Resenha Crítica DO Livro “O Médico Doente – Dráuzio Varella” PDF

Title Resenha Crítica DO Livro “O Médico Doente – Dráuzio Varella”
Course Enfermagem
Institution Universidade Estadual da Paraíba
Pages 3
File Size 92.2 KB
File Type PDF
Total Downloads 81
Total Views 141

Summary

Resenha Crítica do livro: "O médico doente", enfatizando o olhar da enfermagem. ...


Description

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: “O MÉDICO DOENTE – DRÁUZIO VARELLA”

VARELLA, Dráuzio. “O Médico Doente”. São Paulo. Companhia das Letras, 2007.

Obra composta de 129 páginas seccionadas em 21 capítulos com narrativa na primeira pessoa, “O Médico Doente” apresenta o relato do autor Dráuzio Varella, renomado médico Oncologista e Imunologista na condição de paciente. Durante toda a descrição, Dráuzio mostra como a situação do enfermo não afeta somente o emocional do paciente, mas também dos familiares e profissionais que trabalham para garantir a melhora e possível cura do acometido. A obra é explanada acerca dos processos desde sua viagem à Amazônia onde contraiu a doença até a sua cura. O livro “O Médico Doente” escrito pelo médico Dráuzio Varella é apresentado como um diário no qual ele retrata a sua experiência na condição de paciente. Na obra ele mostra como contradiz o seu ideal aceitei com resignação mesmo a irresponsabilidade de penetrar a floresta – habitada por mosquitos e macacos infectados – sem tomar a vacina, procedimento inadmissível para qualquer pessoa esclarecido, e muito mais pra mim, envolvido até os ossos em programas de educação em saúde pública. O relato é iniciado após a chegada da sua viagem à Amazônia, na região do baixo rio Negro, com a sequência de sintomas acometidos à ele, iniciando com febre e indisposição. Por longos dias foram perdurados tais sintomas que se agravavam pouco a pouco e pioravam cada vez mais o seu quadro de saúde, preocupando não só a ele, mas toda a sua família. A partir disso, foram feitos vários exames que começaram a preocupar os profissionais envolvidos no caso visto que não era encontrado o diagnóstico. Com a piora dos sintomas, Dráuzio é internado no Hospital Albert Einstein onde é sujeitado à uma bateria de exames para um possível diagnóstico. Após a busca incansável de uma resposta sobre o seu quadro, é relatado que o mesmo foi infectado pelo vírus da Febre Amarela, doença que acometia e levava à morte, vários pacientes. Diante disso, com o conhecimento que possui acerca do assunto, o médico-paciente torna-se cada dia mais angustiado devido às diversas dificuldades que teria que enfrentar para a cura da doença, visto que ainda não existem procedimentos que combatam o vírus diretamente. Já que não era apegado a fé De minha parte, nunca fui religioso, nem haveria de converter-me por arrependimento, covardia ou iluminação. Imaginar que, ao sentir a vida ameaçada, seria possível o reencontro com o Deus da primeira infância estava fora de meu alcance. Rezar para que um ser abstrato se dispusesse a restaurar meu fígado destruído por um vírus tinha tanto sentido quanto rezar para que o estetoscópio à cabeceira se transformasse numa princesa das Mil e

uma noites, o que lhe restara era almejar para que seu próprio corpo combatesse a doença. O quadro em que estava inserido piora, a doença brutal devastou-lhe o organismo. O prognóstico era muito ruim e a equipe de enfermeiros e médicos que o antecedia não conseguiam disfarçar o pessimismo para aquela situação em que ele se encontrara. Dráuzio sabia disso e teve que enfrentar os olhares de médicos acerca de sua situação, precisou da ajuda de enfermeiros para a transferência de macas, para a sua higienização e assim ele acabou se vendo no lugar de seus pacientes. Com o passar dos dias, foi perdendo a afetividade que mantinha com a mulher e as filhas e também com os amigos que iam até o hospital para visitá-lo Nada mais tinha importância. Nada mais me ligava a ninguém. Nem meu destino me interessava. Morrer é tão fácil, conclui. A seguir de demorados e intensos dias de sintomas causados pela doença, ele reage e é vista uma melhora significativa na qual ele relembra de fatos importantes de sua vida e mostra que mesmo passando por esse grande sofrimento, não possui uma história de mudança de vida para contar como via em seus pacientes Convivi com pacientes que mudaram radicalmente de vida ao senti-la ameaçada (...). Infelizmente, em meu caso a ameaça de perder a vida não trouxe transformações filosóficas, iluminações espirituais, nem mudanças práticas significativas (...). Gostaria de dizer que me tornei mais espiritualizado, mais feliz do que já era, mas, até onde consigo enxergar, não acho que me tornei melhor. Nem pior. Embora tenha sido decepcionante não ter vislumbrado a luz do fim do túnel, de certa forma foi uma descoberta tranquilizadora emergir da febre amarela com a consciência de que estava disposto apenas a modificar o horário de trabalho, mas faz uma análise de como é estar do outro lado, de como é ser acometido ao seu próprio instrumento de trabalho, o paciente. O livro “O Médico Doente”, em sua totalidade, é de fácil leitura e compreensão e mostra a experiência de um médico diagnosticado com Febre Amarela que passa a ser instrumento do seu próprio trabalho, situação que não é muito comum na profissão. Dráuzio descreve em seu livro uma forma de diário, no qual mostra como é estar do outro lado tendo a convicção de que foi acometido por sua própria indisplicência. Relata a todo tempo a presença da sua família e de amigos que estiveram com ele durante esse momento difícil de sua vida, dando o suporte necessário e com isso ele mostra a importância do núcleo familiar no processo de recuperação do enfermo, enfatizando que a atenção ao doente deve ultrapassar as barreiras do que é ensinado, o cuidado entre médico e paciente. A partir desse ponto é visto que o processo de cuidado envolvendo aqueles que sempre fizeram e fazem parte da vida do paciente, torna-se essencial para a recuperação do mesmo. É isso que é visto no decorrer da obra, a todo instante Dráuzio estava cercado de pessoas de seu convívio, de amigos e profissionais que não deixavam ele desanimar e tentavam mostrar o compadecimento diante aquela situação. Com isso, a leitura do livro mostra-se fundamental para alunos e profissionais da área de saúde, para

que os mesmos tomem esses ensinamentos e experiências e levem para o seu ambiente de trabalho. Com a leitura do livro é perceptível que cada paciente traz consigo uma história e novos ensinamentos e que, nenhuma pessoa ou profissional está preparado para enfrentar certas situações. A obra mostra-se como um ensinamento não só voltado aos profissionais da área, mas a todas as pessoas que estão suscetíveis a esses prováveis acontecimentos, transmite como deve ser analisado e entendido melhor cada caso independente da gravidade do caso. Por fim, é uma leitura bastante prazerosa e enriquecedora e não somente voltada ao profissional de saúde. Abre espaço e contribui para o crescimento nas mais diversas áreas, analisando o doente a partir de outros parâmetros sem levar em consideração somente o olhar biomédico, enfatizando assim a relação humano-paciente. Dráuzio Varella é médico cancerologista, formado pela USP. Nasceu em São Paulo, em 1943. No início dos anos 1970, trabalhou com o professor Vicente Amato Neto, na área de moléstias infecciosas do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer (São Paulo) e, de 1900 a 1992, o serviço de Câncer no Hospital do Ipiranga, na época pertencente ao INAMPS. Foi um dos pioneiros no tratamento da AIDS no Brasil. Em 1986, sob a orientação do jornalista Fernando Vieira de Melo, iniciou campanha que visavam ao esclarecimento da população sobre a prevenção à AIDS. Em 1989, iniciou um trabalho de pesquisa sobre a prevalência do vírus HIV na população carcerária da Casa de Detenção do Carandiru. Desse ano, até a desativação do presídio, em setembro de 2002, trabalhou como médico voluntário. Atualmente, faz o mesmo trabalho na Penitenciária Feminina de São Paulo. Na Amazônia, região do baixo rio Negro, dirige um projeto de bioprospecção de plantas brasileiras com o intuito de obter extratos para testá-los experimentalmente em células tumorais malignas e bactérias resistentes aos antibióticos....


Similar Free PDFs