Exemplo de Handout PDF

Title Exemplo de Handout
Author Nádia Narcisa
Course Análise do Discurso Crítica
Institution Universidade Estadual do Ceará
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Summary

ANGROSINO, Michel. Etnografia e observação participante. Trad. De José Fonseca. Porto Alegre: Artmed, 2009.(Cap. 06 e 07. Analisando dados etnográficos/ estratégias de apresentação de dados etnográficos)...


Description

Universidade Estadual do Ceará - Centro de Humanidades Curso de Mestrado Acadêmico em Linguística Aplicada - CMLA Disciplina: Tópicos Especiais em Pragmática Cultural Profa. ..... Mestrando: Seminário: “A invenção do cotidiano” - Michel de Certeau Introdução Geral “O cotidiano se inventa com mil maneiras de caça não autorizada.” (p.38) Objetivo: explicitar as “combinatórias de operações” que compõem a cultura dos “usuários”. 1. A produção dos consumidores 1.1. O uso ou o consumo [Cultural] • “A uma produção racionalizada, expansionista além de centralizada, barulhenta e espetacular, corresponde outra produção, qualificada de “consumo”: esta é astuciosa, é dispersa, mas ao mesmo tempo ela se insinua ubiquamente, silenciosa e quase invisível, pois não se faz notar com produtos próprios mas nas maneiras de empregar os produtos impostos por uma ordem econômica dominante.” (p. 39) • Para ilustrar o que seria essa “outra” produção, De Certeau usa o exemplo da colonização dos indígenas pelos espanhóis, onde os primeiros “submetidos e mesmo consentindo na dominação, [...] faziam das ações rituais, representações ou leis que lhes eram impostas outra coisa que não aquela que o conquistador julgava obter por elas. Os indígenas as subvertiam [...] pela sua maneira de usá-las para fins e em função de referências estranhas ao sistema do qual não podiam fugir.” (Idem). • “A força de sua diferença se mantinha nos procedimentos de ‘consumo’”. (p.40). • “A presença e a circulação de uma representação (ensinada como o código da promoção sócio-econômica por pregadores, por educadores ou por vulgarizadores) não indicam de modo algum o que ela é para seus usuários. É ainda necessário analisar a sua manipulação pelos praticantes que não a fabricam. Só então é que se pode apreciar a diferença ou a semelhança entre a produção da imagem e a produção secundária que se escondem nos processos de sua utilização”. (Idem). • “A nossa pesquisa [...] poderia ter como baliza teórica a construção de frases próprias com um vocabulário e uma sintaxe recebidos. Em lingüística, a ‘performance’ não é a ‘competência’: o ato de falar (e todas as táticas enunciativas que implica) não pode ser reduzido ao conhecimento da língua.” (Idem). 1

• Privilegiando o “ato de falar” De Certeau com base na literatura de Emile Benveniste, elenca cinco aspectos deste, afirmando que: • opera no campo de um sistema lingüístico; • coloca em jogo uma apropriação, ou uma reapropriação, da língua por locutores; • instaura um presente relativo a um momento e a um lugar; • e estabelece um contrato com o outro (o interlocutor) numa rede de lugares e de relações. Nessa perspectiva, o “consumo” seria “uma bricolagem com e na economia cultural dominante, usando inúmeras e infinitesimais metamorfoses da lei, segundo seus interesses e regras próprias”. (p.40). 1.2. Os modos de proceder da criatividade cotidiana • Critica Foucault por privilegiar, “mais uma vez”, o aparelho produtor (da disciplina) em sua “microfísica do poder”; • No entanto, [...] “Se é verdade que por toda parte se estende e se precisa a rede da “vigilância”, mais urgente ainda é descobrir como é que uma sociedade inteira não se reduz a ela: que procedimentos populares ( também ‘minúsculos’ e cotidianos) jogam com os mecanismos da disciplina e não se conformam com ela a não ser para alterá-los; enfim que ‘maneiras de fazer’ formam a contrapartida, do lado dos consumidores (ou ‘dominados’?), dos processos mudos que organizam a ordenação sócio-política.” (p.41). • Essas maneiras de fazer... • “constituem as mil práticas pelas quais os usuários se reapropriam do espaço organizado pelas técnicas da produção sócio-cultural”. (Idem). • “compõem a rede de uma antidisciplina, que é o tema desse livro”. (p.42). • “vão desembocar então em uma politização das práticas cotidianas.” (p.45). 1.3. A formalidade das práticas •“...essas operações multiformes e fragmentárias obedecem a regras [...]” Tem uma lógica própria; • base teórica (trabalhos sociológicos, antropológicos e históricos de um lado e de outro, pesquisas etnometodológicas e sócio-lingüísticas); 1.4. A marginalidade de uma maioria • A pesquisa “tenta balizar os tipos de operações que caracterizam o consumo na rede de uma economia e reconhecer nessas práticas de apropriação os indicadores da 2

criatividade que pulula justamente onde desaparece o poder de se dar uma linguagem própria”. (problemática de pesquisa) (p.44); • “apropriação” em vez de “assimilação”; • “A figura atual de uma marginalidade não é mais a de pequenos grupos, mas uma marginalidade de massa; atividade cultural dos não produtores de cultura; uma atividade não assinada, não legível, mas simbolizada...”. (p.44). • “Essa marginalidade se tornou maioria silenciosa”. • Processos de reemprego “Isto não quer dizer que ela [“essa marginalidade”] seja homogênea. Os processos pelos quais se efetua o reemprego de produtos ligados juntos em uma espécie de língua obrigatória têm funcionamentos relativos a situações sociais e a relações de forças.” (Idem). • análise polemológica da cultura; • relação cultura/poder “... a cultura articula conflitos e volta e meia legitima, desloca ou controla a razão do mais forte. Ela se desenvolve no elemento de tensões, e muitas vezes de violências, a quem fornece equilíbrios simbólicos, contratos de compatibilidade e compromissos mais ou menos temporários. As táticas do consumo, engenhosidades do fraco para tirar partido do forte, vão desembocar então em uma politização das práticas cotidianas”. (p.45). • táticas do consumo como politização das práticas cotidianas; 2. Táticas de praticantes 2.1. O limite da estatística; • “Decompondo essas “vagabundagens” eficazes em unidades que ela mesma define, recompondo segundo seus códigos os resultados dessas montagens, a enquête estatística só ‘encontra’ o homogêneo. Ela reproduz o sistema ao qual pertence e deixa fora do seu campo a proliferação das histórias e operações heterogêneas que compõem os patchworks do cotidiano”. (p.46). • Distinção entre “táticas” e “estratégias” “estratégias” - formas de produção de saber produzidas “no lugar”. “táticas” - formas de (re)apropriação do “sujeito ordinário” em um “não-lugar” (um lugar “não-autorizado”).Um espaço de “autonomia” no espaço do “outro”. (relação com a questão de um “sujeito ético”). • Quais são os limites desse “sujeito ético”? (autonomia do sujeito) •“Sem cessar, o fraco deve tirar partido de forças que lhe são estranhas...”. (p.47). 3

• “Essas táticas manifestam igualmente a que ponto a inteligência é indissociável dos combates e dos prazeres cotidianos que articula, ao passo que as estratégias escondem sob cálculos objetivos a sua relação com o poder que os sustenta, guardado pelo lugar próprio ou pela instituição.” (Idem). • A retórica como exemplo de várias táticas; • “No espaço da língua (como no dos jogos) uma sociedade explicita mais as regras formais do agir e os funcionamentos que as diferenciam”; (p.48). 2.2. Ler, conversar, habitar, cozinhar... • A importância da leitura (das formas como as práticas são lidas); “...a nossa sociedade canceriza a vista, mede toda a realidade por sua capacidade de mostrar e transforma as comunicações em viagens do olhar. É uma epopéia do olho e a pulsão de ler.” (Idem). • “De fato a atividade leitora apresenta, ao contrário, todos os traços de uma produção silenciosa...” (p.49). • Relação leitor/leitura/reapropriação; • “A leitura introduz portanto uma ‘arte’ que não é passividade.” (p.50) • “o leitor [...] insinua as astúcias do prazer e de uma reapropriação no texto do outro: aí vai caçar, ali é transportado, ali se faz plural como os ruídos do corpo.” (p. 49). . • “A ordem reinante serve de suporte para produções inúmeras, ao passo que torna os seus proprietários cegos para essa criatividade.” (p. 49-50). • comparação “da ordem” com as regras de metro e rima “seguidas” pelos poetas... (tal “ordem” serve de estímulo para a criatividade). • A arte dos consumidores contemporâneos - arte de “locatários”. 2.3. Extensões: prospectivas e políticas • “... o investimento do sujeito diminui à medida de sua expansão tecnocrática. Cada vez mais coagido e sempre menos envolvido por esses amplos enquadramentos, o indivíduo se destaca deles sem poder escapar-lhe, e só lhe resta a astúcia no relacionamento, com eles, ‘dar golpes’...” (p.52).

Referência CERTEAU, Michel de. Introdução geral. In: A invenção do cotidiano: artes de fazer. 7ed. Trad. Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. 4...


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