Resenha Sobre O Livro A Falsa Medida DO Homem PDF

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RESENHA: A FALSA MEDIDA DO HOMEM

No livro “A falsa medida do homem”, o autor Stephen Jay Gould foca na questão do determinismo biológico, vertente que afirma que as características físicas e psicológicas do ser humano são determinadas por sua raça, nacionalidade ou por qualquer outro grupo específico a qual ele pertença, usando a craniometria subdivisão da Antropologia que estuda as características do crânio humano – e outras técnicas e metodologias para justificar o conceito do determinismo biológico. No início do livro, o autor explica como esse conceito estava implantado no corpo social, em sua maioria ocidental, ao ponto de viabilizar a hierarquização social em um nível em que negros e índios seriam espécies inferiores e deveriam ser desmembradas da sociedade. Tal corrente de pensamento visava, principalmente, ressaltar uma falsa sensação de superioridade do homem branco. Ao longo dos capítulos, Gould mostra como alguns intelectuais da época usavam da craniometria para justificar seu racismo, contribuindo para o enraizamento de um ideal preconceituoso na massa, sobretudo, ocidental. Vale ressaltar que esse contexto histórico é anterior a Darwin. Ademais, ele mostra também que durante o século XIX, muitos intelectuais adquiriram a Frenologia - é uma teoria que reivindica ser capaz de determinar o caráter, características da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeça- para viabilizar suas teorias dentro da ciência. Desse modo, o autor mostra duas metodologias com base no evolucionismo que buscavam em pessoas consideradas inúteis a anatomia semelhante a de um primata (este é um exemplo de como era a questão do anseio por justificar seu racismo e preconceito através da ciência. Além disso, um dos autores trabalhou sua obra principal no período da Grande Depressão, fruto da queda da bolsa de valores de Nova York, por esse motivo ele invalidava teorias como o fator G -teoria da inteligência geral que afirma que "a correlação positiva entre todos os testes de habilidades cognitivas é um inexorável fato da natureza - alegando ser cientificamente inútil. Nesse contexto, ele foi um dos poucos autores que se propôs a combater o fator G, mas não por se importar com os seus preconceitos que tentavam ser justificados e sim por não considerar, de fato, que o fator G fosse uma ciência. Tornando-se, assim, um dos únicos autores a discordar com teorias e metodologias racistas dentro da ciência. A medida em que o livro estava

sendo finalizado, Gould reflete sobre o determinismo biológico em como seus estudos acerca do assunto foram proveitosos. É importante ressaltar também o livro não foi uma tentativa de desvendar ou denunciar a vertente, uma vez que partindo da ideia de que o corpo social contemporâneo é formado por animais evoluído, logo, essa vertente do determinismo não encontraria espaço nas suas ideologias e crenças. Ele faz uma reflexão sobre como toda ciência começa de fatos absurdos que, ao avançar de pesquisas, vai construindo teorias verídicas e aceitáveis. Por esse motivo o autor não denuncia o determinismo biológico, apenas promove uma reflexão acerca do mesmo. No entanto, é necessário promover a reflexão sobre como essa vertente deixou resquícios na sociedade atual, uma vez que racismo e hierarquização social são frutos de atitudes passadas que estão refletindo no presente. Portanto, a ideia do autor de que tal ideal não encontraria espaço nos pensamentos da atualidade há controvérsias, uma vez que apesar de não “penetrar” os valores da atualidade, apenas se mantém vivo por já ter resquícios enraizados nos mesmos....