Crónica-de-Costumes - Maias PDF

Title Crónica-de-Costumes - Maias
Author Vera Machado
Course Português
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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Summary

Crónica de Costumes Composta por 6 episódios da vida romântica: 1. Jantar no Hotel Central; 2. As corridas no Hipódromo; 3. O jantar em casa dos Gouvarinho; 4. O jornalismo português; 5. O sarau literário no Teatro da Trindade; 6. O passeio final. Jantar no Hotel Central  Organizado por Ega, tendo...


Description

Crónica de Costumes 

Composta por 6 episódios da vida romântica: 1. Jantar no Hotel Central; 2. As corridas no Hipódromo; 3. O jantar em casa dos Gouvarinho; 4. O jornalismo português; 5. O sarau literário no Teatro da Trindade;

6. O passeio final. 1. Jantar no Hotel Centr Central al  Organizado por Ega, tendo como finalidade:  Homenagear o banqueiro Cohen, marido de Raquel Cohen, amante de Ega (situação moralmente incorreta);  Apresentar Carlos ao meio social lisboeta; 





Funciona como elo de ligação entre a Crónica de Costumes e a intriga principal, pois Carlos vê pela primeira vez Maria Eduarda, à porta do Hotel; Temas abordados durante o jantar:  Literatura, que põe em confronto o realismo e o naturalismo, através dos seus representantes Carlos, Ega e Alencar. E ainda o ultrarromantismo, defendido por Alencar;  Finanças – Cohen aposta nos empréstimos; Carlos acredita que o país caminha a passos largos para a bancarrota; Ega acredita que a solução passa pela invasão espanhola.  História e política: Personagens que se destacam:  Ega (cujas opiniões, por vezes, refletem as do autor) que juntamente com Alencar e Dâmaso são pessoas que não pertencem à respetiva classe social, pois não têm personalidade e cultura;  Cohen demonstra ser calculista;  Carlos e Craft são os únicos que estão à altura, fruto da educação inglesa que receberam.

CONCLUSÃO: 

O jantar termina com grande confusão, mostrando a falta de cultura e civismo que domina as classes mais importantes.

2. Corridas no Hipódromo  Tem ligação com a intriga principal – Carlos espera encontrar Maria Eduarda nas corridas, mas esta não foi.  Retrata um tentativa de imitar o meio social inglês – os portugueses querem parecer aquilo que não são (crítica social), pois tudo à volta das corridas se mostra inapropriado para a ocasião:  A entrada era uma “abertura escalavrada num muro de quintarola”;  Os interveniente não se vestiram bem – relativamente aos homens, alguns usavam jaquetões claros e chapéu-coco, outros uma sobrecasaca e binóculo a tiracolo (“pareciam embaraçados e quase arrependidos do seu chique”); as mulheres apresentaramse com “vestidos sérios de missa” e chapéus emplumados.  A atitude das pessoas também se revelou inadequada – ninguém sabia bem que atitude tomar perante as corridas (“Carlos, por divertimento, sem mesmo saber porquê, declarou que tomava



Vladimiro. Então, em roda, foi uma surpresa; e todo o mundo quis apostar). Personagens que se destacam:  Dâmaso – soube preparar-se para a ocasião, mas não se soube comportar;  Mais uma vez, Carlos e Craft foram os únicos que mostraram estar à altura.

CONCLUSÃO: Este público de elite nada tem a ver com o evento que fora preparado – as corridas. 3. Jantar em casa dos Gouv Gouvarinho arinho  Permite observar a perda de valores sociais, o atraso e estagnação do país e a ignorância das classes dirigentes.  Os temas abordados durante o jantar são:  O atraso e estagnação do país, por intermédio de uma conversa entre Carlos e D. Maria, onde este afirma – “Creio que não há nada de novo em Lisboa, minha senhora, desde a morte do senhor D. João VI”). 

 A educação da mulher, onde nos são apresentadas diferentes conceções. Por um lado, o conde Gouvarinho defende que é agradável que uma mulher possa falar sobre coisas amenas, como livros ou um artigo de revista. Por outro lado, Ega opõe-se a esta perspetiva, pois para ele uma mulher só deveria ter duas

prendas, a que se devia dar mais importância – cozinhar bem e amar bem. Pois ele acredita que “uma mulher com prendas, sobretudo prendas literárias (…)é um monstro”, minimizando assim, as mulheres. Perante isto, o conde mudou de opinião – “sim, decerto o lugar da mulher era junto ao berço, não na biblioteca” (facilmente influenciável).  O estrangeiro é outro dos temas abordados, é lhes apelativo,



falando dos países como se lá já estivessem estado, mas uma vez evidenciam-se as limitações culturais de Sousa Neto. Personagens que se destacam:  Conde Gouvarinho:  Voltado para o passado;  Tem lapsos de memória e revela enorme falta de cultura;  Não compreende a ironia sarcástica de Ega;  Fala de modo depreciativo das mulheres;  Representa a incompetência do poder político.  Sousa Neto:  Personagem muito criticada pelo autor;  Superficial nas suas intervenções – “e de repente calou-se, embaraçado, levando a chávena aos lábios”;  Desconhece o sociólogo Proudhon – “(…)murmurou que Proudhon era um autor de muita nomeada”;  Valoriza o estrangeiro e a literatura de folhetins – “Encontra-se por lá, em Inglaterra, desta literatura amena, como entre nós, folhetinistas, poetas de pulso?”.

CONCLUSÃO: Assim, verifica-se o atraso e estagnação do país, e aqueles que poderiam fazer alguma coisa para inverter esta situação são os primeiros a preferir o luxo e a diversão às obrigações. 4. Jornalismo português  A “Corneta do Diabo” era um jornal de difamação e escândalos – “e na 

impressão, no papel, na abundância dos itálicos, no tipo gasto, todo ele relevava imundice e malandrice” – cujo diretor, Palma Calavão, um



corrupto, publicou um artigo injurioso sobre Carlos, onde exponha a intimidade deste com Maria Eduarda, a pedido de Dâmaso Salcede. Ao saber disto, Ega entrou em ação e conseguiu uma carta de Dâmaso onde este pede perdão, declarando que estava bêbado quando escreveu a carta sobre Carlos. Assim, Ega consegui vingar Carlos, mas também a

sua pessoa – dada a possível ligação entre Dâmaso e Raquel Cohen, sua ex-amante. 

Assim, Ega dirigiu-se ao jornal “A Tarde” a fim de publicar a carta sobre Dâmaso. Inicialmente, o Neves, diretor do jornal e político, recusou a publicação da carta por pensar que se tratava de Dâmaso Guedes, seu amigo do partido político. Desfeito o engano, Neves publicou a carta.

CONCLUSÃO 

Eça expõe o baixo nível e decadência do jornalismo português da altura, movido pela corrupção, parcialidade e interesses políticos e económicos, onde a realidade dos jornais reflete a realidade do país – “Tais jornais, tal país”.

5. Sarau no T Teatro eatro da T Trindade rindade  O sarau destinava-se a ajudar as vítimas das cheias do Ribatejo; 

Revela-nos aspetos caricatos da sociedade lisboeta: o gosto pela verborreia oca; a total falta de sensibilidade estética para apreciar o talento; a lágrima fácil perante o exagero poético romântico; a superficialidade das conversas;

 

O primeiro interveniente é Rufino, um orador tido como sublime; a sua retórica vazia, traduz a sensibilidade literária da época; Cruges representa o raro talento verdadeiro, incompreendido e alvo de



risos; O último interveniente é Alencar, após “um intervalo de dez minutos,



como no ciro”. O poeta declamou a “Democracia”, aliando poesia e política, numa encenação exuberante e sentimentalista, ultrarromântica que termina entre fortes aplausos. É neste episódio que Ega entra em contacto com o Sr. Guimarães,

personagem que se revela fundamental para o final trágico da intriga. 6. O passeio final  Este passeio dá-nos a conhecer aspetos fundamentais da sociedade lisboeta:  Imobilismo total: “nada mudara”;  Provincianismo: “…com uma curiosidade de província, examinavam aquele homem de tão alta elegância”;  Falta de fôlego nacional para terminar os grandes empreendimentos: “ora aí tens tu essa avenida! hem?... já não é mau (…) E ao fundo a colina verde, salpicada de árvores, os terrenos de Vale de Pereiro, punham em bruco remate campreste aquele curto rompante de luxo barato – que partira para

transformar a velha cidade, e estacara logo, com o fôlego curto, entre montões de cascalho”;  Imitação do estrangeiro;  Decadência dos valores genuínos; CONCLUSÃO 

A “regeneração” do país não se efetivara de facto; este termo deveria ter significado o progresso a todos os níveis, de modo a colocar Portugal entre os povos civilizados; porém após as lutas liberais o país não renascera. De salientar ainda que Carlos e Ega criticam muito o estado do país, mas nada fazem para inverter a situação, pois no fundo são como ele....


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