Title | ANÁLISE DA MÚSICA PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES |
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Author | rae |
Course | Teoria Socio-Politica Brasileiraospb |
Institution | Universidade Federal Fluminense |
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ANÁLISE DA MÚSICA
PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE REALIDADE SOCIOCONÔMICA E POLÍTICA BRASILEIRA ANA CAROLLINA GUTIERREZ POMPEU
ANÁLISE DA MÚSICA PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES
Rayane Anchieta
Niterói 2018
GERALDO VANDRÉ Geraldo Pedrosa nasceu dia 12 de setembro de 1935, em João Pessoa, Paraíba, filho de José Vandregíselo (de onde veio o nome artístico Vandré) e de Maria Martha Pedrosa. Nos anos 1950, Geraldo se mudou para o Rio de Janeiro para estudar e se dedicar a sua carreira artística. Ao ingressar na Universidade do Distrito Federal – atual UERJ – em 1957 para estudar direito, o cantor passa a ter contato com a política e integra a União Nacional dos Estudantes – UNE, vivenciando de perto as mudanças que aconteceriam em alguns anos. Em 1961, Vandré inicia sua carreira musical com a música Quem Quiser Encontrar o Amor. Em 1964, lança seu primeiro LP, homônimo.
A MÚSICA E CONTEXTO HISTÓRICO Para Não Dizer que Não Falei das Flores ou Caminhando é uma canção escrita e interpretada por Geraldo em 1968, no auge da ditadura com o governo Médici. Durante o Festival Internacional da Canção, da TV Globo. Sábia de Tom Jobim e Chico ficou em primeiro lugar, na frente de Para Não Dizer . O público ficou em polvorosa ao saber que a música favorita não havia ganhado e vaiou Tom e Chico no palco. Anos depois, um dos jurados disse que Para Não Dizer deveria ganhar, mas ficou em segundo lugar por conta das pressões políticas em cima da organização e da TV Globo. Em 1968, ano de lançamento da música, foi promulgado no final do governo Costa e Silva, o Ato Institucional nº 5, o AI-5, que previa o fechamento do Congresso, das Assembleias e permitia que o poder executivo controlasse as funções que outrora eram do legislativo. O período que seguiu o AI-5 ficou conhecido como os anos de chumbo, pois eram de forte repressão. Com o AI-5, Para Não Dizer foi proibida de ser reproduzida pelas rádios, mas se tornou um hino dos protestos e da resistência estudantil e civil. Por conta disso, Geraldo Vandré se exila e vai para o Chile antes de viajar por diversos países da Europa. Vandré retornou ao Brasil em 1973 sob vigia dos militares, mas ele já não era o mesmo. O artista havia se afastado do mundo da música e focou em atuar como advogado. Muitos supunham que ele largou a vida artística pois fora torturado. Esses boatos
aumentaram depois de compor sua última canção que se tem conhecimento: Fabiana em homenagem à FAB – Força Aérea Brasileira.
ANÁLISE DA LETRA Caminhando e cantando e seguindo a canção
Nesse primeiro verso, Geraldo remete à ideia de uma manifestação, de fato.
Somos todos iguais braços dados ou não Nas escolas, nas ruas, campos, construções Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aqui, a mensagem é de união de um povo que vem de diferentes endereços, convergindo para a luta.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
O refrão da música é um vocativo, convocando, nas diversas vezes que se repete, as pessoas para a luta. Quem sabe que o país precisa da mudança corre atrás dela, e não espera ela ocorrer.
Pelos campos há fome em grandes plantações
Aqui há uma denúncia à miséria e à fome que acontecia principalmente no Nordeste do país.
Pelas ruas marchando indecisos cordões Ainda fazem da flor seu mais forte refrão E acreditam nas flores vencendo o canhão
Surpreendentemente, nesta parte da música Vandré adota um viés antidiplomático, desacreditando nas manifestações pacíficas para combater a truculência do exército.
[REFRÃO] Há soldados armados, amados ou não Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição De morrer pela pátria e viver sem razão
No começo dessa estrofe, Geraldo fala dos soldados não como tiranos, mas como pessoas alienadas, “perdidas”. Já nos dois últimos versos desta estrofe, ele cita indiretamente o Hino da Independência “Ou ficar a pátria livre/ Ou morrer pelo Brasil”
[REFRÃO] Nas escolas, nas ruas, campos, construções Somos todos soldados, armados ou não Caminhando e cantando e seguindo a canção Somos todos iguais braços dados ou não Os amores na mente, as flores no chão
Aqui, Geraldo retoma versos anteriores e diz que todos aqueles que lutam são soldados, têm o poder.
A certeza na frente, a história na mão Caminhando e cantando e seguindo a canção Aprendendo e ensinando uma nova lição
Nesta parte da estrofe, ele diz para seguirem com as pessoas amadas na mente e esquecerem a paz como forma de abordagem.
BIBLIOGRAFIA SANTANA, Adriana Alves; ARAUJO, Joseane de Jesus Pereira; JESUS, Laila Kelly Almeida; SANTANA, Telma de Oliveira. O contexto e o intertexto na música Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré. Revista Graduando, Feira de Santana, a. 2, n. 2, p. 75-85, 2011
SITES http://memoriasdaditadura.org.br/artistas/geraldo-vandre/index.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Geraldo_Vandré https://pt.wikipedia.org/wiki/Ato_Institucional_Número_Cinco http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-05-68.htm https://www.culturagenial.com/musica-pra-nao-dizer-que-nao-falei-das-flores-de-geraldo-van dre/...