6.6. Urinálise - EAS - Urinálise: Avaliação física, química e sedimentoscopia - Elementos anormais PDF

Title 6.6. Urinálise - EAS - Urinálise: Avaliação física, química e sedimentoscopia - Elementos anormais
Course Urinálise e Fluidos Corporais
Institution Universidade Nilton Lins
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Urinálise: Avaliação física, química e sedimentoscopia - Elementos anormais do sedimento (EAS)....


Description

EAS (Elementos Anormais do Sedimento)

A urinálise é a ciência encarregada de avaliar a urina em todos os seus aspectos para fins diagnósticos e prognósticos de estados fisiológicos ou patológicos. Por esse motivo, o EAS destaca-se como um dos exames laboratoriais mais requisitados pelos médicos para avaliação do paciente, não tão somente por fornecer de forma rápida informações importantes a respeito do trato urinário, função renal e demais sistemas corporais, mas também por ser um procedimento não invasivo, indolor e de baixo custo. 1 Exame Físico Análise macroscópica da amostra, na características como volume, cor e aspecto.

qual

avalia-se

determinadas

1.1 Volume A ingestão hídrica é o principal determinante do volume urinário, no entanto, este também se altera devido à secreção do hormônio antidiurético ou pela necessidade de excretar grandes quantidades de soluto, por exemplo. Alterações do volume urinário: 

 

Poliúria: Aumento do volume urinário. Ocorre quando há administração de diuréticos, de substâncias que diminuem a secreção do hormônio antidiurético, em certos tipos de diabetes, glomerulonefrite etc.. Oligúria: Diminuição do volume urinário. Decorrente de estados de desidratação, vômitos, diarréias, transpiração, queimaduras leves etc.. Anúria: Estado em que o volume apresenta-se inferior a 50 ml, num intervalo de 24 horas. Ocorre em casos de obstrução das vias excretoras urinárias, lesão renal, insuficiência renal aguda etc..

1.2 Cor A urina tipicamente apresenta-se transparente e amarela. Entretanto, as amostras mais concentradas exibem variações de coloração que vão desde o amarelo citrino ao âmbar. Contudo, não se deve determinar gravidade específica do estado do paciente baseada na coloração apresentada pela urina, uma vez que existem inúmeros pigmentos endógenos e exógenos capazes de alterá-la, sendo as cores marrom, verde, vermelho/rosa, laranja e preto as mais observadas. 1.3 Aspecto Comumente, a urina normal e recentemente emitida apresenta-se límpida, porém o aspecto é fortemente influenciado pela concentração da mesma. A

presença de piócitos, hemácias, cristais, muco, bactérias e outras substâncias tendem a elevar a turbidez da amostra. A causa da turbidez elevada é somente revelada por meio da avaliação do sedimento urinário. 2 Exame Químico É um método qualitativo e semi-quantitativo capaz de determinar o pH, densidade, presença de glicose, proteínas (albumina), cetonas, hemoglobina, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito e leucócitos simultaneamente através da utilização de tiras reagentes. 2.1 pH Urinário Não são atribuídos valores normais do pH urinário, visto que o mesmo deve ser considerado em conjunto com outras informações do paciente, como o equilíbrio ácido-básico do sangue, a função renal, a presença de infecção urinária, ingestão alimentar, e o tempo de coleta da amostra. Um indivíduo saudável costuma produzir a primeira urina da manhã com pH ligeiramente ácido de 5,0 a 6,0; pH alcalino é encontrado após as refeições. O pH das amostras aleatórias normais pode variar de 4,5 a 8,0. A importância do pH urinário é, essencialmente, um auxílio na determinação da existência de doenças sistêmicas ácido-básico de origem metabólica ou respiratória e na gestão das condições urinárias que requerem que a urina seja mantida em determinado pH. 2.2 Densidade A densidade da urina normal varia de 1015 a 1025, no volume de 24 horas. Em amostras colhidas ao acaso ela pode variar de 1003 a 1030. A densidade da amostra possibilita a determinação da capacidade de reabsorção renal, bem como o estado de hidratação do paciente. 2.3 Proteínas A urina normal contém muito pouca proteína, geralmente menos de 10 mg/dL ou 100 mg por 24 horas são excretadas. Logo, a proteinúria está associada com doença renal precoce. Essa proteinúria é constituída, majoritariamente, de proteínas séricas de baixo peso molecular que tenham sido filtradas pelo glomérulo e proteínas produzidas no trato geniturinário. A albumina sérica é a principal proteína encontrada na urina normal, outras proteínas incluem pequenas quantidades de microglobulinas séricas e tubulares, proteína de Tamm-Horsfall produzida pelos túbulos e proteínas das secreções prostática, seminal e vaginal. As causas de proteinúria são variadas e podem ser agrupadas em três categorias: Pré-renal, cuja é causada por condições que afetam o plasma antes de atingir o rim e, por conta disso, não é indicativo de doença renal real; Renal, que está associada à verdadeira doença renal e, pode ser resultante de dano glomerular ou tubular; e Pós-renal, quando proteínas são adicionadas a urina durante a passagem desta através das estruturas do trato urinário inferior.

A demonstração de proteinúria no exame de rotina nem sempre significa doença renal, mas sua presença requer testes adicionais para determinar se a proteína representa uma condição normal ou patológica. 2.4 Glicose O exame de glicose é a análise química mais frequentemente realizada na urina, devido sua importância na detecção e acompanhamento de diabetes. A glicose do filtrado glomerular é reabsorvida por transporte ativo nos túbulos contorcidos proximais, os quais possuem capacidade de reabsorção de cerca de 160 a 180 mg/dL, quando as concentrações sanguíneas ultrapassam este limite ocorre a glicosúria. Os níveis de glicemia flutuam, e uma pessoa normal pode ter glicosúria após uma refeição com teor elevado de glicose. Assim sendo, os resultados mais informativos são obtidos a partir de amostras coletadas em condições controladas, por isso recomenda-se o jejum antes da coleta de amostras para testes. Além de estar associada com condições como diabetes, pode também ser indicativo de distúrbios endócrinos, distúrbios do metabolismo e disfunção tubular renal, distúrbios da tireóide, diabetes gestacional, lesões do sistema nervoso central. 2.5 Cetonas O termo cetonas representa três produtos intermediários do metabolismo dos lipídeos, são eles acetona, ácido acetoacético e ácido beta-hidroxibutírico. A cetonúria ocorre quando estes compostos aumentam no plasma em decorrência de distúrbios no metabolismo de ácidos graxos e carboidratos. Razões clínicas para o aumento do metabolismo lipídico incluem a incapacidade do organismo metabolizar os carboidratos, como ocorre na diabetes, aumento da perda de carboidratos pelo vômito, e inadequada ingestão de carboidratos associadas com jejum e má absorção. O acúmulo excessivo de cetonas no sangue leva a um desequilíbrio eletrolítico, estado de desidratação, que caso não seja corrigido poderá evoluir para um quadro de acidose e até mesmo coma diabético. 2.6 Sangue O sangue pode apresentar-se na urina com hemácias integras (hematúria), ou somente com o produto da destruição das hemácias, a hemoglobina (hemoglobinúria). A hematúria produz uma turbidez vermelha na urina, já a hemoglobinúria aparece como uma amostra vermelha límpida. A detecção de sangue nas tiras reagentes indica a presença de hemácias, hemoglobina ou mioglobina na amostra. 

Hematúria: Relacionada com doenças de origem renal ou geniturinária, sendo resultado de trauma ou dano aos órgãos destes sistemas. As





principais causas incluem cálculos renais, doenças glomerulares, tumores, traumatismos, pielonefrite, exposição a substâncias químicas tóxicas e terapia anticoagulante. Hemoglobinúria: Pode resultar da lise de hemácias produzida no sistema urinário, especialmente em urina alcalina e diluída, também podendo resultar de hemólise intravascular e posterior filtração de hemoglobina pelo glomérulo. Mioglobinúria: Indica condições associadas à destruição muscular, como trauma síndrome de esmagamento, coma prolongado, convulsões, alcoolismo, esforço intenso, entre outras.

2.7 Bilirrubina A bilirrubina é o produto da degradação da hemoglobina, a qual em seguida é transportada pela albumina até o fígado, onde é conjugada e excretada na bile. Parte da bilirrubina conjugada escapa para a circulação e é filtrada pelo glomérulo quando o ciclo de degradação normal é perturbado por obstrução do ducto biliar, ou quando a integridade do fígado está danificada. Hepatite e cirrose são exemplos comuns de condições que produzem dano hepático, resultando em bilirrubinúria. A detecção de bilirrubina urinária fornece, além da indicação precoce de doença hepática, também sua presença ou ausência, que pode ser utilizada na determinação da causa da icterícia clínica. 2.8 Urubilinogênio O urobilinogênio é formado no intestino pela ação redutora das bactérias sobre a bilirrubina, lançada na bile. É reabsorvido na circulação porta e novamente excretado pelo fígado, tendo parte eliminada na urina (cerca de 2 mg em 24 horas). O aumento do urobilinogênio urinário é observado em doenças hepáticas e nos transtornos hemolíticos. 2.9 Nitrito A pesquisa de nitrito na urina tem a finalidade de detectar precocemente infecções bacterianas do trato urinário, uma vez que as bactérias gramnegativas, quando presentes na amostra a ser analisada, transformam o nitrato (componente normal da urina) em nitrito. Portanto, a detecção de infecções bacterianas com o teste do nitrito e subseqüente antibioticoterapia, é muito importante para prevenir posterior infecção das vias urinárias superiores. A determinação do nitrito é útil para o diagnóstico precoce de cistite, pois comumente os pacientes encontram-se assintomáticos ou com sintomas vagos. A pielonefrite é uma complicação freqüente da cistite não tratada e pode acarretar lesão dos tecidos renais, comprometimento da função renal, hipertensão e até mesmo septicemia. A prova do nitrito também pode ser empregada para avaliar o sucesso de terapia com antibióticos e para examinar periodicamente as pessoas que têm infecções

recorrentes, os diabéticos e as gestantes, todos considerados de alto risco para as infecções do trato urinário. 2.10 Leucócitos O aumento do número de leucócitos recebe o nome de piúria. Estes são frequentemente encontrados no exame de urina e, podem indicar uma possível infecção no trato urinário. A tira reagente não tem como objetivo mensurar a concentração de leucócitos, por esse motivo a quantificação deve ser feita via exame microscópico. Contudo, a mesma possibilita determinar a presença leucócitos lisados, o que não é possível por meio do exame microscópico. 3 Sedimentoscopia Nesta etapa do EAS faz-se a análise dos sedimentos da urina através de um microscópio óptico logo após o preparo da amostra. A importância deste estudo está no fato de que o mesmo revela informações valiosas sobre o estado funcional do rim. 3.1 Células epiteliais São encontradas em urinas normais, em número variável, principalmente em urina de mulher e mais intensamente durante a gestação. 

Células escamosas: São usualmente encontradas na urina normal, e possuem pouco significado. Derivam do revestimento da vagina, da uretra feminina e das porções inferiores da uretra masculina.



Células epiteliais de transição: O cálice renal, a pelve renal, ureter e bexiga são revestidos por várias camadas de epitélio transicional. Em indivíduos normais, poucas células transicionais são encontradas na urina e representam descamação normal. Além destas condições, podem

indicar processos que necessitam maiores investigações como o carcinoma renal.



Células epiteliais renais: Pequenas quantidades de células dos túbulos renais aparecem na urina de indivíduos saudáveis e representam a descamação normal do epitélio velho dos túbulos renais. A presença de células tubulares em grande quantidade sugere a existência de doenças causadoras de lesão tubular, como pielonefrite, reações tóxicas, infecções virais, rejeição de transplante e efeitos secundários da glomerulonefrite.

3.2 Cristais A existência de cristais na urina dependerá do pH da mesma, do regime dietético, dentre outras coisas e, em determinados casos, podem estar relacionados ao aparecimento de cálculo renal.



Cristais de ácido úrico: São formados em baixo pH e possuem diversidade de formas. Estão associados com a nefropatia da gota, níveis altos de ácido úrico no sangue, e podem apresentar evidência de pequenos cálculos renais acomodados nos ureteres.



Cristais de oxalato de cálcio: Quando encontrados em grande quantidade na urina recém-emitida podem indicar processo patológico como intoxicação por etilenoglicol, diabetes mellitus, doença hepática ou enfermidade renal crônica grave. A ingestão de vitamina C também pode promover o aparecimento desses cristais, pois o ácido oxálico é um derivado da degradação do ácido ascórbico e produz a precipitação de íons cálcio.



Cristais de fosfato triplo: Ocorrem em qualquer pH, mas sua formação é favorecida em urina neutra à alcalina. Podem ocorrer nos seguintes estados patológicos: pielite crônica, cistite crônica hipertrofia de próstata e retenção vesical, ocorrendo também em urinas normais.



Uratos amorfos: São comuns em urinas concentradas e de pH ácido, principalmente após o resfriamento da amostra. Podem ser solubilizados com aquecimento ou por adição de NaOH a 10%. No sedimento aparecem como grânulos castanho-amarelados, refringentes e em grumos. Quando em grande quantidade conferem ao sedimento uma coloração rosa.

3.3 Piócitos Denomina-se piúria o número elevado de leucócitos na urina e indica presença de infecção ou inflamação no sistema urogenital. Entre as causas frequentes de piúria estão as infecções bacterianas, tais como pielonefrite, cistite, prostatite e uretrite, embora a presença de leucócitos também seja observada em doenças não bacterianas, como a glomerulonefrite.

3.4 Hemácias Geralmente as hemácias encontram-se presentes em urinas normais em pequenas quantidades, cerca de 3-5 por campo. O número aumentado de hemácias na urina representa rompimento da integridade da barreira vascular,

por injúria ou doença, na membrana glomerular ou no trato geniturinário. As condições que resultam em hematúria incluem várias doenças renais como glomerulonefrite, pielonefrite, cistite, cálculos, tumores e traumas. Em períodos pós-menstruais e pós-gestacionais, a observação de hemácias no sedimento pode não possuir significado clínico.

3.5 Bacteriúria A urina normal, na bexiga, é um líquido estéril, mas ao ser emitida contamina-se com germes da flora normal da uretra e dos genitais. Pequena quantidade de bactérias pode significar: contaminação da amostra, fase precoce de infecção urinária, diluição urinária devido a ingestão de líquidos, bactérias de crescimento lento e síndrome uretral). 3.6 Muco Proteína fibrilar produzida pelo epitélio tubular renal e pelo epitélio vaginal. Não é considerado clinicamente significativo. O aumento da quantidade de filamentos de muco na urina está comumente associado à contaminação vaginal....


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