Fichamento I - A Ciência como Vocação Max Weber PDF

Title Fichamento I - A Ciência como Vocação Max Weber
Author Isabelly Narciso
Course Ciência Política
Institution Universidade Estadual Paulista
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Fichamento do texto a ciência como vocação, trecho retirado das palestras ministradas por Weber que geraram o livro Ciência e política duas vocações...


Description

LAURA CAMARINI DA SILVA DIURNO

WEBER, Max. A ciência como vocação [1919]. In: WEBER, Max. Ciência e Política, duas vocações – 10. Ed. - São Paulo: Cultrix, 1972.

INTRODUÇÃO. TEMA: A CIÊNCIA COMO VOCAÇÃO. OBJETIVO. MÉTODO. “No caso do presente, parto da seguinte indagação: quais são, no sentido material do termo, as condições de que se rodeia a ciência como vocação? (...) quais são as perspectivas de alguém que, tendo concluído seus estudos superiores, decida dedicar-se profissionalmente à ciência, no âmbito da vida universitária? Para compreender a peculiaridade que, sob esse ponto de vista, apresenta a situação alemã, convém recorrer ao processo de comparação... (...) Quanto a esse aspecto, são os Estados Unidos da América que apresentam os contrastes mais violentos com a Alemanha, razão por que dirigiremos nossa atenção para aquele país” (p.17). HIPÓTESES. SISTEMAS BUROCRÁTICOS “A diferença que nosso sistema apresenta em relação ao americano significa que, na Alemanha, a carreira de um homem de ciência se apoia em alicerces plutocráticos. Para um jovem cientista sem fortuna pessoal é, com efeito, extremamente arriscado enfrentar os azares da carreira universitária. (...) Nos Estados Unidos da América reina, em oposição ao nosso, o sistema burocrático. Desde que inicia a carreira, o jovem cientista recebe um pagamento.” (p.18). CONSTRASTES ENTRE CARREIRAS ACADÊMICAS “Na Alemanha, o Privatdozent dá (...) menos cursos do que desejaria. Tem ele, por certo, o direito de oferecer todos os cursos que estejam dentro de sua especialidade. Mas, agir assim, seria considerado indelicadeza grande para os Dozenten mais antigos; em consequência, os “grandes” cursos ficam reservados para os professores e os Dozenten devem limitar-se aos cursos de importância

secundária. (...) Nos Estados Unidos da América (...) o assistente se vê literalmente sobrecarregado de trabalho, exatamente porque é remunerado. (p.19) A TRANSFORMAÇÃO DE INSTITUTOS DE CIÊNCIA EM EMPRESAS DE “CAPITALISMO ESTATAL”. “Os grandes institutos de ciência e de medicina se transformaram em empresas de “capitalismo estatal”. Já não é possível geri-las sem dispor de recursos financeiros consideráveis. E nota-se o surgimento (...) do fenômeno específico do capitalismo, que é o de “privar o trabalhador dos meios de produção”. (p.19) O trabalhador – o assistente – não dispõe de outros recursos que não os instrumentos de trabalho que o Estado coloca a seu alcance... (...) Assim, a posição do assistente é com frequência, nesses institutos, tão precária quando a de qualquer outra existência “proletaróide” ou quanto a dos assistentes das universidades americanas.” (p.20). OBRA (IN)ACABADA. “Qual é, em verdade, o destino ou, melhor, a significação, sem sentido muito especial, de que está revestido todo trabalho científico, tal como, aliás todos os outros elementos da civilização sujeitos à mesma lei? É o de que toda obra científica “acabada” não tem outro sentido senão o de fazer surgirem novas “indagações”: ela pede, portanto, que seja “ultrapassada” e envelheça. Quem deseja servir a ciência deve resignar-se a tal destino. DUPLO ASPECTO. “Todo jovem que acredite possuir a vocação de cientista deve-se dar conta de que a tarefa que o espera reveste duplo aspecto. Deve ele possuir não apenas as qualificações do cientista, mas também as do professor. Ora, essas duas características não são absolutamente coincidentes. É possível ser, ao mesmo tempo, eminente cientista e péssimo professor. (...) (p.22). Aquela capacidade depende (...) de um dom pessoal e de maneira alguma se confunde com os conhecimentos científicos de que seja possuidora uma pessoa. (...) Será mera coincidência o fato de essas duas aptidões se encontrarem no mesmo homem.” (p.23). GRANDEZA PESSOAL. “O jovem norte-americano aprende muito menos coisas que o jovem alemão. (...) Com efeito, a burocracia, que faz do diploma requisito prévio, (...) está apenas em seu período inicial... (...) o jovem norte-americano nada respeita, nem a pessoa, nem a tradição, nem a situação profissional, mas inclina-se diante da grandeza pessoal de qualquer indivíduo. A isso ele chama “democracia”. Por caricatural que possa parecer a realidade americana quando a colocamos diante da significação verdadeira da palavra

democracia, aquele é o sentido que lhe atribuem e, de momento, só isso importa. O jovem norte-americano faz de seu professor uma ideia simples; é quem lhe vende conhecimentos (p.43) e métodos em troca de dinheiro pago pelo pai, exatamente como o marceneiro vende repolhos à mãe. Nada além disso. Se o professor for, por exemplo, campeão de futebol, ninguém hesitará em conferir-lhe posição de líder em tal setor. Mas se não é campeão de futebol (...) não passa de um professor e nada mais. Jamais ocorreria a um jovem norteamericano que seu professor pudesse vender-lhe “concepções do mundo” ou regras válidas para a conduta na vida.” (p.44). CONTRIBUIÇÃO POSITIVA DA CIÊNCIA PARA A VIDA PRÁTICA E PESSOAL. “Em primeiro lugar, a ciência coloca naturalmente à nossa disposição certo número de conhecimentos que nos permitem dominar tecnicamente a vida por meio da previsão, tanto no que se refere à esfera das coisas exteriores como ao campo da atividade dos homens. (...) Em segundo lugar, a ciência nos fornece (...) métodos de pensamento, isto é, os instrumentos e uma disciplina. (...) uma terceira vantagem: a ciência contribui para clareza. Com a condição de que nós, os cientistas, de antemão a possuamos.” (p. 45). CONCLUSÃO VOCAÇÃO DA ESPECIALIZAÇÃO. “A ciência é, atualmente, uma “vocação” alicerçada na especialização e posta ao serviço de uma tomada de consciência de nós mesmos e do conhecimento das relações objetivas. A ciência não é produto de revelações, (...) não é também porção integrante da meditação de sábios e filósofos que se dedicam a refletir sobre o sentido do mundo.” (p.47) (...) É preciso (...) entregar-se ao trabalho e responder às exigências de cada dia – tanto no campo da vida comum, como no campo da vocação. Esse trabalho será simples e fácil, se cada qual encontrar e obedecer ao demônio que tece as teias de sua vida. (p.52)....


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