eu já quero voltar. (diálogo entre duas pessoas na fila de entrada de uma festa). Nessa ocorrência o pronome eu exerce função de sujeito nas duas orações e o tu também exerce função de sujeito. 15ª ocorrência: - Ei amor, por que teu irmão não me ajuda a carregar as bolsas? - É Bruno, ajuda ele. (Diálogo ocorrido em um porto de embarque do Jurunas). Nessa ocorrência o pronome me exerce função de objeto direto e o ele exerce função de objeto direto, caso default. 16ª ocorrência:

- Deixa eu passar na frente, pra te levar. (diálogo entre um casal no embarcando em um barco, em um porto de embarque no Jurunas). O pronome eu, exerce função de sujeito e o te exerce a função de objeto indireto. 17ª ocorrência: - Vá lá dentro que ela vai lhe explicar onde é que tira cartão. (diálogo entre um segurança e uma cliente em um banco de Belém). Aqui o pronome ela, tem função de sujeito e o lhe tem função de objeto indireto. 18ª ocorrência: - Ei fica calma mana, eu não tô falando mal de ti. (diálogo entre duas alunas no colégio Deodoro de Mendonça em Belém). Nessa construção o pronome ti, exerce função de complemento nominal. 19ª ocorrência: - Pare aqui senhor. - Mas aqui não tem ninguém. - Não tem problema, me deixe aqui por favor. (diálogo entre Mailse Cardoso e o motorista da Uber). Nessa construção o pronome me tem função de objeto direto. 20ª ocorrência: - Tu não come, não?. (diálogo entre duas alunas da Universidade do Estado do Pará no R.U.). Nessa construção o pronome tu, tem função de sujeito.

Tabela 2 Pronomes Pessoais retos

Singular – 1.ª p. Singular – 2.ª p.

Eu tô com fome, Tu acha que esse açaí vai bater sozinho?”

Pronomes pessoais oblíquos átonos e oblíquos átonos reflexivos

Pronomes pessoais oblíquos tônicos

Olha mana, só te

Vou tocar pra ti

falo uma coisa; Olha mana...se manque sua lesada; Eu vim te ajudar; Égua mana, quando te encontrei, eu fiquei feliz; Tu te1 levantou que horas?

Singular – 3.ª p. Ela que não vai Se2 aquietando que eu acabo com a raça dela; Mamãe, o Felipe esbandalhou o meu brinquedo todinho, esbandalhou ele. Plural – 1.ª p. Plural – 2.ª p. Plural – 3.ª p. .

1 O pronome obliquo átono te na sentença possui função reflexiva. Acerca do conceito de pronome reflexivos e recíprocos, aponta-se na a Gramática normativa de Cunha & Cintra (2001, p. 279). 2 Nessa construção pronominal o se reflexivo emprega-se como objeto direto.

3– ANÁLISE DAS SENTENÇAS DA FALA 1ª ocorrência: “Bora embora, que eu tô com fome”. O pronome pessoal Eu nessa sentença recebe marcação de caso reto (estabelece posição de sujeito) de 1ª pessoa do singular. Segundo a gramática normativa de Cunha & Cintra (2001, p. 281), o pronome pessoal Eu emprega-se como pronome do caso reto, tem função de sujeito nas sentenças. Assim, a posição do pronome Eu apresenta similaridade com a gramática normativa de Cunha e Cintra (2001). 2ª ocorrência: “Tu acha que esse açaí vai bater sozinho?” nessa construção, a função do pronome pessoal Tu é de sujeito de 2ª pessoa na sentença. De acordo com o quadro de Cunha e Cintra (2001, p. 277), o pronome Tu corresponde a forma de pronome pessoal reto. Logo, o emprego de Tu na construção acima, assemelha-se a sua posição de sujeito de 2ª pessoa do singular de acordo com a gramática normativa de Cunha e Cintra (2001).

3ª ocorrência: “Olha mana, só te falo uma coisa, queridinha’’ o pronome Te nessa construção tem função de objeto indireto. Com base em Cunha e Cintra (2001, p. 277)) o Te corresponde no quadro dessa Gramática Normativa como pronome pessoal oblíquo não reflexivo átono. Além disso, na GN de Cunha & Cintra (2001, p. 301), afirma que, podem empregar-se como objeto direto ou indireto: me, te, nos e vos. Acerca da construção acima, o pronome em questão é proclítico. Conforme Oliveira (2010, p. 165), a próclise ocorre quando o pronome átono está colocado antes do verbo que complementa. Nesse enunciado em análise, o advérbio só exerce atração sobre o pronome pessoal oblíquo átono de 2ª pessoa singular. Desse modo, o pronome obliquo átono Te é empregado como objeto indireto e sua colocação está conforme a GN.

4ª ocorrência: “Ela que não vai Se aquietando que eu acabo com a raça dela.” Nesse contexto, o Se pronome pessoal o de 3ª pessoa do singular tem função de objeto direto. Acerca da GN de Cunha e Cintra (2001, p.277), o pronome Se não aparece no quadro de pronomes pessoais. Porém, os autores classificam o Se como pronome reflexivo. Conforme, Cunha e Cintra (2001) afirmam que, quando o objeto direto ou indireto representa a mesma pessoa ou a mesma coisa que o sujeito do verbo, ele é expresso por um PRONOME REFLEXIVO. O REFLEXIVO apresenta três formas próprias – se, si e consigo –, que se aplicam tanto à terceira à 3ª pessoa do singular como à do plural. Nesse contexto, de fato, o Se assume a função Reflexiva de objeto direto e a colocação desse pronome é proclítica.

5ª Ocorrência: “Olha mana...se manque sua lesada” (uma moça discutia com uma mulher, porque tinha furado a fila do banco). Nesse dado, o pronome se de 2ª pessoa do singular, tem função de objeto direto. Nessa construção o pronome Se corresponde a análise realizada na 4ª ocorrência sobre função reflexiva de objeto direto. A sentença acima do emprego pronominal, se expressa como pronome reflexivo átono de acordo a GN de Cunha & Cintra (2001, p. 279). No entanto, a posição proclítica do pronome se na sentença é comum na fala dos belenenses, mas, entra em desacordo como a norma padrão, a qual condena tal uso, pois considera que a colocação do pronome se nesse caso, deveria ser enclítica. Para Cunha e Cintra (2001, p. 316-317), a colocação dos pronomes átonos no Brasil, principalmente no colóquio normal, difere da atual colocação portuguesa e encontra, em alguns casos, similar na língua medieval e clássica.

6ª ocorrência: “Eu vim te ajudar.’’

Nessa construção, nota-se que o pronome Te

assume função de objeto direto e correlaciona-se a tabela da GN de Cunha & Cintra (2001, p.277), classifica te como pronome pessoal oblíquo átono. Acerca desse contexto de fala, o Te exerce função de complemento direto do verbo e refere-se a 2ª pessoa do singular. Entretanto a colocação proclítica desse pronome não é aceitável pela gramática normativa. Para a GN a posição do Te deveria está colocado depois do verbo, assumindo papel de ênclise. Deste modo: ‘eu vim ajudar-te’.

7ª ocorrência: “Vou tocar pra ti.” Nesse dado, o pronome ti exerce função de objeto indireto, tal como emprega-se na tabela de Cunha & Cintra (2001, p.277), corresponde ao pronome pessoal oblíquo tônico de 2ª pessoa do singular e além disso, os autores explanam que, as formas oblíquas tônicas dos pronomes pessoais vêm acompanhadas de preposição. Como pronomes, são sempre termos da oração e, de acordo com a preposição que as acompanha, podem desempenhar as funções de: complemento nominal, objeto indireto, objeto direto, agente da passiva e adjunto adverbial. Em relação a construção acima, desempenha papel de objeto indireto.

8ª ocorrência: “Égua mana, quando te encontrei, eu fiquei feliz”. Nesse contexto, o pronome TE exerce função de objeto direto. Como foi apresentado nas análises anteriores o pronome Te corresponde na tabela da GN de Cunha & Cintra (2001, p.277) como pronome pessoal oblíquo átono de 2ª pessoa do singular. Nessa construção acima, o emprego pronominal está atrelado a GN

em estudo. A colocação do pronome Te está proclítica, aceitável pela GN, pois o advérbio ‘quando’ exerce atração sobre o pronome Te, ocasionando dessa forma, o surgimento da próclise.

9ª ocorrência: “Tu te levantou, que horas?” levanta, mana”. Nessa ocorrência, o pronome Te no quadro da GN de Cunha & Cintra (2001, p.277) refere-se ao pronome pessoal oblíquo átono não reflexivo, todavia, nesse contexto informal de fala, ocorreu o emprego desse pronome com função reflexiva de objeto direto de 2ª pessoa do singular. Oliveira (2010, p. 161) fundamentada em Freire (2005) que apresenta uma citação acerca das formas pronominais clíticas de primeira e de segunda pessoas: Quanto

às

formas

pronominais

átonas,

no

português

estabeleceu-se uma distinção entre a terceira pessoa e as demais. Na primeira e na segunda pessoas, os clíticos me, te, nos e vos desempenham as funções acusativa, dativa e reflexiva, enquanto há uma especialização na terceira pessoa: o e flexões para a função acusativa: lhe e flexão para a função dativa; se para a função reflexiva.

Além disso, a colocação do pronome te nessa sentença da fala corresponde a próclise, mas a norma – padrão a construção acima está ‘errada’, porque nesse enunciado ocorre ênclise.

10ª ocorrência: “Mamãe, o Felipe esbandalhou o meu brinquedo todinho, esbandalhou ele.” Nesse contexto, o sujeito é o Felipe. O pronome Ele está se referindo ao brinquedo, no caso, objeto direto. Para GN de Cunha & Cintra (2001, p. 277), ele é um pronome pessoal do caso reto, sendo ‘incorreto’ Ele exercer função

de objeto, então o emprego nessa forma está errado perante a GN. No entanto, na fala, o Ele está assumindo a posição de um pronome pessoal oblíquo átono de 3ª pessoa do singular que exerce função de objeto. Conforme Oliveira (2010, p. 162-163), a forma nominativa tem sido a forma default no português falado no Brasil que vem marcando esse caso nas aparições dos pronomes pessoais. Oliveira (2010, p. 163) com base em Mattoso Câmara (1972), o qual aborda o emprego do pronome ele (e suas variantes de feminino e plural) como acusativo do PB. Embora o autor (op. Cit.) afirme que uso consiste em um dos traços mais característicos de nossa língua, posiciona-se contrário a esse uso. Segundo a GN de Cunha e Cintra (2001, p. 288) afirmam que, na fala vulgar e familiar do Brasil é muito frequente o uso do pronome ele(s), ela(s) como objeto direto em frases do tipo: ‘Vi ele’ e ‘Encontrei ela’. O autores ainda enfatizam e recomendam que, embora esta construção tenha raízes antigas no idioma, pois se documenta em escritores portugueses dos séculos XIII e XIV, deve ser hoje evitada....


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