Relatório de Atividade Prática aplicado na Comunidade SOL Nascente PDF

Title Relatório de Atividade Prática aplicado na Comunidade SOL Nascente
Author priscila Marinho
Course Psicologia Sial Comunitária
Institution Universidade Federal do Amazonas
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE PSICOLOGIA CURSO DE PSICOLOGIA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA

RELATÓRIO DE INTERVENÇÃO NA COMUNIDADE SOL NASCENTE

Manaus – AM 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE PSICOLOGIA CURSO DE PSICOLOGIA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA

Este diário de campo tem por objetivo relatar as experiências do trabalho de campo realizada na comunidade Sol Nascente nos dias 02 de Setembro de 2017, 07 de Outubro de 2017 e 18 de Novembro de 2017. Além de explicitar as teorias usadas e compara-las com o que foi observado durantes os dias de prática na comunidade.

DIÁRIO DE CAMPO ELABORADO POR: JÉSSICA MAGALY DA SILVA FERREIRA JONATHAN KOITY ANDO LEANDRO CALIXTO MAGALHÃES MYRLEN SILVA DE ABREU PRISCILA CARMO MARINHO

COMO PRÉ-REQUISITO PARA A OBTENÇÃO DE NOTA FINAL NA DISCIPLINA DE PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA

MARCELO GUSTAVO AGUILAR CALEGARE (Professor)

KELLY UCHOA (Monitor) KÁSSIA PEREIRA LOPES (Monitor)

Manaus – AM 2017

INTRODUÇÃO A psicologia comunitária é uma área de conhecimento que se preocupa em estudar, entender e intervir nos fenômenos psicossociais. Esse campo tem como objetivo despertar uma consciência crítica e contribuir para a formação da identidade social e individual do sujeito. A psicologia comunitária surge, no Brasil, em meados da década de 60 buscando deselitizar a profissão, por um lado, e por outro buscar a melhoria das condições de vida da população trabalhadora, através da utilização de teorias e métodos da psicologia nas populações menos favorecidas, não que ele vá resolver tais problemas, mas deve ajudar as pessoas a superarem sua identidade alienada, pessoal e social, ao transformar as condições opressivas do seu contexto. A importância social que a Psicologia busca deve ser uma relevância diretamente orientada justamente a estas pessoas, pois ela praticamente tem se preocupado em somente adaptar homens as máquinas e muito pouco em buscar tecnologias que respondem as necessidades dos comunitários. Para gerar esta conscientização, o psicólogo deve então recuperar a memória histórica, ou seja, deve descobrir, através da memória coletiva, elementos do passado que foram eficazes para defender os interesses das classes exploradas e que voltam a ser úteis para os objetivos de luta e conscientização; desideologizar o senso comum e a experiência cotidiana, pois conhecimento é uma construção social e como vivemos sob um discurso dominante que ignora alguns aspectos da realidade, deve-se resgatar a experiência original dos grupos e das pessoas e devolve-las como dado objetivo, formalizar a consciência de sua própria realidade verificando a validade do conhecimento adquirido; e ainda potencializar e reavivar as virtudes populares: solidariedade, cooperação, fé, força, garra, resiliência, esperança, inteligência prática. A Psicologia da Libertação não é apenas um momento de ruptura, é um processo que consiste em quebrar as cadeias de alienação e também, contribuir para construir um homem novo em uma sociedade nova. Psicólogos devem estar inteirados em uma série de discussões que permeiam o contexto da comunidade, caso contrário, corre-se o risco de atuar de maneira alienada à realidade local. O erro de muitos pesquisadores é chegar com uma visão exterior, produzida em outro cenário, e aplica-la impensadamente.

DESENVOLVIMENTO A intervenção é um trabalho psicológico, feito paulatinamente com grupos relativamente pequenos, nos quais os conflitos e as contradições são trabalhados concretamente por cada um, em relações diretas, face a face. Esse processo depende do âmbito, das estratégias e dos objetivos, lembrando que não existe um conjunto estabelecido de estratégias globais ou técnicas específicas. Para Sanchez-Vidal, a intervenção se dá numa relação sujeito-coletivo, na interação dos sistemas macro-mesomicrossociais. Intrometer-se, interferir, tomar parte em, sobrevir. Essas palavras podem gerar a ideia de que pessoas externas tomam medidas sobre um grupo desprovido de poder e conhecimento, porém, para o psicólogo social comunitário, faz total sentido quando se trata da práxis quando significa que estamos nos dirigindo à realidade do outro, interferindo nela e de alguma forma modificando-a. A visão de homem e de mundo, assumidas e vividas pelos psicólogos, é que constitui como aspecto crucial na criação ou determinação das possibilidades sobre o como estudar, pesquisar e/ou intervir, assim como na delimitação e seleção das estratégias de intervenção a serem utilizadas. Sendo assim, a intervenção na comunidade pode ser estruturada a priori e dividida em oito etapas, sendo elas: Delimitação social-demográfica; Tema ou problema/Definir grupo-alvo; Avaliação inicial, que é o levantamento das necessidades existentes, ou seja, uma avaliação criteriosa sobre a organização, capacidades, dificuldades, recursos, pensando na viabilidade de um programa; Objetivos/Planejamento da ação; Elaboração de um programa, nessa faze possibilita-se organizar as ações direcionadas a um determinado grupo considerando contexto cultural, social e econômico; Implantação, é aqui que ocorre o contato face a face com o grupo-alvo; na Avaliação da intervenção ocorre a legitimação da ação social do interventor, ou seja, analisa-se como está se desenvolvendo e se os objetivos estão sendo alcançados; por último, ocorre a Disseminação de programas interventivos que é onde difunde-se programas já aplicados e com resultados conhecidos para outros sistemas. Há ainda os processos de intervenção que são:

1. Entrada na comunidade: Contato/observação, interação/confiança mútua, estabelecimento do rapport, conhecimento das lideranças locais, observaçãoparticipante 2. Aprofundamento da inserção na comunidade/Diagnóstico-Ação: Formação de círculos de encontro, estudo das atividades comunitárias e dos grupos existentes, uso da PAP 3. Auto sustentação/Automanutenção do processo de desenvolvimento comunitário: Manutenção das atividades comunitárias, fortalecimento das lideranças, avaliação das atividades comunitárias e de seus resultados 4. Continuidade e ampliação do processo: Definição de novos problemas a pesquisar e a solucionar, integração com outras comunidades, aperfeiçoamento das atividades comunitárias existentes 5. Desligamento progressivo: Avaliação comunitária do processo em termos da autonomia comunitária, redefinição do tipo de relação psicólogo-grupo, encontro periódicos, despedida Como já foi dito anteriormente, a atividade comunitária é um sistema de ações (instrumentais e comunicativas) próprio da atividade psíquica decorrente do modo de vida do lugar/comunidade (identidade, vivências, consciência, linguagem, pensamento, representação social) orientado para a construção dos indivíduos enquanto sujeitos do seu mundo e da vida em comunidade, ou seja, é onde o psicólogo comunitário estuda e/ou intervém no modo de vida das pessoas de determinado lugar/comunidade. Para que ocorra a atividade comunitária, não é necessário que exista a comunidade, basta existir no lugar um grupo de pessoas que atuem atribuindo significados à realidade, interajam entre as outras pessoas. A relação moradores-psicólogo comunitário é justamente o processo de facilitação, no qual ambos atuam em conjunto, através de reflexão e ação no intuito de melhorar a qualidade de vida. Alguns processos de grupo podem ser utilizados para ajudar na criação de um clima psicossocial favorável ao desenvolvimento humano. São eles: Círculo de Cultura, Círculo de Encontro, Grupo de Biodança, Dramatização, Teatro de rua, Oficina de arte – identidade, Reunião de quarteirão, Grupo de produção, Conversa a dois, Mutirão, Comissão de mobilidade e ação.

Os objetivos definidos a posteriori, tendo a participação da comunidade nesse processo decisório, é umas das possibilidades de atuação do psicólogo em comunidade que mais pode contribuir para que a comunidade possa assumir, no mínimo, a sua própria história e tentar construir formas mais dignas, éticas e humanas de convivência comunitária, compondo um ‘mundo psicossocial’ em coerência com estas preocupações, ou seja, o homem é protagonista da sua própria história particular e coletiva.

COMUNIDADE SOL NASCENTE POR UMA PERSPECTIVA SOCIAL COMUNITÁRIA No que se norteia a estrutura da comunidade para Higuchi, Calegare e Freitas (2013), “A grande maioria das casas se divide em duas partes, uma fechada para o quarto e a outra se constituí em um salão dividido pelos móveis, com a cozinha ocupando a parte dos fundos e a sala ficando na parte da frente.”. Tal fato pôde ser observado em uma grande parcela das casas visitadas na comunidade, um exemplo foi a residência visitada no segundo dia. Lá observamos a teoria na prática, pois a casa se constituía de com 2 quartos e uma sala que servia tanto como sala quanto como cozinha. Contrapondo a teoria, outra entrevistada, que morava há 2 anos na comunidade, manifestou destaque naquele meio, pois possuía melhores condições, casa em alvenaria e com ótimos acabamentos. Possuia diversos cômodos: salas (de jantar de estar), cozinha, banheiros, quartos, além de quintal e terraço. Câmara e Freitas (2008), em seu texto “compromisso e participação”, explicam o significado de compromisso social, eles falam que é quando as pessoas estabelecem relações e começam a exercer sua cidadania de forma ativa e que é através dessas circunstâncias que se estabelecem crenças e normas sociais. Dentro desse compromisso os autores citam quatro dimensões, desses destacaram principalmente o senso de comunidade, onde o indivíduo percebe-se e é percebido pelo seu grupo como membro daquela comunidade. Na comunidade, alguns moradores, mesmo com traços indígenas nítidos, não se consideravam indígenas, ou seja, não se percebiam como pertencente aquele grupo. Outro exemplo claro foi o relato de um morador que estava lá há aproximadamente três meses e antes morava no município de Urucará. Afirmou sentir muita falta do companheirismo, sentimento de cidadania e empatia, pois na comunidade atual, não houve nenhum acompanhamento por parte da liderança ou dos próprios comunitários. Percebemos que ele necessitava de um apoio emocional – uma base – pois aparentava ser bastante carente de pessoas e de amigos a sua volta. A outra dimensão é a Eficácia coletiva que é o sentimento psicológico de comunidade é o que vai unir as pessoas em torno de ações que visem à mudança. Dessas ações, vai surgir a eficácia coletiva, que se refere às crenças compartilhadas acerca do poder coletivo para o alcance de resultados. Ou seja, a eficácia coletiva percebida, não é simplesmente a soma das crenças de eficácias individuais, mas uma propriedade emergente do grupo. Em outras palavras, não adianta pensar sozinho por um grupo inteiro, mas também para

um grupo funcionar é preciso que o individual tome iniciativa (“simultaneidade entre a ação individual e coletiva”). Como o caso relatado por um dos moradores que participava da liderança comunitária, onde relatou que não havia um espaço apropriado para atividades esportivas e/ou lazer e que quando precisavam ter momentos de distração, necessitavam se deslocar para muito longe (Quadra Canaranas), entretanto foi o espaço que conseguiu para o grupo utilizar em seus momentos de lazer. Seguindo como base as oito etapas que existem para realização da intervenção psicossocial, previamente delimitamos o espaço demográfico, sendo esta a Comunidade Sol Nascente, mais especificadamente algumas ruas; nosso segundo passo foi a definição do grupo-alvo (moradores da comunidade) e então a investigação dos temas/problemas (aspectos da liderança, saneamento básico, polos de atendimento a saúde, reconhecimento territorial – CEP –, conflitos religiosos, entre outros); ainda na segunda visita realizamos a avaliação inicial fazendo o uso do diálogo com os moradores em busca de mensurar as necessidades existentes e formas viáveis de realizar uma intervenção eficaz; durante as aula teóricas foram realizados planejamentos a cerca das possíveis ações a serem praticadas dentro da comunidade buscando amenizar as situações-problemas decorrentes da realidade encontrada na comunidade, assim como a elaboração das atividades interventivas (elaboração de um programa) considerando o contexto cultural, social e econômico, possibilitando a organização das ações direcionadas a um determinado grupo que no caso foram rodas de conversa com mulheres e atividades recreativas com as crianças; em nossa última visita realizada, obtivemos recursos para aplicação do planejamento de modo flexível, sendo estes papéis, tintas, pincéis, canetas, lápis de cor, material lúdico, além de reforços positivos como doces e presentes; atualmente nos encontramos no processo de avaliação interventiva verificando se os objetivos foram alcançados com êxito.

CONCLUSÃO Neste breve ensaio que tivemos oportunidade de vivenciar, onde entramos em contato com a realidade de algumas famílias no assentamento indígena Sol nascente, as experiências deste trabalho de campo foram as melhores possíveis, visto que desde o momento em que nós chegamos à comunidade, tivemos uma calorosa recepção por parte do coordenador local e das pessoas que já ali se encontravam. Após diversas visitas, onde fomos distribuídos pela comunidade, afim de nos integrarmos às famílias locais, pudemos observar que em todas as residências as quais adentramos fomos muito bem recebidos. Outro aspecto de relevância para o grupo foi, apesar da simplicidade do local, da pobreza, da falta de emprego, falta de saneamento, as pessoas são de uma maneira sincera, felizes, e a felicidade não esta diretamente ligada a bens de consumo. Percebemos também, a medida do possível, o contato harmonioso na vizinhança, talvez isso se dê ao fato de vivenciarem as mesmas dificuldades, o que de alguma forma possibilita a aproximação uns dos outros, e solidifica os relacionamentos sociais, afim de que, ao passar por tais revés juntos, tenham maior força e motivação para lutarem por seus direitos. Sendo assim, tivemos o máximo de aproveitamento das oportunidades cabíveis a prática, explorando ao máximo o que pudemos em busca de aprendizados e vivências de situações inusitadas. Tentamos desfrutar ao máximo tanto a disponibilidade quanto o interesse do professor Marcelo Calegare e da própria comunidade para aprender ainda mais sobre a área, principalmente, pois percebemos que o local necessita de atuações mais fortes não só de profissionais da área de psicologia social comunitária como também de assistentes sociais, agentes de saúde, entre outros, para acompanhar e conduzi-los em seus interesses.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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