Fichamento - O que faz do brasil, Brasil? PDF

Title Fichamento - O que faz do brasil, Brasil?
Author Laura Emerim
Course Antropologia Jurídica
Institution Universidade Federal de Santa Catarina
Pages 6
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Summary

Summary of the book....


Description

Laura Emerim Silva 18200742

Fernando Kinoshita Antropologia Jurídica

Fichamento: “O que faz o brasil, Brasil?” Inicia-se esse capítulo abordando a inspiração do autor, Roberto DaMatta, para o título do seu livro “O que faz o brasil, Brasil?”. O nome do país brasileiro, para ele, vem a representar duas imagens separadas, dependendo no uso, ou não, de um ‘B’ maiúsculo na palavra. “brasil”, escrita com um ‘b’ minúsculo, descreve um bem comercial a ser comprado e vendido, enquanto “Brazil” representa uma sociedade e o conjunto de culturas, costumes e crenças que acompanham esta sociedade. A partir do momento em que deixa de ser objeto, começa a ser uma entidade reconhecida internacionalmente, que representa um movimento criador de história. O capítulo expõe que a cultura de uma sociedade é composta por elementos escritos, como cartas, artes, ciências, etc, as quais coletivamente formam o conjunto de definição da sociedade brasileira e, por consequência, o brasileiro que a forma. Dessa

forma,

analisando

o

cidadão

individual,

acaba-se

acessando

as

características da sua sociedade, carregadas internamente dentro dele. Para o Brasil ser analisado em sua completude é defendida a ideia de uma pesquisa de dimensão total, que incorpore a comida, mulher, religião e leis, assim tomando em conta tudo que constitui a nação. Deveria-se também analisar todas as relação brasileira, da malandragem associada tipicamente ao brasileiro até o carnaval, onde a libertinagem vive sem limites, desde que ela aconteça dentro de seu período destinado. Levando isso em conta, apenas pode-se começar a responder a questão do título desse livro relacionando todos os ambientes da sociedade brasileira, pois o que define o brasileiro não são as partes pré definidas de sua vida, como suas necessidades básicas. É no momento das escolhas pequenas, livres, em que o indivíduo se diferencia e a personalidade de um membro de sociedade se define. É o cotidiano que é o real formador da identidade cultural, por conta das escolhas despercebidas feitas diariamente.

Acontece que, quando é feita a generalização desses pequenos elementos para criar uma identidade de um povo, conhecendo-se o povo do qual se faz parte perde-se parte de sua personalidade. Acaba criando uma predominação do social sobre o individual. Através de atributos sociais, construo a minha história e por movimentos contrário eu o íntegro na história social. Como exposto anteriormente, essa construção de uma identidade social acontece sobre o fazer de decisões por parte do indivíduo. Um bom exemplo de uma característica atribuída ao Brasil é o “jeitinho brasileiro”, onde encontra-se qualquer caminho para contornar um resultado negativo independentemente de implicações morais quando, na verdade, deveria-se se ter aceito a realidade. Tal atitude, quando multiplicada, é parte da identidade social criada que torna-se o normal de uma sociedade. O estudo do posicionamento de indivíduos me possibilita a analisar o comportamento de uma sociedade de tal forma que eu possa definir a sua cultura. Por isso, quando a definir a característica de um brasileiro, tal característica é garantida pela mesma sociedade de qual ela originou. Há duas maneiras de classificar uma sociedade, a primeira trata-se de conceitos político-econômicos, e a segunda de valores familiares. Ambos os métodos possuem como critérios fundamentais aqueles formados durante a revolução francesa e perpetuadas no ocidente. Entretanto, esta escola de pensamento produz uma imagem de inadequação do brasil, de tal forma que, tomando apenas esse método como parâmetro, torna-se impossível de negar a falha total da sociedade brasileira. Contudo, é aparente que não há contemplação dos pontos positivos, o que torna essa forma de avaliação ineficaz. Tentar classificar o Brasil utilizando apenas um dos métodos citados produzirá avaliações similarmente inefetivas. Apenas a união desses métodos poderá oferecer uma análise coerente da sociedade brasileira. Ainda analisando as características da sociedade brasileira, é possível perceber a rotina de cada indivíduo e o caminho fundamental que é tomado na formação particular de cada um. O trajeto diário do trabalho para casa é algo que não é dada a importância merecida, mas é extremamente presente na vida de todos.

As ruas, por contraste com a tranquilidade do ambiente doméstico é visto como o ambiente de movimento e contato com o desconhecido. É na casa onde os valores e as tradições da família são preservadas. Assim, de uma forma coletiva, o que é certo e errado são definidos no domicílio. Uma vez que esse ambiente é formado, suas fronteiras são imediatamente protegidas, ou fisicamente, com cercas e muros, ou moralmente, com o impedimento de entrada de morais contrários. Estando acostumado com esse ambiente de regras estabelecidas por nós mesmos, vemos a casa como o lugar mais decente possível. Esse ambiente único garante aos moradores a tranquilidade de um espaço formado e controlado por si. Por isso, como meio de preservação dessa tranquilidade, tendemos a procurar eliminar imediatamente todos e todas as formas e riscos de invasão exterior, provocadora de desordem ou alterações no lar. A política, se não banido completamente, é mantida em quarentena, isolado de tal forma que a sua presença não possa perturbar o bem estar dos residentes. A casa acaba-se sendo visto não como um espaço para auto desenvolvimento, mas como um lugar para cumprimento de satisfações pessoais dos que lá habitam. Diferentemente da rua, o tempo no lar ocorre de forma cíclica, onde os mais jovens substituem os mais velhos de forma mais íntima. Entrando no ambiente da rua é possível perceber as distinções que os indivíduos estabelecem; na casa há pessoas, enquanto nas ruas há apenas “massas”. A relação ocorre de forma mais distante e fria, onde o outro só pode ser visto como um obstáculo a se contornado. A rua torna-se um espaço de sufoco, uma batalha onde relacionamentos pessoais dão espaço a trabalho e negócios. Essa outra perspectiva da rua trás a ideia de desconfiança como contrário ao conforto da casa. Aqui, a autoridade não é mais exercida pelos valores familiares estabelecidos por todos, mas por uma autoridade acima de todos na sociedade, em o não obedecimento das suas normas provoca punições severas. Ou seja, a rua é um espaço onde as relações são mediadas para o trabalho. Em uma sociedade como Brasil, onde trabalho é visto como uma punição ou, no máximo, uma atividade obrigatória para sobrevivência, é claro os motivos que levam à desconfiança e descontentamento das pessoas com o ambiente da rua. Essa rejeita do trabalho ocorre de forma sistemática desde os tempos da escravidão, onde o econômico e o moral entrelaçaram-se com o objetivo de subjugar uma classe inteira de seres

humanos. Assim, somando a essa herança histórica de sub-valorização do trabalhador é possível entender passos que precisarão ser tomados para estabelecer uma sociedade onde trabalho é visto com o caminho para o bem. Para isso é necessário entender a natureza da rua e da casa, pois até na forma aparente antagonística que as e seria impossível tentar entender a sociedade brasileira sem entender a relação entre ele. Ao longo do texto, o autor traz uma citação bastante interessante de Antonil, se colocado no contexto da sociedade Brasileira: “O Brasil é um inferno para os negros, um purgatório para os brancos e um paraíso para os mulatos”. Essa frase, que tenta justificar a facilidade em qual o mulato se adaptaria em um ambiente tão diverso quanto ao do brasil, não consegue dar conta de tomar em consideração as formas em quais racismo pode ser encaixar em contextos diferentes. Diferentemente de países como os Estados Unidos, onde preconceitos raciais se originam na oposição de preto e branco, no Brasil, a mistura, ou a miscigenação das raças foi infinitamente mais condenada, o que pode ser visto nas escritas de Gobineau sobre nosso país, onde postulava-se que o brasil teria seu fim por conta da mistura descontrolada das raças brasileiras. Via-se a mistura como algo que produzia algo inefetivo, incapaz de conquista qualquer coisa. Dessa forma, quando olhando para o povo brasileiro, não é surpreendente que a comunidade internacional tenha menosprezado o potencial enorme portado por esse povo extremamente diverso e resiliente. O preconceito com o que seria o “intermediário” entre uma raça e outra é algo extremamente sofisticada pois não toma em conta apenas as características físicas pelos quais poderia julgar alguém, mas sim a sua origem também. Por isso, assim como a lei não admite um “jeitinho”, as interações sociais não aceita os mulatos, contestando-se assim a frase de Antonil. Depois da revolução industrial, com a posição do indivíduo no centro de relações sociais como as que o constituem , aos ideais de igualdade ressoavam o mundo ocidental e revelaram a necessidade de estabelecer uma legislação positiva que garanta a todos os mesmos direito perante a lei. Apenas dessa maneira é possível abandonar a sociedade hierárquica com qual estamos acostumados e

entrar em uma democracia racial onde não apenas para o mulato, mas para todos será um paraíso. Introduzindo o escopo da comida na construção da cultura brasileira, o auto pode fazer um comentário comparando as comidas e as mulher para mostrar o que é comido no brasil, assim removendo-se o caráter fundamental com qual ele havia se baseado até então. Apenas na dieta DaMatta que aparece a dualidade entre cru e cozido já proposto por Claude Lévi-Strauss. Nessa comparação o cru é visto com o estado onde a comida não consegue cumprir a sua função de satisfazer aquele que come, logo é algo indesejável que até gera metáforas e dizeres populares o condenando. É interessante ver esse novo desempenho de papel onde a comida não é mais apenas para ser ingerido para combater a fome e fornecer energia para os trabalhos do dia, e sim uma fonte de prazer para aquele que o consome. Nesse sentido, cadeias de fast food americano não poderiam ser consideradas comida pois nelas a praticidade é escolhida predominantemente ao custo do prazer de comer. Assim, é possível estabelecer que comida é tudo que o indivíduo pode ingerir para manter-se vivo e comida é o que entrega prazer a comer. Relacionalmente com os tópicos discutidos anteriormente, comida é o que é encontrado nas ruas, longe do conforto de casa. Vale ressaltar que as duas bases da refeição brasileira (arroz e feijão) são cozidas, e que podemos perceber a prioridade que prazer tem na cozinha brasileira. Relacionando agora a comida com a mulher, o autor explica a forma chula com qual a palavra “comer” é a associada com o ato sexual daqueles que desejam conduzir tal ato incessantemente. Para ele, ao analisar a sociedade brasileira, vemos que aquela mulher “da rua” é comida por todos, porque não tem valor nenhum. Enquanto isso, a mulher que se mantém no lar é colocar em um pedestal onde ela não poderá nunca ser comida, ou pelo menos não facilmente, e nunca sem cumprir o pré-requisito de casamento, além de outras cerimônias. Novamente, vemos a má associação que é criada com o que está na rua ao detrimento do que está em casa. Nesse ponto de vista a relação sexual parecer de haver um caráter de igualdade entre os dois parceiros para se tornar um ambiente onde um, que é “comido” acaba sendo tomado completamente pelo aquele que “come”. DaMatta

ainda trás a reflexão a respeito das comemorações e como tais possuem tanto valor social e antropológico, enquanto relacionando os conceitos de rua e casa. Nessas de orgia, como o carnaval, tem-se como objetivo o equiposicionamento de todos, em um mesmo patamar, de tal forma que dissolva as hierarquias para que todos possam se encontrar na rua sem medo. Nas festas formais, como as religiosas, encontra-se a sociedade no oposto, a celebração da hierarquia e na imortalização da forma atual de organização. No final, DaMatta reflete nas causas que levem a sociedade brasileira a ter esse caráter, argumentando que o indivíduo, pelo menos no Brasil, tem um jeito de se comportar em casa, outro na rua e ainda outro no mundo. Isso dá ao Brasil a característica de estado moderno que lhe garante liberdades, mas ao mesmo tempo mantém o tradicionalismo, pois os valores aprendidos em casa são eternamente reproduzidas pela família. Essa função única, seria a evidência final da diversidade brasileira e do motivo pelo qual tais mecanismos são fundamentais para a manutenção do progresso....


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