João Paulo Garrido Pimenta - A independência do Brasil como uma revolução histórica p-53-82 PDF

Title João Paulo Garrido Pimenta - A independência do Brasil como uma revolução histórica p-53-82
Course Brasil Republica
Institution Universidade Federal de Rondônia
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Resumo resenha do capitulo...


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PIMENTA, João Paulo Garrido. A Independência do Brasil Como Uma Revolução: história e atualidade de um tema clássico. N. 3. Revista história da historiografia. 2009. 53-82.

Para iniciar, o autor nos introduz o tema: revolução, que é um dos pontos chaves para apreender o desenvolvimento de suas argumentações neste texto. Para isso, ele o faz afirmando que o termo, em análise de sua conceituação, envolve o posicionamento político do historiador em relação ao seu objeto de estudo, ou seja, eventos que são considerados revolucionários, dialogaria com a perspectiva de quem o vê, e de acordo com seu viés político, surgem diversas ideias acerca do que é revolução. E, não somente na subjetividade do olhar de quem vê, mas também, refletindo em temporalidade, uma vez que o conceito de revolucionário, dialogaria ao mesmo tempo que com o passado, como também com o presente, da maneira de qual tempo se é visto. Dessa maneira, problematizando os diversos sentidos do termo revolução, o aplica para analisar o tema clássico da independência do Brasil, em relação a Portugal, no século XIX. Para tal, começa a tratar a respeito do conceito de revolução na Independência, onde figura primeiramente a imagem desse processo de ruptura do Brasil, como algo positivo, onde esse mesmo cenário foi reforçado pelas próprias figuras que fizeram parte desse evento, uma vez que passam a ser heróis que contribuíram para a construção de um Estado nacional brasileiro. Isso posto, para expor que o termo revolução nessa época estava ainda em mutação, e nesse contexto de ruptura, resultaria de uma concepção ao qual a revolução passa a ser legítima, uma vez que manifestava a transformação de dada realidade, ou seja, algo necessário naquele cenário. Com isso, e aplicando ainda mais a Independência do Brasil, se percebe como o tema gira em torno desse processo, e como levanta o autor, poderia ser analisada de algumas formas: como uma revolução de caráter evolucionista, e positivo. Isto posto, o primeiro significaria, a consideração de uma ruptura legítima, uma vez que a colônia se emanciparia como um filho maduro se emancipa dos pais, mantendo sua autonomia. Já o segundo, como uma revolução superior, uma vez que foi proclamada por um personagem de linhas dinásticas, e por isso a glamourização do caráter revolucionário. Assim sendo, o autor explora o conceito de revolução, nos mostrando seu cunho dinâmico, e politizado, no contexto complexo de Independência. Para iniciar, parte da perspectiva de Francisco Adolfo de Varnhagen, que para tal a independência (processo de continuação), a partir do nome emancipação, nada teria a ver com o termo revolução, e ressaltando que sua mentalidade era conservadora e aristocrática, revolução seria algo para ele abominável. Em seguida, propõe a perspectiva de Caio Prado Júnior, o qual recuperaria o termo de forma positiva, bem como esse panorama se desenvolve a partir de novos estudos, mais especificamente na década de 30, o qual esse vigor representa novas concepções nesses debates. Sendo assim, para Caio Prado, a Independência é vista como uma revolução, um movimento renovador, porém, uma revolução conservadora (advinda de uma estrutura ruim), ao qual, a partir de uma revolução, renovaria este cenário. Além disso, traz também os pensamentos de José Honório Rodrigues, que em uma linha mais crítica ao regime, produz a ideia de que o movimento de ruptura (Independência) seria uma revolução, mas de caráter nacionalista e popular, se distanciando de uma feição conservadora, onde os grandes protagonistas, teriam feitos papéis meramente secundários. Sendo assim, continua levantando grandes estudos acerca dessas temáticas centrais, e agora passa a analisar as conclusões da autora marxista Emília Viotti da Costa, ao qual aponta para uma forte influência das noções de Prado Júnior, e reitera

que a Independência seria uma luta da “colônia contra a metrópole”, que para tal seria definido com o termo “emancipação”, e não de fato uma revolução, como entra em vários outros movimentos, que não seria o caso do Brasil. Em seguida, pontua as principais posições, agora sob o olhar de Fernando Novais, o qual apresentou uma importante renovação dos estudos da Independência, definindo-o como um processo revolucionário nos sentidos de uma ruptura/reação a um estado de crise do Antigo Regime na colônia, onde permitiu a ascensão de uma classe dominante, e de grandes proprietários escravistas na ordenação do país. Isto posto, para completar, menciona Carlos Guilherme Mota, o qual é uma figura com fortes influências desses três últimos nomes (Prado, Viotti e Novais), que por sua vez defende uma visão da Independência “como parte crucial de uma crise mundial de desdobramentos específicos no mundo colonial, compreendida pelo crivo caráter revolucionário daquela crise” (p.66). Seguidamente, nos traz a figura de Maria Odila Dias, que para ela, revolução era apenas a portuguesa, rejeitando a existência de um movimento transformador no Brasil, por considerá-lo conservador. Desse modo, e como última perspectiva historiográfica na Independência a ser analisada nessa seção, nos apresenta Florestan Fernandes, que sob uma ótica marxista, define sua conceituação como sendo a Independência: uma etapa necessária da revolução burguesa do país, passando de uma ordem colonial escravocrata, para uma sociedade de classes. Assim sendo, traz essas diversas produções intelectuais brasileiras acerca do movimento de ruptura, para nos mostrar as diversas variações acerca dessas temáticas. Prosseguindo, se movimenta para a investigação da Independência como revolução, afirmando que esse processo na historiografia atual se apresenta revigorado, a partir de pesquisas/estudos feitos de forma mais especializada e sistemática, e isso se desenvolvendo pelo impacto complexo que causa as roupagens do termo: revolução, agora com novos atributos consequentes de um novo contexto mundial, e nacional brasileiro. Logo, traz para a discussão o contexto revolucionário mundial, onde a Independência se apresenta como um processo, e não um fato, intimamente ligado com recortes mais amplos, relacionados ao contexto ocidental. Ademais, propõe também observações em torno do contexto revolucionário português, nos expondo como o movimento de ruptura brasileiro foi relacionado com a revolução portuguesa de 1820, e não desconsiderando a influência desses acontecimentos portugueses nos diversos espaços transformados pelo movimento. Mas, enfatiza a análise a esse contexto da estrutura (Independência), a partir da correlação com a nação portuguesa, e não somente nesse sentido, mas também trabalha no contexto revolucionário hispânico, uma vez que a historiografia o relacionou igualmente a esses movimentos, mas critica a postura não recíproca dessas conclusões. No mais, mostra que seus estudos aqui objetivam atender as demandas de uma análise mais complexa, e o autor considera a importância dos acontecimentos na América Espanhola, bem como da revolução portuguesa no nosso processo de Independência. Em vista disto, reafirmando a existência de um caráter revolucionário, uma vez que o movimento de ruptura nesse sentido, deu forças para as transformações de seu caráter a partir da ideia de uma nacionalidade, ao qual reforçaria a construção de uma nação, de um Estado brasileiro. Desse modo, o autor conclui que essas investigações, e demais passeios em diferentes perpectivas historigráficas envoltas do tema central (Independência- Revolução), bem como os diferentes ângulos e propostas de análises mais complexas e amplas, afirmaria seu caráter revolucionário definitivo, considerando as diversas transformações do ordenamento nacional brasileiro causado pela ruptura do Brasil a Portugal.

Portanto, o autor investiu em amplas argumentações, em torno de estudos do caráter revolucionário brasileiro, no século XIX. E para além, traz em seu trabalho diferentes pensamentos para abranger as afirmações da não-revolução/revolução no contexto de Independência brasileira, desde os primeiros estudos, até os mais atuais, a fim de ressaltar as diversas variações do termo revolução, atribuído a temática de Independência, e para a abertura atual dessa historiografia para novos rumos interpretativos. Desse modo, sugere a ela novas roupagens, desenvolvidas em torno de afirmações a transformações ocasionadas pela Independência, e uma nova profundidade. Por isso, a leitura em minha ótica foi profunda, e muito esclarecedora, uma vez que o autor abarca uma série de ideias, analisando o cenário historiográfico brasileiro, e expondo os níveis de investigações nessa linha temática. Com isso, é possível refletir sobre o caráter revolucionário brasileiro, agora partindo de forma definida, a uma acepção moderna, e perpassando pelas diferentes abordagens, de autores, e especialistas. Desse modo, o que a leitura produziu, foi uma desconfiguração das ideias, e depois as uniu para concluir que o que houve no Brasil foi uma revolução, e de caráter transformador, e idealmente alinhado a contextos e eventos internacionais, que influenciaram o nosso movimento de independência....


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