Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco PDF

Title Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco
Author Andreia Ladeira
Course Português
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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Summary

Amor de Perdição – Camilo Castelo Branco(1825 - 1890)Desta forma, o autor dá à sua história um relato histórico e familiar verídico. Além disto, recorre à transcrição de documentos e faz referência a datas explicitando as fontes.A sugestão biográfica que sustenta “Amor de Perdição” é reforçada no fi...


Description

Amor de Perdição – Camilo Castelo Branco Camilo Castelo Branco terá escrito a obra “Amor de Perdição” (1862) em 15 dias enquanto esteve preso na cadeia da Relação do Porto devido ao seu relacionamento adúltero com Ana Plácido. Aí terá pesquisado e consultado o registo de entrada do seu tio, Simão Botelho, degredado para a Índia em 1807.

(1825 - 1890)

Desta forma, o autor dá à sua história um relato histórico e familiar verídico. Além disto, recorre à transcrição de documentos e faz referência a datas explicitando as fontes. A sugestão biográfica que sustenta “Amor de Perdição” é reforçada no final da obra, quando o autor se apresenta como filho de Manuel Botelho, irmão de Simão e personagem da novela.

Camilo cria uma história na qual se cruzam ficção e realidade – Desta forma, compreende-se o título da obra “Amor de Perdição” e o subtítulo “Memória de uma família”.

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O autor procura evidenciar a injustiça associada ao amor de Simão e Teresa, que ousam enfrentar os preconceitos das respetivas famílias e a repressão imposta pela sociedade. Deste modo, justifica a sua própria transgressão das convenções sociais no que diz respeito ao adultério cometido com Ana Plácido.

A obra como crónica da mudança social: A obra apresenta-se como uma crítica à sociedade do inicio do século XIX. Estão em causa 2 sistemas de valores opostos:

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Antigo Regime – incluem-se a noção de honra, de privilégio das classes dominantes, de autoritarismo paterno, de falsa virtude cristã e da justiça corrupta;

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Liberalismo e Romantismo – valorizam-se a liberdade, a justiça social e a igualdade.

O autoritarismo paterno, os casamentos de conveniência, a situação de inferioridade da mulher são alguns dos aspetos fundamentais da sátira de costumes em que se vai concretizando a crónica de mudança social na obra. >

Simão, ao afirmar-se como herói romântico, personifica os novos ideias de liberdade, justiça e cidadania.

Simão opõe-se desde jovem às convenções sociais e aos valores hipócritas instituídos – como o conceito de honra, a falta de caráter, a desonestidade, a decadência de valores humanos e cristãos…

Relações entre as personagens: A ação da obra centra-se no triângulo amoroso Simão, Teresa e Mariana. 1. Simão Botelho: filho de Domingos Botelho e D. Rita Preciosa, nasceu em 1784 (tem 17 anos no inicio da ação). ↳ A sua relação com os pais nunca é pacifica e mesmo quando é condenado à forca o pai recusa-se a interceder por ele, fazendo-o apenas por imposição dos seus parentes; ↳ Antes de se apaixonar por Teresa, tem um comportamento arruaceiro e violento, contudo o amor por Teresa transforma-o e abandona a vida boémia e dedica-se aos estudos; ↳ Morre a 28 de março de 1807 no barco que o transportava para o degredo e o seu corpo é lançado ao mar.

Simão:

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Baltasar: Ódio; Teresa: Amor; Mariana: Amor; Tadeu: Ódio; João: Entreajuda; Domingos: Amor.

2. Teresa: Tem 15 anos e destaca-se pela sua beleza. ↳ Configura o ideal de mulher-anjo pelas suas características – pureza, fragilidade, capacidade de sofrer em nome do amor; ↳ Assume uma atitude de desobediência para com o pai quando recusa casar com Baltasar Coutinho, no entanto aceita o afastamento de Simão que este lhe impõe ao entrar para o convento.

3. Mariana: Tem 24 anos e destaca-se pela sua beleza física. ↳ Filha de João da Cruz; ↳ Revela características da mulher-anjo ao entregarse ao seu amor por Simão, não esperando nada em troca, a ponto de se sacrificar por ele, quando serve de elo de ligação entre Simão e Teresa e quando acompanha-o para o degredo; ↳ É exemplo de dignidade, compaixão, determinação e vontade própria. Teresa e Mariana são as duas figuras femininas que amam Simão, representando duas formas distintas de amar. 4. Domingos Botelho: é um magistrado corrupto, mas com preconceito de honra social. 5. Tadeu de Albuquerque: pai de Teresa. ↳ Odeia o pai de Simão por este não ter decidido em seu favor num litígio; ↳ O amor que nutre pela filha não consegue superar o seu ódio mesquinho e a sua noção de honra. Domingos e Tadeu representam o antagonismo motivado pelo preconceito e honra social. Além disto, preferem perder os filhos a perder a dignidade social.

6. João da Cruz: um ferrador, é romanticamente caracterizado pela nobreza do seu caráter, pela lealdade e pela abnegação. ↳ Assume-se como protetor de Simão ao dar-lhe guarida em sua casa e ao salvar-lhe a vida na emboscada preparada por Baltasar Coutinho; ↳ É caracterizado romanticamente como o “bom bandido”, aparentemente sem escrúpulos, mas dotado de sentimentos de gratidão. 7. Baltasar Coutinho: primo de Teresa, um fidalgo fanfarrão, seu pretendente, que age em nome do ódio por Simão. ↳ Cobarde, mesquinho e vingativo. 8. D. Rita Preciosa: Representa a convencionalidade do sentimento materno – age mais por obrigação familiar do que por motivos afetivos (ajuda Simão porque esse é o seu papel e não porque o ama, nem porque o perdoou). 9. Ritinha: Distingue-se das outras irmãs de Simão pela sua capacidade afetiva. ↳ Único laço familiar genuíno – é conduzida por aquilo que sente e não pelas convenções que lhe são impostas; ↳ A sua relação com o irmão, leva-a a ser a relatora da sua história ao autor da obra, quando este era criança. Tempo da história: A ação decorre nos finais do século XVIII e inicio do século XIX. A ação principal dura 6 anos (1801-1807): > 1801: Simão tem 17 anos e Domingos Botelho é corregedor em Viseu; > 1803: Teresa escreve a Simão, contando-lhe que o seu pai a ameaça de ir para o convento; > 1804: Simão é preso com 18 anos; > 1805 a 1807: Simão encontra-se preso, antes de ser degradado; > 17 de março de 1807: Simão parte para o degredo, na índia; > 28 de março: Simão morre e o seu corpo é lançado ao mar.

O amor-paixão: O narrados assume uma posição subjetiva ao valorizar o amor associado à liberdade individual, como é próprio do Romantismo.

Amor-Paixão surge como um dos temas centrais da obra: »

Teresa e Simão estão dispostos a abdicar da liberdade e da própria vida em nome do seu amor – encaram o amor como um sentimento ideal a ser vivido no céu, dada a impossibilidade de o viverem plenamente na Terra.

Teresa morre no convento e Simão a caminho do degredo. »

Mariana vive também um amor-paixão, pois dedica a sua vida a Simão tendo consciência de que o seu amor não é correspondido – Esta personagem tem esperança de ser amada no exilio, não projetando este amor na eternidade.

Mariana atira-se ao mar quando Simão morre. »

Simão é um herói romântico, rebelde, marginal e violento antes de amar. Amante fidelíssimo e obstinado na defesa da sua honra e dos seus ideais – jovem que se revolta e se perde em nome da dignidade.

É um herói romântico que se transforma no decorrer da ação e que se perde em nome da sua dignidade, sem deixar de ser vítima da fatalidade – a tensão entre o destino e livre-arbítrio (decisões próprias) está patente nesta personagem, cuja transformação constitui um bom exemplo da construção do herói romântico. Linguagem, estilo e estrutura: > >

O narrador está intimamente associado à figura do autor; Este não se limita a contar a história de forma imparcial – a sua subjetividade surge nos juízos de valor sobre a sociedade da época, nos comentários sobre as personagens, nas reflexões e nas críticas;

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Dirige-se diretamente ao leitor/leitora.

A linguagem oscila entre erudita e familiar, regional ou popular: > Domingos Botelho (exemplo): linguagem culta, erudita, com períodos longos e vocabulário erudito; > João da Cruz: linguagem viva, popular, corrente e despojada, feita de períodos curtos e expressões populares. Os diálogos são ricos e constituem momentos importantes no avanço da ação: > Servem para caracterizar personagens; > Transmitir os seus sentimentos; > Veicular a crítica social. A narrativa é linear, iniciando-se em 1779, com antecedentes da família de Simão, infância e adolescência do herói, e correndo em ritmo rápido até 1830....


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