Eunucos Pelo Reino de Deus PDF

Title Eunucos Pelo Reino de Deus
Course História Medieval
Institution Universidade Federal do Espírito Santo
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Summary

Resumo de três capítulos do livro "Eunucos pelo Reino de Deus"...


Description

Capítulo II : O Antigo Tabu Contra o Sangue Menstrual e Suas Consequências Cristãs -

Ter relações sexuais com a mulher enquanto ela estiver menstruada era proibido por Fílon (médico de Sorano de Éfeso no século II), pois ela não poderia se engravidar neste estado. Acreditava que o sangue menstrual mantinha o útero úmido, fazendo com que isso anulasse por completo a vitalidade do sêmen. “Se um homem dormir com uma mulher durante o período menstrual e tiver relações com ela, ambos serão eliminados do meio do povo por terem posto a descoberto a fonte do sangue”.

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em Levítico 15,19-24 diz que Deus considera a mulher menstruada como um ser impuro e que tudo o que tocar também ficará impuro. Já na Antiguidade os judeus e pagãos consideravam o sangue menstrual como venenoso.

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Nos anos 200 os padres acreditavam que as crianças que nasciam a partir de relações que aconteceram durante o período menstrual eram crianças deficientes.

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Já no século XIII, os principais teólogos como Alberto Magno, Tomás de Aquino proibiam a relação sexual com as mulheres grávidas, considerado um pecado mortal, pois acreditavam que fazia grande mal para os filhos. Bertoldo de Regensburgo dizia em 1272 “ Não tereis qualquer alegria com filhos concebidos durante a menstruação. Porque ora serão afligidos pelo demônio, ora leprosos, ou então epilépticos, ou corcundas, ou cegos, ou de pernas tortas ou surdos, ou idiotas, ou terão a cabeça em forma de macete”.

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Na Idade Média, poucos judeus contraíram lepra, e acreditavam que isso aconteceu por não terem relação sexual com as mulheres menstruadas, em contrapartida os camponeses eram mais propensos a pegar lepra e acreditava-se que isso ocorria por terem relações sexuais neste período.

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Nos séculos seguintes ao XIII, com o avanço da medicina, essa relação de doenças com relação sexual durante a menstruação foi aos poucos abandonadas.

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Já no século XVI, o Cardeal Caetano dizia que o coito durante a menstruação era um “pecado venial”(perdoável), e Tomás Sánchez, século XVII, um grande teólogo moralista responsável em estabelecer as regras de seu século acerca das questões conjugais, já dizia que muitos teólogos não viam mais o sexo durante o período menstrual como pecaminoso, mas um pecado venial, pois era uma demonstração de uma falta de autocontrole, então assim

era impróprio. Mas como já não se acreditava mais que isso causaria alguma doença no feto, a relação poderia ser considerada sem pecado algum se houvesse bons motivos para acontecer, como por exemplo, para amenizar as brigas conjugais. -

Jansenismo foi o renascimento do agostinianismo no século XVII, e seus teólogos viam essas questões de formas diferentes, o coito com a mulher menstruada era visto como pecado mortal para o cônjuge que exigisse, mas falavam mais de pecado venial. Afonso de Ligorio, do século XVIII, foi quem ditou as regras para a igreja que perduraram durante o século XIX e XX, e ele segue a Tomás Sanchez, e assim até o nosso século a relação com a mulher menstruada era visto como uma pecado venial (merecedor de perdão)

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A santa comunhão era proibida para as mulheres menstruadas durante toda a Idade Média, mais severamente na parte oriental, assim o ocidente se coloca numa posição mais moderada, não proibia as mulheres de irem a igreja ou de receber a comunhão, mas as que deixavam de ir, se abstiam da eucaristia, eram elogiadas. O período menstrual não era considerado pecaminoso, e sim natural, mas a natureza era considerada perversa.

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Todo esse desequilíbrio fez com que houvesse um conflito no ocidente, em que em alguns casos a comunhão era proibida, em outros não.

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A questão menstrual foi decisiva e fatal para as mulheres que quisessem participar dos ofícios das igrejas, as diaconisas (na Igreja primitiva, mulher que, entre outras funções, tratava do serviço do templo e cuidava dos pobres) eram ordenadas segundo as leis da igreja, assim eram permitido que se aproximasse do altar, mas quando estavam menstruadas eram expulsas do seu lugar na liturgia e do altar sagrado. Na igreja de Constantinopla, as diaconisas mesmo ainda sendo escolhidas, não tinham mais acesso algum ao altar.

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O sangue ocasionado pelo parto era visto de forma ainda mais prejudicial que o menstrual e a relação sexual era ainda mais proibida para a mulher que acabou de dar a luz.

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Segundo o Sínodo de Trier de 1227, as mulheres que haviam dado a luz deveriam se reconciliar com a Igreja, e só depois disso poderiam voltar a frequentar as igrejas.

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A mulheres que morriam no partos sem ter tipo a reconciliação da igreja poderiam não ser enterradas em cemitério.

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Além de grande luta que as mulheres tiveram que encampar para terem o direito de um enterro normal, ela também tiveram que lutar para poder retornar a igreja sem ter que passar por um ritual de purificação

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esse costume durou até pouco tempo atrás e a purificação ocorria da seguinte forma: a mulher deveria se postar ou ajoelhar do lado de fora da porta da igreja e receber uma purificação com água benta e oração do padre.

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relato da década de 1960 “pg 38” final.

Capítulo III: O novo testamento, e como foi incompreendido: A concepção virginal, o celibato e o novo casamento das pessoas divorciadas. -

As influências imediatas à moral cristã foram o judaísmo e o gnosticismo.

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No Apocalipse, João fala das pessoas que cantam o novo cantico no reino de Deus, são os que não se contaminaram com mulheres, pois são virgens, assim percebemos que o gnosticismo triunfa sobre o judaísmo nos legados que deixaram. Já em outra passagem o gnosticismo e sua hostilidade ao sexo e ao casamento não são bem aceitos chamados de “hipócritas e impostores que, marcados na própria consciência com o ferrete da infâmia, proíbem o casamento” (1 Timóteo 4, 2-3)

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Lutero, por sua vez, contesta a questão do celibato cristão, tanto para os comuns quanto para os padres, dizendo que tal prática tirava a liberdade dos homens em prol de algo que não era verdade segundo ele.

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Apesar disso, a interpretação do novo testamento acerca da virgindade não deve ser entendida como uma expressão de hostilidade ao sexo e ao casamento, pois ele não promete uma concepção virginal biológica e nem pretende descrever essa questão como evento histórico. A concepção virginal é usada como metáfora, assim como outras metáforas no Novo Testamento. E nada há sobre a concepção virginal no Antigo Testamento.

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A imagem de concepção de Jesus de forma milagrosa, vem de lendas que remontam aos pagãos e a linguagem metafórica da antiguidade, exemplo Augusto que era considerado filho de apolo, concebido a partir de um raio. Com isso, os cristãos tomam essas imagens ao pé da letra, no sentido

biológico, não com relação aos deuses, aderindo para a própria criação de jesus cristo que ainda é visto assim até o dias de hoje, mesmo não tendo provas concretas na bíblia, uma vez que o termo “virgem” poderia ser traduzido como “alma”, não podendo assim ser provada a virgindade de Maria. Em muitas passagens José é realmente considerado o pai de Jesus. -

David Friedrich Strauss, teólogo protestante do século XIX, comprova como o processo de historicização transformou metáforas da antiguidade num relato concreto de castidade pessoal. Em que a lenda do nascimento de Jesus limita-se a virgindade de Maria até o seu nascimento dele, em Marcos e em Mateus se tem relatos de Jesus ter irmãos. Assim pode-se perceber que a metáfora de Jesus ter nascido de uma virgem não era vista com um pessimismo sexual, como foi feito depois com a historização no decorrer dos séculos.

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A partir do século dois, os irmãos e irmãs de Jesus passaram a ser considerados meio-irmãos, do primeiro casamento de José. Depois do ano 400, Jerônimo transforma os meio irmãos em primos e que José nunca tivera filhos no primeiro casamento, pois só um José Virginal seria apropriado para Maria virginal. No século dois, uma parteira no Proto-Evangelho de Thiago declara que o hímen de Maria fora preservado durante o nascimento de Jesus, intensificando a virgindade de Maria.

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Assim temos no século VI antes de cristo o Isaías dizendo que uma moça que conceberia o salvador. No novo testamento inicia a metáfora da concepção virginal como uma iniciativa de Deus na criação e na existência de Jesus. E nos séculos seguintes esta metáfora vai sendo detalhada e afirmada cada vez mais , com a descrição da virgindade de Maria antes, durante e depois do nascimento de Jesus. Assim com o passar do tempo se há uma crença de que Deus é uma espécie de homem por lidar com Maria de forma quase masculina.

Capítulo XIV Coitus Reservatus : A Receita para o Sexo sem Pecado -

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O cardeal Hugucio foi um grande especialis em leis canonicas e foi professor do Papa Inocencio III. Hugucio apoio um metodo de coito que só funcionava para os homens, não dava para se ter filhos com este metodo e por isso depois foi considerado contraceptivo. O metodo era ter o ato sexual ate que a esposa esteje saciada, mas o homem não deveria ejacular, deveria se conter, assim não estaria pecando e ao mesmo tempo cumprindo o debito conjugal que o marido era obrigado a cumprir a pedida da esposa. “ O marido que luta pela santidade permanece sem pecado aqui, porque copulou sem praze, não permitiu que ocorresse a ejaculação (que teria sido um pecado mortal)”. O pecado da esposa que pediu o coito por incontinencia é pecado venial, agostinho diz que só o exigido para procriação que é sem pecado. Mas Hugucio prefere o coito reservado ao coito sem prazer apenas para procriação e por obrigação defendido por agostinho, pois o coito reservado não se tem prazer algum segundo ele. Hugucio relata que este metodo era frequentimente praticado. John T. Noonan conta que este metodo era utilizado como um metodo contraceptivo dos cataros e generalizado no norte da Itália, este metodo tambem é citado na literatura do amor cortês dos trovadores. A discussão teologica é resumida em o odio ao prazer e o tabu do semen, em que os casais foram tiranizados por isso. As justificativas de quem era a favor e contra eram tao confusas, que se via uma dificuldade de saber a quem seguir, os monges teologos que recomendavam ou os que proibiam. Os que proibiam argumentavam que muito prazer ocorria mesmo sem ejacular E os que recomendavam diziam que era a forma que ocorreria menos prazer. Assim podemos perceber que em ambos os casos o que prevalece é o odio ao prazer. Até hoje o coito interrompido é visto como um pecado sério, mas o coito reservado é alvo de debates positivos....


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