Ficha de leitura - Políticas e práticas do mercantilismo - cap. 1 - O mercantilismo - Pierre Deyon PDF

Title Ficha de leitura - Políticas e práticas do mercantilismo - cap. 1 - O mercantilismo - Pierre Deyon
Author Erick Ramos
Course História Econômica Geral I
Institution Universidade Federal de Goiás
Pages 4
File Size 184.1 KB
File Type PDF
Total Downloads 100
Total Views 127

Summary

Síntese do primeiro capítulo do livro "O mercantilismo", do autor Pierre Deyon, com pequena biografia do autor e detalhamento da tese central e resumo crítico....


Description

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL 1 Prof. Dr. Johnny Taliateli do Couto Ficha de leitura Discente: Erick Michel Ramos do Carmo Referência da Obra DEYON, Pierre. O Mercantilismo. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2009.

Informações sobre o autor da obra Pierre Deyon foi um acadêmico e historiador francês. Nasceu em 1927, na comuna de Beauvais e faleceu em 2002, em Paris. Estudou na Lycée Saint-Louis e na Faculdade de Letras de Paris. Graduou-se também pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, obtendo seu doutorado em Letras. Foi professor nos colégios Corneille e Berthelot, professor e reitor na Universidade de Lille e reitor na academia de Estrasburgo. Entre suas posições mais destacadas, foi conselheiro do Ministro da Educação Nacional entre 1991 e 1993, e condecorado como comandante da Legião de Honra e da Ordem Nacional do Mérito.

Tese central O autor busca esmiuçar uma linha de análise que permita estabelecer tanto as précondições de formação do mercantilismo, quanto as suas principais características. Defende, portanto, que o mercantilismo deriva-se da política, principalmente da administração financeira/monetária inspirada por motivações de grandeza política e de

produção. Exime-se de uma posição genérica e define três princípios essenciais do mercantilismo: proteção dos estoques de metais preciosos e da moeda; investimentos e incentivos à marinha e ao comércio nacional; e protecionismo interno da produção.

Síntese O capítulo se inicia com uma introdução ao que seriam as origens, ou as primeiras preocupações políticas e econômicas que fundamentaram o surgimento das características mercantilistas. Enfatiza-se três características principais: o protecionismo industrial e comercial interno; o controle sobre espécies, evitando a saída de numerário e exportações de ouro/prata; e a expansão da marinha. Em prosseguimento, mostra-se uma certa “transição” no modo como tais políticas eram implementadas, passando de altas imposições e controle direto (que, por sua vez, tenderam amiudamente ao fracasso), para uma sistematização de privilégios internos ante os concorrentes estrangeiros, minorando a impotência governamental. No subcapítulo III o autor discorre sobre o exemplo francês, galgando sobre as causalidades que favoreceram o florescimento do mercantilismo nessa nação, bem como na Inglaterra. Desde a exploração das riquezas do Império espanhol e o monopólio das exportações de drogas e especiarias orientais, passando pelas investidas contra a República Neerlandesa, e culminando finalmente na angústia monetária e preocupação com o equilíbrio das trocas comerciais, cria-se o ambiente definitivo em prol de um plano de restabelecimento nacional. Surge então a figura de Jean-Baptiste Colbert, ministro de Estado francês, que atuou sob os mais estritos princípios mercantilistas, intervindo principalmente na disposição das tarifas aduaneiras (sobre as quais pairava a ideia da entrada e acúmulo de prata em detrimento dos Estados vizinhos), bem como no desenvolvimento da marinha e a multiplicação das manufaturas e companhias de comércio. Já no subcapítulo IV, toma-se o exemplo da Inglaterra, que também assumiu as formas essenciais do mercantilismo como nos outros países europeus. No entanto, observa-se uma característica interessante no processo inglês, que vinha de excessivas regulações no comércio. Ao tomar em conta o eminente equívoco do controle e estabilização arbitrárias frente ao mercado das trocas, os ingleses arquitetaram uma teoria acurada da balança comercial favorável, onde “o meio ordinário de aumentar a riqueza e as espécies é o

comércio exterior, para qual é preciso sempre vender mais aos estrangeiros do que lhes é comprado para consumo próprio”. Assim, o governo deixava a incumbência de regular o movimento das espécies, para conduzir e orientar os movimentos do comércio a fim de garantir o saldo positivo. Além disso, são promovidos os Atos de Navegação, com o intuito de acelerar a prosperidade da marinha britânica e proteger os interesses marítimoscomerciais ingleses. Em sequência, são abordados os casos de outros Estados europeus, a iniciar com a Holanda, que diferentemente dos Estados já citados, possuía características monetárias bem menos regulatórias e de liberdade comercial. Entretanto, utilizou-se de mecanismos mercantilistas inúmeras vezes, sendo estes empregados nos direitos aduaneiros rigorosos, produção e fabricações urbanas reguladas, e no dirigismo monopolístico. Com relação aos demais Estados, é perceptível nesse período (séculos XVII - XVIII) a prevalência de governos frágeis e debilitados, incapazes de conduzir políticas intervencionistas eficazes economicamente. O Império Germânico parece não ter conseguido assimilar políticas aduaneiras, o Império Espanhol se encontrava em calamidade financeira, onerando as próprias importações e desenvolvimento interno com taxas muito altas, a região da Itália é afetada por diversas situações externas, e os belgas se postaram em crise frente à deflação dos preços e medidas protecionistas de França e Inglaterra, após 1650. Por fim, considerase ainda a posição “atrasada” dos despóticos, que só vieram a assumir as políticas mercantilistas no séc. XVIII, quando os principais expoentes do mercantilismo, como França e Inglaterra, já se afastavam desses mecanismos de organização. Crítica De modo geral, é perceptível que o autor se propõe, muito bem fundamentado, a elucidar os diversos fatores que promoveram o desenvolvimento do mercantilismo entre os séculos XIII e XVIII. Ao longo da leitura, se torna evidente que cada nação teve motivações específicas e próprias que culminaram na concepção de sistemas politicamente semelhantes, embora suas disposições tenham sido diferentes. Uma passagem interessante encontra-se ao fim do subcapítulo II, onde o autor afirma que “em nenhuma parte as ideias e ‘receitas’ constituem uma doutrina coerente”, referindo-se ao pensamento comum de que as características mercantilistas estavam sempre associadas ao protecionismo nacional e ao bulionismo. Algumas dessas “receitas” próprias do mercantilismo, carregavam consigo efeitos adversos, que por sua vez, necessitavam de

mudanças recorrentes, como foi o caso da Inglaterra, com suas transições nas políticas aduaneiras e monetárias. Ao que me parece, esse período comum de projetos econômicos na Europa clássica, esteve velejando, ora sobre as ondas de um fenômeno monetário imposto, ora sobre políticas de arranjo estrutural interno, sem uma via de regra geral....


Similar Free PDFs