MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. A grande onda vai te pegar: Marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church. São Paulo: Fonte Editorial, 2013. [ Livro que sofreu 2 tentativas de CENSURA na Justiça através da igreja analisada ] PDF

Title MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. A grande onda vai te pegar: Marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church. São Paulo: Fonte Editorial, 2013. [ Livro que sofreu 2 tentativas de CENSURA na Justiça através da igreja analisada ]
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Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo A grande onda vai te pegar Marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church Apresentações de Leonildo Silveira Campos e Magali do Nascimento Cunha Prefácio de Stewart M. Hoover 1 2 Maranhão Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque 2013 A grande onda ...


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Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo

A grande onda vai te pegar Marketing, espetáculo e ciberespaço na

Bola de Neve Church

Apresentações de Leonildo Silveira Campos e Magali do Nascimento Cunha Prefácio de Stewart M. Hoover

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Maranhão Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque 2013 A grande onda vai te pegar. Marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church / Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº, São Paulo: Fonte Editorial, 2013. 277p.

1. Marketing religioso, espetáculo religioso, religiões/religiosidades e ciberespaço. 2. Bola de Neve Church. I. Maranhão Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. II. Título. ISBN: 978-85-66480-66-5

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A capa deste livro é uma adaptação de A Grande Onda de Kanagawa, do gravador Katsushika Hokusai (1831 - 1834). A concepção da adaptação é do autor do livro e a realização de Neon Cunha. Segue reprodução da obra original:

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A meus avós (melhor parte de mim) e pai, exemplos vivos e doces, ainda que na memória A Artur Cesar Isaia e Márcia Ramos de Oliveira

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gradecimentos

Este livro se fundamenta em minha dissertação de mestrado em História, intitulada A grande onda vai te pegar: mercado, mídia e espetáculo da fé na Bola de Neve Church, defendida em 2010 no PPGH da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), cuja área de concentração é a História do Tempo Presente. Esta obra aprofunda aspectos da dissertação a partir da continuidade de uma pesquisa de inspiração etnográfica fundamentada em observação participante na Bola de Neve Church (BDN) – agência religiosa de características majoritariamente neopentecostais. Cabem aqui alguns agradecimentos: A carpintaria da dissertação foi refinada através de diálogos com minha orientadora e meu coorientador, professora Márcia Ramos de Oliveira (UDESC) e professor Artur Cesar Isaia (UFSC), e com Maria Teresa Santos Cunha, professora de Teoria e Metodologia do curso. À Talita Sene, parceira de algumas pesquisas sobre a BDN em 2012, pelos diálogos proveitosos. Aos professores Stewart M. Hoover e Leonildo Silveira Campos e à professora Magali do Nascimento Cunha que gentilmente me presentearam com, respectivamente, prefácio, orelha do livro/apresentação e apresentação. A todos/as, expresso toda minha gratidão. E sem elas, meu trabalho não seria o mesmo: Conceição, Joaquina, Mole, Barra e Campeche – lagoa e praias de Florianópolis, local principal de minha pesquisa, pelas sessões de ócio produtivo, mergulho meditativo e bronzeamento de ideias.

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presentação

Os riscos e desafios do surfe religioso Leonildo Silveira Campos, Universidade Metodista As metáforas são figuras de linguagem empregadas com certo êxito para se falar dos avanços e recuos de movimentos sociais e religiosos ainda insuficientemente analisados à luz de teorias e conceitos consagrados. Este é o caso do movimento religioso conhecido por Bola de Neve Church (BDN), cuja história começou no início do ano 2000 depois que seus fundadores se desligaram da Igreja Renascer em Cristo. A metáfora já se faz presente no próprio nome “Bola de Neve”, usada para indicar como se dá  o seu crescimento com rapidez e intensidade. Ela também está no miolo e na capa deste livro por meio do termo grande onda usado para indicar o dinamismo do mar onde os surfistas conseguem se manter em pé sobre suas pranchas. É preciso “pegar uma onda” e não ser “pego  por ela”. Este livro nos fala que a BDN tem por alvo pessoas jovens, adeptos de esportes radicais, de classes sociais e camadas mais abastadas, aos quais é oferecida uma opção religiosa sem que se exija o rompimento com as formas rotineiras e normais de se viver na sociedade. Dessa forma jovens de classe média conseguem compartilhar seus gostos pelos esportes radicais sem deixarem de ser evangélicos. Tradicionalmente, o mundo da religiosidade do terno, gravata, cabelos longos para as mulheres e saias compridas, excluía os de bermudas, camisetas e pranchas de surfe. Neste texto, resultado das pesquisas de mestrado de Eduardo, a BDN é analisada a partir das perspectivas do marketing, do espetáculo e de sua presença no ciberespaço. Nele seu autor coloca, acertadamente a nosso ver, a BDN num campo de batalha travado por instituições e agentes que disputam o controle da produção e circulação de bens de salvação. Nesse sentido, o atual e o futuro fiel precisam ser conquistados e mantidos por meio de estratégias de marketing que estão sendo praticadas no interior do campo religioso e cultural brasileiro e global, com frequência e naturalidade.

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Assim, as formas fixas, cristalizadas e institucionalizadas de crer, estão em fase de “desmanche”,  de  derretimento,  e  de  liquidificação.  Mas  não  são  somente  os  discursos  congelados que se derretem, e ao se recomporem adquirem novas formatações sob a liderança absoluta de novos atores e lideranças carismáticas. Nesse cenário descongelam-se as práticas, os rituais, os processos de interação entre fiéis, cujas interações agora se dão dentro de cenários novos, obedecendo-se novos referenciais, seguindo-se novos scripts. Por outro lado, os padrões que regulavam a relação dos fiéis com o sagrado, com seus representantes e com os seus irmãos de fé, se movimentam sob o impacto de novas tecnologias de comunicação. Em outras palavras, uma nova religiosidade invade fronteiras e emerge no ciberespaço. O mundo virtual, o espaço e o tempo construídos pelos modernos meios de comunicação, possibilitam que a Bola de Neve Church ofereça novos espaços de recomposição da crença evangélica, adequando os antigos limites e fronteiras a um novo cenário religioso que rapidamente assume seu lugar entre os demais atores. Eduardo convida o seu leitor, nesta e em outras de suas pesquisas, a caminhar com ele pelas estradas do sagrado que se expressa inusitadamente em comunidades tidas como exóticas, mas que pretendem ser comunidades de inclusão; onde pentecostais transexuais, homossexuais e lésbicas recebem o Espírito Santo, falam em línguas e se auto-definem como evangélicos pentecostais sob a proteção de Jesus Cristo e do amor de Deus Pai, a despeito da continuidade de práticas sexuais que são consideradas abomináveis por outros grupos que dizem viver a mesma fé. Ele também indica as comunidades que crescem como uma bola de neve, atraindo  jovens adeptos de esportes radicais ou de  “formas perigosas” de  se  viver  nas  metrópoles brasileiras. Para Eduardo as religiões estão em movimento, experimentam momentos de descongelamento, mas acabam mais cedo ou mais tarde trilhando os velhos caminhos da institucionalização ou da rotinização do carisma. Confesso ao leitor que li e gostei muito, por isso recomendo este texto. Até porque ele não aborda somente a Bola de Neve Church, mas desafia a criatividade dos estudiosos do fenômeno religioso entre nós. Temos de reconhecer que nós os pesquisadores ficamos nos trombando ao redor dos mesmos temas de sempre, deixando de lado coisas ricas e quase desconhecidas, ou pelo menos pouco abordadas nos meios acadêmicos. Este é o caso da Bola de Neve, que tem alcançado mais atenção das revistas semanais, programas de televisão e jornais cotidianos do que dos acadêmicos.

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presentação

A superfície de uma onda contemporânea: entre discursos e práticas de conservação Magali do Nascimento Cunha, Universidade Metodista

Os estudos referentes à relação comunicação e religião ganham cada vez mais espaço na academia, dada a expressividade e a intensidade dos fenômenos contemporâneos que enfatizam a significação dessa interface. Um dos ganhos do adensamento desses estudos é perceber a interface na sua tranversalidade, ou seja, não é uma exclusividade do campo das ciências da comunicação ou das ciências da religião, ou restrita a estes. Comunicação e religião é uma interrelação que resulta de dinâmicas humanas e, portanto, sociais, o que torna os fenômenos que lhe são decorrentes objeto das ciências humanas e sociais e entre elas está a História. Foi neste campo que Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Filho transitou para mapear e analisar a trajetória da Bola de Neve Church (BDN), um fenômeno religioso que tem nos processos comunicacionais midiáticos sua forte caracterização. Mais precisamente, foi por meio da História do Tempo Presente (HTP) que o autor realizou sua observação e as devidas análises, elemento explicitado muito propriamente por ele: “Trabalhar com informações do presente é estar (in)certo quanto à sua “atualidade”: o rio dos  acontecimentos carrega para longe nossas (in)certezas, dotando nossos dados de precariedade, provisoriedade e instabilidade. A HTP é uma escrita flutuante de um tempo à deriva”. Dessa forma, o incremento aos estudos em comunicação e religião que Eduardo Meinberg traz com esta obra, pela via da HTP, reafirma e anima a dinâmica desta interface que, como o autor mesmo reconhece, não permite qualquer abordagem conclusiva - daí assumir-se  “uma escrita flutuante de um tempo à deriva”. As igrejas de mercado e midiáticas emergiram e se consolidaram – chegaram para ficar – e tem sido expressões religiosas da contemporaneidade marcada pela fragilidade e superficialidade dos discursos, pelo individualismo, pela comercialização e pela espetacularização. Tudo isto muito bem expresso nos capítulos que introduzem os conceitos de  “marketing de guerra santa”  e  de  “identidade derretida e identidade congelada”. O princípio da segmentação de mercado adentrado nas práticas 11

religiosas aliado à adaptação de uma teologia e uma pastoral à lógica mercadológica são os ingredientes que dão forma à BDN, de acordo com os resultados da pesquisa aqui exposta. O próprio nome da igreja com o inusitado, irreverente e estranho termo "bola de neve" (estranho por ser assimilado num país tropical somente por meio das imagens do cinema e da TV) somado à palavra “igreja” em inglês, “church” (aspecto muito bem abordado na pesquisa por meio do estudo dos “anglicismos” da/na BDN), dá o tom da significação impingida por este grupo religioso às suas práticas. Já tive oportunidade de refletir em minhas próprias pesquisas sobre o conceito de “modernidade de superfície”, em que um dado elemento se introduz com uma superfície moderna, adaptada aos novos tempos, mas conserva o conteúdo que deu origem à sua formação. As igrejas midiáticas são este fenômeno: resultam das transformações no modo de ser cristão no Brasil experimentadas no século XXI – uma acomodação à sociedade inclusiva, segmentada, das tribos – entrecruzadas com a busca de preservação dos traços que deram forma a esse jeito de ser em suas origens no Brasil. Os evangélicos, por meio do jeito de ser (cultura) gospel, revelam transformação (modernização) e preservação (conservação) – dois elementos distintos no mesmo corpo; duas fontes dessemelhantes na mesma matéria. Na cultura gospel, a conservação só se torna possível pelo fato de a transformação se configurar num “invólucro”. Esta reflexão é nitidamente identificada na análise aqui apresentada da BDN. Na mescla dos “discursos congelados e derretidos”, apresentada com excelência no capítulo 3; e na dimensão espetacular do composto canções-esporte e os discursivos nele inseridos, como exposto no capítulo 4. Tudo isto se potencializa ao ganhar o ciberespaço, e estabelecer novos significados por meio da linguagem midiática cyber, como nos apresenta o capítulo 5. Chama a atenção neste fenômeno da modernidade de superfície, a compreensão das relações humanas, especialmente aquelas entre homens e mulheres, como o autor expõe no capítulo 3. Era de se esperar que um espaço de tribo religiosa, de jovens esportistas, artistas, gente famosa, da moda,  “sarada” e “descolada”, superasse a clássica leitura religiosa dos relacionamentos de gênero que passam por submissão da mulher e a lógica superioridade do homem, no entanto, o que Eduardo Meinberg nos apresenta é nada mais do que o mesmo, ou, melhor, uma retomada de ideais ultraconservadores até mesmo superados em outros espaços, inclusive religiosos.

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Quem quiser entender o que se passa no campo religioso brasileiro, em especial o evangélico, na contemporaneidade, no tempo que se chama hoje, deve não só ler, mas estudar este trabalho tão bem intitulado “A grande onda vai te pegar. Marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church”. A propriedade da obra não reside somente na competente abordagem resultante da apropriada metodologia da observação participante, mas também no reconhecimento que o autor faz de trazer sua própria experiência à reflexão, tendo sido ele próprio fiel ativo da igreja, o que está marcado em seu próprio corpo. A onda “já pegou” e “está pegando” muita gente... resta a pesquisadores e a pessoas sensíveis ao fenômeno compreender o porquê e o para quê que entremeiam esta dinâmica. Eduardo Meinberg nos convida a isto com um estudo relacionado à História. Nesse sentido, vale sempre lembrar que entender o tempo presente ajuda a dar sentido ao passado e a construir o futuro.

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refácio

A mediação religiosa dentro e entre universos Stewart M. Hoover, Center for Media, Religion, and Culture, University of Colorado Ainda hoje é difícil entender como a mídia e a religião coevoluíram no tempo presente. Nós somos confrontados por realidades prementes. Ao invés da secularização há muito prevista, a religião persiste nacional e globalmente. Contrariando nossas ideias e crenças acerca da mídia como algo existente em uma esfera separada das realidades individuais e coletivas vividas, a mídia define e determina a vida atual de modo relevante. E, de modo próximo ao tema deste livro, podemos ver que mídia e religião não são esferas separadas, mas ocupam os mesmos espaços. À medida que novas formas de religião mediada, midiatizada e midiática têm surgido nas últimas décadas, as autoridades intelectuais, morais e clericais têm sido lentas em responder, devido a premissas intelectuais e autoritárias. Muitas vezes caíram em definições maniqueístas, vendo uma esfera sagrada da religião diante de uma secular – até profana – esfera da mídia. Meios de comunicação têm sido banalizados, desconsiderados ou ignorados por essas autoridades ao mesmo tempo em que novas formas de mediação religiosa têm se tornado proeminentes. Isto é óbvio no Brasil onde novas, velhas e tradicionais formas religiosas irromperam em uma cultura pública cheia de reivindicações religiosas, imagens, símbolos e produtos. O Brasil não é o único, é claro. O meu país também é um lugar amplamente visto como o centro ou modelo de mediação da religião. Mas isso revela um dos desafios para a compreensão destes desenvolvimentos. Tem sido muito fácil ver essas formas e tendências como universais, ou seja, vê-las com formas e tendências meramente replicadas em vários contextos nacionais e locais. Um olhar mais atento revela que este pressuposto está errado. Uma visão global de mídia e religião não revela a universalidade, mas uma situação mais complexa. Sim, existem formas, tendências e forças que atravessam consistentemente as situações e que existem a nível transnacional. No entanto, elas se baseiam em formas específicas e em locais específicos. 15

Modelos são emprestados e apropriados de contexto para contexto e formas amplamente compartilhadas  (que  poderíamos  chamar  de  “globais”)  estão  disponíveis para que todos possam ver. O que resulta não é uma uniformidade superficial em todos os locais, mas diferentes formas específicas. Isso descreve bem a situação do Brasil em relação aos Estados Unidos. Existem ligações importantes, semelhanças e formas e ideias compartilhadas. Mas as religiões midiáticas brasileiras e aquelas nos EUA são diferentes, com dimensões e capacidades únicas. Isto não significa que a comparação deva ser evitada. Longe disso, não há muito a ser aprendido por olhar para os contextos nacionais e as formas singulares dentro deles, e pensar sobre o que eles nos dizem sobre as capacidades da mídia contemporânea em refazer a religião e nossos sentidos “do religioso”.  O que é necessário é erudição cuidadosa, e erudição cuidadosa que nos permita entender essas coisas de forma complexa, interativa e em camadas. Elas devem ser vistas em termos de suas histórias. Tal abordagem histórica, por exemplo, pode nos ajudar a compreender como as mediações religiosas estadunidenses e brasileiras se relacionam. Elas compartilham histórias comuns, tanto do passado como do presente. Os dois contextos atentam e observam um ao outro. Forças de um incidem sobre o outro. Líderes e movimentos religiosos de um refletem no outro. A Bola da Neve, objeto deste livro, se junta a outros movimentos religiosos brasileiros, como os espiritismos e a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e encontram alguma relação com os Estados Unidos. Mas em cada caso as associações são diferentes. E a única maneira de entender movimentos como a Bola de Neve é através de uma erudição cuidadosa e bem fundamentada historicamente. Esta é a abordagem de Edu Meinberg neste livro, alcançando resultados magníficos. Para entender a Bola de Neve, nós temos que observá-la em termos mais complexos do que simplesmente o que pode representar uma “quarta onda” do pentecostalismo brasileiro. Quais  são suas raízes em tradições mais antigas? Como ela se fundamenta na história prévia protestante, evangélica e pentecostal no Brasil? Meinberg mostra que seria errado ou enganoso simplesmente assumir que cada uma dessas fontes teve um “efeito” previsível neste  movimento. A análise sutil e cuidadosa de Meinberg revela os caminhos pelos quais os símbolos, rituais, significados e práticas reflexivas circulam na criação contínua deste movimento. As camadas de prática e experiência aqui descritas são inscritas com histórias e significados do passado e do lado de fora do movimento em si, mas elas também são únicas em suas 16

interações e relações. Esta realidade complexa e em camadas antecede o surgimento da era digital, mesmo que ele encontre uma raiz particular nas capacidades do computador. Um movimento como a BDN parece muito diferente quando visto do lado “de fora” ou observado através desta análise cuidadosa. Isso é parte da razão para os mal-entendidos de públicos e autoridades acadêmicas sobre o assunto. Eles vêem coisas que parecem minar suas pretensões de sentido e autenticidade. Como Edu Meinberg mostra, a BDN é um fenômeno profundamente mercantilizado, tipificado pelo seu marketing e abordagem agressiva de uma fé orientada para o mercado. Mas isto também é confundido com o fato de que é ao mesmo tempo um movimento definido por meio de imagens, símbolos e memes. Estes podem parecer apelos superficiais a uma mentalidade de mercado, mas como este livro prova, esta é uma leitura errada. Ao invés disso, eles são os componentes através do qual um movimento religioso da era digital circula. Também pode ser enganoso ver a BDN e movimentos como este através de suas próprias retóricas, retóricas que Meinberg sugere implicarem na existência de uma “guerra santa” cultural. A própria visão maniqueísta da BDN se relaciona aos altos investimentos da mesma na conquista de públicos. Mas isso também faz da BDN dinâmica e profunda para os seus membros, cabendo novamente em sua lógica de mercado. É uma “guerra santa da economia de mercado religioso”, como é mostrado nestas páginas. Os críticos podem ver sua mercanti...


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