83243532 os antecedentes geopoliticos e geoestrategicos PDF

Title 83243532 os antecedentes geopoliticos e geoestrategicos
Course Geografia
Institution Universidade de Lisboa
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2. Os Antecedentesgeopolíticos e geoestratégicos2.1. A partilha do mundo no final daSegunda Guerra MundialA afirmação do poderio militar dos EUA e da URSS após 1945: a bipolarização do mundo e a Guerra FriaA Segunda Guerra Mundial terminou com a vitória dos Aliados, mas com um balanço de destruições...


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2.1. Os Antecedentes geopolíticos e geoestratégicos 2.1.1. A partilha do mundo no final da Segunda Guerra Mundial A afirmação do poderio militar dos EUA e da URSS após 1945: a bipolarização do mundo e a Guerra Fria

A Segunda Guerra Mundial terminou com a vitória dos Aliados, mas com um balanço de destruições terrível: Grande parte da Europa Central estava em ruínas As cidades tinham sido arrasadas pelos bombardeamentos As infra-estruturas de comunicação irremediavelmente danificadas

destruídas

ou

As perdas humanas ultrapassaram os 60 milhões de indivíduos e mais alguns milhões encontravam-se deslocados A escassez de alimentos era enorme e o sector industrial, que se encontrava destruído, não foi capaz de dar resposta às necessidades

Urgência em garantir uma cooperação imediata

Líderes das forças aliadas a reunirem-se em Bretton Woods, em 1944, e estabeleceram as bases da ordem económica mundial para o pós-guerra.

O Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial) 1

Fundo Monetário Internacional (FMI)

Foram criados formalmente em 1945 para proporcionarem taxas de câmbio estáveis e empréstimos que viabilizassem as transacções financeiras internacionais. Estas medidas tinham como objectivo: promover a reconstrução dos países destruídos pela guerra e conceder empréstimos mediante garantias impostas pelos norte-americanos. Os EUA foram os grandes vencedores da Segunda Guerra Mundial. O seu território, geograficamente distante do palco do conflito, não sofreu a destruição da guerra; o seu potencial industrial não só se manteve intacto como foi estimulado pelo esforço da guerra. Como principais fornecedores de alimentos, armamento, maquinaria diversa e matérias-primas aos Aliados, os EUA saíram da guerra fortalecidos. O dólar transformou-se na moeda de referência do mercado mundial, destronando a desvalorizada libra esterlina. A economia norte-americana passou a representar 40% do PIB mundial. Para além de consolidarem o seu poder político e económico, os EUA transformaram-se também na primeira potência militar, tendo à sua disposição uma arma nova terrível – a bomba atómica. Experimentada pela primeira vez nos bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui, em Agosto de 1945, a sua posse e utilização foram determinadas, ao conduzir à rendição do Japão e ao acelerar o fim da guerra. A URSS sofreu muito mais com a Segunda Guerra Mundial: × Perdeu cerca de 26 milhões de pessoas × A sua estrutura económica ficou bastante danificada No entanto, a URSS demonstrou grande capacidade para organizar o seu povo e produzir armas em grande escala, encetando após a guerra um esforço de reconstrução bem sucedido. A URSS viria, por isso, a emergir como um concorrente de respeito perante a riqueza e o poder dos EUA, transformando-se na 2º potência militar do mundo e exercendo 2

uma forte influência estratégica sobre os territórios dos Estados que libertou do nazismo: Checoslováquia Polónia Hungria Bulgária Roménia Parte da Alemanha Albânia Jugoslávia Conferências de Ialta e Potsdam (1945): EUA e a URSS decidiram a desmilitarização da Alemanha e da Áustria e a divisão dos territórios ocupados durante o conflito e influenciaram decisivamente o traçado do novo mapa político da Europa.

Face aos antagonismos difíceis de ultrapassar, os aliados da Segunda Guerra Mundial rapidamente se dividiram em dois blocos defensores de modelos de sociedade em oposição permanente:  O mundo ocidental pretendia que os sistemas do mercado livre e

da democracia parlamentar fossem adoptados, não só na Europa mas também noutras regiões do mundo.  A URSS defendia o socialismo e a economia planificada,

pressionando a tomada de poder pelos comunistas na Europa de Leste e apoiando os movimentos de libertação das nações ainda submetidas ao colonialismo.

Dois anos depois do fim da guerra: A Europa estava dividida em 2 blocos políticos ideológicos: - A URSS concretizava a sovietização na Europa de Leste, impondo o seu modelo político-económico. - Os Estados da Europa Ocidental optavam por se aliar aos EUA. 3

1947 – Os EUA propõem uma ajuda importante e gratuita à Europa: Plano de Marshall Objectivo: apoiar a recuperação económica da Europa, favorecendo a união de esforços, o que fortalecia também a resistência ao comunismo. Através do desenvolvimento dos povos europeus, o plano garantia a contenção da agitação social que favorecia a expansão do comunismo e mantinha próspera a economia americana. Este plano procurava impedir a proliferação do comunismo e a concretização da Teoria Dominó. Inicialmente, o Plano Marshall destinava-se a toda a Europa. Mas a URSS recusou a ajuda e impôs a sua decisão às democracias populares que estavam sob sua influência, por recear que os EUA viessem a exercer um controlo político e económico sobre a Europa de Leste. Este plano enquadrava-se nos princípios da nova política externa norte-americana, que ficou conhecida por doutrina Truman e que defendia:  Manutenção da paz

 Expansão da prosperidade  Progressiva implantação do modelo americano Foi sobretudo através do Plano Marshall que se aprofundou a divisão da Europa entre os países que beneficiaram da ajuda norte-americana e aqueles que a recusaram. A URSS respondeu à iniciativa dos EUA e criou Kominform, organismo de informação que serviria de ligação entre os partidos comunistas na coordenação da sua actividade e no apoio aos movimentos revolucionários no exterior.

1949 - A URSS constituiu com os restantes países da Europa de Leste o COMECOM ou CAEM (Conselho de Ajuda Económica Mútua), que tinha uma estrutura semelhante à OCECE. Objectivo:

4

 Coordenação das políticas económicas dos países membros

 Especialização de cada um em determinados produtos  Cooperação nos domínios científico e tecnológico

Estavam criadas as condições para se estabelecer um estado de tensão permanente entre duas potências, que se estenderia posteriormente aos respectivos blocos separados pela “cortina de ferro”. Guerra Fria, período caracterizado: - Espionagem - Propaganda ideológica - Corrida aos armamentos - Utilização do direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas A curiosa expressão características do confronto:

“guerra

fria”

adaptava-se

às

Essencialmente ideológico A guerra era impossível porque a dissuasão nuclear impedia as superpotências de transformarem a guerra fria em guerra real, ou seja, um confronto armado directo. O conflito limitava-se a uma guerra verbal e à encenação de “factos” políticos. O recurso às armas era apenas possível através dos aliados das superpotências. A confrontação ideológica e o ruído verbal assumiram um dos seus pontos altos no seio da ONU, onde os EUA e a URSS se opuseram mutuamente, utilizando de maneira sistemática o direito de veto no Conselho de Segurança e paralisando quase por completo a acção da organização durante várias décadas.

1947-1989: as relações internacionais foram dominadas por uma lógica bipolar, caracterizada por uma luta sem tréguas, mas também sem confrontação directa pela supremacia mundial, entre os Estados Unidos e a União Soviética. - Os EUA tinham como principal objectivo conter o avanço soviético. 5

- A URSS pretendia ultrapassar o poder hegemónico para dos EUA. Para qualquer uma destas potências era necessário organizar um poderoso sistema militar invulnerável e reunir na sua área de influência o maior número possível de Estados Aliados.

- corrida aos armamentos - constituição de alianças militares 1949: Europa Ocidental cria a NATO* (OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte), perante o poderio militar convencional – sobretudo das divisões blindadas - e nuclear da URSS. *organização político-militar com o apoio e participação dos EUA. Resposta da União Soviética: constituição de uma estrutura militar comum com os países da Europa Ocidental, o Pacto de Varsóvia. As duas superpotências passaram a controlar ideológica e militarmente vastas regiões do globo, baseando o seu poder na extensão e riqueza dos seus territórios e numa poderosa indústria de armamento convencional e nuclear.  Durante a “guerra-fria” muitos países viram a sua política externa e o seu sistema económico conduzidos em função das alianças estratégicas e da influência que as superpotências mantinham.

Apesar do clima de tensão permanente nas relações LesteOeste, a confrontação directa sempre foi evitada. Os EUA e a URSS aceitavam a divisão do mundo em duas zonas de influência, não intervindo directamente na área da outra.

O medo de iniciar uma Terceira Guerra Mundial e da inevitável destruição mútua teve um efeito de dissuasão da guerra ao longo de cerca de 42 anos, na medida em que todo o planeta se encontrava ameaçado. Por ironia, o poder destrutivo dos arsenais nucleares das duas superpotências ajudou à criação de um clima mais favorável nas relações entre os EUA e a URSS. Gradualmente, verificou-se um “degelo” nas relações LesteOeste. Entrávamos na chamada coexistência pacífica 6

Capacidade das potências europeias ocidentais, lideradas pelos EUA, e das potências do Leste europeu, sob a chefia da URSS, coexistirem sem grandes tensões.

(Página 54 – Documento 11)

Embora perturbadas por períodos de maior tensão, assistiu-se ao “desanuviamento” das relações entre os blocos socialista e capitalista. Em certos períodos, o confronto ideológico foi substituído pela competição económica e pela luta pela conquista do espaço. Entretanto, o processo de descolonização ocorreu entre 1945 e 1975 fez desaparecer o essencial dos impérios coloniais europeus e triplicar o número de Estados. Com a descolonização, a relação de forças alterou-se. Apesar do clima de desanuviamento das internacionais, manteve-se a corrida aos armamentos.

relações

23 de Março de 1983: presidente norte-americano Ronald Reagan lançou a Iniciativa de Defesa Estratégica (IDS) conhecida por Guerra das Estrelas -> dando folgo à corrida aos armamentos. (Página 56 – Documento 13)

1985: Mikhail Gorbatchev foi eleito secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética. As suas tentativas de reformas conduziram ao final da Guerra Fria e, ainda que não tivesse esse objectivo, terminaram com o poderio do Partido Comunista da União Soviética e levaram à dissolução da União Soviética.

Gorbatchev empreendeu uma política de reformas audaciosas que abrangeu: A política económica O sistema político 7

Política internacional

Abriu o caminho à economia de mercado expansão do Permitiu a liberdade de expressão democracia

Possibilitando a

modelo ocidental de

Permitiu a afirmação da democracia parlamentar.

O movimento levado a cabo por Gorbatchev conduzido, em 1989, à derrocada dos regimes comunistas do Leste europeu. A queda do muro de Berlim, em 1989, transformou-se no acontecimento com maior simbolismo, marcando o fim da Guerra Fria e a bipolarização das relações internacionais.

Com as transformações verificadas na Europa de leste, várias nações europeias transformaram-se, novamente, em Estados independentes. Um novo mapa político surgiu na Europa.

FIM DA BIPOLARIZAÇÃO ≠ PACIFICAÇÃO DO MUNDO × Nacionalismos × Etnocentrismo × Fanatismos Religiosos A instabilidade, os ódios e as guerras recrudesceram na última década do século XX.

O papel do Movimento dos Não Alinhados (MNA)

Entre 18 e 24 de Abril de 1955 – Conferência de Bandung: reuniu 29 chefes de Estado e de governo afro-asiático. Objectivos: 8

Definir o papel dos países do Terceiro Mundo face às grandes potências; Organizar uma maior intervenção política destes países na cena internacional, de forma a conseguirem relações mais justas entre o Norte e o Sul.

Assim, por um lado, pretendia-se definir o papel do Terceiro Mundo face aos países industrializados do Norte, e por outro, a coexistência face aos dois blocos, ocidental e de leste, no contexto da Guerra Fria. Durante a conferência surgiram 3 posições distintas: → Pró-ocidental

→ Pró-comunista → Neutral - Nasser, Tito, Nehru (vencedora)

Deu origem ao Movimento dos Não Alinhados (MNA), abrindo-se uma terceira via, a do não alinhamento por nenhum dos blocos, Leste e Oeste. Resultado final da Conferência: - Condenação do colonialismo - Apelo à paz, à cultura e à cooperação mundial - Desejo de o Terceiro Mundo alcançar o desenvolvimento - Foi elaborada uma declaração de princípios

Desde a Conferência de Bandung à actualidade, o percurso do MNA saldou-se por alguns êxitos, mas também por alguns insucessos. ↘ A preconizada união do Terceiro Mundo não chegou a ser

alcançada. Verificou-se uma clara visão ideológica, alinhando-se alguns países pelos EUA, como o Zaire e as Filipinas, outros pela URSS, como Cuba e a Líbia. As estratégias das superpotências para alargar a sua esfera de influência acabaram por transformar o 9

Terceiro Mundo numa peça fundamental da conquista de interesses entre os dois blocos rivais. Verificou-se com alguma frequência, a eclosão de conflitos internos e guerrilhas, em que cada parte beligerante era apoiada por uma das superpotências (EUA ou URSS), parecendo mais uma luta entre o bloco de leste e o bloco ocidental do que uma luta interna. ↘ A acção de regimes ditatoriais e corruptos desacreditaram

fortemente o Movimento dos Não Alinhados. Como o de Mobuto, na República Democrática do Congo ou o de Suharto, na Indonésia.

↘ O

movimento entrou em crise, dividido por profundas divergências. A partir da morte dos seus fundadores, Nehru, Tito e Nasser.

 Fim da Guerra Fria

O

movimento

interroga-se  Fim da bipolarização futuro  Desmoronamento do comunismo na Europa de Leste caminho a seguir.

sobre o seu e

o

Na reunião ocorrida em Março de 1992, em Chipre, onde compareceram apenas 52 países, reconheceu-se a necessidade de efectuaram profundas reformas.

O papel da ONU face aos frágeis desequilíbrios emergentes do pós-guerra

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945 pelos Estados vencedores da Segunda Guerra Mundial no entusiasmo da vitória sobre o nazi-fascismo. 10

Depois de 6 anos de guerra traumatizante e responsável por destruições massivas, os Aliados quiserem perpetuar a solidariedade entre as “Nações Unidas ”, regularizar as questões decorrentes do conflito e garantir a paz no mundo, através da criação de um organismo internacional. A preservação das gerações futuras do flagelo da guerra exigia uma organização mundial que englobasse todos os Estados do mundo defensores da paz e substituísse a ineficaz Sociedade das Nações (SDN), que havia falhado a sua missão no período entre as duas grandes guerras. Na Conferência de São Francisco, realizada a 26 de Junho de 1945, foi aprovada a Carta das Nações Unidas , ratificada por 51 países. Finalmente, a 24 de Outubro de 1945, nasceram as Nações Unidas. Desde então, o número de Estados-membros quase quadruplicou, contando com 201 países.

As Nações Unidas têm quatro finalidades principais: - manter a paz e a segurança internacionais; - desenvolver relações de amizade entre as nações, baseadas no respeito pelo princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos; - desenvolver a cooperação internacional resolvendo os problemas de ordem económica, social, cultural e humanitária; - assegurar o respeito pelos Direitos Humanos e pelas liberdades fundamentais.

Desde o início da Guerra fria, em 1974, que a ONU e, em particular, o Conselho de Segurança, serviram de palco ao confronto político-ideológico entre os EUA e a URSS. O antagonismo entre as superpotências foi responsável pela paralisação crónica de que a organização foi vítima. Os vetos americanos e soviéticos impediram qualquer acção construtiva. A intervenção da ONU na guerra da Coreia (1959-1953) só foi possível pela ausência da URSS na reunião do Conselho de Segurança que aprovou a resolução. Apesar de a ONU ter desempenhado um papel importante no processo de descolonização, não conseguiu potenciar uma verdadeira 11

política de desenvolvimento económico e social dos países de independência recente. A organização continuou globalmente ausente da gestão dos conflitos da Guerra Fria que afectaram os países do Terceiro Mundo (guerra do Vietname, crise dos mísseis de Cuba, conflito israello-árabes, etc). Em muitos das suas intervenções, a ONU foi acusada de falta de imparcialidade e de agir em função dos interesses norteamericanos e dos países industrializados.  Na crise do Suez, em 1956, as Nações Unidas intervieram para

assegurar a retirada das tropas inglesas, francesas e israelitas.

Com o fim da Guerra Fria, a organização recuperou uma parte do seu papel na manutenção da paz e passou a desempenhar uma acção de maior intervenção na gestão das relações inter-estatais. No entanto, algumas acusações de falta de imparcialidade e de ineficácia mantiveram-se, na sequência dos conflitos do Golfo, em 1991, com a célebre operação “tempestade no deserto”, na Somália em 1993, no Ruanda em 1994, na ex-Jugoslávia desde 1992 e no Iraque desde 2003, entre outros. No conflito da Bósnia, a ONU foi substituída pelas tropas da NATO, aquando do supervisionamento dos acordos de paz de Dayton, o mesmo acontecendo no Kosovo.

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