Análise sobre App de Game of thrones PDF

Title Análise sobre App de Game of thrones
Author grazyele lopes pereira
Course Tópicos em linguística aplicada
Institution Universidade Federal de São Paulo
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Summary

Com base em textos discutidos em sala de aula, realizamos uma análise sobre o novo aplicativo da série GAME OF THRONES...


Description

Se existe algo que evoluiu durante os últimos anos, este com certeza foi o telefone celular. Durante muito tempo, apenas os adultos possuíam um aparelho destes, além do artefato ser caro naquela época. Conforme foi evoluindo, mais pessoas puderam ter acesso e a grande responsável por isso, é a enorme praticidade que carregar um destes proporciona, pois os aplicativos que facilitam a vida do usuário são sua maior qualidade. Eis que esta evolução em junção com a internet foi capaz de conectar pessoas ao redor do mundo e unir aqueles que possuem interesses em comum. Então foi apenas um passo previsível para que fossem desenvolvidos aplicativos de músicas, livros, filmes, passeios etc, que possam unir estes usuários que querem encontrar outras pessoas com quem dividir seus gostos. Tendo isso em vista, a emissora de televisão HBO, criou um aplicativo para unir os fãs da sua maior série de sucesso, Game of Thrones¹. A ferramenta consistia no usuário logar -se com sua conta do Facebook para ajudar a proteger a Muralha da região Norte do local em que a série se passa, porém, as usuárias ao se conectarem, recebiam o seguinte aviso: ‘Desculpe, donzelas não são aceitas’.

A emissora saiu em defesa informando que estava mantendo-se fiel a história, uma vez que apenas homens podem fazer parte da Patrulha da Noite. Milhares de internautas expressaram sua opinião sobre o assunto, em sua grande maioria contra a HBO, como no caso da usuária Michelle Terra: “Claramente essa galera que fez o app não leu os livros da série. ~~ spoiler² ~~ No livro 5, existe um castelo da Patrulha da Noite todo composto por mulheres, esposas de lança. Não são da Patrulha porque não fizeram o juramento, mas são guardiãs da noite tanto como os homens.” (divulgado em seu perfil pessoal na rede Facebook) Assim como Michelle, muitos questionaram o fato da HBO dizer ser fiel a história, já que na quinta temporada (o aplicativo foi lançado para promover esta temporada em questão), um dos personagens convida diversos “Selvagens” para irem para a Muralha, entre eles estão presentes mulheres e crianças. É no mínimo contraditório este discurso da emissora, não? O linguista Bakthin elucida:

“Considerada em sua totalidade, a linguagem é multiforme e heteróclita; cavalgando sobre diferentes domínios, ao mesmo tempo físico, fisiológico e psíquico, ela pertence ainda ao domínio individual e ao domínio social; ela não se deixa classificar em nenhuma categoria dos fatos humanos, e é por isso que não sabemos como determinar sua unidade.” Assim sendo, a propaganda une linguagem escrita, visual e estética e ainda o meio social, já que era possível acessar a plataforma criada para divulgar a série e “unindo” duas épocas: a medieval, em que se passa a série e o atual, em que debates como de combate e ao machismo são tão presentes, ainda mais para os jovens que são o público alvo do aplicativo e aquele que mais está conectado nas redes, formando e mostrando sua opinião. No conjunto da obra, a HBO não levou em conta o impacto que a publicidade causaria em meio a seus telespectadores, que se sentiram lesadas ao serem impedidas de utilizar a plataforma. Criando esta regra de utilização do aplicativo, a emissora apenas ajuda (mesmo que inconscientemente- ou não) o machismo ainda continuar imperando mesmo no século XXI. Foram poucos aqueles que se posicionaram a favor da emissora ou os que não encontraram motivos para acharem que a propaganda possuía cunho machista, mas são muitos os que mesmo sem conhecerem a série, livros ou o jogo sobre este universo, ainda imaginam as mulheres como sexo frágil e que os homens são aqueles que devem sair em sua defesa enquanto elas permanecem em suas residências, cuidando do lar e dos filhos. Sobre a história da série e livros, para quem gosta e acompanha, foi uma surpresa que a HBO tenha barrado mulheres, pois a série conta com excelentes e fortes personagens femininas, muitas vezes mais bravas e inteligentes que os homens, além de retratar muito a violência contra a mulher, porém, na maioria das vezes, as personagens encontram meios de saírem daquela situação e é comum vermos comemorações dos fãs na internet quando estas personagens dão a volta por cima, por isso a indignação coletiva. A HBO, como uma grande emissora internacional e responsável por uma das maiores e melhores adaptações literárias da atualidade, deveria ao menos pesar todos os fatores na balança antes de veicular um aplicativo que impedisse contas de usuárias femininas. Até mesmo por se tratar de algo que promova a série.

É tão comum vermos o machismo disfarçado em propagandas publicitárias e são poucas as empresas que tomam coragem para se posicionar sobre assuntos polêmicos (não só machismo, mas identidade de gênero, racismo etc), que mais um caso como este da emissora é um fato lamentável e deve sim ser questionado por todos. O machismo não deve parecer natural, não pode ser varrido para baixo do tapete e nem maquiado por discursos como “estamos sendo fiel aos livros.” O machismo deve ser combatido nos menores detalhes e locais em que acontece, mesmo que seja em um aplicativo que TINHA o intuito de unir fãs de uma mesma série.

1 – Sinopse da série: http://www.adorocinema.com/series/serie-7157/ 2 – Spoiler tem origem no verbo spoil, que significa estragar, é um termo deorigem inglesa. Spoiler é quando alguma fonte de informação, como um site, ou um amigo, revela informações sobre o conteúdo de algum livro, ou filme, sem que a pessoa tenha visto. (http://www.significados.com.br/spoiler/) BAKTHIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003 [1951-1953], p. 261-306....


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