Estudo dirigido 2 - Blue Jasmine- Uma analise PDF

Title Estudo dirigido 2 - Blue Jasmine- Uma analise
Author Maria Clara Tolentino Braga
Course Atividades Complementares Ii
Institution Universidade Federal de Viçosa
Pages 6
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Summary

Analise cinematográfica do filme blue jasmine para a psicanalise e patologia de acordo com o DSM-5. Blue jasmine com bordelaine e transtorno pos traumatico...


Description

FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE VIÇOSA CURSO DE PSICOLOGIA

PSI 340 – Psicopatologia 2 Estudo dirigido 2 - Blue Jasmine

Lucas Marques Capelete de Souza - 20386 Luiza Mafra De Oliveira - 20739 Maria Clara Tolentino Braga -20311 Raquel Ataide Alves - 20585

Viçosa - MG 2021

1)Construir uma breve descrição do personagem como se fosse um caso clínico; Jasmine, sexo feminino, idade entre quarenta e cinquenta anos, viúva, atualmente morando com a irmã adotiva em São Francisco, na Califórnia. Quando criança, foi adotada por um casal e mantinha uma boa relação com os pais, sendo apontada pela irmã como a filha preferida da mãe. Perdeu os pais cedo e acabou se distanciando da irmã, relatando que as suas vidas seguiram caminhos diferentes. Mudou o seu nome para Jasmine, pois acreditava que o anterior, Janette, “não tinha brilho”. Cursou Antropologia, mas desistiu do curso em seu último ano para se casar com um investidor e especulador financeiro, nove anos mais velho, da alta sociedade nova-iorquina, não tendo, portanto, a sua independência financeira ou profissão. Jasmine apresenta algumas queixas, tais como: dificuldade em respirar fundo, sendo que, quando consegue concluir a respiração, entra em pânico; pensamentos ruins quando está sozinha; estar perdida e não saber o que fazer com o resto da própria vida. Ela relata que começou a sofrer de ansiedade, de claustrofobia, que tinha pesadelos constantes e muito medo da morte, até que teve um colapso nervoso. Foi neste momento que alega ter sido internada, após ser encontrada na rua falando sozinha. Assim, iniciou-se um tratamento medicamentoso com seis medicamentos diferentes, chamado por ela como coquetel. Dentre estes medicamentos estão os psicofármacos Ekson, receitado logo após o que ela diz ter sido um colapso nervoso, e o Xanax, de uso contínuo, para o controle da ansiedade em situações de pânico e fobia. Em meio ao relato de sua internação, Jasmine fala sobre “terem usado eletricidade para fazê-la pensar direito”, o que deixa subentendido que tenha sido submetida ao método de eletroconvulsoterapia (ECT). Também é relatado que o fato de tomar antidepressivos só a deixa pior e por isso, ela acaba fazendo o uso indiscriminado de bebidas alcóolicas, como forma de se acalmar. A primeira crise aconteceu quando o marido pediu o divórcio, após ela descobrir a ocorrência de traições e confrontá-lo. Jasmine relata ter sentido muita dificuldade para respirar. Posteriormente, houve uma piora em seu quadro com a prisão do marido devido à fraude imobiliária e bancária, e consecutivamente o seu suicídio na cadeia. Ela expõe, de forma angustiada, ter sido a responsável pela denúncia do marido e diz sentir um grande arrependimento. Como consequência disso, o governo congelou os seus bens e ela perdeu todo o seu dinheiro, ficando somente com as dívidas. Morou um tempo no

Brooklin, o que é considerado por ela como uma vergonha, tendo em vista o alto nível socioeconômico em que se encontrava anteriormente, e depois mudou-se para São Francisco. A todo o tempo Jasmine relata se sentir infeliz na casa da irmã e demonstra o desejo de voltar a estudar para que possa, em suas palavras, ser alguém notável. 2)Desenvolver uma argumentação do ponto de vista psiquiátrico, considerando sobretudo os sintomas, inclusive os psicóticos; (consulte o DSM V). A película apresenta dramas familiares, financeiros, afetivos e sociais da personagem Jasmine. Após muito se debater em grupo, discutir e provocar diálogo. O grupo analisou e chegou a conclusão que nenhum diagnóstico pode ser realmente fechado no caso de Jasmine. O filme não aprofunda o suficiente para fechar um diagnóstico completo do ponto de vista psiquiátrico. Ao longo de todo o longa, é trabalhado em Jasmine o ser e ter, na questão de aceitação da nova realidade frente a um passado que custa ir embora, seja por medo, apego ou trauma. A personagem principal padece para enfrentar a nova realidade que se apresenta, desde nova se acostumou a viver numa realidade majestosa, onde seu nome verdadeiro não cabia ali, mas o nome Jasmine cabia para aquela realidade. Quando esse mundo desaba, a personagem se vê diante de uma realidade insatisfatória, essa discrepância de realidade fica evidente quando se junta com sua irmã Ginger. Independente do diagnóstico da personagem, nota-se uma dificuldade a enfrentar as emoções sentidas no presente, Jasmine está sempre tomando medicamentos, principalmente Xanax. Sendo assim, a fuga da realidade aparece de diversas formas. Após sua queda social, como gatilho para sua situação atual do filme, fica evidente através de flashbacks que a realidade era evitada muito antes de perder status social. Desde sempre a personagem apresentava alienação sobre a sua realidade e após sua queda social há uma anormalidade em seu comportamento.

O grupo ficou dividido entre dois

diagnósticos mais concretos, o transtorno de estresse pós-traumático e o transtorno de personalidade borderline. Na primeira linha de pensamento, Jasmine testemunharia pessoalmente um evento traumático que seria a prisão e suicidio do marido. Quando o psiquismo enfrenta uma situação de intenso sofrimento, ele tende a arranjar um jeito de se organizar, através de fugas ou outros mecanismos, mas se algo traz o acontecimento a tona novamente pode gerar estresse e angústia. Que geraria na personagem um sofrimento intenso a sinais externos de relembrar do marido. Nota-se que durante as aulas de informática a personagem permanece estável, mas

na presença do namorado da irmã que por vezes alfineta, Jasmine enfrenta um sofrimento e estresse, por vezes quando se fala de seu marido. Pessoas dentro do transtorno de estresse pós-traumático podem enfrentar alterações negativas no humor, como pode ser visto pela personagem sempre que tem que reviver as lembranças com seu marido. Também podem ser vistas a falta de aceitação ou a visão negativa da nova realidade aliada ao processo de trauma vivido anteriormente. Já na segunda estimativa, notamos a presença na construção de um transtorno de personalidade borderline. Esse transtorno é onde uma linha tênue da psicose e da neurose são exploradas, uma linha tênue do enlouquecer. Apesar de Jasmine apresentar um quadro extremamente neurótico, seu colapso nervoso e suas crises podem ser analisadas ou consideradas psicóticas, um quadro de neurose oscilante com psicose é o quadro que se encaixa em borderline. Pode-se observar que em relação ao marido Jasmine tem uma opinião unilateral e inflexível do mesmo. Tendo muita dificuldade de falar dele junto a realidade ou aceitar pensamentos diferentes do seu mesmo diante de provas. Jasmine está sempre fugindo de sua realidade, seja por sua fala, suas lembranças ou suas atitudes, no transtorno de personalidade borderline o sujeito está em fuga de experiências aversivas. Nessa perspectiva, a medicação ou o álcool servem para evitar a angústia da realidade, sendo um mecanismo de defesa. Quando esse mecanismo de defesa tem efeito, a personagem vive e revive cenas cristalizadas em seu passado, vivendo uma realidade distorcida.

Jasmine junto com suas

fugas, apresenta uma desregulação de humor, suas emoções não são reguladas podendo ter picos extremos de humor. Autoestima da personagem está baseada no status, posição social e aparência, esses estigmas precisam de constante manutenção. Contudo as circunstâncias enfrentadas não favorecem a nova realidade, criando uma fragmentação da identidade, no caso de Jasmine no que se foi e no que se é agora. Durante todo o filme, as relações sociais de Jasmine são instáveis e com medo recorrente de abandono pelo outro. Apesar de seus flashbacks, há sempre um vazio existencial constante em sua existência, sendo sempre instável em relação ao passado e presente. Todas essas características descritas anteriormente, se encaixam em um quadro border, colocando assim a personagem como possível portadora desse transtorno. Outro fator importante para o levantamento dessa hipótese, é a sua impulsividade, tanto na fala, como no comportamento, com predomínio dessa desregulação afetiva, baixa tolerância a frustrações que está constantemente se apropriando de fugas para não sentir o momento presente. Assim, Jasmine

seria uma paciente neurótica que apresentaria sintomas psicóticos diante do abandono ou frustração afetiva, ou seja, um intermédio entre a neurose e a psicose. Dessa forma, o grupo observou essas duas possibilidades para Jasmine. Enxergando as duas como possíveis, cada uma a sua perspectiva psicológica e psiquiátrica. 3)Argumentar do ponto de vista psicanalítico, um raciocínio clínico que possa nos direcionar em termos de funcionamento/ estrutura e direcionamento. Comente sobre a subjetividade da pessoa em questão, para além do diagnóstico. Durante a disciplina de psicopatologia II, a coisa que mais foi internalizada pelo grupo na matéria foi a questão das várias formas de luto. A personagem Jasmine a partir dessa perspectiva está enfrentando várias formas de lutos, sejam concretas (perda do marido) ou subjetivas (perda da antiga vida de socialite). Ela encontra dificuldades de enfrentar e elaborar esses lutos, seu colapso nervoso pode ser seu corpo e psiquismo não conseguindo lidar com as novas realidades. Em primeira análise, Jasmine tem características de funcionamento neurótico com características bem clássicas, como excêntrica, fala demais, fala sozinha, delírio de grandeza, mas sem fuga da realidade, bem desconfiada, compulsiva para artigos de luxo, como bolsas, sapatos e roupas de marca, fazendo de tudo para manter a sua aparência de uma socialite. No entanto, Jasmine não aceita a nova realidade, prefere ignorá-la, apesar de tentar trabalhar, ela não para de gastar e continua no seu universo, mas não se enquadra da psicose, pois ela sabe a realidade que está envolvida, só prefere não enxergar e viver nas suas fantasias. Sendo assim, na subjetividade de Jasmine, é muito difícil vivenciar a realidade, viver sem o luxo. Dessa forma, Jasmine busca nas compras e no luxo uma tentativa de fuga,no qual é presente em várias cenas, de suprir suas necessidades e carências, com o intuito de diminuir o desconforto psicológico. Um fato interessante é que até quando ela está feliz ela toma medicamentos, uma forma de não sentir as emoções. A tentativa de consumo de jasmine é um modo de fuga da sua atual realidade, foi um mecanismo de fuga tanto no passado para não ver as relações de seu marido e no presente por não aceitar sua condição social. O consumismo ligado ao status, é quando se necessita de

suprir algo internamente, é uma busca de amparo externo para algo interno. No caso da personagem é uma busca de alívio imediato para apaziguar o mal-estar da realidade, serve para dar manutenção a um mundo ideal em sua mente. Também pode-se analisar que seu desejo por artigos luxuosos estavam ligados a suprir um vazio crônico da vida de Jasmine. É possível observar, que no passado a vida da socialite era protegida e imunizada de sentimentos ruins, logo era uma realidade fantasiada que desejava a perfeição em mundo particular. Já a irmã da personagem principal representa e simboliza o avesso da nobreza e luxo, era a realidade na qual Jasmine não queria se deparar ou estar. Ao longo do filme e dos flashbacks, compreendemos que o marido decide trocar Jasmine por uma amante. Em um momento impulsivo ela denuncia o marido a polícia, o mesmo é preso e se suicida. Nesse contexto, podemos entender essa atitude impulsiva como um ato de raiva daquele que a tirou da sua realidade fantasiada. Que foi um ato impulsivo contra quem se atrevia a fazer sentir sentimentos ruins e não só bons, poderia se dizer que foi um ato de quem não sabia lidar com um mundo real, fazendo vingança sem pensar em si no futuro. Pois afinal, com seu mundo cor de rosa, ela nunca teve que se preocupar com seu futuro. A personagem se encontra perdida em sua realidade, onde passado e presente se misturam. Se encontra assim, uma fala vazia e neurótica com vários mecanismos de fuga para não sentir o presente. Jasmine tenta por vezes, viver de lembranças e alienação sobre o presente, tentando reviver um gozo que já não existe mais....


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