Resenha do livro Ética a Nicômaco de Aristóteles PDF

Title Resenha do livro Ética a Nicômaco de Aristóteles
Author Fernanda Soares
Course Filosofia e Ética
Institution Universidade Federal do Espírito Santo
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Summary

O tema do texto que se segue é a ética Aristotélica; trata-se de uma resenha baseada no livro Ética a Nicômaco de Aristóteles. Aristóteles investiga nesta obra o tipo de saber que se pode obter acerca da conduta, levando em conta a situação concreta do Homem, um ser que está acima do animal, mas que...


Description

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Professor: Vitor Hugo Disciplina: Filosofia e Ética Curso: Publicidade Aluno: Fernanda Soares

Resenha do livro Ética a Nicômaco

O tema do texto que se segue é a ética Aristotélica; trata-se de uma resenha baseada no livro Ética a Nicômaco de Aristóteles. Aristóteles investiga nesta obra o tipo de saber que se pode obter acerca da conduta, levando em conta a situação concreta do Homem, um ser que está acima do animal, mas que não pode ser definido apenas pela pura razão. Neste meio-termo se colocará o que se deve entender especificamente por virtude. Essa obra é composta por dez livros, dos quais apresenta-se as seguintes considerações:

Livro I Aristóteles inicia o primeiro livro afirmando que todo o indivíduo, assim como toda ação e toda escolha, tem em mira um bem e este bem é aquilo a que todas as coisas tendem. Dessa forma, os bens que são atingíveis e realizáveis e, usando-o como uma espécie de padrão, conhecemos melhor os bens que verdadeiramente são bons para nós. O "bem" para Aristóteles se mostra diferente nas diversas ações e artes. Em função de alguma outra coisa, segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o bem supremo é claramente algo absoluto. Chama-se de absoluto e incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo e nunca no interesse de outra coisa. Dito isso, a felicidade é considerada um bem, pois é buscada sempre por si mesma e não no interesse de outras coisas; ao contrário da honra, do prazer, da razão e outras virtudes, já que as escolhemos com interesse na felicidade, pensando que por meio delas seremos felizes.

“O homem feliz parece necessitar também dessa espécie de prosperidade; e por essa razão, alguns identificam a

felicidade com a boa fortuna, embora outros a identifiquem com a virtude"

Já que a felicidade é uma atividade da alma conforme à virtude perfeita, devemos considerar a natureza da virtude, pois talvez possamos compreender melhor, por esse meio, a natureza da felicidade. Por isso, questiona-se se a felicidade é adquirida pela aprendizagem ou pelo hábito; se é proporcionada pela providência divina ou se é produto do acaso. Então a felicidade é louvável ou estimada? Se o louvor convém a virtude, consequentemente a felicidade é algo louvável e perfeito. Uma vez que a felicidade é então, uma atividade da alma conforme a virtude perfeita, o homem verdadeiramente político é aquele que estudou a virtude acima de todas as coisas, visto que ele deseja tornar os cidadãos homens bons e obedientes às leis. Finalmente, Aristóteles encerra o primeiro livro discutindo as espécies de virtude: intelectual e moral. Entre o primeiro tipo temos a sabedoria filosófica, a compreensão, a sabedoria prática; e entre o segundo, a liberalidade e a temperança. Então, ao falar do caráter de um homem não dizemos que ele é sábio ou que possui entendimento, mas que é calmo ou temperante. No entanto, louvamos também o sábio, devido ao hábito; e aos hábitos dignos de louvor chamamos virtudes.

Livro II Continuando o que foi levantado no livro anterior, Aristóteles se aprofunda no debate sobre virtude, suas espécies e origem. Adquirimos virtude pelo exercício, tal como acontece com as artes. Nossas disposições morais ou caráter nascem de atividades semelhantes a elas. Ou seja, É pela prática de atos justos que o homem se torna justo. “(…) os homens tornam-se arquitetos construindo e tocadores de lira tangendo seus instrumentos. Da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos"

Aristóteles afirma, porém, que o excesso e a falta destroem a excelência de alguns atos, ao passo que o meio-termo os preserva. Por isso, a virtude deve ter a qualidade de visar ao meio-termo. A virtude é, então, uma disposição de caráter relacionada com a escolha de ações e paixões, e consistente numa mediana. A virtude é um meio-termo entre dois vícios, um dos quais envolve excesso e o outro falta, e isso porque a natureza da virtude é visar à mediana nas paixões e nos atos.

“Tanto a deficiência como o excesso de exercício destroem a força; e da mesma forma, o alimento e a bebida que

ultrapassam determinados limites, tanto para mais como para menos, destroem a saúde"

Livro III No terceiro livro, Aristóteles relaciona a virtude com paixões e ações, e que um sentimento ou uma ação pode ser voluntária ou involuntária. São consideradas involuntárias aquelas ações que ocorrem sob compulsão ou por ignorância. Às paixões ou ações voluntárias dispensa-se louvor e censura, enquanto as involuntárias merecem perdão e, às vezes, piedade; por isso, é necessário distinguir entre o voluntário e involuntário. Já o desejo se relaciona com os fins, e a escolha com os meios. A escolha é louvada pelo fato de relacionarem-se com o objeto conveniente ou por ser acertada, ao passo que a opinião é louvada quando é verdadeira. Escolhemos o que sabemos ser melhor. A escolha é um desejo deliberado de coisas que estão ao nosso alcance, pois, após decidir em decorrência de uma deliberação, passamos a desejar de acordo com o que deliberamos. Por isso, depende de nós praticarmos atos nobres ou vis, ou seja, depende de nós sermos virtuosos ou viciosos. "(…) O homem é um princípio motor e pai de suas ações como o é de seus filhos"

Das virtudes, Aristóteles primeiro cita a coragem. A coragem é um meio-termo em relação aos sentimentos de medo e temeridade. A coragem é um meio-termo no que tange as coisas que inspiram confiança ou temor. É por enfrentarem o que é penoso que os homens são chamados corajosos. Em seguida, Aristóteles fala da temperança. A temperança é um meio-termo em relação aos prazeres. A intemperança parece uma disposição mais voluntária do que a covardia, portanto a covardia parece ser voluntária em grau diferente de suas manifestações particulares. Neste livro, Aristóteles deixa claro que as virtudes são voluntárias, porque somos donos dos nossos atos se estamos cientes das circunstâncias, e se estava em nosso poder agir ou o não agir de tal maneira. Com isso, os vícios também são voluntários, porque o mesmo se aplica a eles.

Livro IV Aristóteles continua a falar das virtudes. Nesse livro, ele inicia falando de liberalidade. O termo liberalidade é usado considerando as posses de um homem. Segundo Aristóteles, ela é o meio-termo em relação à riqueza. A riqueza será melhor usada pelo homem que possui a virtude relacionada com a riqueza, e esse é o homem liberal. É mais próprio da virtude fazer o bem do que recebê-lo, bem como praticar

ações nobres mais do que abster-se de ações ignóbeis. Dessa forma, a liberalidade é um meio-termo entre dar e obter riquezas. Em seguida, Aristóteles fala sobre a magnificência, que é um meio-termo quanto ao dinheiro dado em grandes quantias; o excesso dessa virtude é a vulgaridade e o mau gosto, a deficiência é a mesquinhez. Magnânimo é o homem que se considera digno de grandes coisas e está a altura delas. Aquele que é pouco merecedor e assim se considera é temperante e não magnânimo. Homem verdadeiramente magnânimo deve ser necessariamente bom. Ao tratar das virtudes, Aristóteles sempre as coloca no meio-termo entre dois extremos.

Livro V Continuando na lista de virtudes, Aristóteles discute a questão da justiça. O justo, para Aristóteles. é o meio-termo em relação à honra e à desonra. O excesso é a ‘vaidade oca’ e a deficiência é a humildade indébita. A pessoa que possui a virtude da justiça a pratica, não só em relação a si mesmo, como também em relação ao próximo. A justiça é uma espécie de meiotermo, mas não no mesmo sentido que as outras virtudes, e sim porque ela se relaciona com uma quantia ou quantidade intermediária, ao passo que a injustiça se relaciona com os extremos. O justo é o proporcional, e o injusto é o que viola a proporção, ou seja, O justo é intermediário entre uma espécie de ganho e uma espécie de perda nas transações que não são voluntárias, e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transação. O ato justo se compõe daquilo que está em consonância com alguma virtude e que é prescrito pela lei.

Livro VI Como Aristóteles afirmou anteriormente, deve-se preferir o meio-termo e não o excesso ou a falta, e que o meio-termo é determinado pelos ditames da reta razão. Admitindo que sejam duas as partes racionais: uma pela qual contemplamos as coisas cujas determinantes são invariáveis, e outra pela qual contemplamos as coisas passiveis de variação, a virtude de algo se relaciona com o seu funcionamento apropriado, e são três os elementos da alma que controlam a ação e a verdade: sensação, razão e desejo. "A origem da ação é a escolha, e da escolha é o desejo e o raciocínio com um fim em vista. Eis aí por que a escolha não pode existir nem sem razão nem sem intelecto, nem sem uma disposição moral"

Para Aristóteles, as disposições, pelas quais a alma possui a verdade, são cinco: a arte, o conhecimento científico, a sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a razão intuitiva.

Livro VII Neste livro, Aristóteles fala das disposições morais que devem ser evitadas. São elas: o vício, a incontinência e a bestialidade. E levanta uma discussão acerca da continência e da incontinência, e do prazer e do sofrimento. Aristóteles considera que tanto a continência quanto a fortaleza estão incluídas entre as coisas boas e louváveis, e que tanto a incontinência quanto a frouxidão incluem-se entre as coisas más e censuráveis. Ao passo que a continência é a moderação e a incontinência o exagero ou exaltação. A bestialidade é um mal menor do que o vício. O homem incontinente é como aqueles que se embriagam rapidamente e com pouco vinho. Uma vez que as pessoas incontinentes tendem a buscar, não por convicção, prazeres do corpo que são excessivos e contrários a reta razão. Sobre o prazer, os argumentos em favor do ponto de vista dos que negam absolutamente que o prazer seja um bem são: todos os prazeres são processos conscientes em direção a uma disposição natural. Os prazeres que não envolvem sofrimento não admitem excesso, e esses se incluem entre as coisas agradáveis por natureza.

Livro VIII Neste livro, Aristóteles inicia uma discussão acerca da amizade, já que é uma virtude ou implica virtude, e além disso é extremamente necessária a vida. Para Aristóteles, sem amigos ninguém escolheria viver, ainda que possuísse todos os outros bens. Aqueles que aprovam um ao outro, mas não convivem, parecem antes olharse com simpatia do que ser verdadeiramente amigos. Nada é mais característico dos amigos do que o convívio. Efetivamente, os que convivem diariamente conferem-se mútuos benefícios, já os que se encontram separados no espaço não realizam, mas estão dispostos a realizar atos de amizade. A distância não rompe a amizade em absoluto, mas apenas a sua atividade, porém se ausência dura muito tempo, acaba fazendo com que esqueça-se da amizade. O que é bom ou agradável no sentido absoluto parece estimável e agradável. E cada um se afigura ser o que é bom e agradável. Por isso, a verdadeira amizade é a dos bons. Pois o homem bom é estimável é desejável para o homem bom. Com isso, Aristóteles afirma que pessoas não podem conviver se não são agradáveis umas as outras - portanto, não conseguem ser amigas. Exemplificando com o caso dos velhos e das pessoas acrimoniosas, pois são menos bem-humoradas e se comprazem menos na companhia umas das outras, ou seja, tais pessoas têm pouco de agradável, e a natureza do homem é evitar o que é doloroso e buscar o agradável.

Sobre as espécies de amizade, Aristóteles fala sobre a que tem em mira o prazer parece-se mais com a amizade verdadeira, quando ambas as partes recebem as mesmas coisas uma da outra e deleitam-se uma com a outra ou com as mesmas coisas, Exemplo: como acontece nas amizades dos jovens; pois é em tais amizades que se observa com mais frequência a generosidade. A amizade que se baseia na utilidade é própria das pessoas de espírito mercantil. A amizade depende mais do amar do que ser amado. Exemplo das mães: algumas mães entregam seus filhos para outros para serem educados, e, enquanto conhecem o destino deles, amam-nos sem procurar ser amadas em troca (se não lhes são possíveis ambas as coisas), mas parecem contentar-se em vê-los prosperar; e amam os seus filhos mesmo quando estes, por ignorância, não lhes dão nada do que se deve a uma mãe. Sobre a amizade para Aristóteles, conclui-se que: a igualdade e a semelhança são característicos da amizade - amigos são constantes, mantém-se fieis, não solicitam nem prestam serviços baixos, mas pode-se dizer que até previnem tais ocorrências, pois é característico dos homens bons não fazer o mal eles próprios, nem permitir que seus amigos o façam.

Livro IX Aristóteles dedica mais um livro para tratar do tema da amizade. As relações amigáveis com o seu semelhante e as características pelas quais se definem as amizades parecem derivar das relações de um homem para consigo mesmo. Aristóteles define um amigo como aquele que deseja e faz o bem para o seu amigo, ou como aquele que deseja que seu amigo exista e viva por si mesmo, ou também o amigo como aquele que vive na companhia de uma outra pessoa e tem os mesmos gostos que essa pessoa. Já a benevolência é um elemento da relação amigável, mas não é a amizade verdadeira. O compartilhamento de opinião também parece ser uma relação amigável; quando os homens têm a mesma opinião sobre o que é de seu interesse, escolhem as mesmas ações e fazem em comum aquilo que decidiram. Uma vez que a virtude é o bem maior que existe, e todos os homens louvam e admiram os que se dedicam a ela; a pessoa boa deve ser amiga de si mesma, pois ela mesma se beneficiará com a prática de tais atos nobres, ao mesmo tempo em que beneficiará ao próximo. O homem como ser político, vive em sociedade. E para ele é melhor passar os dias com amigos e pessoas boas ao invés de estranhos ou companheiros desagradáveis. Desse modo, todo homem bom e feliz necessita de amigos, que devem ser pessoas virtuosas.

Livro X Finalizando a obra, Aristóteles fala do prazer. Para ele, o prazer não é um meiotermo, pois é antagônico ao sofrimento, portanto deve-se objetivar o agradável ou

satisfação. Por outro lado, Depois de discutir as virtudes, as formas de amizade e as várias espécies de prazer, chegamos em linhas gerais a natureza da felicidade, já que Aristóteles afirma que ela é o fim da natureza humana, portanto a felicidade não está em passatempos e divertimentos, e sim nas atividades virtuosas e contemplativas. "…mas o homem feliz, como homem que é, também necessita de prosperidade exterior, porquanto a nossa natureza não basta a si mesma para os fins de contemplação: nosso corpo também precisa gozar saúde, de ser alimentado e cuidado. Não se pense, todavia, que o homem para ser feliz necessite de muitas ou de grandes coisas. (…) a auto-suficiência e a ação não implicam excesso, e podemos praticar atos nobres sem sermos donos da terra e do mar."

Dito isto, concluímos que a felicidade perfeita é uma atividade contemplativa e a contemplação constitui o ingrediente fundamental do bem-estar....


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