Ionelli - tarefa PDF

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No livro “O que é leitura?” de Martins (1982), a autora abrange a leitura para muito além do escrito. Para ela, o ato de ler está relacionado com o universo, com tudo que vê-se e convive. É destacado que há 3 níveis de leitura; o sensorial, emocional e racional. A leitura sensorial trabalha com a sensação que o leitor tem ao deparar-se com um acontecimento. O texto é visto como objeto. Ao tomar sentido de algo, o indivíduo saberá se gostou ou não, mas somente por meio da experiência. A pesquisadora exemplifica uma criança que ainda não desenvolveu a leitura do escrito. Ao lidar com um livro, tateá-lo, virar as páginas, ele depara-se com letras, e dependendo da publicação, figuras, gosta do que vê, ou, não. Para algumas crianças, isso é o que mais chama atenção em um livro, os desenhos. Fora do âmbito do escrito, há o paladar e para saber a sensação que um alimento causa, a pessoa o provará. Se tiver uma experiência desagradável, pouco provável voltará a experimentá-lo. Pela cultura letrada, o nível sensorial é superficial, de menor interesse e não tem intelecto. A leitura emocional desperta sentimentos. O texto aqui é visto como acontecimento. Evoca o que na literatura é a catarse. Não há uma racionalidade, os sentimentos do sujeito são despertados e ao lidar com isso, ignora a razão nesse momento. Nessa leitura, a empatia está em maior parte, pelo fato de fazer o leitor sentir o que sentiria se estivesse na situação apresentada. Situações vividas anteriormente têm forte influência nesse nível. Pela cultura letrada, o erro do nível emocional está na falta de objetividade e subjetivismo. Na leitura racional, o leitor mira o texto, dialoga com ele e o indaga. Construi sentidos e pensa sobre. É certamente intelectual, enquanto elaborada pelo nosso intelecto. Por exemplo, às vezes algo é lido de uma forma e a expressão é contrária ao que foi lido. Talvez, por ter noção de consequências, a pessoa tende a retrair-se e não revelar o real. O leitor sai de si em busca da realidade, ligando fatos, eventos e experiências pessoais. É preciso entender, porém, os contextos que estão dentro de tudo, as ideologias, a verdadeira intenção. Para essa leitura, é importante a história, memória do leitor e as circunstâncias. No final da obra, Martins (1982) diz que todos esses níveis são interrelacionados em relação um ao outro, senão simultâneos. Não há uma hierarquia. Em um primeiro momento surge a sensação, em seguida, a emoção, e logo após, a razão, trazendo o individuo de volta para si. Ou seja, não há separação entre eles, não trabalham sozinhos. Talvez um apareça com mais intensidade em um texto, mas todos estarão presentes....